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[Desafio] Quanto vale uma imagem?

  • Criador do tópico Criador do tópico Palazo
  • Data de Criação Data de Criação
O desconforto generalizado me avisa: estou acordado. Mas, hoje, não estou sozinho.

Ela dança em torno da minha cama. Suave, os pés parecem não tocar o chão. E não ouço nada, nem música nem o farfalhar de suas roupas largas – onde estarão os sons que a movem?

Não vejo seu rosto, não sei quem é. Num rodopio tudo se distorce, consigo apenas notar sua pele clara, acetinada. Talvez uma estátua de mármore não fosse o calor que exala.

Ela se aproxima e me sinto confortável. Sensação rara com essa doença me consumindo. Ela ainda dança e se aproxima. Conforto, calor, leveza. Conforto.

Quem é você?

Sinto que estou delirando, não sei se penso ou se falo. Minha boca chegou a abrir? Ela continua a aproximação. Vem por rodopios sensuais, misto de luxúria e mistério.

Quem é você?

Ela chega lenta ao meu lado. Sem sair do lugar, mantém o corpo num balanço brando, a dança prossegue noutro ritmo. Me encara, espera por algo. Mas seus olhos inexplicáveis trazem uma estranha paz. Fico assustado. Preciso saber quem é ela. E então eu a sinto mais do que nunca quando pousa os finos dedos sobre meu peito. Num passe de mágica minha curiosidade cessa. Não preciso saber nada. Não preciso mais de nada... Confortável como há tempos não ficava.

Digo num último suspiro tudo bem, está tudo bem.

Ela para de dançar, interrompe seus movimentos atemporais – agora, depois, antes, nada importa naquela dança. Sorri para mim feito velha amiga e então fecha os olhos. Eu a imito, embarco na escuridão .

290 palavras
 
Eba! Odesafio voltou! :happyt: Vamos lá, então!
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Por entre os cavaleiros em descanso, ela surge. Suave, gentil, a dançar em silêncio para não despertar os mais cansados; só o estalar da fogueira compunha sua trilha sonora.

Não havia luxúria em sua sensualidade nem nos olhos que dela se embeveciam. A beleza das curvas e da suavidade feminina caía tão reconfortante na aspereza do campo de batalha que ninguém sentiu nada além de frescor. Nenhum som, nenhum desejo, nenhum suspiro. Seus pés, pequenos e esmaltados, esmagavam com toda sua leveza o cansaço do terreno que já não era capaz de absorver o sangue derramado em vão. Os cabelos, ah, os seus cabelos, fugidios e displicentes, exalavam um perfume há muito esquecido.

Doce, bailava por ente homens fatigados, sem esperança e sem água, e eles por instantes tornavam-se insensíveis ao fardo da guerra. Era ela, com sua delicadeza, quem lhes provia o escape daquele mundo repleto de feiúra e ódio gratuito. E eles estavam conscientes disso, ainda que não sorrissem.

Aquela dama, de vestes negras como a morte, anunciava por meio de sua dança que a batalha havia terminado.

(180 palavras)

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Juro que não li o texto do Franco antes. Qualquer semelhança entre a identidade das personagens é mera coincidência. Ou culpa da foto, rs.
 
