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O mal de se sentir inteligente lendo "Harry Potter" e "Guerra dos Tronos"

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O MAL DE SE SENTIR INTELIGENTE LENDO HARRY POTTER E GUERRA DOS TRONOS

POR ADEMIR LUIZ


Recentemente, por conta de uma de minhas listas para a Revista Bula, fui xingado e ameaçado fisicamente das formas mais criativas imagináveis, simplesmente porque afirmei a obviedade de que “Guerra dos Tronos” e “Harry Potter” podem, eventualmente, ser interpretadas como imitações de “O Senhor dos Anéis”. Aparentemente nada demais, porém, essa simples opinião ofendeu profundamente alguns milhares de pessoas, gerando revolta, gritos e ranger de dentes. A maior parte dos belicosos ofendidos foram adolescentes e jovens adultos. Nada de novo no front. Os jovens costumam se levar muito a sério e, em consequência, levam demasiado a sério aquilo que gostam no momento e enquanto gostam. Não raramente é entusiasmo passageiro, o que não diminui em nada seu ardor. Não se furtam em entrar em verdadeiras batalhas campais (ou virtuais) para defender suas músicas, filmes, artistas, livros, novelas, times de futebol ou posições políticas preferidas. É mesmo essa a natureza das paixões.

Sempre foi assim, mas a prática acentuou-se desde que a adolescência foi inventada, ali por volta das décadas de 1950 e 1960, para capitalizar a popularidade de fenômenos culturais como Sinatra, Elvis e Beatles. Como ultimamente a juventude é cultuada (antes as filhas queriam se parecer com suas mães, agora as mães querem se parecer com suas filhas) e a adolescência estendeu-se até aos 30 ou 40 anos, testemunhamos a alvorada da era dos “fanboys” que “xingam muito no Twitter”, caracterizada pela defesa ardorosa e apaixonada de coisas que, no final das contas, são apenas produtos midiáticos pop. O que não é um problema em si, desde que não se perca de vista o senso de proporção. O que numa frase simples implica em saber que: “Guerra dos Tronos” pode até não ser um pastiche de “O Senhor dos Anéis”, mas, com certeza, jamais será um “Hamlet”.

Sim, os volumosos livros que compõem “As Crônicas de Gelo e Fogo” (genericamente chamadas pelos civis de “Guerra dos Tronos”) são divertidos, movimentados e parecem possuir certas pretensões artísticas, detectáveis sobretudo na opção pela narrativa a partir de diferentes pontos de vista. Contudo, apesar de seus inegáveis méritos, a saga de George R. R. Martin se insere em uma tendência que têm se mostrado nociva à formação literária das novas gerações. A tendência de fazer com que o leitor se sinta muito inteligente por estar lendo. Num olhar superficial parece positivo, mas pode ser perigoso.

A alta literatura não existe para agradar ou afagar egos. Ela desafia seus leitores, retira-os de sua zona de conforto, expandindo seu universo de pensamento. A grande arte não precisa fazer ninguém se sentir cabeça por estar diante dela. Muitas vezes ocorre o contrário: sentimo-nos estúpidos por não conseguirmos alcançar o pensamento ou as intenções de um grande artista. Quando isso ocorre, a culpa é sempre nossa, jamais do artista, se ele já passou pelo crivo do tempo e da história.

Infelizmente, pelo menos até onde consigo perceber, ocorre o inverso com “Guerra dos Tronos”.

Não que George R. R. Martin tenha obrigação de ser um gênio das letras. Ele é apenas um profissional competente que está fazendo seu trabalho e aproveitando os frutos dele. Muito justo! É ótimo que exista literatura de entretenimento. Ela cumpre um papel social importantíssimo. Tampouco comungo com a opinião de certos críticos que defendem que a fantasia, o horror, ficção científica ou os quadrinhos são gêneros necessariamente menores. Figuras como Kipling, C. S. Lewis, H. P. Lovecraft, Arthur C. Clarke, Isaac Asimov, Frank Miller ou Alan Moore, dentre muitos outros, comprovaram que narrativas originais e sofisticadas podem ser realizadas dentro desses formatos. O caso de “Guerra dos Tronos” é um problema de recepção. O fato é que parte considerável dos fãs está sacralizando o homem e a obra.

Recentemente, foi feita uma pesquisa entre os jovens perguntando-lhes quais seriam as personalidades que mais fariam falta se, porventura, morressem. Nada de estadistas, gênios científicos ou líderes espirituais nos primeiros lugares. O mais votado foi George R. R. Martin. A segunda colocada foi J. K. Rowling, autora de “Harry Potter”. Alguns podem achar que foi algum tipo de piada coletiva, como quando a religião Jedi, da saga “Star Wars”, apareceu numa enquete como a quarta crença mais praticada na Inglaterra, atrás do Cristianismo, Islã e Hinduísmo, ganhando do budismo e dos diversos tipos de espiritualismo. Discordo. Achei esse resultado sintomático e complementar.

