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Haruki Murakami

  • Criador do tópico Criador do tópico Sputnik
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Sputnik

Usuário
Bom dia, gente boa.

Do ano passado pra cá li três obras do autor japonês Haruki Murakami: Kafka à beira-mar, Norwegian Wood e Minha Querida Sputnik.

Me cativaram os temas recorrentes de solidão, nostalgia e vazio da nossa geração. E os links com outros mundos, histórias surreais, referências constantes a cultura pop, enfim, coisas não muito comuns na literatura contemporânea (não nessa intensidade) e especialmente na japonesa.

Qual a opinião dos colegas de fórum sobre o autor?

Não tem muito tempo assisti ao filme Tony Takitani, adaptado do conto do autor. Fantástico! Representa bem o clima "Murakamês" de suas histórias.

Dando minha opinião, dos três que li completos (tive outras experiências que não chegaram ao fim por motivos de força maior), o favorito é Norwegian Wood. O livro é de uma tristeza e força sem tamanho, descomunal. Pensar que a história é um relato de certa forma autobiográfico contribui pra identificação com os personagens.

Meu primeiro tópico aqui, procurei e vi que não havia um sobre o escritor em si. Se já houver, podem apagar este.

Até!
 
Só li 2 livros dele: "Kafka À Beira do Mar" e "Caçando Carneiros". Gostei muito dos dois. Mais do segundo, pela temática da solidão, da amizade, dos relacionamentos, e por misturar a ambientação urbana à um certo surrealismo. Gosto muito dos personagens dele. To com "Após o anoitecer" aqui pra ler.

"Norwegian Wood" seria em homenagem à música dos Beatles?
 
Wilson, "Norwegian Wood" tem esse nome por causa da música sim. É a canção favorita de uma das personagens, e na primeira página o narrador-protagonista a ouve enquanto o avião está pousando em um aeroporto. A música soa nas caixas de som em uma versão orquestrada e isso causa uma onda de nostalgia no homem, de forma que todo o livro são suas rememorações a partir disso. E sim, tem muito rock anos 60 e jazz no meio da história todo hehe.

"Após o anoitecer" é seu livro mais fraco, ao menos é o que os fãs e crítica geralmente dizem. Li quase na totalidade a versão em inglês, After Dark, e foi mesmo o que me deixou uma impressão mais leviana de tudo que já li do autor.

"Caçando Carneiro"... Talvez voce goste de ler "Dance Dance Dance", que se passa no mesmo mundo, com personagens recorrentes... Não é uma continuação, apenas tem uma relação com "Caçando Carneiros" e sua trilogia.
 
Que me perdoem a auto-propaganda, mas eu escrevi um texto sobre ele no blog meia palavra

http://blog.meiapalavra.com.br/2009/08/03/sobre-um-livro-de-haruki-murakami/

deem uma olhada lá
 
Independente do que eu disse ou dizem por aí, vale a leitura! E mais: gosto é gosto, né. Quando terminar dá seu parecer aí, Wilson. :lendo2:
 
Só compartilhando: vasculhando as prateleiras da Cultura, encontrei uma edição em inglês do "Dance Dance Dance" que vinha com o seguinte comentário na capa (de algum jornal americano, o Times, talvez):

"Se Raymond Chandler tivesse vivido tempo suficiente para ver Blade Runner, ele teria escrito algo como Dance Dance Dance."

Não comprei o livro, mas aumentou minha curiosidade por ele.
 
Indico "Caçando carneiros" ou "Minha querida Sputnik", dois muito bons, entre os meus favoritos. Se quiser encarar em inglês, tem um volume de contos excepcional: "Blind willow, sleeping woman".
 
[align=justify]Poxa valeu Wilson, assim que encontrar um tempinho vou tentar ir para esse livro de contos, que me parece promissor para adentrar o universo do Murakami.

