Briga de egos desfalca Brasil de Meligeni na Davis
Por Fernando Itokazu e Régis Andaku
Em São Paulo
Após o boicote que resultou na queda do Brasil à terceira divisão da Copa Davis, Fernando Meligeni assumiu o cargo de capitão, há duas semanas, na Costa do Sauípe, pedindo uma trégua.
Mas o carismático ex-jogador, famoso em quadra por mexer com os brios dos torcedores, não conseguiu apaziguar os ânimos nem mesmo dentro da equipe que formou para pegar a Colômbia a partir desta sexta-feira, em Bogotá.
Com isso, em seu primeiro confronto como capitão, ele tem três ausências: Gustavo Kuerten, que se recupera da cirurgia no quadril, João Zwetsch e Marcelo Tella.
Desconhecidos do grande público, os dois últimos são, respectivamente, treinadores de Flávio Saretta e Ricardo Mello, que abrem o confronto diante de Pablo Gonzalez e Michael Quintero, a partir das 12h (de Brasília), no saibro do Clube El Rancho.
O motivo para a ausência deles em Bogotá é sabido nos bastidores: vetos de Mello e Saretta.
A rixa que trazem desde moleques, quando se enfrentavam no interior de São Paulo, chegou agora à equipe brasileira da Davis.
Zwetsch, treinador de Saretta e amigo de Meligeni, foi cogitado para ser o assistente técnico, mas não teve a aprovação de Mello.
A reportagem apurou que o atual número um do Brasil temia "algum favorecimento" caso o técnico do colega de time assumisse o cargo.
Com Zwetsch vetado, não haveria razão para Saretta, 24, aceitar Tella, treinador de seu rival.
Diante do impasse "ou vão os dois ou não vai nenhum" e do mal-estar que a presença dos técnicos poderia causar, Meligeni, que quando atuava como jogador defendia que os treinadores participassem da equipe, optou por uma saída diplomática: convocou Mauro Menezes, amigo, pessoa de confiança e neutro na disputa.
Oficialmente, a contenção de despesas é motivo da comissão técnica de apenas três pessoas (Meligeni, Menezes e o fisioterapeuta Ricardo Takahashi).
A CBT, porém, conseguiu patrocínio para o confronto. O presidente Jorge Lacerda da Rosa disse que não há preparador físico na equipe por "falta de solicitação". Além dos tenistas e da comissão técnica, viajaram Rosa, Thomaz Koch (brasileiro com mais vitórias na Davis e hoje dirigente da CBT), um supervisor, um juvenil (Thiago Alves) e até um fotógrafo. Ou seja, havia dinheiro, sim, para levar os dois treinadores.
Zwetsch já chegou a "trocar" Saretta por Mello, em 2003. Até junho daquele ano, ele treinava Saretta, mas acabou demitido pelo intempestivo tenista no meio de um jogo em Roland Garros.
Em dezembro, Saretta, à época em alta (fechou a temporada como 45º no ranking), "roubou" o então treinador de Mello, Fernando Roese, em mais uma ação que marcaria a rivalidade. Como os tenistas atuavam por uma mesma equipe em São Paulo, a Play Tennis, Zwetsch acabou "deslocado" para trabalhar com Mello, 24.
Quando a equipe foi desmanchada, há cerca de um ano, Mello deixou de trabalhar com Zwetsch. Não se falaram mais e, hoje, nem se olham. Meses depois, o técnico voltou a orientar Saretta.
"A gente não tem uma relação de amizade", confirma Zwetsch. Sobre a situação atual, é diplomático: "Não estou preocupado comigo, se vou voltar para a Davis ou não. O importante agora é a gente voltar o mais breve possível à primeira divisão". Mas deixa claro suas discordâncias com o ex-pupilo: "Ele pode falar qualquer coisa, e eu também".
Oficialmente, o discurso é o futebolístico "a equipe está unida". "Está todo mundo com ótimo astral", disse Meligeni, 33, ao fim da primeira sessão de treinos em Bogotá. "Eles [Saretta e Mello] até jogaram baralho juntos", relatou a assessoria dos tenistas.
Fonte: Folhapress
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Triste, muito triste... A equipe foi desfalcada pela implicância de dois jogadores medianos/medíocres que se julgam os melhores do planeta.