Primeiro porque o sucesso de “Guerra dos Tronos” se deve em grande parte à lacuna de mercado deixada pelo fim da saga do bruxo Harry Potter. Prova disso é que Martin está escrevendo suas crônicas desde o início da década de 1990, mas apenas recentemente ela foi descoberta pelo grande público, destacadamente os adolescentes e jovens adultos. Justamente os viúvos da série de Rowling que, é preciso lembrar, cresceram junto com os personagens e tiveram sua formação literária fortemente influenciada por livros de fantasia. Nada de “Meu Pé de Laranja Lima” ou da Coleção Vaga-Lume, que alimentou a infância da Geração X. A Geração Z cresceu lendo sobre dragões, castelos e magia. E não quer parar.

Qual o problema disso? Não há nenhum, um pouco de imaginação não faz mal para ninguém, desde que se apure o gosto estético. Nem é preciso abandonar os velhos interesses, basta colocá-los em perspectiva. Posso estar enganado, mas o que tenho observado é que isso não está acontecendo. Principalmente porque o leitor médio de “Guerra dos Tronos”, tendo passado pelos ritos de formação de “Harry Potter”, acredita que agora sim está diante do auge da literatura ocidental. E se sentem muito inteligentes por isso. Não podem correr o risco de perder o mestre Martin, pelo menos até ele chegar ao final de seu evangelho literário. Que só pode ser uma obra-prima. Afinal, em “Harry Potter” havia amor, mas não havia sexo. Em “Harry Potter” havia briguinhas nos dormitórios e na sala dos professores, não intrigas palacianas. Em “Harry Potter” havia bullying, alguma violência e morte, mas não havia sadismo. Em “Harry Potter” o bem e o mal eram bem definidos, em “Guerra dos Tronos” os personagens orbitam em zonas cinzentas. Tudo, aparentemente, muito adulto, profundo e complexo. Comparando-se com a boa história infanto-juvenil de Rowling, realmente é. O que é suficiente para que muitos leitores de “Guerra dos Tronos” assumam ares catedráticos e ridicularizem as fanzocas de “Crepúsculo” e “Cinquenta Tons de Cinza”. O que não alcançam é que a mesma distância de qualidade que eles corretamente percebem entre os escritos de Martin e os rascunhos toscos de Stephenie Meyer e E. L. James é igualmente percebida por qualquer leitor mais experimentado entre o endeusado Martin e escritores de primeira linha como Saramago, García Márquez ou os brazucas Guimarães Rosa e Graciliano Ramos.

Esses fãs de “Guerra dos Tronos” podem não acreditar, mas esse mesmo sentimento de que “estou lendo um livro superinteligente” ocorreu muitas outras vezes. Como atuo no ensino superior desde 2002, testemunhei uma sucessão de “melhores livros de todos os tempos da última semana”. Lembro-me particularmente de um aluno do curso de Arquitetura e Urbanismo que ficou fascinado pelo hoje semiesquecido “O Código Da Vinci”, de Dan Brown. Acreditem ou não, “O Código Da Vinci” foi o “Guerra dos Tronos” da Geração Y, em função de sua trama policial ligeira e malabarismos históricos envolvendo conspirações nos altos escalões da Igreja, Templários, arte renascentista e Opus Dei. Certa vez esse aluno comentou comigo que só torcia para não morrer em nenhum acidente antes de conseguir assistir a adaptação cinematográfica do romance, depois disso tudo bem. Coitado, deve ter se decepcionado! Pelo menos, até onde sei, ele ainda está vivo e se casou com uma colega de faculdade. Que sejam felizes para sempre.

Importante destacar que esse aluno não tinha nada de tolo. Pelo contrário, era um dos mais sagazes e inteligentes da turma. Era cínico, irônico e com muita personalidade. Nada disso o blindou de levar a sério o picareta Dan Brown (aliás, Martin é muito melhor que Brown). Sei que depois das obras completas de Brown ele se dedicou, com igual entusiasmo, a leitura da trilogia “A Bússola Dourada”, de Philip Pullman. Passou de fantasia histórica policial para ficção científica de fantasia. Novamente a pergunta: qual o problema? A resposta continua a mesma.

Justamente essa é a questão: os jovens inteligentes que antes liam, digamos, Lobato, Júlio Verne ou Jack London e depois passavam para Kafka e Aldous Huxley, tendendo potencialmente a chegar em Proust, Thomas Mann e Borges e daí se aventurarem em autores contemporâneos como Philip Roth e Alan Pauls, diminuíram drasticamente. Os jovens leitores de poesia estão quase extintos. A garotada mais escreve do que lê poesia, o que é uma ironia curiosa. Esse desinteresse se repete quanto à literatura brasileira, exceção, claro, dos livros de fantasia nacionais, que experimentaram um boom nos últimos anos (o que é bom em termos editoriais). E a roda viva segue.

