Bom, atendendo a pedidos encarecidos do Vilya
D), vou comentar isso aqui.
Vilya disse:
Portanto, na minha opinião, ao falarmos de qualquer coisa que exista estamos falando ou de Eru ou de uma criação sua. Falar sobre o Vazio ou sobre o Nada é mencionar uma parte do que Eru criou e tentar ver antagonismo entre Ilúvatar e a sua criação é forçar muito a barra.
Isso resume tudo. O que causa a confusão no pessoal é que, uma vez que Eru criou Eä, o mundo do É, parece que ele o fez em oposição ao Vazio. Acontece que ele
também criou o Vazio.
Existe um fato que sempre é bom lembrar: Eru = Deus cristão; logo, ele é o criador de TUDO, sem exceção. Sim, pode ser interessante discutir os aspectos físicos da criação, mas lembrem-se que a criação em Tolkien é puramente metafísica, então tudo tem que ser olhado por este prisma para fazer algum sentido.
A confusão também vem de uma possível pergunta: "mas se ele criou o Mundo que É, por que criaria o 'Mundo que Não É' (o Vazio)?"
Resposta: não há como sabermos. Que mortal tem noção dos planos divinos?
Mas isso não quer dizer que ele não poderia criar tal coisa. Afinal, ele pode tudo (literalmente).
Na concepção de Eru, nada é aleatório e gratuito: para alguma coisa o Vazio vai servir no seu "plano derradeiro" (e já serve momentaneamente, como prisão para Morgoth).
Olwë disse:
O mal provém do desespero (falta de fé).
Explico: sempre que algum personagem vacilou em sua fé na capacidade dos Valar ou de Eru, inclinou-se para o mal. Cite-se o exemplo de Fëanor, que não confiou na capacidade dos Valar em enfrentar Melkor; cite-se Denethor, que perdeu a fé e entrou em desespero; cite-se Melkor, que não confiou na capacidade de Eru de preencher o vazio...
Quanto à Fëanor, ele não inclinou-se para o mal, pelo simples fato que nenhum elfo é "mau": o fato de causar "más" ações (como a negação em ceder as Silmarils e o Fratricídio de Alqualondë), não o tornam "mau" nem "inclinado" a isso.
Já comentei há algum tempo sobre Fëanor e suas ações em um post aqui no Obras (que não vou procurar agora...), mas lembrem-se que a
origem de todo mal está em Melkor: ele próprio é a
encarnação mais pura do mal... mas isso pelo nosso ponto de vista "mortal".
Como já discuti com o Olwë certa vez no #Terramedia, o que para
nós parece e é classificado como
mal e
mau, pode não o ser para Eru, já que ele possui uma visão da existência além da compreensão de qualquer outro ser, mesmo um Vala (Manwë apenas compreendia
melhor que os outros Valar as idéias de Eru, mas ainda assim era apenas uma fração mínima [e relacionada com a Música] de todo o pensamento do Criador).
Com isso quero dizer que, o que nos parece "mau", para Eru pode não o ser, e na verdade pode constituir apenas o outro lado da mesma moeda... moeda essa que Eru usará em seu "plano derradeiro", no dia do Juízo Final. Logo, Morgoth só agiu daquela maneira porque Eru assim o quis, uma vez que TUDO vem dele. Sim, Eru sabia da sede por saber e independência de Morgoth, e sabia o que resultaria daí. Não fez nada para impedí-lo por um simples motivo: a Chama Imperecível (livre arbítrio). Com isso Eru estava dizendo: "faça o que quiser, mas não se iluda, pois com isso você não está tornando-se independente de mim: apenas está trilhando um caminho próprio, mas esse mesmo caminho, e todos os outros possíveis, eu contemplei e fui o criador deles, de modo que todos levarão ao destino final que eu planejei."
Assim, se Fëanor causou algum "mal", o fez não por natureza própria (e digo mais, nem em consciência plena: sua mente estava obscurecida), e sim através da malícia de Morgoth. Em suma: Fëanor nada mais foi do que a ferramenta de Morgoth para espalhar sua semente: caos, destruição....
... mal.