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Cite um trecho do livro que você está lendo! [Leia o 1º post]

  • Criador do tópico Criador do tópico Anica
  • Data de Criação Data de Criação
O Irineu é bem conhecido no meio da música por ser um jornalista que escreve sobre música, especialmente sobre música erudita — ele tem quatro livros escritos sobre o assunto. Mas ele também traduz direto do russo há algum tempo. Já traduziu Púchkin, Turgueniêv, Dostoiévski (para a Folha), Vasily Grossman, e sua última tradução é Anna Karienina, que saiu há uns dois meses, também pela 34.

Edit: Béla foi mais rápido...
Ele também já tinha revisado a edição da Alfaguara de O mestre e Margarida. O tradutor dessa primeira edição não gostou nem um pouco do novo lançamento...

Zoia Prestes - O mestre e Margarida.webp
 
Ele também já tinha revisado a edição da Alfaguara de O mestre e Margarida. O tradutor dessa primeira edição não gostou nem um pouco do novo lançamento...

Ver anexo 90939

Falando serião, qual o impedimento ético, no caso? :think:
 
Falando serião, qual o impedimento ético, no caso? :think:
Acho que como revisor que depois traduz o mesmo livro, ele acabou em uma posição em que podia se aproveitar das discussões e das soluções de tradução, sem dar crédito ao tradutor original. Não conheço a etiqueta editorial para saber se é algo efetivamente reprovável, mas não me parece uma situação ideal.
 
Falando serião, qual o impedimento ético, no caso? :think:
também não entendi muito, certamente porque não manjo dessas paradas... talvez se ele tiver basicamente usado a tradução que revisou e adicionado algumas partes (a nova tradução, pelo que me lembro, foi feita à partir da edição não censurada da obra) aí faria mais sentido...


em outros termos já concordo com Zoia Prestes... no caso de Tolstói por exemplo, o Rubens Figueiredo parece um tradutor tão excelente, que, a não ser que Perpétuo tenha visto modos drásticos de trazer uma nova abordagem do estilo do autor em português, eu só consigo ver competição de mercado (e ego) como motivação de uma nova Anna Kariênina por exemplo...

(com Dosto, por outro lado, já vi várias críticas ao Paulo Bezerra, e adorei que Figueiredo traduziu Crime e Castigo - preciso reler na tradução dele; e espero que os outros grandes romances do autor recebam novas versões. Dosto parece ter um estilo bem mais complexo de se capturar, e novas interpretações são bem-vindas)

Enquanto isso vários nomes russos contemporâneos de peso, como Lyudmila Ulitskaya, Vladimir Sorokin*, Mikhail Shishkin, continuam sem tradução. E alguns clássicos também.

*Sorokin tem aquele curtinho Dostoievski-Trip apenas por aqui, longe de ser a obra mais importante dele.
 
Última edição:
Acho que como revisor que depois traduz o mesmo livro, ele acabou em uma posição em que podia se aproveitar das discussões e das soluções de tradução, sem dar crédito ao tradutor original. Não conheço a etiqueta editorial para saber se é algo efetivamente reprovável, mas não me parece uma situação ideal.

Pois é, perguntei porque também não conheço. :think:
E fiquei pensando que qualquer tradutor - mesmo que não tivesse sido o revisor da obra - pode estudar outras traduções, considerando analiticamente as soluções de tradução adotadas em cada caso. Mas também é uma percepção de leigo, que não sabe nada dos meandros do processo de tradução/revisão.
 
Eu queria reler Duna antes do lançamento do filme, mas não vai rolar. Então, paciência. Mesmo assim, tava dando uma olhadinha, no início do livro (Tenho a edição para kindle), ontem, e esta parte, aqui, é muito linda:

"Não terei medo. O medo mata a mente. O medo é a pequena morte que leva à aniquilação total. Enfrentarei meu medo. Permitirei que passe por cima e através de mim. E, quando tiver passado, voltarei o olho interior para ver seu rastro. Onde o medo não estiver mais, nada haverá. Somente eu restarei."​
 
Facebook me mostrou esta lembrança, e eu preciso compartilhá-la com vocês. Sou apaixonada por este livro, e, de modo especial, por este trecho, que, depois de tanto tempo, ainda me emociona (sim, eu choro quando releio isto):

"'Há uma enorme diferença entre pobres e ricos', Kite diz, dando uma tragada no cigarro. Estamos num bar, na hora do almoço. John Kite está sempre, a menos que o local não permita, fumando um cigarro, num bar, na hora do almoço.

'Os ricos não são maus, como tantos dos meus companheiros diriam a você. Conheci pessoas ricas — já toquei em seus iates — e elas não são grosseiras, ou malignas, e não odeiam os pobres, como muitas pessoas diriam. E não são estúpidas — ou pelo menos não mais que os pobres. Por mais que eu ache divertida a ideia de uma classe dominante composta de dândis tagarelas, incapazes de vestir as próprias meias sem uma babá para ajudá-los, ela não é verdadeira. Eles constroem bancos, e empreendimentos imobiliários, e formulam políticas, tudo com perfeita competência.

'Não — a grande diferença entre ricos e pobres é que os ricos são alegres. Acreditam que nada pode realmente ser tão ruim. Nascem com o adorável e aveludado lustro da jovialidade — como lanugem, num bebê — e isso nunca é prejudicado por uma conta que não pode ser paga; por uma criança que não consegue receber educação; por uma casa que deve ser abandonada por um abrigo, quando o aluguel fica alto demais.

