Imaculados do toque de Sauron, mas não livres da influência do Um. Os elfos supunham que os Três perderiam seu poder e as coisas que se fizeram com eles seriam perdidas quando o Um fosse destruído - e foi isso que aconteceu; e também temiam que os portadores dos Três poderiam ser controlados caso Sauron recuperasse o Um - e provavelmente seria isso que teria acontecido.
Concordo, mas discordando. O Projeto dos Anéis era para os elfos se manterem no topo da existência dentre os habitantes da Terra-Média e, principalmente, (na minha opinião) para afastar o "desgaste" da passagem do tempo, àquilo que Gollum fala para Bilbo no Hobbit:
"Essa é a coisa que tudo devora
Feras, aves, plantas flora.
Aço e ferro são sua comida,
E a dura pedra por ele moída;
Aos reis abate, a cidade arruína,
E a alta montanha faz pequenina."
E, no meu Headcannon, os elfos estavam querendo afastar o caçador-máximo que um dia irá devorar os Eldar: A Morte. É a Morte dos elfos, sem a possibilidade de reencarnação deles. É eles deixarem de existir mesmo. O que virá quando Arda estiver velha:
Ora, nenhum de nós sabe, embora os Valar possam saber, o futuro de Arda, ou quanto tempo ela foi prescrita para durar. Mas não durará para sempre. Foi feita por Eru, mas Ele não está nela. Apenas o Único não tem limites. Arda, e mesmo Eä, devem portanto ser limitadas. Vós nos vedes, aos Quendi, ainda nas primeiras eras de nosso ser, e o fim está distante. Como talvez entre vós a morte possa parecer a um jovem em seu vigor; salvo que nós temos já longas eras de vida e pensamento atrás de nós. Mas o fim virá. Isso nós todos sabemos. E então deveremos morrer; deveremos perecer completamente, parece, pois pertencemos a Arda [em hröa e em fëa]. E para além disso o quê? “A partida para não retornar”, como dizeis, “o fim último, a perda irremediável”?
Nosso caçador é de pés lentos, mas nunca perde a trilha. Além do dia em que ele soprar sua trombeta, não temos nenhuma certeza, nenhum conhecimento. E ninguém nos fala de esperança.”
“Eu não sabia disso”, disse Andreth, “e contudo…”
“E contudo ao menos o nosso caçador é de pés lentos, diríeis?”, disse Finrod. “É verdade. Mas não está claro que um fado pressagiado e por muito tempo adiado seja de todas as maneiras um peso mais leve do que um que vem logo. Mas se entendi vossas palavras até aqui, não acreditais que essa diferença foi assim concebida no início. Não éreis no princípio condenados à morte rápida.
Na busca pela "estagnação" da passagem do tempo, eles precisavam de um modo de "colocar seus desejos de preservação" em algo que pudesse se transformar (o que era apenas uma intenção/pensamento - no Mundo das Idéias/Mundo Espiritual, eu diria) numa concretização no Mundo Visível/Realidade Física da Terra.
Como os elfos fizeram isso? Eles colocaram pedaços de suas "almas"/vontades nesses 19 objetos que se tornaram artefatos com uma "centelha espiritual" num objeto físico. Eu gosto de pensar que eles se utilizaram de um Processo de Subcriação (que Tolkien tanto fala), mas num conceito similar ao do Full Metal Alchemist (
o de 2003 é bem melhor do que Brotherhood, Change My Mind): A Troca Equivalante:
https://fma.fandom.com/pt-br/wiki/Troca_Equivalente
something cannot be created from nothing and that in order to create something, something of equal value must be exchanged and lost.
É a lei básica da alquimia, que se aplica à maior parte das situações. Ela impõe a teoria de que para se ganhar alguma coisa, é necessário sacrificar alguma outra coisa do mesmo valor. Criar coisas do nada, é impossível, na alquimia, a exceção da
Pedra filosofal que ignora as leis, porém, para que esta seja criada, é necessário um sacrifício de alto custo.
É tipo: "Um gasto. Não aceitamos devoluções". Sauron, sendo um espírito primordial, que vivia/vive num Plano Existencial "onde o desgaste do tempo não acontece", deve de ter ensinado tal conhecimento aos joalheiros. Não é à toa que foram séculos e séculos (300 anos eu acho, e na porcaria da série foram 3 semanas) de sacrifícios, recursos (com sucessos e contratempos) em Eregion.
E, assim como:
- Yavanna colocou um "pedaço de seu espírito/poder" nas Árvores;
- Melkor colocou um bom "pedaço de seu espírito/poder" no Planeta Terra;
- Sauron colocou um "pedaço de seu espírito/poder" no Um Anel;
- Um ferreiro de Arnor colocou um "pedaço de seu espírito/vontade" na espada que matou os Rei Bruxo de Angmar;
- Fëanor colocou seu espírito/lado como "Ferreiro, Pai e Filho" nas três Silmarils, e "iria morrer se elas fossem desfeitas";
Os elfos (principalmente Celebrimbor e os joalheiros) fizeram isso nos anéis do poder.
Os 19 anéis seguiam os conceitos técnicos e continham uma sabotagem de Sauron: talvez alguma marca/inscrição/feitiço que continha a vontade maligna para dominar mentes/vontades, através de sua telepatia, ao invés de servirem somente ao projeto original de preservação da realidade física. Ou seja, os elfos assinaram um contrato vendendo suas almas, mas não sabiam disso:
E, enquanto usava o Um Anel, ele conseguia perceber tudo o que era feito pelos anéis
subalternos, e ler e controlar até mesmo os pensamentos daqueles que os usavam.
Os elfos, entretanto, não se deixariam apanhar com tanta facilidade. Assim que Sauron pôs o Um
Anel no dedo, eles se deram conta dele, reconheceram-no e perceberam que ele queria ser senhor
deles e de tudo o que eles criavam.
Os 19 anéis estavam sabotados, e Sauron iria controlar telepaticamente os 19 Senhores Élficos que iriam dominar politicamente os reinos élficos. Mas os 3, nunca tocados por Sauron, não estavam (na minha opinião) amaldiçoados pelo toque/mão maligna de Sauron, e nem foram guiados na presença física de Annatar. Os 3 foram criados com o conhecimento maligno de Sauron, é verdade, mas a execução/fabricação (por isso é dito que nunca tocados por Zigûr) não passou por ele. O Silmarillion até fala que Sauron "deformava o que tocava".
Os 16 anéis (que foram para os homens e anões) trouxeram tantas desgraças: Os Nazgûl (e imaginem quantas guerras e desgraças os 9 feiticeiros, guerreiros e reis trouxeram para a humanidade); o Balrog de Moria; Smaug, Scatha, as guerras dos anões e Orcs, etc. Já os 3 anéis élficos trouxeram preservação (Valfenda e Lothlórien) e Coragem (o anel do fogo usado por Gandalf). E, talvez, Elrond, Galadriel e Gandalf tivessem a força de vontade extraordinária para dominar o lado maligno das 3 jóias.