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Na verdade é o completo oposto.

Bolsonaro não tem nada de golpista. Ele já é o presidente eleito. Não tem lógica ele dar golpe nenhum. Seria o mesmo que se auto-roubar.

Acho que alguém precisa estudar história do Brasil.


surreal é fazer a inversão: achar que o golpista é o presidente eleito.

Defender políticos corruptos condenados em todas as instâncias.

Comparar uma presidência de 2 anos, com excelentes resultados, com o ex-presidiário inelegível ficha suja.

Cara, não vi ninguém aqui:
1) Defendendo que o STF esteja imune a críticas em sua atuação;
2) Defendendo políticos condenados em todas as instâncias.

Sobre 1), cabe notar que as críticas ao STF não implicam em anulação das críticas ao Bolsonaro, então você está colocando esse debate sobre STF aqui como mero espantalho e como falsa dicotomia (falácias esperadas quando a consistência lógica dos seus argumentos começam a ruir).

Além disso, a comparação de governos feita por mim deu-se:
1) Usando o critério de coerência temporal (primeiros dois anos de Bolsonaro x dois primeiros anos de Lula);
2) Segundo o critério acima, Lula até aquele momento não tinha contra si acusações ou condenações, então não procede o que você disse.

Mas você prefere novamente recorrer a espantalhos, o que é compreensível.

Inclusive o espantalho de que o presidente "só fala palavrão".

Agora imaginem como estaria o Gerbur se fosse o Lula que:
i) tentasse interferir (e interferisse) na polícia federal diante de investigações que estão se aproximando de sua família e amigos;
ii) apoiasse manifestações de grupos revolucionários pró intervenções inconstitucionais;
iii) conversasse com um gari sem usar máscara enquanto (supostamente) está com covid;
iv) empregasse parentes em gabinete;
iv) nomeasse o filho para embaixador nos EUA;
v) falasse que ele é a constituição;
vi) declarasse não aceitar o resultado das eleições se não fosse eleito;
vii) desse declarações revisionistas sobre a história da ditadura e exaltasse autoritarismos e torturadores;
viii) estivesse envolvido em prática de falsidade ideológica, com a falsificação de assinatura de demissão de ministro;
ix) começasse a minar as bases da Lava-Jato via PGR;
x) fosse negacionista científico;
xi) tivesse fortes suspeitas de envolvimento, direto ou indireto, com esquemas de fake news;
xii) tivesse filhos com fortes suspeitas de envolvimento em esquema de "rachadinha" e lavagem de dinheiro;
xiii) recebesse auxílio moradia enquanto parlamentar, mesmo tendo apartamento em Brasília;

etc.

Possivelmente estaria espumando, e não estaria muito interessado em esperar o devido curso dos processos legais, independentemente de o Lula ter ou não culpa.
 
Última edição:
Bolsonaro esperou, aguentou, se segurou e, na hora H, agiu.
Militares têm a vantagem de pensar diferente, de maneira estratégica.
Bolsonaro está governando o Brasil com estilo militar.
Sua bomba lançada ontem contra o STF pode atrapalhar de uma vez só: o inquérito das Fakenews, a CPMI das Fakenews e o PL das Fakenews, isso claro se o STF der a liminar e posteriormente considerar que Alexandre de Moraes agiu contrariamente à Constituição.
Ao fazer o pedido para que o STF se posicione a respeito do que é liberdade de expressão e suas limitações, a AGU jogou no colo dos ministros que façam a escolha de Sofia: ou escolherão salvar Alexandre de Moraes e a honra dos togados calando a boca dos críticos ou escolherão aplicar a Constituição.
O problema é que ao escolher o 1o, eles darão a Bolsonaro a chance de pedir ao Congresso uma intervenção no STF. Ao escolher o 2o entregarão a cabeça de Alexandre de Moraes e serão obrigados a amadurecer e entender que críticas fazem parte de qualquer país livre.
Bolsonaro agora deixou de ser vidraça e (aleluia!!) virou pedra!!
 