Fascinados pela violência brutal, sexo e intrigas políticas de “Guerra dos Tronos”, muitos jovens inteligentes não estão dando os passos seguintes. Estagnam-se na fase “fantasia adulta”, sem perceberem que Martin é um tipo de Júlio Verne dois ponto zero. Claro que sempre vão existir exceções. Se você é uma delas, fã de “Guerra dos Tronos” que está me odiando agora, saiba que estamos do mesmo lado, talvez demore, mas um dia você vai entender. Mas se você não é uma exceção, então vou buscar reforços.

O crítico literário norte-americano Harold Bloom, indagado se “livros como os da série Harry Potter não são uma boa porta de entrada, um meio de despertar nas crianças o interesse pela literatura?”, respondeu: “Acho que não (…). E um dos piores escritores da América, Stephen King (…) confirmou minhas suspeitas, numa resenha que escreveu para o jornal ‘The New York Times’. Segundo ele, as crianças que aos 12 anos estão lendo Potter, aos 16 estarão prontas para ler os seus livros. Preciso dizer mais? (…) Li apenas uma das obras dessa autora (Rowling). A linguagem é um horror! Ninguém, por exemplo, ‘caminha’ no livro. Os personagens vão ‘esticar as pernas’, o que é obviamente um clichê. E o livro inteiro é assim, escrito com frases desgastadas (…). A defesa de livros ruins como esses, que vem de todos os lados — dos pais, das crianças, da mídia — é muito inquietante e nem um pouco saudável”. Troquemos King por Martin e a palavra “ruins” por “medianos” e temos exatamente meu ponto.

Vou ilustrá-lo com um exemplo nerd. Num episódio da sexta temporada de “A Teoria do Big Bang”, Sheldon se vê obrigado a ir assistir Penny atuar numa montagem de “Um Bonde Chamado Desejo”, de Tennessee Williams, um dos maiores clássicos da dramaturgia norte-americana. O físico texano conhece a topografia e as línguas da Terra Média, a composição química da Kriptonita e os nomes de todos os morcegos que habitam a Batcaverna, mas não demonstrou nenhuma paciência com o texto ao mesmo tempo realista e poético da peça. Só queria ver o bonde que aparece no título. Portanto, não se trata de uma questão de inteligência, mas de maturidade. É inegável que Sheldon é brilhante; é louco, mas é brilhante. E extremamente imaturo. Tente convencê-lo de que “Um Bonde Chamado Desejo” é esteticamente superior às aventuras de Flash, Aquaman e “Guerra dos Tronos”, programa tão amado por ele que dividiu com seu amigo Leonard a compra da réplica de uma espada da série em tamanho real.

Nelson Rodrigues aconselhou aos jovens que envelhecessem. Não é para tanto. Aproveitem a juventude e a estendam o máximo possível, mas não se esqueçam de que a resposta para a vida, o universo e tudo mais é mesmo 42, mas a pergunta não está necessariamente nas páginas de “Guerra dos Tronos”.


Fonte: http://www.revistabula.com/4031-o-m...gente-lendo-harry-potter-e-guerra-dos-tronos/
 
Há o significado da palavra dignidade.

De que é a falta de dignidade/maturidade do leitor que lhe tem solapado a legitimidade para poder ler qualquer livro.

Porque ocorre que os livros podem até ajudar na formação de uma pessoa, mas se o cara já entra no meio literário trazendo lacunas que vem desde cedo, no berço, tem-se que corrigir antes o ambiente de deficiência que existe na formação da personalidade na vida da pessoa. Senão qualquer indicação de livro a uma pessoa assim será como dar soco em ponta de faca.

Por sinal o Martin é um autor focado na diversão e pesquisa básica que não é tão importante para entender a história. E ele é para os jovens de hoje o que Cavaleiros do Zodíaco foi na minha época com muitos curiosos atraídos, querendo assistir mais porque tinha sangue, dramas, intrigas e lutas com ação chocante, tudo envolvido numa história animada com personagens jovens cheios de ações energéticas e inconseqüentes pra se identificarem. Ou seja, Martin não busca se aproximar profundamente em elementos universais (e que por causa disso o autor clássico tenderia a durar).

Enquanto isso os "livros de entretenimento fácil" exigem mais de instinto. A diversão dentro desse tipo de literatura serve mais a catarse e sublimação da idade, provocar fome e alimentar o coração com emoções fortes porque a proposta é dar algo ao coração (que também precisa ser alimentado) que em GoT é alimento brutal com foco menor no objetivo de educar. A encrenca é que para aquele que cai de paraquedas vindo de livro fácil é como o cidadão que vai para o psicólogo pensando que o profissional vai só discursar e jogar papo fora quando na verdade ele está lá justamente para fazer o paciente trabalhar.

Resta as pessoas amadurecerem seu lado leitor e isso não está acontecendo na escola. Porque as crises artificiais que deviam ser proporcionadas ao cérebro do aluno por meio da iniciação dentro da escola para que o estudante não fique bitolado não acontecem.

