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Tabata Amaral e outros seis deputados anunciam desfiliação do PDT e PSB
Grupo de parlamentares que em sua maioria integra o "Movimento Acredito” - financiado pelo bilionário Jorge Paulo Lemann e o apresentador Luciano Huck - usou os partidos como plataforma de eleição e, agora, criticam as legenda que decidiram pelo voto contra a reforma da Previdência por seguirem sua coerência histórica em defesa dos diretos dos trabalhadores
15 de outubro de 2019, 21:36 h Atualizado em 15 de outubro de 2019, 21:47
Fonte: Brasil 247. Link original.


247 - Tabata Amaral e outros três deputados federais do PDT e três do PSB anunciaram nesta terça-feira (15) que vão pedir a desfiliação de seus respectivos partidos, mas junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Além de Tabata, os parlamentares Marlon Santos (PDT-RS), Gil Cutrim (PDT-MA), Flávio Nogueira (PDT-PI), Felipe Rigoni (PSB-ES), Rodrigo Coelho (PSB-SC) e Jefferson Campos (PSB-SP) integram a lista dos que podem ser punidos por contrariar a orientação das suas legendas e votar a favor da reforma da Previdência.

Em coletiva de imprensa o grupo informou que vão protocolar pedidos individuais, com cada deputado citando seus motivos de desfiliação. Os pedidos devem alegar justa causa, para que não corram o risco de perder o mandato.

O grupo não informou para qual sigla irão caso a desfiliação do TSE seja concedida. Apesar de ter escolhido o PDT para ser candidata a deputada federal, Tabata Amaral (PDT-SP) criticou o modelo de seu partido. "[O modelo] Não funciona quando a gente quer a boa política”, disse ela, classificando como "arbitrária" a decisão do PDT, partido que tem um legado trabalhista, de fechar questão sobre determinadas pautas sem, segundo ela, "a devida leitura" pelo partido do texto.

Felipe Rigoni (PSB-ES) disse que antes de se filiar, era membro do “Movimento Acredito” e firmou uma carta de independência que dizia que ele teria uma independência programática e política de atuação enquanto filiado do PSB. Ele tentou justificar o voto na reforma da Previdência afirmando que o texto não era o que foi enviado inicialmente pelo governo.

“Não era o texto que previamente o PSB tinha fechado questão, mas era um outro texto que atendia, sim, todas as requisições, proposições que a oposição colocava como um todo”, afirmou

:coxinha:

Não lembrava que Tábata estava associada a Luciano Huck. Huuuuum... Tá com toda a cara de uma dissensão visando um grupo de esquerda moderada, sem heterodoxia econômica e pescotapa. E pensar que Paulo Guedes também chegou a associar-se ao Luciano hein... Nesse sentido há espaço para uma união de esquerda e direita moderadas conforme delineei aqui e também na linha do que foi tentado sem sucesso em 2018.
 
Última edição:
"Apesar de ter escolhido o PDT para ser candidata a deputada federal, Tabata Amaral (PDT-SP) criticou o modelo de seu partido" << é isso que fode nossa política. tipo daciolo no psol e coisas do tipo. amigo, não é a tua linha, não se filia, pombas.

sobre a saída, uma dúvida: alguém comentou que por causa do quociente eleitoral a vaga não é da tábata, mas do pdt. procede isso? porque eu estava vendo o resultado das eleições e ela ficou em sexto, isso não significaria que na real ela puxou votos pro pdt?
 
Aparentemente o plano de "renovação" do PSDB esta sendo posto em ação.

Mais engraçado vai ser o PSDB falar que é esquerda agora, sendo que esta filiado a grupos de direita internacionais.

Ou quem sabe um partido "novo"?

Sobre o Ciro, não acho que ele possa ser tão forte.
 
Aparentemente o plano de "renovação" do PSDB esta sendo posto em ação.

Mais engraçado vai ser o PSDB falar que é esquerda agora, sendo que esta filiado a grupos de direita internacionais.

PSDB tem alas, né? Serra sempre foi mais social-democrata, só ver suas políticas públicas enquanto ministro da Saúde. Aécio e agora Doria são mais da ala conservadora, e assim vai.