Bolsonaro esperou, aguentou, se segurou e, na hora H, agiu.

Seria uma pena se:

giphy.gif
 
Cidade mineira tem 'guerra política' com outdoors pró e contra Bolsonaro

Outdoor contrário ao presidente Jair Bolsonaro na cidade de Sete Lagoas (MG) - Reprodução

Outdoor contrário ao presidente Jair Bolsonaro na cidade de Sete Lagoas (MG) Imagem: Reprodução

Em Sete Lagoas, município mineiro de aproximadamente 240 mil habitantes a 72 quilômetros de Belo Horizonte, o antagonismo entre apoiadores e adversários do presidente Jair Bolsonaro está estampado em outdoors.

A "batalha" começou em 8 de julho, quando um grupo de empresários locais, a exemplo do que já foi feito em outras cidades, espalhou outdoors com a frase "7 Lagoas apoia Bolsonaro". As peças de publicidade foram colocadas em pelo menos sete ruas e avenidas da cidade e ganharam repercussão nas redes sociais.

A reação ocorreu quatro dias depois, na forma de um outdoor com uma montagem que diz "7 Lagoas tá c... e andando pro Bolsonaro", além do lema do governo federal: "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos".
Na semana passada, outro outdoor na região central da cidade citava o episódio em que Bolsonaro foi bicado por uma ema no Palácio da Alvorada. A peça diz "7 Lagoas apoia a ema que bicou Bolsonaro".

E mostra frases que o presidente disse durante a pandemia de coronavírus no País, como "E daí?", "Quer que eu faça o quê?" e "Não sou coveiro", ao ser questionado sobre o número de mortos pela doença.
pc

O outdoor afirma ainda "Brasil: 80 mil mortes por covid-19". A placa tem uma espécie de selo, com o desenho de uma ema no centro e os dizeres "Todo poder 'ema na' do povo".
Outdoor em apoio Bolsonaro  - Arquivo pessoal/Divulgação / Estadão Conteúdo - Arquivo pessoal/Divulgação / Estadão Conteúdo

Outdoor em apoio ao presidente Jair Bolsonaro colocado na cidade de Sete Lagoas, Minas Gerais Imagem: Arquivo pessoal/Divulgação / Estadão Conteúdo

Independentes


O presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Sete Lagoas, Geraldir Carvalho Alves, afirmou que a iniciativa de colocar os outdoors pró-Bolsonaro partiu de comerciantes independentes. "A entidade não tem partido. Temos gente a favor e contra o presidente, mas a CDL tem que ser imparcial."

Bolsonaro tem divulgado nas suas lives semanais fotos de outdoors favoráveis espalhados pelo País. Segundo ele, as publicidades são feitas por "livre e espontânea" vontade pelos seus apoiadores. "Não tô pagando nem estimulando", disse durante transmissão ao vivo no dia 16. "Isso vem do coração do povo brasileiro", disse.

A reportagem não localizou os autores da peça contra o presidente. A empresa cujo telefone aparece no outdoor como proprietária do espaço não deu informações sobre quem contratou o serviço. O preço para colocação de um outdoor na cidade é de R$ 120 para impressão e R$ 270 por 15 dias de veiculação da peça.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
 
Cara, uma dúvida honesta. Você bloqueou todos os canais de mídia que não são favoráveis a Bolsonaro ou está encarando 100% das notícias desfavoráveis como farsa, conspiração etc?

Só não assisto Globo.

Eu sei que tem críticas ao governo Bolsonaro. Isso é normal, todo governo tem.

Agora o que fazem com Bolsonaro é surreal. Qualquer coisa que ele faz ou fala a esquerda pega no pé como se Hitler tivesse falado. Aí a crítica perde força. Se as críticas fossem mais pontuais e reaisa esquerda teria mais sucesso na oposição ao presidente. Não é dizendo que ele é um genocida fascista que vão conseguir isso, porque as pessoas vêem que são críticas pra lá de exageradas, e por isso as críticas reais perdem força.