É frustrante e não recomendável porque é um aluno que só aceita ler material intuitivo, que lhe movimente diretamente os instintos exercitando uma pequena parte da mente quando ele devia ter uma formação completa. Huberto Rohden falava em educação para um homem integral, completo porque quem só segue o instinto precisa saber que o ritmo da natureza também pode levar a morte e que é portanto necessário aprender a não depender só de instinto.
 
Huberto Rohden falava em educação para um homem integral, completo porque quem só segue o instinto precisa saber que o ritmo da natureza também pode levar a morte e que é portanto necessário aprender a não depender só de instinto.

Eba, mais um que leu Huberto Rohden aqui! :D
 
Ó...

Não vou dizer que seja horrível começar a ler por Harry Potter. Eu achei a série bem chatinha e sofrível, mas tem coisa pior. É bom ler porque o tempo passa voando, 100 páginas são nada porque a linguagem é fácil e etc.

O ruim é como falaram, o sujeito chegar aos 30/40 anos achando que tal obra é o supra sumo e não tem nada melhor. Pior, ameaçando os outros quando sua obra é contestada.

De Guerra dos Tronos não posso falar pq não li.
 
Martin é um tipo de Júlio Verne dois ponto zero.

Nem a pau :eek:

Eu concordo com o texto. Antes eu achava que Potter e afins válidos como porta de entrada, mas hoje em dia percebo que estão mais pra porta de saída. Não sei se por falta de incentivo ou por uma imaturidade generalizada (característica da nossa época, adolescer pra sempre? - vide a imensa popularidade dos heróis americanos, sempre cheios de poderes e que nunca correm o risco de morrer de verdade, passando no máximo por soluços temporários na existência) nunca há o passo seguinte.

Eu não diria pra não ler esses livros, muito pelo contrário, mas para tê-los colocados conscientemente em seus devidos lugares e não deixar de lado as demais facetas literárias. Os livros "adultos" ou "difíceis". Afinal, o que é fácil não ajuda a perde barriga (ou ganhar sinapses)
 
Assim, não é novidade nenhuma isso aí que o cara escreveu (aliás, quando foi publicado esse texto?) porque já discutimos isso, várias vezes e há muito tempo, aqui no Valinor e principalmente no Meia Palavra (Saudade eterna! :amor: ).

Lembro até de um tópico no Meia que, se não me engano, era exatamente discutindo essa declaração do Harold Bloom (quase que escrevo "Orlando Bloom" :rofl: ) sobre o Harry Potter e a Rowling e da possibilidade de os jovens de hoje em dia estarem confundindo alhos com bugalhos (a chamada "literatura de entretenimento" com "alta literatura" como o rapaz do texto escreveu).

Mas mesmo assim (mesmo não sendo nada de novo pra mim) acho bacana que ele (o autor do texto) tenha dado a cara à tapa e falado essas coisas porque sabemos como fã chiita é chato pra caraleo, mas que também não ficam muito atrás daqueles que (não sendo críticos literários nem nada parecido) aproveitam qualquer ocasião pra descer a lenha naquilo que não gostam e chegam até a insinuar que foram ameaçados porque "falam o que pensam".
:doido:
 
O que eu postei no Facebook:

Pra alguém que gosta pra caramba de ler, confesso que achei o título é potencialmente problemático para os fãs dessas séries. No entanto, terminada a leitura, concedo que o autor tem razão: a ideia de que a leitura de entretenimento, tida como fluida e direta, é porta de entrada para uma literatura mais exigente, é furada. Isso não quer dizer que não se desenvolvam interesses nesses públicos leitores, pelo contrário: o fato de lerem é uma conquista por si só. O problema está em ficarem viciados dentro desse tipo de leitura, e falo isso como alguém que lia Frederick Forsyth e Robert Ludlum adoidado, mas que sabe que é preciso ir além. Uma leitura que fique nas raias do contentamento não faz desenvolver o leitor - um paralelo possível é o sacerdote que só pega na Bíblia pra justificar suas posições pré-concebidas. É preciso ousar, fugir da zona de conforto, não ficar restrito a um nicho. Arte é feita pra espelhar e confrontar o ser humano. Quanto mais nos dispomos a essa exposição, em abrirmo-nos tanto pro velho quanto pro novo, acredito eu, talvez ingenuamente, que isso ajude a nos conectarmos.
** Posts duplicados combinados **
Enquanto isso os "livros de entretenimento fácil" exigem mais de instinto. A diversão dentro desse tipo de literatura serve mais a catarse e sublimação da idade, provocar fome e alimentar o coração com emoções fortes porque a proposta é dar algo ao coração (que também precisa ser alimentado) que em GoT é alimento brutal com foco menor no objetivo de educar.

