Frodo falhou em sua missão, mas ele falhou como qualquer um falharia. Simplesmente não se podia destruir o Um espontaneamente, ele dominaria o seu portador e tchum, "Eu não vou destruí-lo, ele é meu, eu o tomei por direito..." e por aí vai.
Maglor, você há de concordar comigo que ao escrever isso (e eu acho que também já vi isso em algum lugar, mas não tenho certeza de que foi numa das cartas) Tolkien não estava se referindo a rigorosamente QUALQUER um.
Aulë, por exemplo, certamente não falharia na missão de destruir o Anel Governante se ela lhe fosse atribuída. Aliás, numa das teorias mais interessantes sobre Tom Bombadil (aquela que afirma que Tom é Aulë) essa hipótese fica muito bem resolvida: se ele quisesse destruir, destruiria. O Anel não tinha efeito sobre ele.
Giliath, você tem razão ao afirmar que não podemos negligenciar o Poder do Um-anel. Efetivamente, uma das suas funções era dominar a vontade do portador, seduzindo-o através da ambição.
Como era um objeto construído com necromancia, tendo a acreditar que era mais poderoso do que qualquer objeto que Sauron pudesse encantar através de sub-criação. Acredito nisso por uma razão bem simples: os humanos não conseguiam realizar (quase) nenhuma sub-criação, mas eram capazes de praticar necromancia. Logo, a necromancia é mais poderosa que a sub-criação, mas tem um custo maior.
Outra conclusão é que o Um-anel era tremendamente poderoso, até mesmo para os padrões de um Maia.
Mas não podemos esquecer, por outro lado, que o tipo de magia realizado por Sauron para forjar o Um-anel é parecida com aquele tipo usado por Aghan (o drûg) para criar a pedra de vigia no conto "A Pedra Fiel", no Contos Inacabados, e por Melkor para dispersar o seu poder por toda a matéria de Arda (exceto Valinor). É aquele tipo de transferência de poder do "mágico" para o artefato encantado. Nesse processo, o "encantador" diminui o seu poder pessoal, fica mais fraco.
Dessa forma, como Sauron transmitiu um parte dos seus poderes para as fundações de Barad-dûr, uma outra parte para o Anel-Governante e ainda continuava com muito poder em seu corpo encarnado (fána), podemos deduzir que o poder do Um-anel não chegava a ser necessariamente equivalente ao poder de um Maia. Afinal, Sauron dividiu seu poder em três, e por mais poderoso que fosse como (talvez) o maior dos Maiar, talvez o Um-anel não fosse mais poderoso que o espírito (fëa) do mais poderoso dos Filhos de Ilúvatar (Fëanor).
Sugiro que pensemos assim Maglor: Se Arien pôde derrotar Melkor quando este já havia dispersado grande parte do seu poder pela matéria de Arda; se Luthien junto com Huan pôde derrotar (e humilhar) Sauron em plena Primeira Era; se Fingolfin pôde dar algum trabalho a Melkor em combate homem-a-homem; então não é de se descartar de plano a possibilidade de Fëanor derrotar Sauron...
Agora tem outra coisa... Algo que eu havia neglicengiado até aqui (e talvez seja razão para eu rever minha opinião a respeito de um combate pessoal entre Fëanor e Sauron) é que se Fëanor tivesse sobrevivido até o final da Segunda Era, provavelmente estaria muito velho, pois na Arda maculada pelo elemento-Morgoth, os elfos envelhecem, devido o desgaste provocado em seus hröar pelo calor dos seus fëar (vide Silmarillion). Como o espírito de Fëanor era o mais poderoso de todos os Filhos, provavelmente o seu hröa estaria decrépito na época da Última Aliança e não poderia derrotar Sauron com facilidade, ainda que o fána de Sauron estivesse bastante desgastado, devido a transferência de poder para o Um-anel e para as fundações de Barad-dûr.
Mas aí ainda tem um outro elemento a considerar: talvez o hröa de Fëanor não estivesse desgastado, pois ele muito provavelmente seria um dos portadores dos 3 anéis élficos.
Nossa!!!
Olhem só como a coisa complica quando a gente começa a levar em consideração mais e mais variáveis!
