(...) “Se quereis dizer que os Homens são os Estrangeiros”, disse Andreth.
“Dissestes a palavra”, disse Finrod, “esse nome o demos a vós”.
“Altivamente, como sempre”, disse Andreth. “Mas se somos apenas estrangeiros numa terra em que tudo é vosso, meus senhores, como afirmais, dizei-me: que outra terra ou coisas conhecemos?”
“Não, dizei-me!”, disse Finrod. “Pois se não o sabeis, como podemos sabê-lo? Mas sabeis que os Eldar dizem dos Homens que estes não olham para coisa alguma pelo que ela é; que se eles a estudam, é para descobrir algo mais; que se eles a amam, é somente [assim parece] por que ela lhes lembra de outra coisa mais cara? Mas com o que fazem tal comparação? Onde estão essas outras coisas?
Todos, Elfos e Homens, estamos em Arda e dela somos; e qualquer conhecimento que os Homens possuam é derivado de Arda [ou assim pareceria]. De onde então vem essa memória que tendes convosco, mesmo antes que comeceis a aprender?
Não vem de outras regiões em Arda das quais viestes. Nós também viemos de longe. Mas se vós e eu fôssemos até vossos antigos lares no leste, eu reconheceria as coisas lá como parte de meu lar, mas veria em vossos olhos a mesma admiração e comparação que vejo nos olhos dos Homens em Beleriand, que nasceram aqui”.
“Falais palavras estranhas, Finrod”, disse Andreth, “que eu não ouvi antes. Contudo, meu coração se comove como se por alguma verdade que ele reconhece, mesmo que não a entenda. Mas passageira é essa memória, e parte antes que possa ser agarrada; e então nos tornamos cegos. (...)