Mas aí podemos dizer que é possível tanto educar quanto manter o efeito emocional, certo? Porque há ótimos exemplares que instigam Razão e Emoção ao mesmo tempo.
 
Não sei se por falta de incentivo ou por uma imaturidade generalizada (característica da nossa época, adolescer pra sempre?
Talvez por isso o sucesso de séries como Jogos Vorazes, Divergente e outras coisas do tipo. Protagonistas adolescentes e fodões.
 
Esse texto é basicamente o autor se sentido inteligente por ler determinados autores que considera autores de 'alta literatura' frente aos leitores de autores mais contemporâneos que ele não gosta. Ou, usando termos mais próximos aos usados por ele, que no fim das contas acaba dando no mesmo: poderia dizer que o texto mostra basicamente o autor sentindo-se sofisticado, maduro, mais 'ousado intelectualmente', etc. E foi o jeito mais pomposo, longo e bocó de mostrar esse sentimento.

George Martin é só "competente" e "parece possuir certas pretensões artísticas"...? O cara marcou história em fantasia, e é óbvio que tem pretensões artísticas, e altas. O fato do autor do texto enxergar essas pretensões sobretudo na "narrativa a partir de diferentes pontos de vista" só mostra a visão empobrecida que ele tem de arte, como se essas pretensões se revelassem mais na forma do texto do que no conteúdo da história em si. Um texto com inúmeros pontos de vista pode ter grandes pretensões artísticas ou pode ter nenhuma, isso quer dizer muito pouco sobre a arte da obra em si. Se o literato produz, por exemplo, cenas belíssimas na mente no leitor, é um literato de primeira, a sofisticação da linguagem e da forma do texto é um plus que vai servir àquilo e não é necessariamente um valor em si. E toda a construção do universo de Westeros já é um feito artístico gigantesco. Concordando ou não com isso, que ele tenha "pretensões" é mais que evidente.

Em seguida o autor do texto separa autores clássicos, que forçam a "inteligência" do leitor, ou que (de novo) são sofisticados ou maduros ou desafiantes intelectualmente, de autores mais recentes que não o fariam e não o são. Como se houvesse uma divisão objetiva entre essas duas categorias. E não há. Os livros ditos de 'alta literatura' o são por questões mais históricas e sociais do que por elementos intrínsecos à obra. É impossível saber o que da nossa literatura atual será considerado um clássico - talvez daqui quinhentos anos George Martin seja clássico. Nesse sentido, é muito questionável se os autores que ele menciona como respeitáveis (Frank Miller, Arthur Clark, Alan More, C.S. Lewis, etc) sejam tão superiores mesmo a Stephen King, Rowling e George Martin, que ele tenta denegrir. Mas isso ele não leva em conta, considerando óbvia essa superioridade. No fim é uma mera defesa de autores que ele gosta frente a autores que considera simplórios, travestida de análise literária mais objetiva.

E em segundo lugar, o hábito da leitura, seja da mais sofisticada, não indica nem desenvolve inteligência em nada, se muito um domínio maior da linguagem dependendo do tipo de literatura. Tampouco serve de indício para qualquer maturidade, ousadia intelectual, etc. Como também o hábito de ouvir ou tocar música clássica também não indica nem desenvolve essas qualidades. Esse não é o objetivo e nem a consequência de qualquer tipo de arte. O sujeito se sentir inteligente por ler clássicos literários para mim soa tão estúpido quanto alguém se sentir inteligente por gostar de Beethoven ou outros clássicos da música ou por gostar de pintores clássicos.

Nesse sentido, se o sujeito quer ser inteligente, ou quer desafiar-se intelectualmente, ou "expandir seu universo de pensamento", ou coisa que valha, precisa também ler textos voltados especialmente para o inteligir, isso é, apreender a realidade através de conceitos, capacidade diferente do intuir, do sentir, etc. Quem faz melhor isso são textos científicos, filosóficos, matemáticos - justamente textos praticamente ignorados por muitos desses que consideram o supra sumo da sofisticação ler clássicos e querem pagar de sabichões para fãs de sagas populares... Afinal, o autor do texto (trocando em miúdos chulos) caga regra, apontando maturidade na preferência de certos tipos de livros, e imaturidade na preferência de outros... mas e o limite de maturidade em conhecimentos científicos, por exemplo? Muitíssimo desses aí que torcem o nariz para Rowling como literatura de segunda mão não dominam ciência nem matemática das mais básicas. Por que todo esse apelo à sofisticação em relação à literatura artística, e tão desleixo em relação à literatura científica, por exemplo? Simples, porque esses limites são arbitrários, no fundo residem na vontade de quem os estabelece, dependendo de seus gostos e disposição.