O PSDB tomou uma surra em 2018, e isso vai mexer com o partido todo. Alguns defendem Doria como novo nome. Outros, até o Huck. Existe também quem defenda uma fusão com DEM, e assim vai. Tem que ver o que vai sair disso.

Sobre o Ciro, não acho que ele possa ser tão forte.

Ciro infelizmente jamais será presidente do Brasil. Pode não ser o salvador, pois isso não existe, mas com certeza é mais bem preparado que o atual presidente. :lol:
 
O PSDB ainda está como um vaso rachado. O Dória vem tentando se impor como o grande líder da renovação e fazer uma grande limpa lá dentro, mas vive uma eterna queda de braço com a ala velha da patota do FHC.
 
Ciro Gomes tem a mania de ficar se vendendo em discussões, ao mesmo tempo um argumento de autoridade e uma propaganda política. Por exemplo, é extremamente rotineiro ele declarar que é "professor de Direito". E ainda que ele fosse o professor mais capacitado do mundo, seria uma atitude bocó... quem é professor, cientista, filósofo, engenheiro, seja o que for, evidencia a capacitação naturalmente, não precisa ficar dando carteirada...

Mas enfim, isso me traz a duvida: Ciro Gomes tem mesmo a capacitação para ser professor de Direito? Olhando a wiki dele, se formou bacharel em Direito em 79, e logo em seguida foi professor:[1]

O pré-candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PPS) foi professor de direito tributário, na Unifor (Universidade de Fortaleza), em Fortaleza, e de instituições do direito público e privado, na UVA (Universidade Vale do Acaraú), em Sobral.
Na Unifor, o ex-ministro da Fazenda foi professor do curso de direito. Na UVA, foi docente do curso de ciências contábeis.
(...)
O professor Judicael Pinho, que coordenava o curso de direito na época da admissão de Ciro, em 85, disse que um dos quesitos para ensinar a disciplina é que o professor tenha amplo conhecimento da legislação de direito tributário do país.
(...)
Ciro ensinou na UVA em 1979. Nessa época, ele era também assessor político de seu pai, José Euclides Ferreira Gomes, que era o então prefeito de Sobral pelo PDS. (...)
E parte dessa atuação como professor coincidiu com seu mandato de deputado estadual (83-89). Quer dizer, é uma situação atípica para os padrões de hoje né, um bacharel em economia não teria capacitação para lecionar economia a nível universitário, por exemplo... Mas ok, prossigamos.

Só bem mais tarde, em 95, ele foi pra Harvard, e por causa disso é claro que também já deu umas carteiradas... Ciro foi "visinting scholar". Do que se trata esse posto? Pesquisando...[2]

Each year the Graduate Program hosts some 30 to 35 Visiting Scholars and Visiting Researchers (“Visitors”) from around the world. A Visiting Scholar is generally a Professor of Law at another institution; a Visiting Researcher is generally someone who is working towards a graduate degree or doing postgraduate work at another institution. In recent years our Visitors have included a Justice of the Supreme Court of Norway, a professor in a cyberlaw research institute at the University of Tokyo, the Director of the Graduate Programme in Law at Osgoode Hall Law School, and graduate students from all over the world.

The program provides Visitors access to Law School facilities (including the Law School’s libraries as well as other libraries at Harvard University) so that they can conduct research on an approved topic while in residence. Visitors may audit Law School courses on a non-credit basis with the permission of the course instructor and the Registrar’s Office. They may be able, from time to time, to consult with faculty members interested in their fields of study. The Graduate Program arranges a number of informal functions for Visitors at which they are able to present their work and meet each other as well as other members of the Law School community.

Visitors must be sponsored by a faculty member who is willing to act as an advisor to the proposed research project, and it is the responsibility of a prospective Visitor to contact appropriate faculty members and arrange for such sponsorship. Visitors do not have faculty status, nor do they have access to office space, telephones, or secretarial services. Please note that “Visiting Student” status is not available at Harvard Law School.

