Ela sempre esteve ali, desde que nasceu até os presentes dias nunca havia saído daquela casa, a única janela que ele tinha era trancada com um cadeado de ouro e detalhes de prata, admirava toda a paisagem do mundo lá fora admirando qualquer pássaro que passasse diante de seus olhos, e desenhava, desenhava tudo o que via e algumas vezes até mesmo o que sentia ao ver o mundo que nunca tocara. De manhã em certo horário, a porta se abria pra que ela descesse várias escadas até uma mesa onde uma grande refeição lhe aguardava. O mesmo ocorria pela manhã e pela tarde, se ela se demorasse em excesso a retornar para o quarto ele se trancava largando-a do lado de fora. Sempre após retornar do jantar, havia em seu quarto uma pilha de folhas em branco, uma pasta, e materiais para dasenho como lápis e borracha. As paredes de seu quarto eram cobertas por grande prateleiras onde ela colocava as numerosas pastas preenchidas com sua bela arte. Ela não sabia ler ou escrever, ou até mesmo falar. Nunca teve a necessidade de comunicação já que nunca havia visto outra pessoa, sua compania eram apenas os desenhos e os numerosos vestidos de seu guarda roupa. Ela odiava aquilo tudo, queria tocar aquele misterioso e imenso mundo que a cercava. Mas não podia. Já havia tentado quebrar os vidros da janela mais eram muito resistentes. Apenas a chave daquele cadeado poderia lhe dar a tão sonhada liberdade, sonhava no dia em que sentiria o vento bater em seus cabelos. Até que um dia, não aguentando mais aquela vida vazia e sem sentido, Seus nervos não aguentaram mais. ela começou a derrubar tudo dentro do quarto, derrubando assim todos os desenhos das prateleiras e de suas pastas. Quando nada mais tinha para descontar sua raiva ela se sentou ofegante e com lágrimas nos olhos, subitamente, as núvens se moveram descobrindo o sol, seus raios preencheram o quarto, e algo pequeno e estranho começou a brilhar por entre aquela pilha de papéis. ela se dirigiu lentamente até o objeto, e segurou-o com curiosidade. Tinha as mesmas cores do cadeado que trancava a janela impedindo-a de se libertar, levantou-se com receio e dirigiu-se ao cadeado que tantas vezes tentou destruir. A chave se encaixou perfeitamente na abertura mas nada aconteceu. Irritada começou a forçar o objeto girando-o por acidente. O cadeado se abriu. Ela mal pôde conter sua felicidade, arremeçou o objeto apressadamente e puxou as janelas permitindo que pela primeira vez na vida o vento acariciasse seus cabelos e seu rosto. Os desenhos voaram para fora como pássaros escapando da gaiola. Ela desejou fazer o mesmo, mas agora que a liberdade a havia alcansado, sentiu medo, o mundo era grande demais para alguém que sempre viveu em um lugar tão pequeno. Fechou a janela, e dirigiu-se até sua cama. Dormiu, e sonhou com os trinta segundos que sentiu de liberdade. Uma ultima vez. Um último sonho.
493 palavras