A dançarina

A dançarina.
O general estava refestelado no trono. Ainda sujo e suado da batalha, com seu rosto e roupas tomados de um sangue velho e escuro que enchia, assim como os outros soldados, o salão com um cheiro acre e pestilento.
Pelas enormes janelas daquela torre se podia ver o clarão e as colunas de fumaça do incêndio que ia corroendo a cidade. O enorme salão de mármore branco estava repleto de soldados. Eles bebiam, comiam e se divertiam à custa do reino que acabavam de tomar. Os músicos, que continuavam intocados apenas para este fim, tocavam uma música alegre e dançante que contrastava com suas feições apavoradas. Alguns soldados dançavam alegres ao ritmo da música com o corpo sem vida do antigo rei como se aquilo fosse apenas um boneco de circo. As mesas estavam tomadas por pilhas de comida que eles comiam ruidosamente como porcos.
_Tragam-nas!!! _ disse o general.
A enorme porta do salão se abriu e alguns soldados entraram arrastando várias mulheres. A matilha de soldados instintivamente se agrupou e se espremeu ao redor do salão, deixando o centro livre para a passagem delas.
Eram cerca de vinte mulheres, foram coletaram pelas ruas e também no próprio castelo justamente para essa ocasião.
_Desculpem os meus soldados, disse o general, eles não viam mulheres bonitas como vocês há muito tempo, se bem que eles nunca tiveram modos _ concluiu às gargalhadas, nos seus dentes ainda havia restos da carne da qual se banqueteava.
_ Pedi que as vestissem como as mulheres da minha terra, _ continuou _ não como as mais castas na verdade. Mas para que divirtam nossos soldados não precisarão de castidade. Pedi também que as ensinassem a dançar. Se me agradarem, posso até poupar algumas e tomá-las como presentes para mim. E se a alguma faltar entusiasmo para a comemoração, é só olhar pela janela e se lembrar: o que eu não quero, queimo.
_Toquem! _ gritou aos músicos. _ Vamos ver o que elas conseguiram aprender.
A música recomeçou. O ritmo era alegre e festivo, mas nenhuma das mulheres se mexeu. Seus rostos estavam aterrorizados e aflitos, algumas estavam tão apavoradas que não paravam de soluçar e chorar.
Depois de alguns momentos sem que nenhuma das cativas mexesse um músculo, o General, irado, gritou, fazendo parar a música:
_ Era de se esperar dessas inúteis que não aprendessem nada mesmo. Soldados, façam o que quiserem delas.
Quase ao mesmo tempo em que o General terminou de falar o circulo de soldados que rodeava o salão foi se fechando ao redor das mulheres que enfim libertaram o choro, sofrido e desesperado. Os olhos deles todos denunciavam morte e violação.
Uma das mulheres, vestida com lenços e véus pretos se adiantou à frente. Num movimento lento ela colocou os braços para cima e uma perna à frente, tocando de leve a ponta dos dedos do pé no mármore. Ao ver isso o general soltou uma enorme gargalhada.
_ Ora!!! Se não é a princesa em pessoa que resolveu se salvar. Sabia que em todo esse reino haveria pelo menos uma mulher de verdade _ disse enquanto se sentava no trono. _ Alguém ai esconda o corpo do pai dela para não a distrair. Músicos, façam valer sua vida. Toquem!
A música recomeçou enquanto o corpo do rei era atirado pela janela.
A mulher permaneceu parada alguns momentos, mas quando o general, se sentindo mais uma vez enganado, estava prestes a também defenestrá-la, a princesa começou a descer os braços ondulando. A cada lento vai e vem dos braços, sua cabeça e cintura ondulavam no sentido oposto, acompanhando a música ela começou a oscilar o corpo todo, num ritmo sensual e hipnotizador. No salão fez-se um silêncio quase total, com exceção da música que tocava, embalando o ritmo da dançarina, não se ouviu mais nenhum som, choro das mulheres ou grunhidos dos soldados.
Os olhos do General ficaram também hipnotizados enquanto a dançarina rodopiava pelo salão. Como num jogo ela descobria e voltava a cobrir seu corpo. Misturando o mais que podia o pouco que aprendera daquela dança estranha com as que conhecia. Mostrando, mas nunca completamente suas pernas, ventre, seios... de forma aparentemente casual, enquanto rodopiava os véus no ar, enquanto os tirava e os descartava no chão, ou para os soldados, que se golpeavam violentamente pela posse de um deles, ou para o general.
Quando a música acabou houve muito tempo de silêncio até que os soldados e o próprio general explodissem em palmas e gritos de aprovação e delirio.
O general, não podendo esconder a cobiça e excitação, limpou a boca na manga da camisa e gritou:
_ Há!!! Parabéns !!! Que diferença um sangue azul não faz, hein! Soldados, já tenho a minha preferida. Façam o que quiserem com o restante delas.
Os soldados, avidamente se lançaram novamente sobre as mulheres, as agarrando e arrancando-lhes as roupas.
_ Senhor! _ disse a dançarina, solitária no meio do salão. _ Concordo que seja tua, mas tenho um favor para pedir como condição.
_ Esperem!!! _ esbravejou o general. _ Ainda não!!! Parem! Parem ai mesmo!
_ Princesa, _ falou debochado, mesmo cínico _ não preciso que concorde ou discorde do que quer que seja.
_ Eu prefiro a morte então, disse a mulher.
_ Se não reparou ainda, princesa, o monopólio da vida e morte também são meus agora. Serás minha quer queira ou não.
_ Então de hoje em diante sua vida vai ser um inferno enquanto tenta evitar que eu me mate ou que eu mate a você se descuidar um só momento.
O general ficou em silêncio pesando as implicações de uma ameaça daquele tipo. O que aquela mulher teria a perder para que não cumprisse com qualquer das partes de sua ameaça? E ele precisava tê-la. Ardentemente precisava possuí-la, mas por outro lado a perspectiva de ser morto durante o sono logo após a isso seria uma preocupação constante.
_ Bom... _ disse num raro momento diplomático _ ... como prêmio a você, que conseguiu fazer me relembrar das coisas boas da minha terra, ouvirei o que tem a falar.
_ Liberte estas mulheres e seus filhos. Deixe-as ir, por favor. Deixe-as sair deste reino perdido que prometo que terá meu corpo inteiramente, completamente, sempre que quiser.
Os soldados quando ouviram isso começaram a murmurar e esbravejar. Um deles ainda disse:
_ Senhor, não dê ouvidos a essa mulher! Apenas a possua, são todas suas. Todas elas.
_Como ousa me dizer o que fazer? _ gritou o general com tanta raiva que a princesa sentiu o cuspe que era lançado da boca dele mesmo do meio do salão, institivamente, prendeu a respiração, para também não sentir seu hálito. _ Levem esse patife para fora e arranquem-lhe a cabeça à marretadas!
O pensamento daquela mulher bonita e jovem se dando a ele sem reservas logo apaziguou a ira do general.
_ Está bem! Você aí! _ apontou a um dos músicos. _ Escoltará essas mulheres e seus filhos até fora desse reino. Agora!
O músico correu e pegando pelos braços quase que arrastou algumas das mulheres que estavam apavoradas demais para andarem sozinhas.
_ E quanto a você... _ apontou a dançarina _... quero que esteja pronta no quarto para comemorar junto comigo a minha primeira noite no meu novo reino.
_ Como queira, senhor, disse enquanto fazia uma mesura ao general.
À noite a luz dos incêndios persistentes na cidade fazia com que o quarto se iluminasse quase como se fosse dia. No beiral da janela do quarto a princesa, provavelmente futura rainha, ou concubina, sentia o rosto quente devido ao calor que, mesmo distante, provinha das chamas. Ela tentava tomar coragem.
Quando a porta do quarto se abriu e nele entrou a figura repulsiva do general até o cheiro do ar pareceu podre.
_ Mulher, chegou a hora de cumprir sua promessa comigo. Como disse seu corpo é todo meu agora.
A princesa, com um sorriso de alivio e satisfação, disse:
_ É verdade, foi o que te prometi.... o meu corpo, e riu. _ Mas você terá que buscá-lo lá embaixo.
E se atirou da janela da torre.
Alguns anos depois, o filho de uma das mulheres que haviam sido libertadas naquele dia retornou ao castelo. Ele era o rei por direito, já que a rainha, umas cativas libertadas naquele dia, o havia levado até uma terra segura e distante onde o criado para esse dia.
Ele soube desde criança como sua irmã havia feito para os salvarem da morte certa e, foi com um sorriso nos lábios, que pendurou a cabeça do já velho general numa lança no alto da torre do castelo assim que o tomou de volta.
Palavras 1410



