Ele chegou em casa cansado, o trabalho corroía suas forças e sua vontade se manifestava clara como passar umas férias longe de tudo aquilo.
Longe de tudo aquilo seu coração estaria em paz e seus traços marcados de sofrimento e tédio lhe mostraríam enfim, o caminho de sua felicidade.
Felicidade em si é uma palavra tão minúscula, tão surda, tão muda, e dita sem um contexto não parece ter resultado algum.
Que vocabulário curto esse meu insinuar que Felicidade é singular!
Mas de que vale uma palavra subjetiva se não houver um fato concreto que a torne real?
Aquele homem era dono de empresas, varria a casa dos seus restos de cédulas mortas ou antigas; não queria em seu bolso aquelas guardadas com um duréx para fixar. Aquilo não parecia "Bonito" dentro de seu Armani.
Chegou em casa, tirou os sapatos, lavou o rosto e foi olhar sua família na foto da parede. Todos felizes. Claro. Só podia estar ficando louco.
Sua sanidade estava realmente fragilizada e seus pés dizíam isso. Aqueles calos horrendos estavam doendo com um palavrão bem grande firmemente amarrado em sua língua. Ou por acaso pensou que ricos não tivessem calos?- quando eu era pequena achava que os artistas eram bonecos e não íam ao banheiro nem fazíam coisas feias. Perfeitas são as crianças..
Fazia tempo que não via o filho, e a esposa havia falecido meses atrás. O que restava para o homem se ele vivia assim e assim permaneceria até que uma alma boa o guiasse até o paraíso?
O cara parecia que estava com a cabeça chacoalhando, seus olhos estavam fechados, sua cabeça revirava freneticamente de um lado para o outro como se quisesse estralar todos os ossos de seu pescoço. E aqueles estralos talvez pudessem lhe dar um pouquinho da felicidade que ele estava procurando- de forma bastante absurda mas estava.
O prazer o manipulava nas horas vagas e todos os dias que passavam ele não conseguia mais que isso. Só que um dia- foi nesse dia- pquenas mas doces palavras o fizeram recordar- se de momentos.
Nesse dia ele acordou um pouco mais tarde. Era seu aniversário. - melancólico aniversário. Por que ele não sorria?- Levantou, escovou os dentes e foi comer o prato da cozinheira. - Não o Prato em si, mas o que está no objeto. Os ricos têm a estranha mania de se referir às comidas nos restaurantes ou outros lugares como o prato: "Mostre a ele os pratos de hoje". Que prato se come? Acho que os outros ficam mais bonitos falando "Cadê a comida?".
Tudo em seu escritório estava bonito, e havia uma festinha surpresa para ele. Seu filho havia voltado da especialização que estava fazendo fora do país e estava tão feliz; nem parecia que tinha nascido com a ajuda do homem tediante que lhes contei no início da história. O garoto tinha um sorriso lindo, e os olhos mais sinceros que presenciei.
Quando o Dono da empresa chegou, todos ligaram as luzes e ele por um momento ficou surpreso, mas só recebeu os parabéns. Na hora que viu seu filho- de mãos abanando- mas com aquele sorriso, ele teve a primeira alegria de décadas, e seus olhos brilharam.
Aquela era a verdadeira felicidade que tinha esperado e que não tinha descoberto ainda o que significava e o quanto significava. Aquele homem não tinha melancolia em seu coração, nem era rabugento, nem solitário; ele só era alguém com seu coração e que não tinha descoberto o caminho ainda, e o quanto valem aquelas pessoas que o amam e como significam na vida dele...
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