PS: O autor tá tão preocupando em expandir seu universo que tá pecando na análise do universo que já está dado sem necessidade de expansão... Essa análise aí que ele fez sobre fandoms foi bem capenga - apontando que G. Martin preencheu um vácuo dos fãs de H.P., porque (1) esses fãs cresceram com fantasia e (2) os livros de G. Martin são dos 90s mas só fizeram sucesso recentemente. Duas razões bem circunstanciais e pouco significativas.... Muito mais importante é o mero lançamento da série de TV e das traduções dos livros que seguiram desse lançamento. Meramente isso poderia explicar o sucesso mais tardio de Martin. Sucesso aliás que teve um gap temporal considerável em relação ao fim de H.P. Comparar o fenômeno do boom de "Código da Vinci" com o boom de Game of Thrones também foi de doer né.
 
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Direito Empresarial está represando meus neurônios literários, então só comentando 2 pontos:

-- GoT realmente não tem como ser Hamlet... Hamlet foi uma cisão com um modelo, digamos assim, violento e sensacionalista de peças teatrais em voga na época (p.ex. a Spanish Tragedy). O Shxpr basicamente pegou um modelo de peça calcado na vingança e no sangue e criou uma peça reflexiva por excelência: a cena do Hamlet hesitando em matar o Cláudio e se dissuadindo do assassinato, pelo menos momentaneamente, graças a argumentos racionais eh paradigmática. Logo, a comparação não faz muito sentido. Vc não pode pedir de uma obra o que ela não pode oferecer... o problema eh que se espelha numa concepção de obras classicas e canônicas que tende a ser homogeneizadora, e, ao invés de se partir da aporia de que a realidade literária eh heterogênea, vc chega nesses juízos valorativos querendo ou não frágeis. Esse eh o grande problema que pode atingir tanto o leitor de bestsellers ou o leitor de "clássicos": a falta de versatilidade que pode ser traduzida em deficiência de instrumentos de leitura efetivos. Vc tem penduricalhos e não um aparato de mergulho: daí o cara redundar na esparrela de dizer que gosta de um livro prusquê sim ou prusquê eh um crássico.

-- sobre o que o colega de cima disse, na verdade a literatura fornece conhecimento além de domínio linguístico sim. A neurociência prova. Sei que eh meio fdp pedir isso, mas estou no tablet e, 6 meses depois, ainda não sei usar direito. Mas procure por Keith Oatley e Raymond Mar. A literatura aumenta nossa capacidade empática. (Não quer dizer que ela seja a única, claro.) Textos literários são como simuladores, permitindo que pensemos como o outro, que sintamos como o outro e que lidemos com a realidade com muitos fatores envolvidos de uma vez só (o que na prática tendemos a não conseguir bem). Além disso (e aqui eu já passo pra outros estudos), ler não envolve só uma área do cérebro ligada às habilidades linguísticas ou whatever. Se eu leio "cinamomo", partes olfativas do meu cérebro são ativadas, por exemplo.
 
O que eu postei no Facebook:


** Posts duplicados combinados **
Mas aí podemos dizer que é possível tanto educar quanto manter o efeito emocional, certo? Porque há ótimos exemplares que instigam Razão e Emoção ao mesmo tempo.

Afirmativo. Nós podemos falar porque apesar do foco educacional ser menor do que a "diversão pura" ele ainda existe (todo livro serve pra alguma coisa). Porém em GoT existem regras que destroem regras e Martin selecionou a busca do entretenimento por meio do caos violento propiciado pelos personagens quando fazem mau uso da inteligência física que por meio da técnica esmaga a presença de outros tipos de inteligência, emocional, espiritual, etc... Num mundo em que o espaço de ação de outras inteligências é escasso a diplomacia em Westeros é um trabalho de suicida.

Então o autor (ele mesmo admite) guia o leitor manipulado para ser um habitante naquele mundo, dependendo apenas dos pré-requisitos instintivos locais que todo o "povo da rua" tem para fazê-lo obter o prazer da diversão e sofrimento segundo o estilo do texto na hora da resolução da tensão.

Um caso interessante são de pessoas quando sabotam as dietas alimentares equilibradas, uma vez que estamos mexendo com "prazer" e "sofrimento". E que as pessoas, os leitores já vem equipados com emoções e instintos, porém a adaptabilidade para alternar entre razão e emoção será um adestramento que virá mais tarde. Cada defeito humano se esconderá em inúmeros cantos da personalidade e dos gestos. E só por meio da persistência ele poderá aprender a apreciar uma beleza nova e a necessidade da complexidade tanto quanto a beleza e a necessidade da simplicidade. Maturidade para ser digno de um desafio, portanto.

E falando em apoiar gostos controversos de "fãs malucos" já deu uma espiada nesse site?

FUCK YEAH, CONTROVERSIAL CHARACTERS! LOVING THE CHARACTERS THAT FANDOMS HATE
http://fyeahcontroversialcharacters.tumblr.com/

A proposta vem para apoiar personagens controversos que as pessoas odeiam (talvez um cara treinando pra ser advogado).