* * * *

Muito bonita foto, aliás, Kika, parabéns!
 
Nossa!!!!!!
Gostei tanto dessas história que vocês publicaram e achei tão bem feitas que nem acredito que elas surgiram a partir da imagem do desafio. Tô esquentando a cuca para ver se conseguo fazer qualquer coisa para dar minha contribuição mas não me ocorre nada nada nada. Manu, Franco, Vail , li demoradamente os textos de vocês e adorei. Parabéns mesmo pelo que fizeram, tomara que haja mais textos antes de fechar a semana.
 
Ela sentia a música tocando sua pele, levantando suas vestes, acariciando seus cabelos. As notas levitavam à sua volta, carregando-a suavemente, passo a passo, a um novo tipo de êxtase. Os olhos cerrados, sentindo o bemol brincar com seus dedos, os sustenidos sussurrarem em seus ouvidos, ela dançava.

49 Palavras
 
Ela decide simplesmente sentir a músicas, dançar sem movimentos premeditados, só seguir o ritmo, soltar-se. Ela chora enquanto dança. Não que dançar a deixa triste, pelo contrário, é o que mais gosta de fazer. Ela chora por que fazia tempo que não dançava, ela estava doente, uma doença que a debilitava de al forma que fazia anos que não sentia música fluir em seu sangue. Hoje ela dança feliz como nunca dançou.