Eu gosto bastante do presidente. Conseguiu tirar os mesmos do poder (sem partido, sem Tv, sem verba. Só com um celular na mesa da cozinha. Histórico!) Tem uma proposta de governo diferente da velha política. Sem fazer o jogo de negociações de cargos entre partidos, e sim com base em técnica). É difícil, mas está tentando fazer.

Eu conheço duas empresas na minha cidade que receberam ajuda do governo.

Conheço gente que pediu a suspensão do contrato de trabalho, que a empresa paga 30% e o governo 70% do seguro desemprego. Isso sem a pessoa trabalhar. Ganha para ficar de quarentena em casa. É a verdade o que o Fëanor disse que pode haver diminuição na renda, mas também é verdade que a pessoa está ganhando para ficar em casa sem trabalhar. Pode ter certeza que muita gente está querendo e pedindo isso para as empresas. Não só gente do grupo de risco, mas gente que está com medo de trabalhar na pandemia.

Paulo Guedes também, o posto Ipiranga, crânio! Orgulho de ver ele falar. Ele vai tirar nosso país da crise que o PT nos colocou, se Deus quiser!

Tenho gostado muito do governo e o Brasil vai perseverar!!!

O PT já teve suas décadas de governo, e o Brasil que está aí hoje é o Brasil que o PT deixou, e o Brasil que Bolsonaro assumiu há menos de 2 anos. Está na época da mudança. Nova direção!
 
Hummmmm....... :think:


A temperatura em Brasília não passou de 27ºC naquela sexta-feira, mas o ambiente estava tórrido no gabinete presidencial, no Palácio do Planalto. Ainda pela manhã, Jair Bolsonaro fora informado que o ministro Celso de Mello, o decano do Supremo Tribunal Federal, consultara a Procuradoria-Geral da República para saber se deveria ou não mandar apreender o celular do presidente e do seu filho Carlos Bolsonaro. Era uma formalidade de rotina, decorrente de uma notícia-crime apresentada por três partidos, mas a mera possibilidade de que seu celular viesse a ser apreendido deixou Bolsonaro transtornado. No seu gabinete, a reunião das 9 horas começou com um pequeno atraso. Estavam presentes dois generais: o ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto, e o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos. O terceiro general a participar do encontro, Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, achando que aquele 22 de maio de 2020 seria um dia tranquilo, marcara uma consulta médica na parte da manhã. Foi o último a chegar à reunião. Agitado, entre xingamentos e palavrões, o presidente saiu logo anunciando sua decisão:

– Vou intervir! – disse.

Bolsonaro queria mandar tropas para o Supremo porque os magistrados, na sua opinião, estavam passando dos limites em suas decisões e achincalhando sua autoridade. Na sua cabeça, ao chegar no STF, os militares destituiriam os atuais onze ministros. Os substitutos, militares ou civis, seriam então nomeados por ele e ficariam no cargo “até que aquilo esteja em ordem”, segundo as palavras do presidente. No tumulto da reunião, não ficou claro como as tropas seriam empregadas, nem se, nos planos de Bolsonaro, os ministros destituídos do STF voltariam a seus cargos quando “aquilo” estivesse “em ordem”. A essa altura, ele já tinha decidido também que não entregaria seu celular sob hipótese alguma, mesmo que tivesse que descumprir uma ordem judicial. “Só se eu fosse um rato para entregar meu celular para ele”, disse, fazendo uma comparação que voltaria a usar, em público, no transcorrer do dia.

– Vou intervir! – repetiu.