Percebe-se que é um vínculo extremamente precário, oficialmente sequer é disponível um espaço para trabalho. Apesar de Ciro Gomes ora ou outra dizer que é "harvadiano", "visitors do not have faculty status", afinal, são visitantes.... Quer dizer, o cara tem meramente acesso aos recursos comuns da universidade, como a biblioteca, o que qualquer 1º anista de graduação teria. Não por acaso, o texto faz questão de notar que o status de "visiting student" não existe, já que o que o texto descreve é de fato bem parecido com o que se esperaria para um mero estudante visitante... E mais: do contrário do que muitos pensam quando Ciro Gomes diz que estudou em Harvard, não se trata de uma pós-graduação ou algo análogo, o sucesso da pesquisa não é avaliada em nenhum sentido, não passa por nenhuma banca ou avaliação. É um mero "chega aí" apenas.

Quer dizer, essa experiência pode ser pessoalmente enriquecedora, mas não parece algo que capacite para o ofício de professor universitário de Direito, né? Ainda mais no caso do Ciro Gomes, em que ele foi escrever um livro com o Mangabeira Unger, livro ideológico, ou, sendo benevolente, livro de filosofia política...

No final das contas, Ciro Gomes é um bacharel em Direito com uma passagem pouco importante em Harvard - não tão diferente do Felipe Neto nesse último ponto.[3] Talvez eu esteja perdendo de vista alguma peculiaridade do ramo do Direito, mas parece uma capacitação muito menor do que aquela esperada para um professor de Direito, professor que necessariamente é universitário (diferente da História, por exemplo, que admite o professor de nível médio).

Tirando a situação do contexto do nível superior em Direito, e inserindo-a no contexto do nível médio em História... Imagine um sujeito inteligente que se forma no ensino médio e passa a dar aulas de História por uns quatro, cinco anos - anos 80, região precária, falta de professor... situação bem plausível. Mais ainda se o sujeito em questão é de uma família super tradicional e é vereador da cidade. Mais tarde, ele faz um curso livre sobre Antiguidade Clássica em uma universidade bem renomada. Ainda sim, seria desonesto se ele, para validar seus posicionamentos, ficasse toda hora arrotando que foi professor de História, afinal não teria a formação que se espera para essa posição, ainda que de fato tenha sido professor de História...

Enfim, em geral seria uma questão pouco relevante, não me cabe julgar carreiras, mas no caso do Ciro é diferente já que ele rotineiramente usa esse fato para validar retoricamente seus argumentos.

Também no campo de administração pública o Ciro parece adotar esse tipo de estratégia. Sua carreira meteórica lembra Jânio Quadros... Engraçado, por exemplo, que ele fala toda hora que foi prefeito "da quinta maior capital do Brasil", como se tivesse tido uma longa experiência administrativa como prefeito. Deixa de falar que tal experiência foi no distante ano 1989 e que ele abandonou o cargo em pouco mais de um ano.... Convenhamos, mesmo que a experiência tivesse sido excelente, esse tempo é muito diminuto para avaliar mais seriamente... Se a prefeitura fosse uma faculdade, nem iria entrar no currículo...

Nesse sentido, quem ouve ele falar que foi secretário, prefeito, governador, ministro duas vezes, chuta que ele deve ter uns 12, 15, quiçá 20 anos de experiência no Poder Executivo. Mas, nos anos 90, prefeitura, governo e ministério somaram apenas 5 anos, foi um cargo encaixado na outro. Deixou de ser prefeito (1.25 ano) para ser governador (3.5 anos), e depois deixou de ser governador para tampar buraco no cargo de ministro da Fazenda por apenas 4 meses (0.33 ano). Ministério que não foi notável na história do Plano Real.[4] Posteriormente, nos anos 2000, foi ministro do Lula por 3.25 anos e secretário da saúde sob o governo estadual do irmão (cerca de 1.25 ano, aparentemente*). Enfim, o cara tem menos experiência no Poder Executivo do que um Fernando Haddad (prefeito por 4 anos e ministro por 6.5 anos*), mas não é o que parece pelo que se ouve por aí né, tem-se a impressão que o Haddad é um professor que se aventurou na política, e o Ciro, esse sim, experiente administrador público.