XD
 
-- sobre o que o colega de cima disse, na verdade a literatura fornece conhecimento além de domínio linguístico sim. A neurociência prova. Sei que eh meio fdp pedir isso, mas estou no tablet e, 6 meses depois, ainda não sei usar direito. Mas procure por Keith Oatley e Raymond Mar. A literatura aumenta nossa capacidade empática. (Não quer dizer que ela seja a única, claro.) Textos literários são como simuladores, permitindo que pensemos como o outro, que sintamos como o outro e que lidemos com a realidade com muitos fatores envolvidos de uma vez só (o que na prática tendemos a não conseguir bem). Além disso (e aqui eu já passo pra outros estudos), ler não envolve só uma área do cérebro ligada às habilidades linguísticas ou whatever. Se eu leio "cinamomo", partes olfativas do meu cérebro são ativadas, por exemplo.

Nesse sentido que literatura estimula sentidos olfativos (!!) posso concordar que a literatura fornece conhecimento intelectual além de domínio linguístico. Mas o sentido que me referi foi mais restrito que isso, mais pragmático, mais ligado ao objetivo da literatura em si e a ganhos diretos. Ninguém vai ler algo esperando estimular partes olfativas do cérebro, por exemplo.
 
Os livros ditos de 'alta literatura' o são por questões mais históricas e sociais do que por elementos intrínsecos à obra.

É verdade até certo ponto. Sempre os livros clássicos eram livros lidos pela alta burguesia e pela nobreza. Livros que surgissem e só fizessem sucesso entre as classes mais baixas (entre os que sabiam ler) dificilmente faria algum sucesso e legaria aos séculos posteriores alguma fama. Mas não podemos falar que isso seja uma regra. Vários músicos (espero conseguir lembrar de um exemplo) fizeram muito sucesso na sua época e só foram relembrados recentemente graças a alguém que descobriu suas obras. Não tenho certeza, mas acho que isso aconteceu com Vivaldi.

Então nem sempre alguém com alta estima de seus contemporâneos será tido como um clássico ou de alta qualidade.
 
Eu vou falar como participante da geração supracitada.
Eu comecei a ler com Monteiro Lobato,li a o obra infantil inteira dele quando tinha uns 8,9 anos e foi aí que me apaixonei de vez pelos livros,pela literatura. Eu li Cecília Meirelles e me apaixonei por poesia,tanto que li o livro 'Ou Isto ou Aquilo' pra crianças e depois fui lendo os mais adultos mas também li Harry Potter,Draccon,Crônicas de Gelo e Fogo e nunca me senti acima dos outros por isso.É questão de entretenimento como disse em outro tópico...meus parâmetros de bons escritores são Monteiro,Veríssimo, Shakespeare, C.S Lewis,Tolkien e etc maaas me divirto com os outros e continuo lendo eles e me divertindo. Isso agora significa que eu não cresci?
 
Esse texto é basicamente o autor se sentido inteligente por ler determinados autores que considera autores de 'alta literatura' frente aos leitores de autores mais contemporâneos que ele não gosta. Ou, usando termos mais próximos aos usados por ele, que no fim das contas acaba dando no mesmo: poderia dizer que o texto mostra basicamente o autor sentindo-se sofisticado, maduro, mais 'ousado intelectualmente', etc. E foi o jeito mais pomposo, longo e bocó de mostrar esse sentimento.

George Martin é só "competente" e "parece possuir certas pretensões artísticas"...? O cara marcou história em fantasia, e é óbvio que tem pretensões artísticas, e altas. O fato do autor do texto enxergar essas pretensões sobretudo na "narrativa a partir de diferentes pontos de vista" só mostra a visão empobrecida que ele tem de arte, como se essas pretensões se revelassem mais na forma do texto do que na história em si. Se o literato produz, por exemplo, cenas belíssimas na mente no leitor, é um literato de primeira, a sofisticação da linguagem e da forma do texto é um plus que vai servir àquilo e não é necessariamente um valor em si. E toda a construção do universo de Westeros já é um feito artístico gigantesco. Concordando ou não com isso, que ele tenha "pretensões" é mais que evidente.

Em seguida o autor do texto separa autores clássicos, que forçam a "inteligência" do leitor, ou que (de novo) são sofisticados ou maduros ou desafiantes intelectualmente, de autores mais recentes que não o fariam e não o são. Como se houvesse uma divisão objetiva entre essas duas categorias. E não há. Os livros ditos de 'alta literatura' o são por questões mais históricas e sociais do que por elementos intrínsecos à obra. É impossível saber o que da nossa literatura atual será considerado um clássico - talvez daqui quinhentos anos George Martin seja clássico. Nesse sentido, é muito questionável se os autores que ele menciona como respeitáveis (Frank Miller, Arthur Clark, Alan More, C.S. Lewis, etc) sejam tão superiores mesmo a Stephen King, Rowling e George Martin, que ele tenta denegrir. Mas isso ele não leva em conta, considerando óbvia essa superioridade. No fim é uma mera defesa de autores que ele gosta frente a autores que considera simplórios, travestida de análise literária mais objetiva.