Apesar da extrema gravidade do anúncio, o general Luiz Eduardo Ramos, amigo de Bolsonaro há mais de quatro décadas, recebeu bem a intenção do presidente de partir para um confronto de desfecho catastrófico. Achava que intervir no Supremo era, de fato, a única forma de restabelecer a autoridade do presidente, que vinha sendo abertamente vilipendiada pelo tribunal. No seu raciocínio, a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que proibira a posse de Alexandre Ramagem como diretor-geral da Polícia Federal, já tinha sido um abuso inaceitável. Braga Netto e Augusto Heleno concordavam que Moraes fora longe demais. Também achavam que a decisão do ministro fora uma interferência inadmissível em ato soberano do presidente, mas tinham dúvidas sobre a forma e as consequências de uma intervenção. A certa altura, o general Heleno tentou contemporizar e disse ao presidente:

– Não é o momento para isso.

A piauí reconstituiu os detalhes da reunião com quatro fontes que pediram anonimato para não contrariar o presidente. Duas delas testemunharam a reunião. O clima era tenso, as pessoas entravam e saíam do gabinete presidencial, enquanto os garçons, aparentemente alheios ao ambiente carregado, serviam água e café preto, com as opções de açúcar, adoçante ou leite em pó. Entre a decisão de Bolsonaro de intervir no STF e o conselho apaziguador de Heleno, deu-se um debate sobre como a intervenção poderia acontecer legalmente. Apesar da brutalidade autoritária de uma intervenção, havia a preocupação de manter as aparências de uma medida dentro da lei.

A reunião prolongou-se e acabou se fundindo com a reunião seguinte, prevista para as 10 horas na agenda presidencial. Os participantes do compromisso das 10 horas – os ministros André Mendonça (Justiça) e Fernando Azevedo (Defesa), além de José Levi, titular da Advocacia-Geral da União – se incorporaram à discussão de como dar legalidade a uma eventual intervenção. A conversa girou em torno do artigo 142 da Constituição.

No dia 28 de maio, o jurista Ives Gandra da Silva Martins, de 85 anos, publicou um artigo no Consultor Jurídico, um site de notícias jurídicas. O título do artigo já mostrava a tese central: Cabe às Forças Armadas Moderar os Conflitos entre os Poderes. O jurista dizia que o artigo 142 da Constituição permite que qualquer dos três poderes, caso se sinta “atropelado por outro”, peça que as Forças Armadas “ajam como poder moderador” com o objetivo de restabelecer “a lei e a ordem”. A ideia do jurista não era propriamente uma novidade, mas a publicação do artigo ajudou a dar visibilidade a uma tese que já circulava no meio militar e, nos últimos tempos, vinha aparecendo nas manifestações que a militância bolsonarista promove habitualmente contra o Congresso e o Supremo.

A interpretação de que as Forças Armadas têm o papel equivalente ao de um “poder moderador” encontra terreno nos clubes militares e entre oficiais da reserva, mas costuma ser rechaçada pelo alto-comando das armas. Em 2016, o professor Dehon Padilha Figueiredo, do Quadro Complementar de Oficiais do Exército, e o oficial do Exército Renato Rezende Neto publicaram um estudo jurídico cujo título é o seguinte: Direito Operacional Militar: Análise dos Fundamentos Jurídicos do Emprego das Forças Armadas na Garantia da Lei e da Ordem. O estudo se encarrega de mostrar que o papel moderador da Forças Armadas está na combinação de quatro artigos da Constituição: 34, 136, 137 e 142. “Fica claro que a função primordial das Forças Armadas é garantir os poderes constitucionais, inclusive a independência entre eles”, disse Figueiredo, um dos autores do estudo, em conversa com a piauí. “Se houver algum risco de quebra dessa ordem, o chefe do poder que se viu atingido pode requerer uma intervenção.”
O estudo, embora realizado em 2016, só foi publicado em janeiro passado e, desde então, começou a circular no Palácio do Planalto e nos grupos de WhatsApp de reservistas que defendem uma saída autoritária. A combinação dos quatro artigos chegou a ser mencionada na reunião com Bolsonaro, para mostrar que haveria um respaldo constitucional na intervenção. Nessas franjas militares, é antiga a tese de que a Constituição submete o poder civil ao poder militar. Quando ainda era candidato, o vice-presidente, general Hamilton Mourão, ao responder uma pergunta hipotética, falou sobre o assunto. Disse entender que, em caso de “anarquia”, a Constituição prevê que o presidente dê um golpe militar em seu próprio favor. “É um autogolpe, você pode dizer isso.”