84 palavras
 
A noiva

A Noiva.

Ele chegou e antes de apagarem-se as luzes procurou uma mesa vazia, encontrou uma no fundo do salão. Havia uma névoa persistente devido aos cigarros que ali se fumava indiscriminadamente.
Uma garçonete se aproximou. Tinha o rosto um belo rosto apesar de amarrotado e envelhecido prematuramente. O excesso de maquiagem denunciava o desespero com que ela tentava se agarrar aos restos de sua juventude.
_ Só um whisky, por favor.
A garçonete fez uma quase imperceptível careta, ela sentia nojo daquele lugar, daqueles homens, da sua vida, e se perdeu na bruma de nicotina para logo depois reaparecer com um copo que colocou ruidosamente na mesa.
Um a luz forte se acendeu em direção ao palco. Uma mulher saiu detrás da cortina e uma música oriental começou a tocar.
A dançarina, talvez a única mulher bonita daquele lugar dançava lenta e provocante no palco. Conforme a música tocava ela ia balançando o corpo no mesmo ritmo. De tempos em tempos ela tirava um dos véus de sua fantasia e atirava aos homens das mesas próximas. Eles cheiravam o pano e depois os guardavam nos bolsos. Não sabiam que ao final da apresentação teriam que devolver os véus ao segurança gordo e mal-encarado.
A dançarina desceu do palco e o facho de luz a acompanhou. Ela se deitou na primeira mesa e, mantendo as mãos para cima em movimentos circulares, deixou o ventre exposto ao homem que estava sentado ali com olhar bovino. Enquanto ela estava estendida na sua mesa ele tirou uma nota da carteira e colocou no fino fio que circundava sua cintura. Ela cobriu a cara dele com um dos lenços e foi para a próxima mesa onde recebeu mais algumas notas. O dinheiro era colocado nas mais diversas partes da rroupa dela, sempre com uma passada displicente de mão no seu corpo.
Quando ela chegou na ultima mesa, havia apenas um homem de braços cruzados e olhar duro. Quando o facho de luz iluminou seu rosto, iluminou também as lágrimas que desciam silenciosas de seus olhos. A dançarina parou, repentinamente, quando reconheceu o homem. Seus braços instintivamente cobriam seu corpo praticamente nu.
O homem sem falar nenhuma palavra retirou lentamente uma aliança dourada do dedo e a colocou dentro do copo de uísque junto com uma nota de 50 paus. Ele então se levantou, e sem pressa alguma saiu. O facho de luz o acompanhou até chegar à porta.
A dançarina na escuridão do salão, rezou com todas as forças para que a luz não se voltasse para ela.
 
Mas que porco machista! ¬¬

Provavelmente a moça estava trabalhando ali pra juntar dinheiro pra os dois terem uma festa legal e uma lua de mel bacana!
 
O último pensamento de Batista

Enquanto ela continuasse a dançar estaria tudo ferrado. Não que ela dançasse mal nem que o espetáculo fosse de todo ruim. O problema era que cabeças costumavam rolar quando Salomé maravilhava em suas apresentações.

34 palavras
 
Ah que bacana, Vail e JLM.
Não acho que ele foi machista não Clara. No lugar dele eu teria feito o maior barraco. kkk

Ri muito JLM do seu texto, tava imaginando todo mundo correndo de perto quando a Salomé começa a dançar. 10!!!

Definitivamente não vou conseguir fazer nada que preste ^^ só vou acompanhar mesmo.
 
StornMaker disse:
Ri muito JLM do seu texto, tava imaginando todo mundo correndo de perto quando a Salomé começa a dançar. 10!!!

Definitivamente não vou conseguir fazer nada que preste ^^ só vou acompanhar mesmo.

q o diga o pobre do joão batista...

e ñ desiste ñ cara, o importante é participar...
 
Vail, seus textos foram muito bons, gostei! (E adorei seu avatar, diga-se de passagem, rs)

StornMaker, eu sou favorável a que vc arrisque. Força!
 
imagem 8 da nova era:2526 Palavras

Felipe Sanches - 8
Tayana - 13 + 84
Franco - 290
Manu M. - 180
Vail - 1410 + 458
Kika - 49
JLM - 34
 
Imagem 9 da nova era

wings-of-desire1.jpg


Novas Regras
1. Imagens serão publicadas quinzenalmente (Sábado sim, sábado não)
2. Qualquer um pode participar, com o texto no tamanho que sua imaginação e inspiração permitirem. Liberdade é a palavra de ordem aqui (pegando carona na idéia do JLM)
3. Publique somente textos inspirados nas imagens e em prosa.
4. Lembre-se de indicar o número de palavras que contém o seu texto.
5. Para contar o numero de palavras do texto clique aqui.
 
