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Marvel ou DC???

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Devia ter imaginado que DC seria preferência entre os nerds daqui. Bom, eu sou marvete e ao mesmo tempo não sou, porque gosto dos dois 'universos' (dá até medo de falar de universo em épocas de multiverso), acho que ambos têm seus encantos. Não que eu esteja querendo dar uma de isentão, mas é só porque eu acho esse tipo de rivalidade bem idiota, como entre sonystas e nintenditas, no fundo essas empresas cagam pros clientes e isso se reflete muitas vezes nos jogos e histórias. Prefiro me declarar fã de um roteirista ou outro ou, especialmente no meu caso, de desenhistas.

Sou fã do Batman desde criança, por conta do desenho animado dos anos 90, que era simplesmente bom demais, mas não cheguei a ler quadrinhos dele, pegava um gibi ou outro de algum amigo e lia. Quando criança era louco pelos filmes do Burton também, especialmente pelo Coringa do Jack Nicholson e o Charada, do Jim Carrey. Adorava aquela Gotham tão sombria, onde parecia que o dia era estranho e não pertencia à cidade como a noite pertencia, com vilões góticos e caricatos, muitas insinuações e uma atmosfera mórbida de sociedade aristocrática decadente e toques vitorianos. Era tudo muito visceral e contido ao mesmo tempo, como uma música que se ouve e te deixa arrepiado sem você saber o porquê.

Lembro daquela fase em que o Bane surrava o Batman e deixava ele paraplégico, isso me deixou bem abalado nos meus 11, 12 anos, provavelmente o primeiro encontro catártico com a 'falha do herói'

Mas eu era fã mesmo era do Homem Aranha, antes de aprender a ler eu pegava os gibis velhos do meu tio e ficava vendo os desenhos, desenhando loucamente, e ansiando por aprender logo a ler pra apreciar aquilo. Quando aprendi, meu tio deu fim aos gibis dele (cagou pra mim o infeliz), mas comprei e li vários formatinhos da Abril, joguei aquele jogo tosquíssimo do PS1 e mesmo depois que parei de comprar as histórias dele (troquei pelo Spawn, que foi um fenômeno que arrastou muitos da minha geração), e depois qualquer gibi (por conta do preço cada vez maior daquela época de decadência da Abril), a afeição se manteve. Logo vieram os filmes do Sam Raimi, o MCU, e ainda mais o jogo do PS4, que é um tributo lindo demais a qualquer fã dos quadrinhos e do personagem como um todo, e o personagem me prende até hoje.

O meu frisson pelo Batman foi minguando, até reacender com força no lançamento de Cavaleiro das Trevas, do Nolan. Fui ver esse filme com minha mãe, como bons fãs do Coringa que somos, esperando ver se o Heath Ledger desbancaria o Nicholson da minha infância. E cara! Como desbancou, eu não voltei a ser fã do Batman como antes, mas em uma época que eu não lia mais qualquer HQ, só mangás, ver aquele Coringa, naquele filme inacreditavelmente bom, que te levava por um crescendo vertiginoso, me fez enxergar o que era a experiência DC de personagens complexos e bem construídos, histórias envolventes e menos viajadas como as da Marvel.

Hoje, que estou colecionando novamente quadrinhos, inclusive o Aranha, Batman, Superman e Spawn, acho que posso definir melhor minha postura de isentão. Vejo que minha postura com relação a essa briga entre marvetes e dcístas sempre vai se pautar pelas minhas experiências com o Homem Aranha e com o Batman. Marvel faz personagens mais carismáticos, tem um ambiente mais solar, diurno, com papéis mais bem definidos e menos zonas cinzentas de moralidade, mas é mais realista ao tratar de temas sociais, deixa às claras o que parece estar em jogo nas histórias. Já a DC brinca mais com aspectos mais sombrios da nossa psiquê, com essas zonas cinzentas, mas peca um pouco na verossimilhança histórica e social, há uma certa fantasia pessimista e noir que não se quer tanto ser levada a sério como experimento científico, mas como experimento literário.

Gosto de pensar nessa comparação lembrando de dois gibis que li em 2002, uma edição do Homem Aranha (195) em que ele ia derrotar o Venom depois de uma briga de 5 páginas com a namorada MJ sobre qual filme iriam ver, Jurassic Park ou um dramalhão romântico que ela queria assistir. A outra revista era uma história que li em uma tarde na casa de um primo meu, onde o Batman caçava a Mulher Gato, na noite de um galpão industrial muito sombrio, e entre as trocas de golpes eles iam revelando sentimentos um pelo outro, falando de suas mágoas, arrependimentos, com uma profundidade emocional que eu, na época, confesso achei chato, mas instigante ao seu modo. Era esse tipo de experiência que essas histórias me proporcionavam, diversão e reflexão.

Eu acho que fiquei mais marvete com o MCU, não liguei muito para os primeiros filmes, nem para o primeiro Vingador, mas quando Guerra Civil saiu, eu decidi dar uma chance, maratonei os filmes e passei a querer ler histórias de muitos personagens considerados menores ou que eu não dava muita atenção. Assim acabei me deixando levar pelo hype até chegar essa merda de 4ª fase, que só foi decepção atrás de decepção. Outros sets de personagens da Marvel que sempre gostei foram os X-Men e o Quarteto Fantástico, mas eram coisas mais confinadas aos desenhos animados e filmes, li pouca coisa do Wolverine (meu X-man preferido) e dos quadrinhos eu tinha uma nostalgia maior pelo Surfista Prateado e o Galactus, por conta da época que o desenhava na infância. Nunca liguei muito pros Vingadores antes do MCU.
 