No meio jurídico, o estudo dos quatro artigos não é conhecido, mas o texto de Gandra Martins disseminou-se rapidamente e causou espanto. Em uma decisão judicial sobre uma ação movida pelo PDT, que pedia um esclarecimento sobre o papel dos militares, o ministro Luiz Fux, do STF, disse textualmente que a missão institucional das Forças Armadas “não acomoda o exercício de poder moderador”. O ministro Gilmar Mendes disse que, para confundir a missão dos militares com a de poder moderador, é preciso percorrer “uma distância abissal”. O ministro Luiz Roberto Barroso, em outra decisão, classificou a interpretação dos defensores da intervenção militar como “terraplanismo constitucional”. “Esse poder moderador que o presidente confere às Forças Armadas não existe”, disse um graduado general, que pediu para ficar anônimo porque os militares da ativa não podem emitir opiniões políticas. “Você não vai encontrar essa função em nenhum livro ou manual das escolas militares.”

Entre os militares da reserva, estão os saudosos da ditadura militar. Eles defendem a radicalização do governo, inclusive com a adoção de medidas de exceção. A situação é outra entre os atuais comandantes, que têm tropa e poder. Esses querem distância da polarização política e rejeitam qualquer hipótese de intervenção militar. Nos três últimos meses, enquanto Bolsonaro minimizava a pandemia e apoiava manifestações radicais na frente de quartéis, as três forças – Marinha, Exército e Aeronáutica – se encarregaram de adotar um comportamento oposto, participando das ações de combate à Covid-19. No mesmo dia em que Bolsonaro fez pronunciamento na tevê dizendo que a pandemia era um problema sério na Itália, mas não no Brasil, o comandante do Exército, general Edson Leal Pujol, publicou um vídeo dizendo que a crise sanitária “talvez seja a missão mais importante de nossa geração”.

Dois argumentos ajudaram a acalmar Bolsonaro na reunião. O primeiro: não havia ordem para apreender seu celular, apenas uma consulta do ministro do STF, de modo que ainda havia a possibilidade de que a apreensão não ocorresse. (De fato, dez dias depois, Celso de Mello arquivou o pedido de apreensão, mas, em sua decisão, fez questão de mandar um recado ao presidente, dizendo que o descumprimento de uma ordem judicial “configuraria gravíssimo comportamento transgressor”.) O outro argumento: o governo daria uma resposta contundente ao STF na forma de uma nota pública. Combinou-se na reunião que o general Heleno assinaria a nota. Além de concordar com a queixa de Bolsonaro segundo a qual a Corte Suprema estaria ferindo a independência entre os poderes, Heleno é responsável pela proteção física e pela defesa do presidente. Ficou acertado que a apreensão do celular do chefe do Executivo poderia ser considerada uma forma de atentado, não físico, mas contra a sua autoridade.

A Nota à Nação Brasileira, escrita pelo próprio general Heleno e divulgada no início da tarde daquela sexta-feira, veio em tom pesado. O general disse que o pedido de apreensão era “inconcebível e, até certo ponto, inacreditável” e consistia em “uma afronta à autoridade máxima” do presidente. Encerrava o texto curto com um aviso ameaçador: “O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República alerta as autoridades constituídas que tal atitude é uma evidente tentativa de comprometer a harmonia entre os poderes e poderá ter consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional.”