*A passagem de Ciro Gomes na secretaria parece tão esquecível que é difícil achar fontes confiáveis a respeito, sequer na wiki do Ciro são dados os pontos de início e término dessa secretaria. De qualquer forma, também Haddad tem passagens menos importantes em cargos não-eletivos, como na prefeitura de São Paulo de Marta Suplicy (2001-3), no ministério do Planejamento de Guido Mantega, no ministério da Educação de Tarso Genro, etc.

Frente a isso, não consigo deixar de concordar com FHC quando ele diz que Ciro "tem a petulância própria do impostor". "É muito pretensioso, as pessoas que não são muito preparadas são pretensiosas. Fez esse cursinho lá em Harvard, e já veio todo assim, dava lições de economia e dizia coisas que ele não entende, e resolveria todos os problemas do Brasil".

E pode parecer forçado, mas vejo nessa pretensão algo de muito parecido com o que ocorre com o Olavo de Carvalho. Também Olavo teve várias experiências - não administrativas, mas intelectuais. Ele, com uma retórica afiada, é capaz de discorrer sobre muitas áreas do conhecimento, e passa a impressão de ser um grande estudioso de todas elas, um verdadeiro polímata. Mas uma análise acurada constata que todas essas experiências, ainda que numerosas, não surpreendem - quer dizer, Olavo teve leituras em variadas áreas, mas ainda assim não se compara a um intelectual médio que se interessa apenas por uma ou duas áreas.

Apesar disso, Ciro e Olavo atraem um bocado de gente. Para tanto, uma estratégia, tanto de Ciro quanto de Olavo, é se colocar como o único que presta, equidistante de todos os demais que cometem ora esse erro, ora aquele. Isso passa a impressão de independência intelectual/partidária, e de ser uma força bastante particular, que emitiria "luz própria" e dispensaria rótulos e grupos, ou, como o Ciro gosta de dizer, "manuais". O termo é bem sintomático, já que os manuais não evidenciam algum tipo de limitação intelectual - pelo contrário, Thomas Kuhn chega a apontar que o aparecimento de manuais é um sintoma de que um ramo de estudo tornou-se científico, em que uma espécie de tradição consensual emergiu, uma parte do conhecimento encontra-se solidificado, e o pesquisador está dispensando da necessidade de justificar esse conhecimento em questão, isto é, de retornar, pessoalmente, aos princípios do ramo de estudo em que trabalha, como os filósofos antigos faziam. O desprezo por "manuais" é, em última instância, o desprezo por um conhecimento científico ou de aspecto científico, em nome de um conhecimento mais particular, fruto de iluminação e experiências pessoais. Enquanto o desprezo por "manuais" (conhecimento científico ortodoxo) aparece em Olavo no ramo das ciências naturais, em Ciro aparece no ramo das ciências econômicas.[5][6]

Isso posto, não parece coincidência que os dois tenham trocado simpatias...

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Pode até não ser verdade que o Ciro tenha elogiado nessa ocasião, mas não vejo motivo para duvidar - observe que se trata de 2016, nessa época o Olavo era apenas um "intelectual" e não estava associado ao Bolsonaro... Tanto é verdade que, em outra ocasião, teria existido um momento em que o Ciro disse ao Olavo que "tudo o que você disse é verdade, mas eu não posso reconhecer isso em público"... abordaram o Ciro em palestra e perguntaram se realmente foi dito, e ao invés de rechaçar o fato de imediato como seria natural de algo exagerado que foi inventado a seu respeito, o que ele fez foi desconversar bonito e inclusive admitir que "tem admiração" pelo Olavo e que gosta de Olavo porque ele "sabe ler". :lol: Se o Olavo sabe ler, sabe estudar, agora entendo com que parâmetro o Ciro afirma que estuda astrofísica**...

**por sinal, reforçando o que discuti no início do post sobre passar uma impressão diferente da realidade sem necessariamente mentir, engraçado que nesse post antigo eu pareço acreditar que o Ciro tinha múltiplos títulos acadêmicos antes de ir pra Harvard, quer dizer, coisas como mestrado e doutorado, porque era professor de Direito...
 