E em segundo lugar, o hábito da leitura, seja da mais sofisticada, não indica nem desenvolve inteligência em nada, se muito um domínio maior da linguagem dependendo do tipo de literatura. Tampouco serve de indício para qualquer maturidade, ousadia intelectual, etc. Como também o hábito da música (ouvir, tocar, etc) também não indica nem desenvolve essas qualidades. Esse não é o objetivo e nem a consequência de qualquer tipo de arte. O sujeito se sentir inteligente por ler clássicos literários para mim soa tão estúpido quanto alguém se sentir inteligente por gostar de Beethoven ou outros clássicos da música ou por gostar de pintores clássicos.

Nesse sentido, se o sujeito quer ser inteligente, ou quer desafiar-se intelectualmente, ou "expandir seu universo de pensamento", ou coisa que valha, precisa também ler textos voltados especialmente para o inteligir, isso é, apreender a realidade através de conceitos, capacidade diferente do intuir, do sentir, etc. Quem faz melhor isso são textos científicos, filosóficos, matemáticos - justamente textos praticamente ignorados por muitos desses que consideram o supra sumo da sofisticação ler clássicos e querem pagar de sabichões para fãs de sagas populares... Afinal, o autor do texto (trocando em miúdos chulos) caga regra, apontando maturidade na preferência de certos tipos de livros, e imaturidade na preferência de outros... mas e o limite de maturidade em conhecimentos científicos, por exemplo? Muitíssimo desses aí que torcem o nariz para Rowling como literatura de segunda mão não dominam ciência nem matemática das mais básicas. Por que todo esse apelo à sofisticação em relação à literatura artística, e tão desleixo em relação à literatura científica, por exemplo? Simples, porque esses limites são arbitrários, no fundo residem na vontade de quem os estabelece, dependendo de seus gostos e disposição.

PS: O autor tá tão preocupando em expandir seu universo que tá pecando na análise do universo que já está dado sem necessidade de expansão... Essa análise aí que ele fez sobre fandoms foi bem capenga - apontando que G. Martin preencheu um vácuo dos fãs de H.P., porque (1) esses fãs cresceram com fantasia e (2) os livros de G. Martin são dos 90s mas só fizeram sucesso recentemente. Duas razões bem circunstanciais e pouco significativas.... Muito mais importante é o mero lançamento da série de TV e das traduções dos livros que seguiram desse lançamento. Meramente isso poderia explicar o sucesso mais tardio de Martin. Sucesso aliás que teve um gap temporal considerável em relação ao fim de H.P. Comparar o fenômeno do boom de "Código da Vinci" com o boom de Game of Thrones também foi de doer né.
Entenda o ótimo por aplausos.
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Sinceramente, o que li no artigo do sujeito foi puro e simples "mimimi". É de uma presunção arrogante sem tamanho. Querer criticar uma obra faz todo o sentido, porém a falha surge quando o sujeito tenta generalizar sobre aqueles que a leem e apreciam.
 
ADEMIR LUIZ não te conheço, mas também não te odeio.
Depois de ler o tópico todo. Sobrou pouca coisa pra falar. O que posso dizer é que senti uma tonelada de preconceito no seu texto. Quanto a mim defendo que as pessoas leiam, seja Paulo Coelho, 50 tons de qualquer coisa ou Kafka, etc. O importante é que comecem a ler. Alta literatura, baixa literatura, ou literatura anã são rótulos.
Os livros são como alimentos pra alma, precisam ser digeridos, mas o ser humano não vive só de livros, ele também se alimenta de música, filmes, quadrinho, tv, internet etc. Todas essas opções fazem parte do menu, mas não só isso. Existe ainda a interação com outros seres, humanos ou não. E mesmo com o mundo. As pessoas absorvem as coisas de maneiras diferentes e reagem de maneiras diferentes. Eu defendo que o gosto pela leitura evolui de maneira semelhante ao gosto pela culinária. Quando jovem adorava doces, frituras, e fast food. Com o tempo e a experimentação o paladar se amplia. Chega uma hora que você percebe que a vida é curta e não dá pra perder tempo com comida ou livros ruins. O que não quer dizer que de vez em quando eu não pare a noite na cidade pra comer um cachorro-quente na barraquinha da esquina. O mesmo digo em relação a livros, filmes e música. Tem muita gente que paga caro pra comer uma comida esnobe e mesmo assim continua uma besta quadrada emocional, ou política ou social. Ler os "crassicos" não diz muito sobre a pessoa. A pessoa pode ler Hamlet e continuar sendo uma besta quadrada. Ou pode ler Harry Potter e ter uma visão apurada da vida. São muitos ingredientes nessa receita chamado ser humano.
Fã xiitas e pessoas esnobes sempre irão existir, mas não é porque você gosta mais de alface que o hambúrguer do Stephen King vai ter menos valor.
:squid::squid::squid:
 
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