Esse caso, assim como ver um Doria fingindo ser gari, Maluf, Alckmin e Ciro Gomes comendo pastel de bar, etc.
Mas há uma diferença que pra todos eles, é uma ação forçada, mas típica que ocorre pontualmente dentro de uma campanha eleitoral e não ficar forçando 100% do tempo dentro e fora da campanha como faz o invasor. Nisso eu poupo a Marta e o Eduardo Suplicy que todos sabem quem são, mas que ficaria ridículo pra eles se abusassem usar desse recurso.
São graus distintos mesmo, mas que na prática não muda muito. O Dória gari pode convencer poucos, diferente do Boulos pseudo-pobre, mas a tática é a mesma. Agora, as semelhanças páram aí.
O que o Dória fez efetivamente pelos garis? Acho que muito pouco.
E o que o Boulos fez pelo MTST? Isso já muda demais.
A diferença é que você olha ele como 'invasor' em tom claramente pejorativo, o que eu vejo, se se mostrasse verdadeiro, como algo excelente.
Então, o que pra você é um demérito, pra mim é uma virtude. Já não estamos falando aqui de político se passar por pobre, mas de um político que se FIZER EFETIVAMENTE o que promete, te desagradaria.
O problema não está no político, portanto, mas nos teus valores, que acredita que um direito de propriedade abstrato é mais sagrado e inviolável que o direito à moradia de milhões de sem-teto. É engraçado porque você acha que em eventuais desapropriações (que nunca aconteceriam sem uma profunda alteração legislativa fundiária), seu sagrado direito de propriedade (já protegido constitucional e legalmente como bem de família) seria afetado em vez das milhares de propriedades abandonadas e improdutivas no estado de São Paulo, quiça do Brasil.
Então, a discussão não é sobre se político x ou y é pobre realmente ou não. O que você quer e te incomoda que seja negado é que a propriedade exercida de forma abusiva, com exploração de poder econômico, seja afetada, e que milhões de pessoas em situação de rua possam ter ssua situação remediada. Não te importa que o Boulos se faça de invasor. Te importa que ele seja um invasor, já que pra ti é invasão e crime redistribuir propriedade.
Logo, a discussão não é sobre imagem, é sobre valores sociais e jurídicos. Você não quer que direitos sociais específicos sejam efetivados porque você não quer ver sem-teto deixando de ser sem-teto. Ponto. Falemos claramente.