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Ciro Gomes tem um ego gigantesco: às vezes também tenho a impressão de que ele exagera a própria importância ou o conhecimento que tem das coisas em debate. Mas não concordo que os exemplos que você citou, em que ele remete a experiências reais em contextos pertinentes, ilustrem isso. Também discordo de que sejam carteiradas, porque ele não faz delas escusa para desenvolver seus pontos de vista: pelo contrário, ele chega a ser cansativo em explanações. Sem contar que nem sempre o propósito é de - ou apenas de - fazer autopromoção, mas de dar uma determinada valoração à fala.

A do "professor de Direito" é um bom exemplo disso. Existe um contexto específico em que ele se intitula assim: ao ser questionado sobre o impeachment de Dilma ou sobre a prisão de Lula. Ora, quando uma pergunta dessas é dirigida a um político, pretende-se extrair dele um posicionamento político. A intenção óbvia de Ciro é antecipar que a sua opinião é estritamente técnica, para que não a atribuam às afinidades ou divergências que ele venha a ter com os personagens envolvidos. Para isso é conveniente que ele deixe claro esta perspectiva e introduza uma credencial para se valer dela. Ou não faz sentido que um político se apresente como oceanógrafo antes de discorrer sobre os impactos da mancha de óleo? Se ele parasse por aí - "Foi golpe e a sentença foi injusta, e eu sei disso porque sou professor de Direito" -, eu concordo que seria um argumento de autoridade, mas tente encontrar um vídeo em que ele não destrincha o raciocínio jurídico que conduz a essas conclusões.

Acho até que ele poderia ser menos vaidoso e se dizer simplesmente "bacharel em Direito". Mas ao se apresentar como professor ele não mente nem induz ao erro que você diz ter cometido, porque é suficiente tê-lo sido e poder sê-lo, oras, e é verdade que ele lecionou e pode lecionar tendo o grau de bacharelado. Mestrado e doutorado nunca foram exigências para professor universitário; as teses que ele defende não requerem grande aprofundamento jurídico para se subentender essa formação, tampouco ele dá a entender isso. Em suma: mesmo que também use essa referência para se enaltecer, ele não extrai de uma suposta interpretação que se possa tirar dela uma autoridade imprópria que valide as suas verdades: ela serve mesmo é para situar o lugar de fala em que ela será desenvolvida.

Quanto à visiting scholar em Harvard, ele não usa isso como um desnecessário credenciamento para se dizer professor. Isso foi especulação sua, certo? Ele menciona essa experiência como enriquecimento curricular (o que me parece justo) e para tentar se dissociar, para o eleitor, da imagem do político profissional: ter aceitado o risco de ostracismo indo estudar por um ano no exterior justo em seu momento mais promissor na política, vindo de uma sequência bem avaliada como prefeito, governador e ministro da Fazenda muito jovem, seria uma das demonstrações de que "nunca fez da política o seu meio de vida". Seria fraude ou charlatanismo de sua parte se ele fizesse como Witsel, que mentiu no currículo, ou se ele se dissesse "Economista" por Harvard; e seria argumento de autoridade se ele arrotasse o período como "supertrunfo" para deixar de discorrer horas sobre as suas compreensões de economia política. Não é bem assim...

Os cargos que já desempenhou ele também costuma mencionar com um fim específico: responder às perguntas que insinuam riscos abstratos do seu modelo de governo ou da sua personalidade temperamental. Uma estratégia que tem bastante lógica, né? Para se refutar sugestionamentos futuros, nada melhor que apontar cenários similares do passado em que se poderiam ter concretizado: "Já fui prefeito de capital, governador de estado e ministro da Fazenda: oportunidades significativas para cometer irresponsabilidades e desatinos; cite um".

Fora isso, ele enumera essas experiências para se apresentar como político experimentado, o que tem (ou deveria ter) um certo peso ao se ter Bolsonaros como adversários. Você faz um juízo negativo dessas passagens, ou de pouca significância, com base na curta duração de cada mandato. Já outro poderia, mesmo sem entrar no tempo ou nos méritos de cada uma dessas passagens, deduzir que: (1) é interessante que o candidato já tenha vivenciado, em menor escala, parte daquilo a que ele está se propondo a desempenhar, e que conheça na prática a atividade dos vários agentes com que terá de dialogar; (2) a indicação sucessiva, confirmada (eleito ou nomeado), para cargos de importância crescente (prefeito -> governador -> ministro) são um indicativo de que cada passagem que antecedeu a seguinte foi bem sucedida. Uma pesquisa de popularidade no período pode corroborar essa dedução.