A nota ajudou a serenar os ânimos de Bolsonaro, mas atiçou os ânimos do país. Seu tom foi duramente criticado por políticos e juristas. Nos dias seguintes, general Heleno recebeu aplausos de organizações militares e dos seus colegas de turma da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), que lançaram uma nota alarmista, alertando para o risco de “guerra civil” e acusando os ministros do STF de falta de “decência” e de “patriotismo”. Heleno agradeceu a nota dizendo-se “emocionado”. Dias depois, com a crise do celular já superada pela decisão de Celso de Mello, o general voltou a falar da nota publicamente. Afirmou que, naquele dia, não quis ameaçar ninguém e lembrou que não citara o nome de nenhuma autoridade. No Planalto, assessores disseram que a expressão “consequências imprevisíveis” devia ser interpretada nos seguintes termos: “Tudo pode acontecer, inclusive nada.”

Na tarde daquela mesma sexta-feira, o ministro Celso de Mello autorizou a divulgação do vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, na qual Bolsonaro claramente reclama que suas tentativas de interferir na Polícia Federal para proteger familiares e amigos não vinham obtendo sucesso. A repercussão do vídeo – com seu linguajar rasteiro, os palavrões, as ameaças vulgares – ajudou a elevar a temperatura. A divulgação do vídeo, no entanto, não transtornou Bolsonaro, que já esperava que o sigilo fosse levantado e apostava que, no fim das contas, seu eleitorado até ficaria satisfeito com o conteúdo.

Aintervenção foi descartada naquele dia, mas não morreu. Seis dias depois da reunião do golpe, quando Gandra Martins publicou seu artigo, o presidente divulgou uma entrevista do jurista em uma de suas redes sociais. No mesmo dia, inconformado com a operação policial contra seus aliados realizada na véspera, disse: “Acabou, porra! Me desculpem o desabafo. Acabou! Não dá para admitir mais atitudes de certas pessoas individuais.” E prometeu: “Não teremos outro dia igual a ontem. Chega. Chegamos ao limite.” Um dia antes, o deputado federal Eduardo Bolsonaro também abordara o assunto em um vídeo que se encontra no YouTube. Disse que era “inadmissível” o que os ministros Alexandre de Moraes e Celso de Mello estavam fazendo “com a democracia brasileira” e afirmou que já não havia mais dúvida de que haverá uma “ruptura”. Disse ele: “Não é mais uma opinião de ‘se’ mas ‘quando’ isso vai ocorrer.” Eduardo Bolsonaro é aquele que, antes da eleição do pai, disse que bastavam um cabo e um soldado para fechar o STF.

No dia 12 de junho, duas semanas depois do “Acabou, porra”, o próprio presidente retomou, agora em público, a ideia de que as Forças Armadas são superiores ao poder civil. Em resposta à decisão de Fux que esclareceu que os militares não formam um “poder moderador”, Bolsonaro divulgou uma nota dizendo que as Forças Armadas não cumprem “ordens absurdas” e não aceitam “tentativas de tomada de poder por outro poder da República, ao arrepio das leis, ou por conta de julgamentos políticos”. O vice-presidente e o ministro da Defesa assinaram a nota com o presidente. Naquele mesmo dia, veio a público o conteúdo de uma entrevista à revista Veja na qual o general Ramos, da Secretaria de Governo, disse que era “ultrajante” a ideia de que militares estão pensando em golpe e, em seguida, completou com o mais explícito golpismo já externado por um militar no governo: “O próprio presidente nunca pregou o golpe. Agora, o outro lado tem de entender também o seguinte: não estica a corda.”

Em 16 de junho, dia em que o Supremo quebrou o sigilo bancário de onze parlamentares bolsonaristas e a Polícia Federal fez uma operação de busca e apreensão contra suspeitos de financiarem ilegalmente atos antidemocráticos, Bolsonaro publicou uma série de dez mensagens numa rede social. Disse que não podia “assistir calado enquanto direitos são violados e ideias são perseguidas”, e argumentou que sua luta destinava-se a defender “a Constituição e a liberdade dos brasileiros”.