Antes só...

Desespero. Depressão. Solidão. Vazio. Sem ela não existem motivos para que eu continue vivo. Tudo perde a cor tão desgraçado que sou. Mas alguém invisível, dentro de mim, persiste em me impedir de pular.

34 palavras
 
Nossa, que imagem bacana. Ela é forte e constrastante, me deu uma boa primeira impressão. Aguarde que o texto vem por aí! =)

(Será que StornMaker se anima dessa vez? rs)
 
Ele queria perder as asas para saber realmente como é ser humano, no entanto, ele sabia que não haveria mais volta, um anjo caído não é mais que um verme. Ele estava lutando contra ele mesmo agora, entre o ser e o não ser, precisava decidir, queria que se não gostasse pudesse haver volta. Lágrimas mostram o quanto isso dói. Ele vive uma vida plena, entretanto, queria também que alguém o protegesse como ele faz com as pessoas, senti-se sozinho e angustiado por isso. Apenas um passo a frente e tudo estaria acabado, um passo atrás e tudo seria como até então é.

111 palavras
 
Daqui eu observo. Aqui eu estou, e não estou.
Sou o mesmo que, não te influencia, mas aconselha. Ainda assim não a sua vontade, não a sua mente, mas aquela centelha eterna, sua alma imortal, que foi expirada por nosso pai junto com todas as outras naquele momento antigo, naquele dia de luz.
Não posso fazer muita coisa, não diretamente, não decisivamente. Por que aqui estou, mas ainda assim não estou.
Você foi dormir mais cedo para esquecer a fome, eu acalentei um sono rápido, com sonhos tranqüilos numa terra feliz, rezei para que a noite perdurasse; e quando acordou, sentindo novamente a fome te tomar por inteiro e te enfraquecer no mesmo momento em que abriu os olhos, eu chorei. Pois não pude fazer nada.
Quando chorou, achando-se infeliz, por que este mundo aparentemente não teria lugar para você, não um digno, eu te disse que foi um dos escolhidos para nutrirem uma alma forte. E sua vida neste mundo iria te propiciar isto, infelizmente. Pena que você não me escuta, pena que você não pode me escutar.
Hoje de manhã, andava ao seu lado enquanto caminhava, os olhos frios e a expressão dura, e achei estranho.
O vendo aqui de cima, é mais um ponto brilhante como todas as outras pessoas, cada uma delas com um meu igual a acompanhá-la. Mas eu não os observo, os ignoro mas os vejo, pois só tenho olhos pra você. É a razão de minha existência.
Não posso fazer muita coisa para te proteger, e isso me amedronta.
Queria ser como São Jorge, cavaleiro; diz-se entre os meus que ele poderia te desviar das balas, tirá-lo da frente do carro, arrancar o veneno de tuas mãos. Ouço que diante do perigo ele se colocaria à sua frente e gritaria defronte à adversidade que você é protegido do mal pelas falanges do senhor, empunhando sua espada flamejante.
Às vezes sonho com isso. Estando algum momento num futuro incerto e distante onde possa finalmente te falar, quando enfim você já me escutaria: “Vê¿ Estava ali, naquele dia quando precisou...” , e você me abraçaria, recompensando-me pela eternidade de vigilância. E eu poderia chorar, finalmente, e te dizer como foi difícil e como fiquei preocupado e aflito várias vezes com você num mundo tão perigoso.
Quando entrou naquela loja, eu sabia o que poderia acontecer. E te dei vários milhares de sinais. O sol saiu detrás das nuvens e brilhou forte, convidando à vida, a brisa acariciou sua pele para acalmá-lo. Mas você não estava atento a essas coisas.
Você pegou alguma coisa e correu, mas fraco, não era veloz. Alguns homens ferozes na suas inocências te perseguiram e eu te vi sem saída.
Neste momento eu me coloquei à sua frente e gritei como São Jorge faria.
Mas não fui ouvido. E antes que acabasse de gritar os projeteis me atravessaram, mas não pararam em mim, como queria, para te proteger. Por que estou aqui e não estou.

PALAVRAS: 515
 

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