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Cite um trecho do livro que você está lendo! [Leia o 1º post]

  • Criador do tópico Criador do tópico Anica
  • Data de Criação Data de Criação
Re: Cite o livro que você está lendo!

Sombras vegetavam silentes na paz da manhã flutuantes da escada ao mar para onde olhava. Na praia e mais além embranquecia o espelho d'água, pisado por pés lépidos e leves. Seio branco do mar turvo. Parelhas de pulsos, dois a dois. Mão tangendo as cordas de harpa
fundindo-lhe os acordes geminados. Palavras pálidas do pélago aos pares rebrilhando na turva maré.

Uma nuvem começou a cobrir o sol lenta, toldando a baía de um verde mais fundo. Restava atrás dele, vasilha de águas amargas. A canção de Fergus: eu cantei sozinho na casa, segurando os longos acordes sombrios. Sua porta estava aberta: ela queria ouvir minha música. Calado por pavor e pena fui até sua cabeceira. Ela chorava em seu leito miserável. Por causa daquelas palavras, Stephen:

o amargo mistério do Amor.

Onde agora?
Seus segredos: velhos leques de plumas, cartões de dança debruados, polvilhados de almíscar, rosário de contas de âmbar em sua gaveta trancada. Uma gaiola pendurada na janela ensolarada de sua casa quando era menina. Ela ouviu o velho Royce cantar na pantomima de Turko o terrível e riu com outros quando ele cantou:

Pois afinal
Eu tenho a tal
Invisibilidade.


Alegria fantasmática, recolhida redobrada: almiscarada.
E já não mais cisme e desvie.

Recolhida redobrada na memória da natureza com brinquedos que eram dela. Lembranças tomavam seu cérebro que cismava. O copo de água da torneira da cozinha quando ela recebera o sacramento. Uma maçã sem coração, cheia de açúcar mascavo, assando para ela no fogão em uma noite escura de outono. Suas unhas desenhadas vermelhas do sangue dos piolhos esmagados das camisas das crianças.

Em um sonho, calada, viera-lhe ela, o corpo gasto na mortalha larga exalando um odor de cera e de jacarandá, seu hálito curvado sobre ele com mudas palavras secretas, um vago odor de cinzas úmidas. Seus olhos baços, fitando fixos, dentre os mortos, por abalar e dobrar minha alma. Só em mim. A velafantasma
para iluminar sua agonia. Luz fantasmal sobre o rosto torturado. Seu hálito rouco ruidoso esbatendo-se em pânico, quando todos rezavam de joelhos. Seus olhos em mim por me fazer ao chão. Liliata rutilantium te confessorum turma circumdet: iubilantium te virginum chorus excipiat.

Assombração! Mascador de cadáveres!
Não, mãe. Deixe-me estar e me deixe viver.

Ulysses - James Joyce
 
Re: Cite o livro que você está lendo!

Os Homens que não amavam as mulheres disse:
O Gollum acabava de sair da caverna. Era alto, quase dois metros de altura, ms tão curvado pela idade que os olhos ficavam na altura dos de Mikael.

Os homens que não amavam as mulheres- 284

Muito interessante que Larsson faz umas 3 comparações do velho Harald Vanger com nosso bom e velho Gollum.


O Hobbit disse:
Foram avançando, Gollum flape, flapeando à frente, chiando e praguejando;

O Hobbit- 85
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Re: Cite o livro que você está lendo!

A inteligência militar tem com a inteligência a mesma relação que a música militar tem com a música.

É assim que a ciência se desenvolve. Os grandes progressos são realizados por pessoas que desconsideram a sabedoria tradicional e fazem algo inesperado. Os grandes saltos são imprevisíveis. E a mesma imprevisibilidade reina na economia e na política internacionais.