Tu tá terminando a bibliografia dele já? Podias montar um guia tipo o que o Galindo fez para o David Foster Wallace ou o que o Xerxenesky fez para o Bolaño, ambos no Meia Palavra![/align]
 
Boa ideia, Lucas. Ainda faltam três livros, entre eles, um que foi a única ficcao cientifica que ele escreveu, e tem um dos melhores titulos que eu já vi: "Hard boiled wonderland and the end of the world". To naquelas, nao quero ler tudo logo pra nao terminar.

Esse ano ele tá pra lançar o "2666" dele. XD
 
só compartilhando: terminei a leitura de "hard-boiled wonderland and the end of the world", e digo sem medo que é uma obra-prima, seja como ficção científica, seja como literatura, pura e simples. se alguém tiver oportunidade de ler, não perca a chance. o livro é um emaranhado de temas e influências (muito mais que em qualquer outro livro do autor) e um agradável passeio pelos cantos mais fantásticos da mente humana.
 
[align=justify]Wilson, é uma marca do Murakami discutir/analisar músicas, filmes, livros, obras de arte em geral no meio da narrativa? Achei isso sensacional no Kafka on the Shore, não que seja revolucionário, mas achei maneiríssimo.

Não foi ele mesmo que falou que um dos principais motivos pelos quaisele atrai a crítica para si é a gama de influências que ele agrega nos livros dele. De minha parte acho isso muito legal.[/align]
 
Eu achava que Kafka on the shore era o ápice do cross-reference na obra dele, mas em Hard-boiled wonderland ele leva a coisa a outro nível. Um dos lances do Murakami é encher suas obras de simbolismo. Suas tramas são meio detetivescas pois são tentativas de seus personagens em descobrir o que há por detrás dos símbolos que o mundo (ou seja, o autor) os apresenta. As referências a músicas, livros, filmes, acho que é uma tentativa dele de aproximar os personagens do leitor, porque as referências são sempre a obras de que seus personagens gostam.
 
[align=justify]
Wilson disse:
Eu achava que Kafka on the shore era o ápice do cross-reference na obra dele, mas em Hard-boiled wonderland ele leva a coisa a outro nível. Um dos lances do Murakami é encher suas obras de simbolismo. Suas tramas são meio detetivescas pois são tentativas de seus personagens em descobrir o que há por detrás dos símbolos que o mundo (ou seja, o autor) os apresenta. As referências a músicas, livros, filmes, acho que é uma tentativa dele de aproximar os personagens do leitor, porque as referências são sempre a obras de que seus personagens gostam.

O que percebi em Kafka on the Shore é que os personagens desconstruíam ditos populares para lhes extrair a compreensão, diferentemente do que fazemos justamente pelo fato de eles serem usuais. Os 'símbolos' a que tu se refere são como dispositivos de compreensão da realidade, o que é dado aos personagens, digamos assim, os auxilia a compreenderem o que se passa a sua volta e também para dar um sentido a isso e a suas próprias trajetórias. Isso é legal porque o Murakami não faz isso como quem quer mostrar que conhece tal filme/música/livro etc., mas como quem quer deles extrair algo mais, e nesse sentido ele acaba encontrando nesse diálogo certos pontos de amarração em sua obra, como quando ele comenta Na Colônia Penal, do Kafka mesmo, ou o 400 Blows, do Truffaut.

Creio que há algo mais nessas referências, mais do que emblemas das buscas de seus personagens, algo mais transcendental, alguma idéia Wilson?[/align]
 
Mitos, acho que é outra palavra chave para entender os livros dele. É uma constante os personagens estarem rodeados por mitos, histórias, folclore, onde quer que eles estejam. Em The wind-up bird chronicle, o protagonista é um cara que perdeu a mulher, o emprego e o gato, ele simplesmente se deixa levar pela vida de maneira passiva, mas um monte de gente acaba entrando em sua vida e cada um acaba contribuindo com uma história para ele, e aos poucos a própria história dele acaba se fundindo com todas essas histórias que ele ouve. Talvez no fundo ele esteja escrevendo sobre como as histórias fazem parte de nossa vida.
 
Estou terminando o Após o Anoitecer e gostei muito de Kafka à beira-mar. Quero algo realmente foda, Wilson, essa é sua missão, esse é seu clube.
 

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