Haran
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Pois é, o poder parece provir apenas de Eru mesmo, conforme vemos nas cartas:
Porém, no trecho sobre Lúthien de O Silmarillion Manwë não parece dirigir-se a Eru diretamente (como é dito que ele e somente ele tem o poder), mas meditou, dirigiu-se aos próprios pensamentos. É diferente por exemplo da ocasião de Númenor:
Mas uma coisa não contradiz a outra necessariamente. Algo parecido ocorre com a maldição de Isildur sobre os (futuros) mortos de Dunharrow: Isildur obviamente não tem qualquer poder sob o destino pós-vida daqueles homens, mas aparentemente foi ele que decidiu, lançando a maldição. Interpreto o caso dele e o caso de Manwë então como essencialmente os mesmos, uma decisão ou declaração que, aparentemente provindo deles mesmos, na verdade foi proveniente da inspiração do "Espírito Santo" sobre eles. Manwë com o atenuante especial de ser o Rei de Arda e assim ter um vínculo mais forte com Eru e ter a autoridade de tomar decisões mais concretas com base nessa inspiração. É a autoridade, aliás, que aparece no "O Diálogo de Manwë e Eru e concepções tardias da reencarnação Élfica" - no diálogo Manwë é receoso de reconstruir os corpos dos elfos mortos ou de fazer uma guerra de grande proporções na Terra-Média, temendo interferir em demasia com os eruhíni, mas Eru repreende-o por esse receio e dá autonomia para ele tratar dessas questões.
Uma curiosidade com que topei é que Tolkien diz sobre Eärendil e Elwing nas cartas:
Immortality and Mortality being the special gifts of God to the Eruhini (in whose conception and creation the Valar had no part at all) it must be assumed that no alteration of their fundamental kind could be effected by the Valar even in one case: the cases of Lúthien (and Túor) and the position of their descendants was a direct act of God. The entering into Men of the Elven-strain is indeed represented as part of a Divine Plan for the ennoblement of the Human Race, from the beginning destined to replace the Elves. (letter 153)
There they became the Númenóreans, the Kings of Men. They were given a triple span of life – but not elvish 'immortality' (which is not eternal, but measured by the duration in time of Earth); for the point of view of this mythology is that 'mortality' or a short span, and 'immortality' or an indefinite span was part of what we might call the biological and spiritual nature of the Children of God, Men and Elves (the firstborn) respectively, and could not be altered by anyone (even a Power or god), and would not be altered by the One, except perhaps by one of those strange exceptions to all rules and ordinances which seem to crop up in the history of the Universe, and show the Finger of God, as the one wholly free Will and Agent.* (letter 156)
There they became the Númenóreans, the Kings of Men. They were given a triple span of life – but not elvish 'immortality' (which is not eternal, but measured by the duration in time of Earth); for the point of view of this mythology is that 'mortality' or a short span, and 'immortality' or an indefinite span was part of what we might call the biological and spiritual nature of the Children of God, Men and Elves (the firstborn) respectively, and could not be altered by anyone (even a Power or god), and would not be altered by the One, except perhaps by one of those strange exceptions to all rules and ordinances which seem to crop up in the history of the Universe, and show the Finger of God, as the one wholly free Will and Agent.* (letter 156)
Porém, no trecho sobre Lúthien de O Silmarillion Manwë não parece dirigir-se a Eru diretamente (como é dito que ele e somente ele tem o poder), mas meditou, dirigiu-se aos próprios pensamentos. É diferente por exemplo da ocasião de Númenor:
Então, Manwë sobre a Montanha invocou Ilúvatar; e naquela época os Valar renunciaram a sua autoridade sobre Arda. (O Silmarillion)
E se assemelha ao caso dos meio-elfos:
Diz-se entre os elfos que, depois que Eärendil se fora, em busca de sua mulher, Elwing, Mandos falou a respeito de seu destino. (...)
Entretanto, no final do debate, Manwë tomou sua decisão.
- Nessa questão, o poder de decidir pertence a mim. O risco ao qual ele se expôs por amor às Duas Famílias não se abaterá sobre Eärendil, nem sobre Elwing, sua esposa, que correu o risco por amor a ele. Contudo, eles não voltarão a caminhar entre elfos ou homens nas Terras de Fora. E esta é minha sentença sobre eles: Eärendil e Elwing, bem como seus filhos, terão permissão cada um de escolher livremente a que família seus destinos serão vinculados, e de acordo com que família serão julgados. (O Silmarillion)
Entretanto, no final do debate, Manwë tomou sua decisão.
- Nessa questão, o poder de decidir pertence a mim. O risco ao qual ele se expôs por amor às Duas Famílias não se abaterá sobre Eärendil, nem sobre Elwing, sua esposa, que correu o risco por amor a ele. Contudo, eles não voltarão a caminhar entre elfos ou homens nas Terras de Fora. E esta é minha sentença sobre eles: Eärendil e Elwing, bem como seus filhos, terão permissão cada um de escolher livremente a que família seus destinos serão vinculados, e de acordo com que família serão julgados. (O Silmarillion)
Mas uma coisa não contradiz a outra necessariamente. Algo parecido ocorre com a maldição de Isildur sobre os (futuros) mortos de Dunharrow: Isildur obviamente não tem qualquer poder sob o destino pós-vida daqueles homens, mas aparentemente foi ele que decidiu, lançando a maldição. Interpreto o caso dele e o caso de Manwë então como essencialmente os mesmos, uma decisão ou declaração que, aparentemente provindo deles mesmos, na verdade foi proveniente da inspiração do "Espírito Santo" sobre eles. Manwë com o atenuante especial de ser o Rei de Arda e assim ter um vínculo mais forte com Eru e ter a autoridade de tomar decisões mais concretas com base nessa inspiração. É a autoridade, aliás, que aparece no "O Diálogo de Manwë e Eru e concepções tardias da reencarnação Élfica" - no diálogo Manwë é receoso de reconstruir os corpos dos elfos mortos ou de fazer uma guerra de grande proporções na Terra-Média, temendo interferir em demasia com os eruhíni, mas Eru repreende-o por esse receio e dá autonomia para ele tratar dessas questões.
Uma curiosidade com que topei é que Tolkien diz sobre Eärendil e Elwing nas cartas:
Elwing casting herself into the Sea to save the Jewel comes to Earendil, and with the power of the great Gem they pass at last to Valinor, and accomplish their errand – at the cost of never being allowed to return or dwell again with Elves or Men. (letter 131)
O que é mais restritivo do que encontra-se em O Silmarillion, pois lá a restrição é apenas uma restrição de "não caminhar entre elfos ou homens nas Terras de Fora", que é, pelo menos no contexto de O Silmarillion, a Terra-Média. A restrição maior faz muito mais sentido, pois não "caminhar entre elfos ou homens nas Terras de Fora" é uma restrição de pouco valia, mesmo porque eles escolheram ser elfos. E faz sentido se lembrarmos o destino de Eärendil como navegante "estelar". Talvez, mas aqui é só uma conjectura que precisaria ser investigada, as "Terras de Fora" na frase tenham esse sentido mais restritivo mesmo, diferente de outros usos que são feitos em O Silmarillion: o uso do termo tenha talvez mudado com o tempo mas o trecho em questão use seu sentido mais antigo. Ou vai ver há uma mudança da restrição propriamente dita entre várias etapas do pensamento de Tolkien.
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