Mercúcio
Usuário
Oi, pessoal.
Por conta de uma conversa com o @Béla van Tesma , a @Mellime e acatando uma sugestão do @Eriadan no tópico do Censo Valinor (2021), estou trazendo pra cá um breve comentário que fiz num post nas minhas redes sociais sobre A Primeira História do Mundo, do Alberto Mussa.
Achei melhor criar o tópico pra isso do que postar na conversa do Censo, porque depois, à medida que as pessoas forem lendo, fica mais fácil trocar impressões aqui do que por lá. Segue o que postei a respeito no Instagram:
_______________
Livro: A Primeira História do Mundo
Autor: Alberto Mussa
Editora Record, 240 páginas.
Avaliação pessoal: 5,0/5,0.
Em “A Primeira História do Mundo”, o escritor carioca Alberto Mussa parte de um episódio real ocorrido em 1567 – o primeiro registro formal de um assassinato na cidade do Rio de Janeiro, que enredou 15% da população local, entre suspeitos e testemunhas – para construir a um só tempo, um romance policial e um romance histórico. É romance histórico e é romance policial – repito – mas nem é um romance histórico tradicional, nem é um romance policial tradicional. O narrador avisa desde o início que, pelas particularidades da história que pretende contar, não poderá dispor da figura tradicional de um detetive, e monta o cenário como se convidasse o leitor para um jogo. A partir daí se estabelece um inquérito sobre o passado, num exercício que conjuga a análise e a especulação histórica com a criação ficcional. E o escritor é realmente muito perspicaz, os lances todos de especulação/dedução são realmente bastante inteligentes e te deixam completamente embasbacado.
Esse Rio de Janeiro fortificado, cercado por matas, que tinha apenas três ruas, uma população de cerca de 400 habitantes, em guerra constante com os tamoios, é o palco do assassinato do serralheiro Francisco da Costa, morto com 7 (talvez 8) flechadas. São 10 os suspeitos.
Para a análise desse crime ocorrido há mais de 400 anos, o autor mergulha na mentalidade e no universo de referenciais simbólicos daquela sociedade quinhentista, trazendo muito da mitologia tupi, das crenças e costumes de diversos povos indígenas para compor esse panorama e orientar a investigação.
Há momentos em que o livro quase parece um estudo de micro-história, com aporte antropológico, ainda que saibamos que Mussa não assume nem quer assumir um compromisso de historiador ou de antropólogo, antes abraçando a ficção como o terreno da liberdade para deixar fluir a sua inventividade, a sua criação. Ele mesmo deixa isso bastante claro numa Nota Final ao livro. Ainda assim, o "efeito de realidade" que o texto produz é bastante impressionante. Tão original que não pude dar menos que a nota máxima.
Por conta de uma conversa com o @Béla van Tesma , a @Mellime e acatando uma sugestão do @Eriadan no tópico do Censo Valinor (2021), estou trazendo pra cá um breve comentário que fiz num post nas minhas redes sociais sobre A Primeira História do Mundo, do Alberto Mussa.
Achei melhor criar o tópico pra isso do que postar na conversa do Censo, porque depois, à medida que as pessoas forem lendo, fica mais fácil trocar impressões aqui do que por lá. Segue o que postei a respeito no Instagram:
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Livro: A Primeira História do Mundo
Autor: Alberto Mussa
Editora Record, 240 páginas.
Avaliação pessoal: 5,0/5,0.
Em “A Primeira História do Mundo”, o escritor carioca Alberto Mussa parte de um episódio real ocorrido em 1567 – o primeiro registro formal de um assassinato na cidade do Rio de Janeiro, que enredou 15% da população local, entre suspeitos e testemunhas – para construir a um só tempo, um romance policial e um romance histórico. É romance histórico e é romance policial – repito – mas nem é um romance histórico tradicional, nem é um romance policial tradicional. O narrador avisa desde o início que, pelas particularidades da história que pretende contar, não poderá dispor da figura tradicional de um detetive, e monta o cenário como se convidasse o leitor para um jogo. A partir daí se estabelece um inquérito sobre o passado, num exercício que conjuga a análise e a especulação histórica com a criação ficcional. E o escritor é realmente muito perspicaz, os lances todos de especulação/dedução são realmente bastante inteligentes e te deixam completamente embasbacado.
Esse Rio de Janeiro fortificado, cercado por matas, que tinha apenas três ruas, uma população de cerca de 400 habitantes, em guerra constante com os tamoios, é o palco do assassinato do serralheiro Francisco da Costa, morto com 7 (talvez 8) flechadas. São 10 os suspeitos.
Para a análise desse crime ocorrido há mais de 400 anos, o autor mergulha na mentalidade e no universo de referenciais simbólicos daquela sociedade quinhentista, trazendo muito da mitologia tupi, das crenças e costumes de diversos povos indígenas para compor esse panorama e orientar a investigação.
Há momentos em que o livro quase parece um estudo de micro-história, com aporte antropológico, ainda que saibamos que Mussa não assume nem quer assumir um compromisso de historiador ou de antropólogo, antes abraçando a ficção como o terreno da liberdade para deixar fluir a sua inventividade, a sua criação. Ele mesmo deixa isso bastante claro numa Nota Final ao livro. Ainda assim, o "efeito de realidade" que o texto produz é bastante impressionante. Tão original que não pude dar menos que a nota máxima.