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Notícias Pesquisador acha romance medieval da Távola Redonda perdido há 700 anos

Eu tinha ficado receoso porque a Vestígio pôs o nome do Arioli na capa, como se ele fosse o autor (minha dúvida era se teríamos um reconto do original ou o próprio original); mas na prévia que tem disponível na Amazon dá pra ver que, na folha de rosto, está creditado como "Reconstituído e traduzido por Emanuele Arioli". Então eu acho que ele não deve ter pesado muito a mão na edição do texto. Dá pra ver também, pelo sumário, que a Guinevere foi traduzida como Genebra. Kudos ao tradutor. É assim que se faz. :dente: (Mas o Lancelote ora aparece assim, ora Lancelot — o que já me atacou do TOC rs).

O @Bruce Torres que me avisou desse lançamento. Quem vai comprar?
 
Não consegui ler a matéria toda pq eu paro nessa imagem aqui
a-felicidade-faz-parte-de-quem-somos.-34-.jpg

e esqueço de ler o resto
 

É o sonho de qualquer pesquisador dedicado a arquivos e documentos antigos: encontrar um manuscrito muito antigo que possa revelar algo de uma história conhecida (ou às vezes nem tanto), e reuni-lo com outros fragmentos para construir um novo escrito. Foi o que alcançou o pesquisador italiano Emanuele Arioli, ao dar com um manuscrito na Biblioteca do Arsenal, em Paris, que trazia à tona a história de um cavaleiro desconhecido da Távola Redonda. O trabalho de 10 anos de pesquisa se transformou em livros, e três deles chegam agora ao Brasil pelo Grupo Autêntica: Segurant, o cavaleiro do dragão (Vestígio), um romance; uma versão para o público juvenil com o mesmo título pela Editora Yellowfante; e a graphic novel O cavaleiro do dragão (Nemo).


O autor está no Brasil para participar da turnê de lançamento. O primeiro evento será nesta quarta-feira (31), na Livraria da Travessa do Leblon (Av. Afrânio de Melo Franco, 290 – Rio de Janeiro / RJ). Lá, a partir das 19h, o autor e a professora de Teoria Literária da UFRJ, Flavia Trocoli, vão conversar sobre o assunto. Ele também vai participar do Fliparacatu (MG), entre os dias 28 de agosto e 1º de setembro, e da Bienal do Livro de São Paulo, no dia 15 de setembro, em uma mesa mediada pela jornalista Taty Leite.

Mestre em línguas e literaturas medievais pela Universidade Politécnica Hauts-de-France (onde dá aulas) e doutor em Estudos Medievais pela Universidade Sorbonne e o Collège de France, Arioli domina quatro línguas românicas – além do seu italiano natal, o francês, o espanhol e o português. Ele foi professor visitante na UFRJ e utilizou influências da literatura de cordel para traduzir aqui, ele mesmo, dois de seus livros. “Em alguns aspectos – sua relação com a oralidade, sua difusão popular – o cordel me lembra algumas formas de poesia medieval”, explica o professor e autor em entrevista ao PublishNews por e-mail.

De Lancelot a Tristão, passando por Merlin, Gilead e outros, os personagens da história do Rei Artur ocuparam ao longo dos séculos um lugar no imaginário da literatura ocidental. Agora, a descoberta de Arioli pode acrescentar um novo nome a esse panteão. De acordo com a editora, as pesquisas do autor mostram que o romance fez sucesso na Europa entre os séculos XIII e XV, e não se sabe exatamente por que acabou caindo no esquecimento – embora hipóteses sejam aventadas, como mudanças nos gostos literários e proibições religiosas.


A busca de Arioli pelos manuscritos e a reconstituição da saga de Segurant também foi adaptada para a televisão pelo canal francês Arte, em um documentário de 90 minutos, O Cavaleiro do Dragão: o romance perdido da Távola Redonda, cujo trailer pode ser visto aqui, em francês.

Sobre a sua pesquisa e a sua relação com o Brasil, o PublishNews entrevistou Emanuele Arioli.

PublishNews – Como a sua descoberta e a publicação da edição do livro, em 2019, foram recebidas por seus pares na França? Como você avalia essa recepção?