Com notas ambíguas ou claras, declarações dúbias ou ameaçadoras, o fantasma de uma intervenção militar não se dissipa. Em maio, o próprio general Heleno teve que mandar um áudio no WhatsApp para desmentir uma versão atribuída a um capitão da reserva, Durval Ferreira, segundo a qual o general vinha defendendo um golpe militar. “Boa noite a todos os amigos do Rio Grande Sul. Quem está falando é o general Heleno, daqui de Brasília”, começa o áudio. Na mensagem, que dura 1 minuto e 50 segundos, o general admite que conhece Durval Ferreira – “conheço, mas não é meu amigo” –, mas diz que o capitão não tem autorização para falar em seu nome. “Não penso como ele”, diz o general. “Não acho que haja clima para uma intervenção militar, muito menos para um golpe de Estado.” Heleno afirma que “medidas graves foram tomadas em discordância da Constituição”, mas que, nessa hora crítica, “temos que ter muito juízo”, e encerra pedindo “muita, mas muita prudência”. Durval Ferreira afirma que nunca disse que Heleno pregava um golpe militar.

A decisão do presidente de intervir no STF pode ser vista como intempestiva, tomada no calor da hora, mas é relevante que os anais da história registrem que o presidente do Brasil, numa reunião no palácio na manhã de 22 de maio de 2020, decidiu ocupar o Supremo com tropas – e foi persuadido a desistir da quartelada. Curiosamente, naquele mesmo vídeo no YouTube em que diz que a “ruptura” é só uma questão de tempo, Eduardo Bolsonaro afirma para sua audiência que o Brasil está no caminho de uma ditadura, orquestrada pelo STF, e explica que um regime autoritário não se materializa de um dia para o outro. Constrói-se aos poucos. Para elucidar seu ponto, Eduardo cita então o exemplo da Venezuela e dá a receita: “[Você] dissolve a Suprema Corte, bota todos bolivarianos indicados pelo Hugo Chávez.”
Ditadura, está claro, é só quando o outro dissolve a Suprema Corte.
 
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Família respeitabilíssima essa do Bolsonaro hein.
Vão lendo e percebendo a sujeirada: :think:


