Ragnaros.
Usuário
Primeiramente, uma boa tarde a todos.
Estava lendo um dos posts referente ao tópico: Brasil ganha novo livro sobre Tolkien nesta sexta
Bem, a despeito do fato de que (aparentemente) o Silmarillion possui elementos "retirados" de outras mitologias, à exemplo do mito de formação do Dreamtime aborígene, conforme especulei neste post: http://forum.valinor.com.br/showthread.php?t=105013. Há uma série de miríades interessantes que até então me passavam desapercebidas.
Destarte, sendo Tolkien conhecedor das linguagem antigas, religião e mitologias, a denominação Ilúvatar é a (provável) combinação da palavra semita "El" ou "Ilu" (Deus) e a denominação (salvo me engano) de origem Indo-europeia "Avatar" (manifestação de uma deidade/entidade divina). Assim, o nome Eru enfatizaria concepção de Tolkien da unicidade de Deus, que corresponde ao nome bíblico de El, "Deus", e ao nome divino com que Deus se revelou a Moisés: YHWH, "Aquele que é", "o único Deus", "Uma auto-existente" ou possivelmente (dependendo da sua visão de mundo teológica) "o único ser que realmente existe".
O nome/denominação Ilúvatar, pelo contrário, corresponde à forma em que o Deus da Bíblia normalmente se faz manifesto, ou seja, na forma de uma assembléia divina de muitos espíritos menores, liderados por um Deus Absoluto/supremo. Interessante é que isto tem um cognato pronto em nome hebraico para Deus, que está misteriosamente descrito no plural, pois qual seja: Elohim "Deuses" (ou, mais especificamente, El Elohe, "o Deus dos deuses"). Este é, naturalmente, idênticas na concepção do Deus da Bíblia, que é um, e ainda multiforme, como uma entidade multifacetada. Ademais, Eru/Ilúvatar possuí outros elementos similares ao Deus bíblico em sua capacidade para criar um universo inteiro com um pensamento, ou "Palavra". Logos, como visto em João 1:
Sem dissentir:
Vide o possível comparativo:
e
Vê então seu paralelo no legendarium? A ênfase na luz que brilha nas trevas aqui parece ter sido representado na cosmogonia do professor com a Chama Imperecível, a luz da vida no universo que é a luz da humanidade, que preenche a escuridão, ou o vazio, e que a escuridão cobiça, mas não pode controlar ou mesmo compreender plenamente. Não obstante, no mito de criação apresentando no Silmarillion, há uma manifestação de vários seres divinos, de forma que o universo foi "cantado" para existir. O Eru de Tolkien torna-se aqui um "Maestro" de um coro imenso de seres menos grandiosos, que aparentam existir por si só/de forma independente (daí a questão de que o livre arbítrio ser a dádiva grandiosa aos filhos de Deus, e que, portanto, os seres angelicais não possuem tal presente), são extensões do próprio Deus, as manifestações de sua unicidade divina.
Me parece que um exemplo basilar de tal extensão (os seres celestiais serem em relação à Deus) ocorre com a leitura deste ótimo texto de Ilmarinen: http://de-vagaesemhybrazil.blogspot.com.br/2009/09/ungoliant-dualismo-e-livre-arbitrio-nos.html
Em relação aos Ainur. Os equivalentes aos anjos na mitologia de Tolkien. Parece ter origem na palavra "Anunna", sendo que tal denominação provém da mitologia da Suméria, ou seja, "Anu" - Deus - Céu - Estrela, uma indicação de que eram seres de caráter divino, divididos em 2 classes:
I - Igigi (os observadores/vigias): Os que possuem mais potência/poderes; sendo os Valar os espíritos mais parecidos em autoridade e poder, lembra muito a figura dos Arcanjos, querubins e Ophanim da Bíblia:
e
II - e os mais famosos (os entusiastas dos Deuses Astronautas conhecem bem). Anunnakis (aqueles que desceram para a Terra), correspondentes aos Maiar. Interessante que foram (me parece) eles, assim como os Elohim:
Melian e Thingol, e os grandes heróis que surgiram desta união.
Muitas pessoas religiosas repelem os conceitos de criação do "Existir" numa definição metafísica/metafórica (etc) de uma grande "canção"/orquestra criacionista (na minha opinião é uma linguagem semi-figurada para algo que nossa mente poderia "Pifar" se contemplássemos tal processo de origem do universo), conforme apresentado no Silmarillion:
Vide esta crítica "O Senhor dos Anéis: Paganismo, Cristianismo, ou Cristianismo Sincretizado?":
http://www.espada.eti.br/n1630.asp
Entretanto, a despeito desta definição "herética" apontada na obra (por alguns), a própria bíblia relata no livro de Jó:
Dependendo da interpretação de tal citação:
Das viagens espaciais e a configuração da vida no universo:
Portanto, a ideia da criação do universo de ter sido realizada por (ou, pelo menos, acompanhada) um canto, me parece ser não tão forçada assim. Na verdade, parece que a Bíblia realmente fala de Deus ter sido "ajudado", ou pelo menos acompanhado. Em Provérbios, Deus foi realmente acompanhado por uma pessoa chamada "Senhora Sabedoria", a quem alguns teólogos acreditam que se refere ao Espírito Santo, a "esposa" do Deus divino, que tem sido com ele desde o início. De fato, "Ela", de acordo com Provérbios 3:19, foi realmente usado por Deus para criar a Terra:
e
Varda e o espírito santo?
