New Order — Ceremony
Música escrita por quando o New Order ainda se chamava Joy Division, antes do suicídio de Ian Curtis. Foi lançada junto com outra música escrita por ele, "In a Lonely Place", no primeiro single da nova banda em 1981. Essa versão acima é a regravação, após a Gillian Gilbert entrar na banda, feita em setembro de 1981 — onde ela toca guitarra. Essa regravação é mais curta do que a gravação original e, na minha opinião, o tempo é mais adequado à música.
Eu acho que a melhor parte da música é o quanto ela fala sobre muitas pessoas, ao mesmo tempo, sem ser direta nem na letra nem na melodia. Ela diz muito sobre Ian Curtis, que era um homem que batalhava com a depressão, com problemas de relacionamento com a esposa e com a indecisão sobre os rumos da sua vida; mas ela diz muito sobre os membros da banda que ficaram para trás também: cada batida da bateria, cada corda tocada no baixo, cada acorde de guitarra, cada vibração da voz me fazem sentir a melancolia de um grupo que está sem a camada protetora do seu
frontman (
"events unnerve me"), que não teve controle sobre seu destino (
"notice for whom wheels are turning, turn again and turn towards this time") e que não consegue encontrar conforto (
"all she asks is strength to hold me, then again the same old story, world travel oh so quickly").
Por fim, a música sugere uma mudança radical:
"I'll break them down, no mercy shown. Heaven knows it's got to be this time." Em maio de 1980, Ian Curtis fez essa mudança radical terminando a sua existência na Terra. Mas os membros "sobreviventes" do Joy Division fizeram uma mudança radical também: mataram cerimonialmente o Joy Division, mudaram seu estilo musical e entraram na história através de seus próprios esforços e talentos, com músicas como Bizarre Love Triangle e Blue Monday.
Existe um "provérbio" em latim,
igne natura renovatur integra: através do fogo, a natureza se renova inteiramente. Quando eu escuto essa música, eu lembro disso. Lembro que as circunstâncias em que a minha vida se encontra não são necessariamente determinadas por mim, mas a forma que eu vou encarar essas circunstâncias e que a saída eu vejo para elas pode ser destrutiva ou construtiva. A opção por um lado ou por outro pesa somente nas minhas costas e na minha consciência.