De um lado, o um-anel não era tão poderoso assim, pois foi feito com uma técnica de magia que tinha um custo terrível de pagar, e Sauron (por isso) não poderia ter criado um Anel-governante com um poder equivalente a 100% do seu poder de Maia, já que havia encantando também as fundações de Barad-dûr e mantido uma certa parte de seu poder dentro do seu fána.
Por outro lado, Fëanor já não seria mais tão poderoso em combate pessoal, pois seu corpo (a rigor) estaria tremendamente envelhecido após milênios de exposição ao calor do seu poderosíssimo fëa.
Isso a menos que ele (Fëanor) fosse um dos portadores dos 3 anéis élficos, criador por Celebrimbor, seu filho. Nesse caso, a preservação da vitalidade do seu corpo estaria ligada à existência do Um-anel...
Mas se Fëanor ainda estivesse vivo após a Guerra da Ira, ele não teria sido capaz de criar objetos para a preservação da Terra-média, ainda mais poderosos do que os concebidos pelos ferreiros de Eregion? Não seria capaz de fazer isso sem aceitar a ajuda de Sauron (Annatar)?
Acho interessante, portanto, que separemos as duas questões:
Fëanor poderia derrotar Sauron em combate pessoal no final da Segunda Era?
(Depois de pensar por esse novo prisma, eu já concordo que não seria tão fácil, a menos que ele fosse o portador de um dos 3 anéis élficos. Sem um anel, talvez ele não fosse páreo nem mesmo para Elendil, um humano de 2,41m em plena forma).
Se o Um-anel fosse parar em suas mãos, Fëanor o usaria para tornar-se um novo Senhor do Escuro?
(Ainda acho que não, e agora tenho mais um argumento: o Um-anel não era tão poderoso quanto Sauron, pois era apenas uma parte do seu poder, transferido para um artefato. O fëa mais poderoso dos Filhos de Ilúvatar provavelmente seria capaz de resistir a uma fração do poder de um dos Maiar, ainda que Sauron fosse um dos mais poderosos entre eles).
PS: Há ainda um detalhe que a maioria das pessoas aqui parece estar desconsiderando: era mais fácil resolver destruir o Um-anel antes de usá-lo pela primeira vez. Era exatamente esse o tipo de pensamento que se passava pela cabeça de Elrond quando ele reprovou a resolução de Isildur em tomar o Anel-governante como compensação pelas perdas da guerra. Acredito que Fëanor não seria tolo de usar o Um-anel antes de pensar bem o que fazer com ele. Imagino que não o usaria. Destruiria-o, prudentemente, ainda que isso implicasse a aceleração da degradação da Terra-média.
PS2: Depois de todas essas considerações estou me inclinando pela primeira conclusão a que eu cheguei (mas depois acabei afastando) quando li o tema proposto neste tópico: não faz sentido discutir isso, porque se Fëanor estivesse vivo no final da Segunda Era, tudo seria diferente.
Pra começo de conversa, o seu dilema não seria o de Isildur, mas o de Celebrimbor: "fazer ou não fazer os anéis de poder aceitando a ajuda da Annatar?"
O que Celebrimbor fez ao encantar os anéis em Eregion foi uma espécie de necromancia. Aí é que estava a armadilha de Sauron: ele ajudou os ferreiros de Eregion a fazer artefatos com um propósito específico. É a mesma armadilha em que Melkor envolveu os Noldor dentro de Valinor, ao os ensinar a forjar espadas. Mas em Valinor, Fëanor não deu ouvidos a Melkor e preferiu aprender a arte de forjar o metal com Mahtan, o maior aprendiz de Aulë.
Em última análise, portanto, acho que se Fëanor ainda fizesse parte da história durante a Segunda Era, ele teria sido uma mistura da habilidade de Celebrimbor com a prudência de Gil-galad e nunca teria aceitado a ajuda de um Annatar. Ele teria desenvolvido mais o projeto inicial da Elessar (que era uma jóia que ajudava a conter a degradação causada pelo tempo à Terra-media, criada por meio de sub-criação em Gondolin para Idril por Celebrimbor, antes que Annatar lhe ensinasse disfarçadamente a "magia" do Inimigo), e nunca teria feito os anéis de poder (que eram, a rigor, necromancia).