Enfim, podemos encontrar várias referências e elementos interessantes no conto de criação do Professor. Falarei depois da figura de Prometheus (na minha interpretação) no Silmarillion.
Atenciosamente.
Estava lendo um dos posts referente ao tópico: Brasil ganha novo livro sobre Tolkien nesta sexta
É realmente bom ver novidades sobre o Professor.
Já estou muito empolgado para ver este livro e saber qual foi a influência da fé crista nas obras de Tolkien, em primeiro lugar porque gosto de tudo relacionado a Tolkien e em segundo por que sou evangélico e sempre que manifesto minha admiração pela obra do Professor no meio cristão que frequento ouço de várias pessoa inclusive alguns amigos que a obra de Tolkien é satânica.
Bem, a despeito do fato de que (aparentemente) o Silmarillion possui elementos "retirados" de outras mitologias, à exemplo do mito de formação do Dreamtime aborígene, conforme especulei neste post: http://forum.valinor.com.br/showthread.php?t=105013. Há uma série de miríades interessantes que até então me passavam desapercebidas.
Destarte, sendo Tolkien conhecedor das linguagem antigas, religião e mitologias, a denominação Ilúvatar é a (provável) combinação da palavra semita "El" ou "Ilu" (Deus) e a denominação (salvo me engano) de origem Indo-europeia "Avatar" (manifestação de uma deidade/entidade divina). Assim, o nome Eru enfatizaria concepção de Tolkien da unicidade de Deus, que corresponde ao nome bíblico de El, "Deus", e ao nome divino com que Deus se revelou a Moisés: YHWH, "Aquele que é", "o único Deus", "Uma auto-existente" ou possivelmente (dependendo da sua visão de mundo teológica) "o único ser que realmente existe".
O nome/denominação Ilúvatar, pelo contrário, corresponde à forma em que o Deus da Bíblia normalmente se faz manifesto, ou seja, na forma de uma assembléia divina de muitos espíritos menores, liderados por um Deus Absoluto/supremo. Interessante é que isto tem um cognato pronto em nome hebraico para Deus, que está misteriosamente descrito no plural, pois qual seja: Elohim "Deuses" (ou, mais especificamente, El Elohe, "o Deus dos deuses"). Este é, naturalmente, idênticas na concepção do Deus da Bíblia, que é um, e ainda multiforme, como uma entidade multifacetada. Ademais, Eru/Ilúvatar possuí outros elementos similares ao Deus bíblico em sua capacidade para criar um universo inteiro com um pensamento, ou "Palavra". Logos, como visto em João 1:
In the beginning was the word, and the word was with God, and the word was God. The same was in the beginning with God. All Things were made by him; and without him was not anything made that was made.
Sem dissentir:
In him was life; and the life was the light o men. And light shineth in darkness; and the darkness comprehended it not.
Vide o possível comparativo:
- Silmarillion - Ainulindalë - pag. 6...verás que nenhum tema pode ser tocado sem ter em mim sua fonte mais remota, nem ninguém pode alterar a música contra a minha vontade
e
- Silmarillion - Ainulindalë - pag. 9.Eä! Que essas coisas Existam! E mandarei para o meio do Vazio a Chama Imperecível; e ela estará no coração do Mundo, e o Mundo Existirá;
Vê então seu paralelo no legendarium? A ênfase na luz que brilha nas trevas aqui parece ter sido representado na cosmogonia do professor com a Chama Imperecível, a luz da vida no universo que é a luz da humanidade, que preenche a escuridão, ou o vazio, e que a escuridão cobiça, mas não pode controlar ou mesmo compreender plenamente. Não obstante, no mito de criação apresentando no Silmarillion, há uma manifestação de vários seres divinos, de forma que o universo foi "cantado" para existir. O Eru de Tolkien torna-se aqui um "Maestro" de um coro imenso de seres menos grandiosos, que aparentam existir por si só/de forma independente (daí a questão de que o livre arbítrio ser a dádiva grandiosa aos filhos de Deus, e que, portanto, os seres angelicais não possuem tal presente), são extensões do próprio Deus, as manifestações de sua unicidade divina.
