Coleção Clássicos da Literatura Unesp resgata marco do naturalismo paulista com romance de Antônio de Oliveira
Expoente naturalista, o romance retrata sensivelmente a São Paulo ainda provinciana da época, além do processo de corrosão da personalidade inicial do protagonista em sua busca por ascensão social
Nascido em Sorocaba, em 30 de junho de 1874, Antônio de Oliveira emerge das sombras do passado literário brasileiro para reivindicar seu lugar como um dos mais importantes escritores naturalistas do século XIX. Filho de D. Ana Emília de Oliveira Ferreira e Antônio Joaquim Ferreira, Oliveira cursou a Faculdade de Direito de São Paulo antes de consolidar sua carreira como advogado e escritor na capital. Fundador da Academia Paulista de Letras, Oliveira se destacou como autor de obras como
Brumas,
Vida burguesa,
Sinhá,
Raça de portugueses e este
O urso, que acaba de ganhar edição renovada pela Coleção Clássicos da Literatura Unesp. Esta nova edição busca resgatar esse romance quase esquecido, publicado em 1901 e reeditado em 1976 pela Academia Paulista de Letras.
O enredo, ambientado na São Paulo provinciana entre a Abolição e a Proclamação da República, segue Fidêncio, um rapaz tímido e doentio, em sua jornada por ascensão social e os dilemas morais que o assombram. O romance não só retrata a São Paulo da época, mas também explora de maneira aguçada os conflitos políticos e sociais que moldaram a personalidade do protagonista.
“A habilidade de Antônio de Oliveira em conectar os aspectos sentimentais, sociais e políticos do enredo, que o inscreve entre os melhores autores naturalistas brasileiros, como observado pelo crítico Massaud Moisés (1928-2018), já faria de
O urso uma obra merecedora de resgate por parte do público e da crítica”, escrevem os editores. “A insigne crítica literária Lúcia Miguel Pereira (1901-1959) destaca a qualidade de Antônio de Oliveira como autêntico romancista, especialmente por seu estudo psicológico do protagonista, ‘estranho rapaz, meio ingênuo, meio hipócrita, desfibrado, incapaz de viver’. O estilo de escrita de Oliveira é ágil e claro, facilitando a narrativa, e o ambiente retratado é fortemente marcante. Lúcia Miguel Pereira conclui: ‘A evocação de São Paulo, pequena cidade com todos os vincos provincianos, é das mais interessantes... É digno de nota, e talvez o único, o caso desse escritor de inequívoca vocação, que, em plena produção, se murou num completo silêncio. Quem escreveu
O urso, se se pode demitir da literatura ativa, não pode se ausentar da história literária’.”
Esta edição especial não apenas traz Antônio de Oliveira de volta às prateleiras, mas também se propõe a ser a pedra fundamental para a redescoberta do autor e sua obra. Com uma narrativa ágil e clara, e um ambiente fortemente marcante,
O urso promete cativar tanto os entusiastas da literatura brasileira quanto os novos leitores que buscam explorar os clássicos esquecidos.
editoraunesp.com.br