Olha isso Mavericco
O artigo é de 2007 e o preço também mas é interessante...
Por Victoria Saramago
28/02/2007
Wallace Fowlie, autor de Rimbaud e Jim Morrison: os poetas rebeldes, tem no mínimo um caso um tanto interessante para contar. Professor de Literatura Francesa da Duke University, nos EUA, lançou nos idos anos de 1966 uma tradução para o inglês da obra completa do simbolista francês Arthur Rimbaud, um dos mais controversos e comentados poetas da modernidade.
A edição obteve um êxito considerável, a ponto de alguns anos mais tarde Fowlie receber, entre inúmeras cartas, a de um certo cantor de rock, um tal de Jim Morrison. Apesar do sucesso meteórico que os The Doors faziam na época, o professor nunca havia ouvido falar naquele jovem que, como tantos outros, lhe agradecia por ter feito a tradução, uma vez que não dominava bem o francês e adorava Rimbaud. Ao saber quem era o ilustre remetente, Fowlie passou a se interessar cada vez mais pela vida e a obra de Jim, especialmente no que diz respeito aos seus pontos de contato com o poeta francês.
O resultado foram inúmeros cursos e palestras proferidos desde os anos 80 sobre as aproximações entre os dois, que afinal passaram ao papel com a publicação do livro Rimbaud e Jim Morrison: os poetas rebeldes.
É verdade que não é difícil encontrar semelhanças entre o vocalista de uma das maiores bandas da história do rock e o adolescente que sacudiu os rumos da poesia francesa do final do século XIX. Apesar dos quase cem anos que os separam, foram ambos poetas rebeldes que, vivendo cada minuto intensamente, em confronto com a lei e os padrões pré-estabelecidos, deixaram extravasar todo o furor da juventude em obras verdadeiramente revolucionárias, que mexeram com a sociedade de suas épocas e arrebanharam milhares de fãs ao longo dos anos. Fowlie traça uma biografia interessante de cada um, conjugando as curiosidades com os pontos mais relevantes e mapeando os mitos que se formaram em torno deles. Faz também uma boa análise de algumas de suas principais obras, como Uma temporada no inferno, obra-prima de Rimbaud, e vários dos versos mais célebre de Jim. Tudo num tom simples e pessoal, de quem quer apenas expor suas idéias, como um bom fã e estudioso dos dois poetas. Nesse ponto, o livro ganha muito: a leitura é agradável e fluida, com consistência porém sem academicismos.
O que fica faltando é uma investigação mais profunda da relação entre as obras dos dois. De fato, ela às vezes é esboçada, principalmente na parte final, mas Fowlie - talvez com receio de parecer didático demais - acaba não estabelecendo elos suficientemente sólidos entre a obra poética de cada um, de modo que elas são apresentadas de maneira quase justaposta, sem muitos confrontos diretos. Com isso, a leitura ainda continua bastante válida, sobretudo por ser muito informativo, mas a questão central a que se propõe permanece um ponto pendente.
Rimbaud e Jim Morrison: os poetas rebeldes
Wallace Fowlie
177 páginas, R$ 29,90
Editora Campus