A grande tarefa que nos defronta, a nós, cidadãos do mundo, é aprender a organizar a sociedade de modo a dar às coisas imprevisíveis uma chance de acontecer. Algumas revoluções no nosso pensamento estão bastante atrasadas. Precisamos de um desmoronamento do nacionalismo e de um compromisso maior com as instituições internacionais. Precisamos de um colapso da cobiça e de um compromisso compromisso com um tratamento decente para os pobres. Precisamos de um colapso da rivalidade militar e de um compromisso com um esforço no nível mundial para preservar nosso planeta como um lar adequado para a humanidade e para as outras criaturas vivas. A sabedoria convencional afirma que nenhuma dessa revoluções vai ocorrer. Mas no ano passado (1991) vimos acontecer algumas revoluções que a ciência estabelecida havia declarado impossíveis. As revoluções atrasadas são imprevisíveis mas não impossíveis. É nossa tarefa, tanto na ciência quanto na sociedade de modo geral, demonstrar que a sabedoria tradicional está está errada e tornar realidade nossos sonhos imprevisíveis.

De Eros a Gaia, Freeman Dyson
 
Re: Cite o livro que você está lendo!

Mas eu denuncio. Denuncio nossa fraqueza, denuncio o horror alucinante de morrer - e respondo a toda essa infâmia
com - exatamente isto que vai agora ficar escrito - e respondo a toda essa infâmia com alegria. Puríssima e levíssima alegria. A
minha única salvação é a alegria. Uma alegria atonal dentro do it essencial. Não faz sentido? Pois tem que fazer. Porque é cruel
demais saber que a vida é única e que não temos como garantia senão a fé em trevas -porque é cruel demais, então respondo com
a pureza de uma alegria indomável. Recuso-me a ficar triste. Quem não tiver medo de ficar alegre e experimentar uma só vez
sequer a alegria doida e profunda terá o melhor de nossa verdade. Eu estou - apesar de tudo oh apesar de tudo - estou sendo
alegre neste instante-já que se passa se eu não fixá-lo com palavras. Estou sendo alegre neste mesmo instante porque me
recuso a ser vencida: então eu amo. Como resposta. Amor impessoal, amor it, é alegria: mesmo o amor que não dá certo,
mesmo o amor que termina. E a minha própria morte e a dos que amamos tem que ser alegre, não sei ainda como, mas tem
que ser. Viver é isto: a alegria do it. e confortar-me não como vencida mas em um allegro com brio.

Aliás não quero morrer. Recuso-me contra "Deus". Vamos não morrer como desafio?

Não vou morrer, ouviu, Deus? Não tenho coragem, ouviu? Porque é uma infâmia nascer para morrer não se sabe quando
nem onde. Vou ficar muito alegre, ouviu? Como resposta, como insulto. Uma coisa eu garanto: nós não somos culpados. E
preciso entender enquanto estou viva, ouviu? porque depois será tarde demais.

Lá na antepenúltima página de Água Viva - Clarice Lispector :grinlove:
 
Re: Cite o livro que você está lendo!

Guardava todo o seu dinheiro, todos seus bens, todas suas emoções para os livros; havia sido monge e, pelos livros, havia abandonado Deus. Mais tarde, ele lhes sacrificou o que os homens têm de mais caro, depois de seu Deus: o dinheiro; em seguida ele lhes deu o que temos de mais caro, depois do dinheiro: a alma.

(Bibliomanie - Gustave Flaubert)

revista arte e letra: estórias M
 
Re: Cite o livro que você está lendo!

Estou relendo o "Poesias", do Olavo Bilac, e eis me deparo com esse soneto (do "Tarde"):

Sperate, creperi!

Não sei. Duvido e espero. Na ansiedade,
Vago, entre vagas sombras. Se não rezo,
Sonho; e invejo dos crentes a humildade
E o orgulho dos filósofos desprezo.

Como um Jó miserável da verdade
E de receios farto como um Creso,
Adormeço a tristeza que me invade
E engano o coração cansado e leso…

Talvez haja na morte o eterno olvido,
Talvez seja ilusão na vida tudo…
Ou geme um deus em cada ser ferido…

Não afirmo, não nego. É vão o estudo.
Quero clamar de horror, porque duvido;
Mas porque espero, — espero, e fico mudo.

Achei interessante que nunca havia dado bola pra ele... Mesmo sendo, talvez, a quarta vez que leio o livro. Aí eu me lembrei da análise do Ricardo Leite pro soneto "Sahara Vitae", do mesmo autor:

SAHARA VITAE

Lá vão eles, lá vão! O céu se arqueia
Como um teto de bronze infindo e quente,
E o sol fuzila e, fuzilando, ardente
Criva de flechas de aço o mar de areia...

