Ilmarinen
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Mas ele não disse que poderia ser o Balrog. Ele disse que lhe lembrou o Balrog. São coisas diferentes. A sombra do Balrog tinha coisas que pareciam asas, lembre-se. Lendo o trecho agora, até pelo comentário de Frodo depois, me parece que eles se referiam muito mais à escurdão e ao medo que o Balrog instigava do que a forma física propriamente dita. Gimli lembrou-se do Balrog, não achou que aquilo fosse um. Mesmo porque um Nazgûl voador é bem diferente de um Balrog para ser confundido realmente com um Balrog.
Não Meneldur, a confusão de impressões feita por Gimli em relação ao que foi visto no rio Anduin com a sombra em Moria não se deveu a uma similaridade entre a qualidade impalpável da aura de medo das entidades mas,sim, em função de uma comparação explicitada na descrição do texto feita ANTES do diálogo entre os personagens. Descrição essa onde imagens visuais ( tanto é que a luz é eclipsada pelas "sombras" similares a "nuvens")foram usadas para descrever a sombra alada da Besta do Nazgûl, com terminologia e sequência imagética extremamente similares à descrição do Balrog.
Esse erro que vc cometeu andou sendo feito até por pessoas em inglês que se esquecem de checar a descrição feita antes do diálogo que é onde a semelhança pode ser realmente conferida.
Confira abaixo as duas sequências sobrepostas:
What it was could not be seen: it was like a great shadow, in the middle of which was a dark form, of man-shape maybe, yet greater; and a power and terror seemed to be in it and to go before it.
It came to the edge of the fire and the light faded as if a cloud had bent over it
Elbereth Gilthoniel!' sighed Legolas as he looked up. Even as he did so, a dark shape, like a cloud and yet not a cloud, for it moved far more swiftly, came out of the blackness in the South, and sped towards the Company, blotting out all light as it approached.Soon it appeared as a great winged creature, blacker than the pits in the night. Fierce voices rose up to greet it from across the water.
'Praised be the bow of Galadriel, and the hand and eye of Legolas! ' said Gimli, as he munched a wafer of lembas. 'That was a mighty shot in the dark, my friend!'
'But who can say what it hit?' said Legolas.
'I cannot,' said Gimli. `But I am glad that the shadow came no nearer. I liked it not at all. Too much it reminded me of the shadow in Moria - the shadow of the Balrog,' he ended in a whisper.
'It was not a Balrog,' said Frodo, still shivering with the chill that had come upon him. 'It was something colder.
Gimli confundiu realmente impressões visuais e o recurso por parte de Frodo a um sentido sobrenatural, além da visão, para diferenciar ambos, assegurando ao anão que não se tratava de outro Balrog , ou do mesmo visto em Moria( hipótese que aterrorizava o Anão já que a Ruína de Durin era o "bicho-papão" dos Anões emigrados de Moria) sugere, realmente, que havia similaridades suficientes para que um pudesse ser confundido com o outro.
Tremendamente significante é o fato que nenhum dos dois mencionou o detalhe de que a Besta Alada estava voando como elemento discriminador. Voando com asas "pterodáctilicas" como esclareceu Tolkien ao falar das "fell beasts" (carta 211). Isso sugere que nem o Anão e nem o hobbit achavam estranho que o Balrog , no fim, pudesse ser capaz de voar já que na Terra-Média, até onde sabemos, vôo é prerrogativa de seres dotados de asas.
Ou seja: as sombras das "asas" no Balrog se assemelhavam o suficiente a asas reais capazes de produzir vôo para que o próprio Frodo tivesse que se pautar em um sentido além da visão para distinguir as duas sombras.
Lido no seu contexto, o diálogo entre os personagens parece ser indicativo de que as asas do Balrog em Moria, com certeza, PARECIAM com asas reais o bastante para justificar a confusão e a descrição dada no texto do Livro Vermelho da Marca Ocidental ,em passagens como essa, necessariamente reflete um consenso entre as percepções de todos os membros presentes da Fellowship e não uma impressão visual subjetiva do Gimli sozinho que é o que alguns tentam usar como argumento para refutar a confiabilidade do relato
Faz sentido se lembrarmos que asas de sombra são mencionadas logo acima. E faz sentido se lembrarmos que o próprio Christopher Tolkien acredita que essas asas tem o mesmo significado da primeira citação - ou seja, simples sombras.
I myself never thought that the second mention of the wings of the Balrog had any different signification from the first.
O comentário de Christopher Tolkien garante que ele achava (verbo no passado, devemos enfatizar) "pessoalmente" que a segunda passagen não tinha o sentido diferente da primeira. O comentário dele e o fato dele usar o verbo no passado nesse contexto sugere:
a) Em primeiro lugar que ele agora reconheceu que a linguagem usada pelo seu pai era ambígua ao ponto de dar margem à dúvida, caso contrário ele teria dito "I, myself, don't think" ou, melhor ainda, "I don't think" e não "I myself never thought Detalhe, os tradutores da passagem correspondente no Brasil pela primeira vez se esqueceram de traduzir a passagem acima com o tempo verbal no passado. Um desses lapsos que às vezes são bem infelizes para todo mundo envolvido. Estou feliz de ver que corrigiram esse equívoco recentemente
http://www.valinor.com.br/7456
b) Essa dúvida é ainda mais realçada pelo fato dele, logo em seguida, sugerir ao seu misterioso interlocutor que procurasse o texto na Universidade Marquette nos EUA ([ame]http://en.wikipedia.org/wiki/Marquette_University[/ame]) para dirimir a questão. Reparem que o CT foi tão displicente em dar a resposta que até escreveu errado o nome da Universidade.
De qualquer forma a declaração sugere que ele não tem mais certeza de que sua opinião (o "myself" deixa claro que é opinião e não fato conclusivo) era mesmo a correta. Aliás, se o misterioso intelocutor "anti-asas" tivesse recebido uma resposta tão favorável assim ao ponto de vista dele, como alguns podem querer fazer parecer, ele teria divulgado, pelo menos em paráfrase, o contexto completo do diálogo* com Christopher Tolkien e não só um pedaço isolado como esse daí o qual, a propósito, foi revelado pelo defensor mor do partido Pró-asa, o irracional do Michael Martinez num súbito arroubo de honestidade intelectual.
*https://groups.google.com/g/alt.fan.tolkien/c/THZIgyS5vwc/m/kpbMmYMNiFYJ
Balrogs, bloody Balrogs
groups.google.com
C. Tolkien on Balrog Wings?
groups.google.com
c) A ênfase de CT em falar que o segundo sentido teria que ser diferente do da primeira menção para que houvesse confusão e ambiguidade mostra que ele não dedicou ao mistério das asas um raciocínio tão detalhado e sistemático quanto Conrad Dunkerson. Esse último reconhece que a segunda menção, de fato TEM que estar associada com a primeira porque o "suas" asas se estenderam de parede a parede ( its wings spread from wall to wall) tem a função gramatical de especificar e contextualizar que as asas são os mesmos ítens mencionados anteriormente, porém, o problema com as passagens é que o sentido da primeira delas é que é ambíguo, e o sentido da segunda depende da interpretação que se dá a ela.
O "like two vast wings", nesse contexto, como Dunkerson tão bem explicou, pode não ser símile podendo também representar algo cuja percepção fosse incerta.
Explicação detalhada em português ai e análise da mais provável fonte para o visual pós Senhor dos Anéis dos Balrogs:
As "asas" dos Balrogs e suas origens
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