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Autor da Semana Indicações (180ª Semana) - LEIA O 1º POST ANTES DE INDICAR

Quem será o Autor da Semana (180ª Semana)?


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    6
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Tá bom, vai, vou fazer a propaganda pelos escritos.

João Saldanha, além de técnico, foi cronista. Não tinha, nem de longe e com suborno, a capacidade de Cervantes (mas, também, a Espanha só tem um título mundial #chupanóisépenta!). Sendo sincero, o Saldanha não chega aos pés do Nelson Rodrigues - o grande nome da crônica esportiva. Mas deu sua contribuição registrando momentos únicos do nosso futebol, como a "invenção do Olé", na comunhão entre Garrincha e a torcida mexicana:

botafogo_x_tupinambas_rest37055.jpg


" O Estádio Universitário ficou à cunha. Cem mil pessoas comprimidas para assistir ao jogo. É muito alegre um jogo no México. É o país em que a torcida mais se parece com a do Rio de Janeiro. Barulhenta, participa de todos os lances da partida. Vários grupos de "mariaches" comparecem.

Estes grupos, que formam o que há de mais típico da música mexicana, são constituídos de um ou dois "pistões" e clarins, dois ou três violões, harpa (parecida com a das guaranias), violinos e marimbas. As marimbas são completamente de madeira, mas não vão ao campo de futebol, sendo substituídas por instrumentos pequenos.

O ponto alto dos "mariaches" é a turma do pistão, do clarim e o coro, naturalmente. No campo de futebol, os grupos amadores de "mariaches" que comparecem ficam mais ativos em dois momentos distintos: ou quando o jogo está muito bom e eles se entusiasmam, ou, inversamente, quando o jogo está chato e eles "atacam" músicas em tom gozador. No jogo em que vencemos ao Toluca, que estava no segundo caso, os "mariaches" salvaram o espetáculo.

O time do River era, realmente, uma máquina. Futebol bonito e um entendimento que só um time que joga junto há três anos pode ter. Modestamente, jogamos trancados. A prudência mandava que isto fosse feito. De fato, se "abríssemos", tomaríamos um baile.

Foi um jogo de rara beleza. E não foi por acaso. De um lado estavam Rossi, Labruña, Vairo, Menéndez, Zarate, Carrizo. De outro, estavam Didi, Nilton Santos, Garrincha etc. Jogo duro e jogo limpo. Não se tratava de camaradagem adquirida em quase um mês no mesmo hotel, mas sim da presença de grandes craques no gramado. A torcida exultava e os "mariaches" atacavam entusiasmados.

Estava muito difícil fazer gol. Poucas vezes vi um jogo disputado com tanta seriedade e respeito mútuos. Mas houve um espetáculo à parte. Mané Garrincha foi o comandante. Dirigiu os cem mil espectadores. Fazendo reagirem à medida de suas jogadas. Foi ali, naquele dia, que surgiu a gíria do "Olé", tão comumente utilizada posteriormente em nossos campos. Não porque o Botafogo tivesse dado "Olé" no River. Não. Foi um "Olé" pessoal. De Garrincha em Vairo.

Nunca assisti a coisa igual. Só a torcida mexicana com seu traquejo de touradas poderia, de forma tão sincronizada e perfeita, dar um "Olé" daquele tamanho. Toda vez que Mané parava na frente de Vairo, os espectadores mantinham-se no mais profundo silêncio. Quando Mané dava aquele seu famoso drible e deixava Vairo no chão, um coro de cem mil pessoas exclamava: "Ôôôôô"! O som do "olé" mexicano é diferente do nosso. O deles é o típico das touradas. Começa com um ô prolongado, em tom bem grave, parecendo um vento forte, em crescendo, e termina com a sílaba "lé" dita de forma rápida. Aqui é ao contrário: acentua-se mais o final "lé": "Olééé!" – sem separar, com nitidez, as sílabas em tom aberto.

Verdadeira festa. Num dos momentos em que Vairo estava parado em frente a Garrincha, um dos clarins dos "mariaches" atacou aquele trecho da Carmem que é tocado na abertura das touradas. Quase veio abaixo o Estádio Universitário.