Lá vão, com os olhos onde a sede ateia
Um fogo estranho, procurando em frente
Esse oásis do amor que, claramente,
Além, belo e falaz, se delineia.

Mas o simum de morte sopra: a tromba
Convulsa envolve-os, prostra-os; e aplacada
Sobre si mesma roda e exausta tomba...

E o sol de novo no ígneo céu fuzila...
E sobre a geração exterminada
A areia dorme plácida e tranqüila.

O "Sahara Vitae" foi publicado no livro "Sarças de Fogo", ao passo que o "Sperate" foi publicado no "Tarde". O primeiro é caracterizado pelo sensualismo, pela ardência que alcança seu nível máximo iniciado com o "Via Láctea" e aquelas parada de bater um papo reto cas estrelas. Tem até poema chamado "Satania" nesse livro. Já o último é um livro de poemas maduro, crepuscular, com um Bilac já cansado, exausto da vida e tudo mais. Um Bilac que já constatou, no soneto "Inania Verba", que a busca pela exatidão é inútil: Quem o molde achará para a expressão de tudo?

E aí fiz um mix com esses três sonetos e acabei me deparando com algo que nunca havia pensado... E que só essa quarta releitura me proporcionou.
 
Re: Cite o livro que você está lendo!

"Os homens amam o que não podem obter e odeiam o que não conseguem controlar. Para Henrique, fui ambas as coisas."

O Diário secreto de Ana bolena
 
Re: Cite o livro que você está lendo!

Lembro dos rostos cansados, as figuras abatidas dos meus dois homens, lembro da minha juventude e de um sentimento que nunca mais haverá de voltar - o sentimento de que eu podia durar para sempre, mais do que o mar, do que a terra, do que todos os homens; o ilusório sentimento que nos atrai para alegrias, para perigos, para o amor, para o vão esforço - para a morte; a triunfante convicção de força, o calor da vida numa mão cheia de pó, a chama do coração que todo ano diminui, esfria, arrefece e expira - expira muito depressa, depressa demais, antes da própria vida.

Era um homem triste, com uma lágrima eterna a brilhar na ponta do nariz, um homem que tivera, tinha ou esperava vir a ter problemas - que só podia ser feliz se alguma coisa de ruim lhe acontecesse.

juventude - joseph conrad
 
Re: Cite o livro que você está lendo!

Words move, music moves
Only in time; but that which is only living
Can only die. (...)

Burnt Norton -- T. S. Eliot.

Esse poema é, pra mim, o melhor do Eliot e, naturalmente, um dos melhores do século XX (ainda que não seja tão representativo quanto o The Waste Land).
 
Re: Cite o livro que você está lendo!

Larguei Game of Thrones e fui retomar A Sociedade do Anel de novo, e estou me arrependendo de ter abandonado '-'
 
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Re: Cite o livro que você está lendo!

Pouco me interessam os homens que são leais para com as pessoa que lhes pagam, para com organizações... Não creio que nem mesmo o meu país signifique tanto assim. Há muitos países em nosso sangue - não é verdade? -, mas somos, cada um de nós, apenas uma pessoa. Acaso estaria o mundo na confusão em que se encontra, se fôssemos leais para com o amor e não para com países?

Nosso homem em Havana - Graham Greene
 
Re: Cite o livro que você está lendo!

"... os homens têm menos escrúpulos em ofender alguém que se faça amar a outro que se faça temer: porque o amor é mantido por um vínculo de reconhecimento, mas, como os homens são maus, se aproveitam da primeira ocasião para rompê-lo em benefício próprio, ao passo que o temor é mantido pelo medo da punição, o qual não esmorece nunca."

Maquiavel, O Príncipe.
 
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Re: Cite o livro que você está lendo!

"Viver é muito perigoso..."

Grande Sertão: Veredas - Guimarães Rosa

Bem manjada, mas bem sugestiva.
 
Re: Cite o livro que você está lendo!

"Eu não temerei. O medo é o assassino da mente. Medo é a morte pequena que traz a obliteração. Enfrentarei meu medo. Não permitirei que ele passe sobre mim ou através de mim. E, quando ele se for, voltarei minha visão interna para olhar sua trilha.
Por onde o medo passou nada restou. Apenas eu permaneço."
Litania contra o medo, do livro Duna, de Frank Herbert.