Emanuele Arioli –
Minha pesquisa durou dez anos. A razão dessa longa duração não foi apenas a dificuldade de encontrar todos os manuscritos, mas também de fornecer um estudo completo e detalhado, em três volumes, que foi publicado em 2019. Era necessário estudar precisamente cada fragmento e fornecer todas as explicações necessárias. Em seguida, a descoberta foi totalmente validada pelos meus pares. E mais tarde, em 2023, quando publiquei a tradução em francês moderno, foi um grande sucesso editorial na França. A recepção foi excelente, e muitas pessoas ainda me escrevem para agradecer por ter recuperado esse patrimônio literário. É uma grande alegria para mim.

Pode parecer bobagem, mas nunca deixa de ser espantoso quando encontramos um poliglota erudito. Você pode compartilhar conosco um pouco de onde vem seu interesse pelas línguas românicas e como ele se reflete nas suas pesquisas?

Sempre tive uma paixão pelo latim e pelas línguas que dele derivam. Italiano de nascimento, aprendi francês e espanhol por volta dos 18 anos, e por último o português (fui professor visitante na UFRJ). A literatura medieval tinha uma dimensão europeia: as lendas circulavam muito mais do que se poderia pensar, especialmente em latim e de uma língua românica para outra. E mais tarde a literatura medieval tomou uma dimensão mundial. Agora me interesso por lendas medievais que foram trazidas ao Brasil durante a Renascença.

Do ponto de vista da pesquisa, você teve apoios de universidades ou instituições públicas europeias?

Quando comecei essa pesquisa, eu tinha apenas 22 anos. Eu era aluno da Sorbonne e da École Normale Supérieure de Paris. Naquela época, eu não podia realmente pleitear financiamentos de pesquisa, por causa da pouca idade. No entanto, consegui bolsas de estudo e um contrato de doutorado, depois um cargo de professor na Universidade, que me permitiu continuar minhas pesquisas em paralelo. Hoje, minhas novas pesquisas são financiadas pela União Europeia. Quanto ao aspecto científico, sempre pude contar com a comunidade universitária quando precisava consultar outro especialista para obter uma opinião sobre uma questão específica.

Depois de encontrados os manuscritos, como se deu o processo editorial do livro?

Uma vez reunidos os 28 manuscritos, foi necessário datar cada fragmento e manuscrito e entender seu papel: era um imenso quebra-cabeça cujas peças estavam dispersas em 7 países diferentes. Percebi que existiam várias versões escritas entre os séculos XIII e XV: foi necessário reconstituí-las todas com paciência. Primeiro, editei os textos em francês antigo antes de traduzi-los (para francês, italiano, português e espanhol) e também fiz um documentário, um álbum para crianças e uma história em quadrinhos, para tornar essa descoberta acessível a todos. No romance, decidimos incluir uma seleção de imagens dos manuscritos de Segurant, para que o leitor pudesse ter uma compreensão mais clara da materialidade dessa pesquisa.

Você conta que utilizou o cordel como inspiração para a tradução ao português brasileiro. Como foi seu primeiro contato com essa expressão (o cordel) e quais as suas impressões sobre ela?

Estudo o cordel no contexto das minhas novas pesquisas sobre a epopeia de Carlos Magno: fico muito emocionado ao encontrar algumas lendas de origem medieval nesta forma poética. Em alguns aspectos - sua relação com a oralidade, sua difusão popular - o cordel me lembra algumas formas de poesia medieval. Aprecio profundamente a poesia de cordel e gosto de observar como essa forma tradicional se adapta ao nosso mundo atual para falar de temas contemporâneos.

Você menciona no prefácio que a "versão principal" do romance é provavelmente o mais antigo romance composto na Itália. Você encontrou ou imagina alguma influência ou relação desses textos nos escritos "originários" da Itália, como os de Dante e Boccaccio?

A versão mais antiga do romance – a versão principal – foi escrita no século XIII na Itália, antes de Dante e Boccaccio. Dante era apaixonado pelos romances da Távola Redonda, que ele lia em francês: ele menciona de maneira precisa vários episódios na sua Divina Comédia. Esse romance poderia estar entre suas leituras... de fato, podemos adivinhar que teve uma grande difusão: as versões francesas de Segurant circularam pela Europa, dois episódios foram traduzidos para o italiano, encontramos duas menções em espanhol e uma em inglês. Em geral, a lenda do rei Artur influenciou a literatura italiana – e outras literaturas na Idade Média – pelas suas histórias maravilhosas, mas também pelo seu retrato da sociedade feudal, e depois pelo seu humor, um elemento que já se vê em ação no romance do Cavaleiro do Dragão.
 

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