Me parece que um exemplo basilar de tal extensão (os seres celestiais serem em relação à Deus) ocorre com a leitura deste ótimo texto de Ilmarinen: http://de-vagaesemhybrazil.blogspot.com.br/2009/09/ungoliant-dualismo-e-livre-arbitrio-nos.html
Em relação aos Ainur. Os equivalentes aos anjos na mitologia de Tolkien. Parece ter origem na palavra "Anunna", sendo que tal denominação provém da mitologia da Suméria, ou seja, "Anu" - Deus - Céu - Estrela, uma indicação de que eram seres de caráter divino, divididos em 2 classes:
I - Igigi (os observadores/vigias): Os que possuem mais potência/poderes; sendo os Valar os espíritos mais parecidos em autoridade e poder, lembra muito a figura dos Arcanjos, querubins e Ophanim da Bíblia:
e
II - e os mais famosos (os entusiastas dos Deuses Astronautas conhecem bem). Anunnakis (aqueles que desceram para a Terra), correspondentes aos Maiar. Interessante que foram (me parece) eles, assim como os Elohim:
- Genesis 6:1Quando os homens começaram a aumentar em número na terra e filhas nasceram para eles, os filhos de Deus viram que as filhas dos homens eram formosas, e eles casaram algum deles que escolheram
Gênesis 6:4Esses nefilins (filhos dos filhos com as filhas de Deus) eram os valentes, os homens de renome, que houve na antigüidade
Melian e Thingol, e os grandes heróis que surgiram desta união.
Muitas pessoas religiosas repelem os conceitos de criação do "Existir" numa definição metafísica/metafórica (etc) de uma grande "canção"/orquestra criacionista (na minha opinião é uma linguagem semi-figurada para algo que nossa mente poderia "Pifar" se contemplássemos tal processo de origem do universo), conforme apresentado no Silmarillion:
Vide esta crítica "O Senhor dos Anéis: Paganismo, Cristianismo, ou Cristianismo Sincretizado?":
http://www.espada.eti.br/n1630.asp
Entretanto, a despeito desta definição "herética" apontada na obra (por alguns), a própria bíblia relata no livro de Jó:
Then the LORD answered Job out of the whirlwind, and said, Who is this that darkeneth counsel by words without knowledge?
Gird up now thy loins like a man; for I will demand of thee, and answer thou me.
Where wast thou when I laid the foundations of the earth? declare, if thou hast understanding.
Who hath laid the measures thereof, if thou knowest? or who hath stretched the line upon it?
Whereupon are the foundations thereof fastened? or who laid the corner stone thereof; When the morning stars sang together, and all the sons of God shouted for joy?
Dependendo da interpretação de tal citação:
Das viagens espaciais e a configuração da vida no universo:
Isso me fez lembrar de algo que mais ou menos eu pensava sobre a harmonia inicialmente planejada e a criação do universo em Ainulindalë na representação (vide a imagem) mais próxima da criação (na minha opinião), com Eru (a grande luz) e os Ainur (os que seriam tido como Valar são os mais próximos e as maiores centelhas, com os Maiar como "pequenas chamas") no centro como as "luzes criativas/primevas" sendo elas as potências "geradoras"-cósmicas, cada Ainur como uma centelha como uma luminosidade que reflete ("tem seu tema") e orbitam uma luz "original" ("na chama imperecível colocada no centro de Eä") dando origem à galáxias, planetas, estrelas com a grande canção (na minha opinião é, em parte, uma descrição metafórica de algo que realmente vai além da compreensão das nossas mentes ou entendimento, à exemplo da correlação entre os ecoar dessa canção ser o motriz da expansão espaço-temporal que ainda hoje acontece):
A "retaliação" de Melkor com o ferimento ao universo (a luz que é bela, mas destrutiva, como uma interpretação do mal uso dos seus dons):
E o resultado: "se faça luz, e a luz se fez, e o existir fora abençoado com a luz, calor, magnetismo, gravidade e todas as energias para/do universo (o nosso)." Sendo os maiores Ainur, mais tarde denominados Valar, os "dominadores"/senhores desses "reinos" (em todo lugar e em lugar nenhum) já que seus poderes ainda não tinham sido "contidos" na terra (como condição de Iluvatar para àqueles que tinham adentrado em Arda).
Portanto, a ideia da criação do universo de ter sido realizada por (ou, pelo menos, acompanhada) um canto, me parece ser não tão forçada assim. Na verdade, parece que a Bíblia realmente fala de Deus ter sido "ajudado", ou pelo menos acompanhado. Em Provérbios, Deus foi realmente acompanhado por uma pessoa chamada "Senhora Sabedoria", a quem alguns teólogos acreditam que se refere ao Espírito Santo, a "esposa" do Deus divino, que tem sido com ele desde o início. De fato, "Ela", de acordo com Provérbios 3:19, foi realmente usado por Deus para criar a Terra:
Happy is the man that findeth wisdom, and the man that getteth understanding. She is a tree of life to them that lay hold upon her: and happy is every one that retaineth her. The LORD by wisdom hath founded the earth;
by understanding hath he established the heavens. By his knowledge the depths are broken up, and the clouds drop down the dew
e
Varda e o espírito santo?
Enfim, podemos encontrar várias referências e elementos interessantes no conto de criação do Professor. Falarei depois da figura de Prometheus (na minha interpretação) no Silmarillion.
Atenciosamente.
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