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Devia ter imaginado que DC seria preferência entre os nerds daqui. Bom, eu sou marvete e ao mesmo tempo não sou, porque gosto dos dois 'universos' (dá até medo de falar de universo em épocas de multiverso), acho que ambos têm seus encantos. Não que eu esteja querendo dar uma de isentão, mas é só porque eu acho esse tipo de rivalidade bem idiota, como entre sonystas e nintenditas, no fundo essas empresas cagam pros clientes e isso se reflete muitas vezes nos jogos e histórias. Prefiro me declarar fã de um roteirista ou outro ou, especialmente no meu caso, de desenhistas.

Sou fã do Batman desde criança, por conta do desenho animado dos anos 90, que era simplesmente bom demais, mas não cheguei a ler quadrinhos dele, pegava um gibi ou outro de algum amigo e lia. Quando criança era louco pelos filmes do Burton também, especialmente pelo Coringa do Jack Nicholson e o Charada, do Jim Carrey. Adorava aquela Gotham tão sombria, onde parecia que o dia era estranho e não pertencia à cidade como a noite pertencia, com vilões góticos e caricatos, muitas insinuações e uma atmosfera mórbida de sociedade aristocrática decadente e toques vitorianos. Era tudo muito visceral e contido ao mesmo tempo, como uma música que se ouve e te deixa arrepiado sem você saber o porquê.

Lembro daquela fase em que o Bane surrava o Batman e deixava ele paraplégico, isso me deixou bem abalado nos meus 11, 12 anos, provavelmente o primeiro encontro catártico com a 'falha do herói'

Mas eu era fã mesmo era do Homem Aranha, antes de aprender a ler eu pegava os gibis velhos do meu tio e ficava vendo os desenhos, desenhando loucamente, e ansiando por aprender logo a ler pra apreciar aquilo. Quando aprendi, meu tio deu fim aos gibis dele (cagou pra mim o infeliz), mas comprei e li vários formatinhos da Abril, joguei aquele jogo tosquíssimo do PS1 e mesmo depois que parei de comprar as histórias dele (troquei pelo Spawn, que foi um fenômeno que arrastou muitos da minha geração), e depois qualquer gibi (por conta do preço cada vez maior daquela época de decadência da Abril), a afeição se manteve. Logo vieram os filmes do Sam Raimi, o MCU, e ainda mais o jogo do PS4, que é um tributo lindo demais a qualquer fã dos quadrinhos e do personagem como um todo, e o personagem me prende até hoje.

O meu frisson pelo Batman foi minguando, até reacender com força no lançamento de Cavaleiro das Trevas, do Nolan. Fui ver esse filme com minha mãe, como bons fãs do Coringa que somos, esperando ver se o Heath Ledger desbancaria o Nicholson da minha infância. E cara! Como desbancou, eu não voltei a ser fã do Batman como antes, mas em uma época que eu não lia mais qualquer HQ, só mangás, ver aquele Coringa, naquele filme inacreditavelmente bom, que te levava por um crescendo vertiginoso, me fez enxergar o que era a experiência DC de personagens complexos e bem construídos, histórias envolventes e menos viajadas como as da Marvel.

Hoje, que estou colecionando novamente quadrinhos, inclusive o Aranha, Batman, Superman e Spawn, acho que posso definir melhor minha postura de isentão. Vejo que minha postura com relação a essa briga entre marvetes e dcístas sempre vai se pautar pelas minhas experiências com o Homem Aranha e com o Batman. Marvel faz personagens mais carismáticos, tem um ambiente mais solar, diurno, com papéis mais bem definidos e menos zonas cinzentas de moralidade, mas é mais realista ao tratar de temas sociais, deixa às claras o que parece estar em jogo nas histórias. Já a DC brinca mais com aspectos mais sombrios da nossa psiquê, com essas zonas cinzentas, mas peca um pouco na verossimilhança histórica e social, há uma certa fantasia pessimista e noir que não se quer tanto ser levada a sério como experimento científico, mas como experimento literário.

Gosto de pensar nessa comparação lembrando de dois gibis que li em 2002, uma edição do Homem Aranha (195) em que ele ia derrotar o Venom depois de uma briga de 5 páginas com a namorada MJ sobre qual filme iriam ver, Jurassic Park ou um dramalhão romântico que ela queria assistir. A outra revista era uma história que li em uma tarde na casa de um primo meu, onde o Batman caçava a Mulher Gato, na noite de um galpão industrial muito sombrio, e entre as trocas de golpes eles iam revelando sentimentos um pelo outro, falando de suas mágoas, arrependimentos, com uma profundidade emocional que eu, na época, confesso achei chato, mas instigante ao seu modo. Era esse tipo de experiência que essas histórias me proporcionavam, diversão e reflexão.

Eu acho que fiquei mais marvete com o MCU, não liguei muito para os primeiros filmes, nem para o primeiro Vingador, mas quando Guerra Civil saiu, eu decidi dar uma chance, maratonei os filmes e passei a querer ler histórias de muitos personagens considerados menores ou que eu não dava muita atenção. Assim acabei me deixando levar pelo hype até chegar essa merda de 4ª fase, que só foi decepção atrás de decepção. Outros sets de personagens da Marvel que sempre gostei foram os X-Men e o Quarteto Fantástico, mas eram coisas mais confinadas aos desenhos animados e filmes, li pouca coisa do Wolverine (meu X-man preferido) e dos quadrinhos eu tinha uma nostalgia maior pelo Surfista Prateado e o Galactus, por conta da época que o desenhava na infância. Nunca liguei muito pros Vingadores antes do MCU.
Faço minhas as suas sábias palavras. Sou fã da marvel e da DC assim como sou fã de star wars e stat trek.
Essas rivalidadezinhas tolas não levam a nada!
 

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