Existe sim uma diferença na educação formal de quem tem o mínimo de condição de acesso em relação a quem não tem nenhuma (o que é a maioria o Brasil). A desigualdade social refletindo na desigualdade educacional é enorme no Brasil.
Mas passando esse mínimo, a diferença muda muito pouco. Pouco importa se a pessoa ganha 2 salários mínimos ou 10. Muda perfumaria, basicamente.
A elite brasileira, mesmo destacando a ponta da pirâmide, tem uma educação muito pior que na maioria do mundo.
Dando aula em universidade isso fica muito claro. Turma de alunos cotistas de escola pública têm alunos muito bons e alunos muito ruins, do mesmo jeito que acontece com as turmas de alunos não cotistas.
A quantidade de informação que eles tiveram acesso pode até mudar, mas a maneira que eles pensam sobre ela não. E informação é fácil de ter hoje em dia se você já passou desse limite mínimo de acesso.
Aí que entra o caráter. A informação taí pra quem quiser ver (de quem já passou o limite de acesso), o governo sabia que ia acabar o oxigênio no amazonas e preferiu ignorar o problema e continuar pregando o uso de tratamento preventivo. Ganhar 10 salários mínimos não faz você entender isso melhor. Mas a falta de caráter, independente da sua classe social, faz você ignorar essa informação, ignorar a tragédia, ignorar as mortes pelas quais o governo é diretamente responsável, e continuar achando o presidente o máximo. Isso não depende do preço da escola que você frequentou. Isso é caráter.
Claro, quem tá se fodendo pra conseguir juntar 400 reais no fim do mês, o que é a maioria da população, tem grande probabilidade de não ter tempo pra pensar em mais nada além de sobreviver mais um dia.
Pode-se divergir quanto a planos econômicos, reformas, estrutura política, teto de gastos, e o escambau. Isso vai variar da percepção e formação (formal ou não) que cada um tem, e concordo que também varia com classe social, por n motivos.
Agora, aceitar que se ignore o pedido de oxigênio no meio de uma pandemia, não dá né.