Numa jogada de Garrincha, Quarentinha completou com o gol vazio e fez nosso gol. O River reagiu e também fez o dele. Didi ainda fez outro, de fora da área, numa jogada que viera de um córner, mas o juiz anulou porque Paulo Valentim estava junto à baliza. Embora a bola tivesse entrado do outro lado, o árbitro considerou a posição de Paulinho ilegal. De fato, Paulinho estava "off-side". Havia um bolo de jogadores na área, mas o árbitro estava bem ali. E Paulinho poderia estar distraindo a atenção de Carrizo.

O jogo terminou empatado. Vairo não foi até o fim. Minella tirou-o do campo, bem perto de nós, no banco vizinho. Vairo saiu rindo e exclamando: "No hay nada que hacer. Imposible" – e dirigindo-se ao suplente que entrava, gozou:

– Buena suerte muchacho. Pero antes, te aconsejo que escribas algo a tu mamá.

O jogo terminou empatado e uma multidão invadiu o campo. O "Jarrito de Oro", que só seria entregue ao "melhor do campo" no dia seguinte, depois de uma votação no café Tupinambá, foi entregue ali mesmo a Garrincha. Os torcedores agarraram-no e deram uma volta olímpica carregando Mané nos ombros. Sob ensurdecedora ovação da torcida. No dia seguinte, os jornais acharam que tínhamos vencido o jogo, considerando o tal gol como válido. Mas só dedicaram a isto poucas linhas. O resto das reportagens e crônicas foi sobre Garrincha.

As agências telegráficas enviaram longas mensagens sobre o acontecimento e deram grande destaque ao "Olé". As notícias repercutiram bastante no Rio e a torcida carioca consagrou o "Olé". Foi assim que surgiu este tipo de gozação popular, tão discutido, mas que representa um sentimento da multidão.

Já tentaram acabar com o "Olé". Os árbitros de futebol, com sua inequívoca vocação para levar vaias, discutiram o assunto em congresso e resolveram adotar sanções. Mas como aplicá-las? Expulsando a torcida do estádio? Verificando o ridículo a que estavam expostos, deixam cada dia mais o assunto de lado. É melhor assim. É mais fácil derrubar um governo do que acabar com o "Olé".

Não poderia ter havido maior justiça a um jogador que a que foi feita pelos mexicanos a Mané Garrincha. Garrincha é o próprio "Olé".

Dentro e fora de campo, jamais vi alguém tão desconcertante, tão driblador. É impossível adivinhar-se o lado por onde Mané vai "sair" da enrascada. Foi a coisa mais justa do mundo que Garrincha tivesse sido o inspirador do "Olé"."


In Os subterrâneos do Futebol
Ah, até pensei em votar no Saldanha, mas escreveu demais. Se só tivesse falado na carreira de futebolista teria ganho meu voto.
 
Não tenho visto a @Bel por aqui (espero que ela esteja bem).
Então acho que não teremos enquete esta semana. :think:
 
Então pessoas de bem, eu não fico ofendida por vocês fazerem campanhas, justamente o contrário, Wynne Jones merece concorrentes, inclusive, o destino conspira tanto, que com a Bel viajando, vocês tem a chance de indicar ainda em sexta-feira e provavelmente em todo o fim de semana. :dente:
Mas parafraseando a excelentíssima, (Cleo) em uma de suas épicas passagens:
Re: Indicações (78ª Semana)Cadê as indicações, hein, seus imprestáveis?
Cadê as indicações, jaguarada?
 
Votei em Mario Vargas Llosa, afinal, como o FCM disse acima, é estranho o grande escritor e vencedor do Nobel não ter um tópico exclusivo.
 
Nessa enquete, votei no Llosa.

Foi por ele que deixei o Saldanha na geladeira essa semana. E acho que vai ficar na próxima, também, pois outro grande autor latino americano, Mario Benedetti, não possui tópico, olha que sacanagem!
 
Nessa enquete, votei no Llosa.

Foi por ele que deixei o Saldanha na geladeira essa semana. E acho que vai ficar na próxima, também, pois outro grande autor latino americano, Mario Benedetti, não possui tópico, olha que sacanagem!

E aí @Cantona , já leu alguma coisa de Juan Carlos Onetti?
Estou lendo um livro do Llosa (Os cadernos de dom rigoberto) e ele fez uma relação com um livro deste escritor uruguaio e parece ser bem legal! Alguém conhece?
 

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