Será que ficar pensando nisso é capaz de acalmar mesmo? :think:
 
Re: Cite o livro que você está lendo!

"Mire veja: um casal, no Rio do Borá, daqui longe, só porque marido e mulher eram primos carnais, os quatro meninos deles vieram nascendo com a pior transformação que há: sem braços e sem pernas, só os tocos... Arre, nem posso figurar minha idéia nisso!Refiro ao senhor: um outro doutor, doutor rapaz, que explorava as pedras turmalinas no vale do Araçuaí, discorreu me dizendo que a vida da gente encarna e reencama, por progresso próprio, mas que Deus não há. Estremeço. Como não ter Deus?! Com Deus existindo, tudo dá esperança: sempre um milagre é possível, o mundo se resolve. Mas, senão tem Deus, há-de a gente perdidos no vai-vem, e a vida é burra. É o aberto perigo das grandes e pequenas horas, não se podendo facilitar – é todos contra os acasos. Tendo Deus, é menos grave se descuidar um pouquinho, pois no fim dá certo. Mas, se não tem Deus, então, a gente não tem licença de coisa nenhuma! Porque existe dor. E a vida do homem está presa encantoada – erra rumo, dá em aleijões como esses, dos meninos sem pernas e braços. Dor não dói até em criancinhas e bichos, e nos doidos – não dói sem precisar de se ter razão nem conhecimento? E as pessoas não nascem sempre? Ah, medo tenho não é de ver morte, mas de ver nascimento. Medo mistério. O senhor não vê? O que não é Deus, é estado do demônio. Deus existe mesmo quando não há. Mas o demônio não precisa de existir para haver – a gente sabendo que ele não existe, aí é que ele toma conta de tudo. O inferno é um sem-fim que nem não se pode ver. Mas a gente quer Céu é porque quer um fim: mas um fim com depois dele a gente tudo vendo. Se eu estou falando às flautas, o senhor me corte. Meu modo é este. Nasci para não ter homem igual em meus gostos. O que eu invejo é sua instrução do senhor..."

(Guimarães Rosa, “Grande Sertão: Veredas”, 19ª ed., Nova Fronteira, 2001, p. 76)
 
Re: Cite o livro que você está lendo!

"Eu não temerei. O medo é o assassino da mente. Medo é a morte pequena que traz a obliteração. Enfrentarei meu medo. Não permitirei que ele passe sobre mim ou através de mim. E, quando ele se for, voltarei minha visão interna para olhar sua trilha.
Por onde o medo passou nada restou. Apenas eu permaneço."
Litania contra o medo, do livro Duna, de Frank Herbert.

Será que ficar pensando nisso é capaz de acalmar mesmo? :think:

parece uma oração, ou mantra.
 
Re: Cite o livro que você está lendo!

parece uma oração, ou mantra.

É uma litania né. Como o 'Mãe de Deus, rogai por nós. Jesus, tem piedade de mim, pecador.' Como as ladainhas a Jesus e/ou a Maria que se reza no terço ou a ladainha dos santos da Missa antiga.

Pater de caelis, Deus, (miserere nobis.)
Fili, Redemptor mundi, Deus, (miserere nobis.)
Spiritus Sancte, Deus, (miserere nobis.)
Sancta Trinitas, unus Deus, (miserere nobis.)
Sancta Maria,
Sancta Dei Genetrix,
Sancta Virgo virginum,
 
Re: Cite o livro que você está lendo!

na verdade me lembrou + da ladainha q tornou o domini ex-bbb famoso na época.
 
Re: Cite o livro que você está lendo!

É uma litania né. Como o 'Mãe de Deus, rogai por nós. Jesus, tem piedade de mim, pecador.' Como as ladainhas a Jesus e/ou a Maria que se reza no terço ou a ladainha dos santos da Missa antiga.

Pater de caelis, Deus, (miserere nobis.)
Fili, Redemptor mundi, Deus, (miserere nobis.)
Spiritus Sancte, Deus, (miserere nobis.)
Sancta Trinitas, unus Deus, (miserere nobis.)
Sancta Maria,
Sancta Dei Genetrix,
Sancta Virgo virginum,

agora pintou uma dúvida q talvez o pags saiba responder. p ser uma litania ñ teria q ser 1 pedido a alguém superior? ñ notei isso no trecho da cris.
 

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