Extraído do perfil dele no FB:
Ilíada, Canto XVI, vv. 477-507 (953-1014 na minha tradução)
Novamente Sarpédon atirou
a lança reluzente sem sucesso.
Passou voando sobre a espádua esquerda
de Pátroclo o projétil pontiagudo
e não teve sucesso em acertá-lo.
Mas na sequência ele avançou com bronze,
o filho de Menécio, e não foi vã
a lança que voou de sua mão,
pois atingiu-o bem onde as entranhas
cobrem os músculos do coração.
Despencou da maneira que despenca
um carvalho ou um álamo prateado,
ou então um pinheiro bem frondoso,
que os homens carpinteiros, nas montanhas,
derrubam com machados afiados
para tornar-se a quilha de um navio.
Assim também, à frente dos cavalos
e de seu carro, jazia estirado,
agonizando enquanto se agarrava
em vão sobre a poeira ensanguentada.
À semelhança de um leão que avança
contra um rebanho e dilacera um touro
de grande coração, da cor do fogo,
em meio ao gado de passo tardonho,
e grunhindo sem forças ele morre
entre as mandíbulas do predador,
assim o líder dos guerreiros lícios
nas mãos de Pátroclo perdia a vida.
Com o pouco de forças que restava,
falou ao seu querido companheiro:
"Glauco, meu bom amigo, tu és forte
mesmo entre os fortes, mas mais do que nunca
agora tu terás de ser valente.
Terás de ser lanceiro — ser guerreiro.
Agora deves desejar a guerra,
a guerra vil, se tiveres coragem.
Avança em meio à vanguarda dos lícios,
junto dos comandantes de guerreiros,
por toda parte, encorajando todos
a lutarem em torno de Sarpédon.
Depois tu mesmo deverás lutar,
por mim, por meu cadáver, com teu bronze,
pois eu serei motivo de vergonha
e de censura para ti mais tarde
pelo resto de tua vida inteira,
por todos os teus dias, se os acaios
conseguirem pilhar as minhas armas,
tombado junto às naves reunidas.
Agora vai! Sê forte, meu amigo!
Incita todo o exército ao combate!"
Depois de ter falado dessa forma,
a morte com seu término cruel
cobriu seus olhos e suas narinas.
Pátroclo, pondo o pé sobre seu peito,
puxou a lança de bronze da carne
e as entranhas seguiram para fora.
Ao extrair a lança pontiaguda,
também privou-o do sopro de vida.