Mas continua sendo inspirado e não é o que aconteceu de verdade - não é a estória do Kawakami (que aliás foi morreu por um crime que não cometeu... isso foi até irônico se pensar na quantidade de coisas que ele tinha feito e que podiam usar contra ele em um tribunal) e é bom fazer bem esta diferenciação. Já tem muita gente que acha que Kenshin existiu mesmo, por conta dos vários personagens e fatos históricos misturados à ficção.
Vagabond e o romance de Eiji Yoshikawa, são tentativas de fazer uma biografia romantizada de Musashi Miyamoto. Isso porque Musashi MIyamoto viveu mais de 400 anos atrás, e história não é coisa fácil de se manter (apesar de que neste caso ainda sabe-se de muita coisa sobre o real Miyamoto, mas prefere-se as versões românticas)
Já Kenshin e o apelido Battousai são idéias do próprio Watsuki. Kenshin, é óbvio que não teve a mesma vida de Kawakami. Não acho que Battousai tenha sido um apelido que o Watsuki achou em uma fonte histórica, mas que ele inventou a partir de Battoujitsu. Senão eu encontraria referências a essa palavra em um dicionário (mesmo que fosse de gíria) ou livro de história. E olha que nunca achei, mesmo pegando todos os dicionários japones-portugues, japones-ingles, japones-japones que consegui achar. (sempre tenho de consultar nessa ordem... em último caso se não achar é porque foi inventado recentemente). Perguntando para minha professora se nas aulas de História ela já ouviu falar de Battousai, ela me olhou com cara de tacho (como se dissesse não comece a inventar palavras novas de novo!)
Não é incomum hoje em dia os autores criarem palavras que não existem a partir de ideogramas já existentes. (o que gera uma tremenda dor de cabeça pra procurar nos dicionários)
Por exemplo, RG VEDA da CLAMP tem como "tradução para o japonês" os ideogramas 'Sagrado" e "Guerra", mas fica estranho isso, já que teria de usar sancrito para denominar *Rig* Veda.
É meio complicado acreditar nisso, mas atualmente os chineses e coreanos conseguem entender seus pais e avós melhor que os japoneses. Não é raro que os velhos japoneses não tenham a menor idéia do que os jovens estejam falando atualmente, exatamente por conta da enxurrada de palavras novas que estão "criando" (muitas devido à influência do inglês na lingua japonesa). Uma amiga chinesa minha meio que me explicou porque os idosos entendem as novas palavras. Ao contrário dos japoneses que usam o simplificado katakana, os chineses usam ideogramas chineses com significado de kanji para formar palavras como telefone, fondue, e dessa forma, mesmo a pessoa não sabendo o que é, vai saber pra que é.
Mas voltando ao Kenshin, o próprio Watsuki é vítima de "interpretação pessoal" dos fatos e pessoas da época. Por exemplo, Hajime Saitou é um personagem que o pessoal caiu matando, por conta de outro romance onde ele é retratado como um Bishounen (pra quem não sabe, isso é como um Leonardo de Caprio, Brad Pitt) e não conseguiam aceitar um Hajime Saitou feio. (mas como ele mesmo disse, eu já vi uma foto do verdadeiro Hajime Saitou, e não recomendo aos fans do Saitou-Bishounen, nem do Saitou-Watsuki de verem essa foto... orelhas de abano...)
Antes de mais nada, Rurouni Kenshin é uma obra de ficção que tem como pano de fundo fatos reais, é entretenimento para incentivar o estudo de História e não um documentário sério (afinal, ele ia mal nas aulas de História do Japão, como ele mesmo confessa)
(e ele mesmo pede "por favor gente isto é apenas entretenimento e não um livro de história do Japão. Sejam mais tolerantes com a liberdade artística)
Resumindo, Kenshin e Battousai são méritos de Watsuki. Hitokiri e Kawakami não (mas serviram de inspiração)