O Jornal Nacional teve acesso ao depoimento do empresário que vendeu uma loja de chocolates para o senador Flávio Bolsonaro, do Republicanos. Ele afirma que foi ameaçado ao tentar fazer a denúncia de que Flávio fraudava notas fiscais. A loja do senador é alvo de investigação de lavagem de dinheiro. A reportagem é de Arthur Guimarães e Paulo Renato Soares.
Flávio Bolsonaro é dono da loja de chocolates em um shopping na Barra da Tijuca desde 2015. Ele comprou o estabelecimento do empresário Cristiano Correia Souza e Silva, que já tinha uma loja da mesma franquia num outro shopping no mesmo bairro.
Na investigação da rachadinha, o Ministério Público chamou Cristiano para prestar depoimento. O Jornal Nacional teve acesso ao que ele disse. O empresário contou que, no Natal de 2016, soube por clientes que a loja de Flávio Bolsonaro estaria vendendo produtos abaixo da tabela da Kopenhagen. Panetones, por exemplo, eram vendidos a R$ 80 quando deveriam custar R$ 100.
Cristiano disse que a prática significa uma infração contratual e, por isso, entrou em contato com a matriz, que, segundo ele, fez uma fiscalização e constatou que a operação ocorria com emissão de nota fiscal com o preço cheio, mas o cliente pagava um valor menor.
Cristiano disse ainda que uma consultora da Kopenhagen filmou uma venda com preço menor com o próprio telefone. A Kopenhagen confirmou ao Jornal Nacional que comprovou a denúncia de uso de preço fora da tabela e informou ainda que a loja de Flávio foi advertida e multada por causa da promoção.
As informações obtidas pelo Jornal Nacional reforçam a hipótese do Ministério Público de que havia uma engrenagem montada para esquentar dinheiro na loja de chocolates. Os promotores já apontaram no inquérito que existe uma forte suspeita de que parte dos recursos desviados da Assembleia Legislativa do Rio no esquema da rachadinha tenha sido lavada na loja de chocolates.
Os investigadores afirmam que a loja recebia mais dinheiro vivo do que outras franqueadas, em média. Os pagamentos em espécie permaneciam constantes mesmo em períodos de aumento das vendas, como a Páscoa.
O Ministério Público diz que Flávio Bolsonaro e a mulher dele, Fernanda Bolsonaro, investiram mais de R$ 1 milhão na compra da loja. Valores que, segundo os promotores, não seriam compatíveis com a renda do casal.
A mulher de Flávio não aparece como dona, mas os investigadores descobriram que saíram da conta dela R$ 350 mil para o negócio.
No papel, Flávio Bolsonaro tem outra pessoa como sócia: Alexandre Ferreira Dias Santini, que o MP afirma ser um laranja do casal. O documento obtido pelo JN mostra que Santini é acusado de intimidar a mulher do ex-dono da loja que denunciou a fraude nas notas fiscais.
Cristiano Silva contou ao MP que ele e a mulher receberam ameaças por e-mail depois que a denúncia chegou ao grupo de conversas dos franqueados da Kopenhagen.
O empresário disse ainda que, no dia 23 de dezembro de 2016, Santini também enviou pelo aplicativo de mensagens uma imagem para a mulher dele de pessoas sendo enforcadas. Eles disseram ao Ministério Público que ficaram assustados e registraram uma ocorrência policial. Mas depois o casal não deu andamento ao caso porque ficou com medo.
O JN tentou falar com Alexandre Ferreira Dias Santini, mas ele não quis se pronunciar.
O senador Flávio Bolsonaro não explicou a denúncia da loja de chocolates. Disse que os promotores do Rio buscam atacar a imagem pública dele e que espera que a Procuradoria-Geral de Justiça do Rio instaure procedimento para apurar a conduta dos promotores por violação de sigilo profissional num processo que deveria correr em segredo de Justiça.
 
e o Senado ontem derrubou o veto do presidente para o não aumento do salário dos servidores.
Enquanto todos sofrem com a pandemia os funcionários públicos continuam de boas...
 
Bolsonaro já acumula uma quantidade absurda de vetos derrubados. No comparativo com os oito anos de FHC ou os oito de Lula, é um verdadeiro 7x1. O presidente mais loser dos últimos 30 anos. Também pudera: ele trata a excepcionalidade como regra e veta as coisas ao sabor de suas birras pessoais infundadas. É bem feito que continuem derrubando mais e mais dos seus vetos.
 
O veto foi analisado apenas no Senado. Para que seja derrubado, 257 deputados também devem rejeitá-lo. Da minha parte, espero que seja mantido (se não por outra razão, pela completa falta de noção com que foi redigido). Aliás, o texto completo da Lcp 173 é tão pobre que dá vontade de chorar sentado num cantinho.
 
Bem, eu já estou sem aumento há quatro anos, quando o normal antes era sempre reporem ao menos parte da inflação, cerca de 5-6% por ano. Nem precisou de pandemia, bastou um prefeito bundão. :lol: Mais um ano e meio? A gente aguenta, aos trancos e barrancos; mas depois vem greve geral pra pedir reajuste retrospectivo. Já bastam as modificações no plano de carreira que tivemos, que praticamente pôs um fim à progressão por tempo de serviço. ¯\_(ツ)_/¯
Enfim. Cada caso é um caso. Em cada município, em cada estado, a situação é diferente. "Servidor público" só é tudo a mesma coisa e vive sempre na mamata na cabecinha dos liberalecos anti-Estado que ficam papagaiando esse discurso à la Guedes aí: "parasitas" e tal né? Pois.
 
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