Eu pessoalmente tenho muita admiração pela vasto conhecimento que ele demonstra sobre o que estava debruçado no exercício dessas funções, pelo que se observa nas sabatinas do Roda Viva enquanto ministro da Fazenda e ministro da Integração Nacional. Eu traduzo isso como resultado de comprometimento, e esse é um dos fatores que me tornam muito entusiasta de uma (utópica) presidência dele. Acho que ele seria obcecado em conquistar o planejamento traçado, assim como já é em chegar lá. Não vejo tanto isso em outros candidatos.

Enfim, não acho que você foi feliz nesses exemplos: as experiências acadêmicas reais de Ciro me parecem proporcionais ao que ele próprio evoca, e ao meu ver os mandatos políticos justificam a autoimagem de gestor público experimentado; e em nenhum dos casos o assisti sustentar uma opinião em concreto com o mero currículo. No entanto, acho sim que ele tem afetações de prepotência, que se manifesta nos muitos rompantes de agressividade e em algumas autoproclamações que carecem de confirmação por outras fontes: a importância que ele se dá para o Plano Real, por exemplo.
 
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Ciro tem defeitos mesmo. Ele é arrogante, prepotente, e as vezes acaba falando besteira achando que entende de tudo. Ninguém nunca negou isso.

Eu só falo do Ciro porque, comparando com seus concorrentes diretos pela presidência, como o vencedor Jair Bolsonaro, vejo ele bem mais capacitado, e acho difícil alguém aqui mostrar o porquê Bolsonaro é mais capacitado em alguma coisa do que o Ciro, por exemplo.

Mas sabemos que ele não é nenhum Messias. :mrgreen:
 

Ciro xingador :lol:, até a UOL perdeu os eufemismos. Terceiro ponto análogo ao Olavo, aliás.

Paulo Guedes tem feito vários anúncios e lançou uma onda de expectativas otimistas que todo mundo tem reagido. Ciro Gomes tem atacado com mais força diretamente Paulo Guedes, enquanto Luciano Huck tem elogiado-o - todo mundo parece perceber que o núcleo de Guedes tem mantido sua estamina política e tem chances de ser uma peça importante nas eleições de 2022. Infelizmente sem tempo de dissecar o ataque de Ciro a Guedes, mas tem muita coisa interessante (inclusive material para zuar o professor harvadiano), até porque se trata do debate realmente relevante que o Brasil vem tendo desde a eleições de 2018 - debate que não é entre fascismo e democracia, mas sim entre liberalismo ortodoxo e desenvolvimentismo.

Inclusive nesse fuzuê todo Ciro respondeu pergunta de.... Rodrigo Constantino. :lol: O Constantino era figura carimbada nas discussões antigamente no fórum, mas sumiu... na época saiu por baixo, tinha sido demitido da VEJA, mas agora parece estar melhor do que a própria VEJA... Enfim , sinto que o fórum carece de Rodrigo Constantino para equilibrar o ambiente, quando ficar mais ativo no fórum vou postar a rodo, fica aqui o sobreaviso.
 
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até porque se trata do debate realmente relevante que o Brasil vem tendo desde a eleições de 2018 - debate que não é entre fascismo e democracia, mas sim entre liberalismo ortodoxo e socialismo desenvolvimentista.

Em discurso, Lula indica que pilar da oposição será economia de Guedes

Aliás, com a soltura de Lula, Ciro Gomes sefu, pra variar. :lol: Esquerda vai em peso se reunir ao redor do Lula: além de perder espaço na terceira via centrista (Huck), perde também na esquerda.

Ciro infelizmente jamais será presidente do Brasil.
Tinha deixado passar despercebido esse comentário. Bem, acho que podemos trancar o tópico então. :rolleyes:
 
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