'A vida deles é a mesma por gerações a fio. Não existe revolução social que realmente os afete. Se você se encontra confortavelmente na classe média, qual é o maior mal que uma política de governo pode fazer? O pior dos piores? Cobrar noventa por cento de imposto e deixar suas lixeiras cheias na calçada. Mas você e todo mundo que você conhece vão continuar a beber vinho — talvez mais barato —, tirar férias — talvez em algum lugar mais perto — e pagar seu empréstimo habitacional — embora com atraso.

'Pense, agora, nos pobres. O que é o maior mal que uma política de governo pode fazer para eles? Pode cancelar sua cirurgia, sem possibilidade de recorrer à saúde privada. Pode acabar com suas escolas — sem rota de fuga para uma escola particular. Pode tirar você de casa e colocá-lo numa pensão até o final do ano. Quando as classes médias falam apaixonadamente sobre política, estão discutindo seus privilégios — seus incentivos fiscais e seus investimentos. Quando os pobres falam apaixonadamente sobre política, estão lutando pela sobrevivência.

'A política sempre vai significar mais para os pobres. Sempre. É por isso que fazemos greve e passeatas, e entramos em desespero quando os jovens dizem que não votam. É por isso que os pobres são vistos como mais vitais e animalescos. Nada de música clássica para nós — nada de passeios em propriedades históricas do Tesouro Nacional, ou comprar assoalhos de anúncios. Não temos nostalgia. Não trabalhamos com o dia de ontem. Não suportamos isso. Não queremos ser lembrados de nosso passado, porque era terrível: morrer em minas, e cortiços, sem alfabetização ou direito a voto. Sem dignidade. Era tudo tão terrível. É por isso que o presente e o futuro são para o pobre — este é o lugar no tempo para nós: sobreviver agora, esperar pelo melhor no futuro. Vivemos o agora — para que nossos deleites quentes, rápidos e instantâneos nos incitem: açúcar, um cigarro, uma nova música ligeira na rádio.

'Você nunca, nunca pode esquecer, quando fala com uma pessoa pobre, que é preciso dez vezes mais esforço para chegar a algum lugar quando se sai de um código postal ruim. É um milagre quando alguém de um código postal ruim chega a algum lugar, filho. É um milagre que façam o que quer que seja'".

(Do que é feita uma garota, Caitlin Moran, p. 195-197.)​
 
Não é tão difícil trocar de nome, bem, não estou falando do ponto de vista administrativo, porque do ponto de vista administrativo quase nada é possível, o objetivo de qualquer administração é reduzir ao máximo, quando não pura e simplesmente destruir, as nossas possibilidades de vida, do ponto de vista administrativo o bom administrado é o administrado morto, estou falando apenas do ponto de vista do uso: basta você se apresentar com um nome novo e depois de alguns meses, ou até semanas, todo mundo se acostuma, não passa pela cabeça de ninguém a possibilidade de você ter se chamado de outra forma no passado.
Serotonina - Michel Houellebecq
 
"O que eu vi naquela manhã convenceu-me de que o escriturário era vítima de uma doença mental inata e incurável. Eu poderia oferecer compaixão a seu corpo, mas não era seu corpo que lhe doía; era sua alma que sofria, e a sua alma eu não conseguia alcançar."

Bartleby, o escriturário, Herman Melville
 
"O que eu vi naquela manhã convenceu-me de que o escriturário era vítima de uma doença mental inata e incurável. Eu poderia oferecer compaixão a seu corpo, mas não era seu corpo que lhe doía; era sua alma que sofria, e a sua alma eu não conseguia alcançar."

Bartleby, o escriturário, Herman Melville
lendo meu livro, que lindo :hihihi: 🥰
 
"Em criança, dizia o meu pai, não nos despedimos dos lugares. Pensamos que voltamos sempre. Acreditamos que nunca é a última vez. Os lugares são como os livros: só existem quando os lemos pela segunda vez."

O Mapeador de Ausências, Mia Couto
 
natimorto

isso que sinto
não tem futuro,
é coisa dinamitada
ainda na construção.
obra falida
antes da inauguração.
é pura e deliberada
implosão.
não há vigas tijolos
cimento ou fundação
que sustentem
o fato de eu sentir
e você não.


Formol (André Oviedo).
 
"Disse-lhe que era preciso tirar o moço do seminário, que ele não tinha vocação para a vida eclesiástica, e antes um padre de menos que um padre ruim."
(Páginas Recolhidas - Machado de Assis)
 
"In Prague phonology, there would be neutralization word-finally in German, that is, a particular phonemic entity, an archi-phoneme, would occur in the position of contrast, for example, a segment which is phonetically voiceless but has no specification for voicing phonologically and is thus neither a /p/ nor a /b/, but something which is common to the two (to simplify things)."

– Hans Basbøll, The Phonology of Danish
 
"Vez por outra, sentia necessidade de ir ali, levado por invencível ansiedade nostálgica, que ele próprio, com toda a agudeza de sua inteligência superior, não saberia definir ou explicar. O certo é que, ouvindo bater os tambores rituais, como que se reintegrava no mundo mágico de sua progênie africana enquanto se alastrava pela consciência uma sensação nova de paz, que mergulhava na mais profunda essência de seu ser. Dali saía misteriosamente apaziguado, e era mais leve o seu corpo e mais suave o seu dia, qual se voltasse a lhe ser propício o vodum que acompanha na Terra os passos de cada negro."

- Josué Montello, "Os Tambores de São Luís".
 

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