Bartleby
Next time is next time. Now is now.
Com um pouco mais de uma semana até a divulgação (que acontecerá dia 7/10) do/a premiado/a desse ano, resolvi abrir esse tópico com alguns nomes interessantes
Como sempre, a gente tem esses sites de apostas com uns autores cheios de chances verdadeiras (László Krasznahorkai, Anne Carson, Mircea Cartarescu etc) e outros que, bem, nem sonhando (J.K. Rowling, Stephen King, Richard Osman etc — sempre bom lembrar que esses sites aceitam apostas do público, então qualquerdoido pessoa cheia da grana disposta a colocar uns dindin em quem quiser, pode).
Esse blog é bem bacana também por trazer a atenção a muitos nomes desconhecidos que podem ou não ter chance.
Nesse ano e nos dois seguintes, a Academia Sueca pediu o auxílio de experts externos nas seguintes áreas: os países africanos, escritores em língua espanhola, árabe e persa, países do leste asiático, países de expressão eslava, e indiana.
Então talvez nesse, ou nos próximos anos, teremos alguém bem desconhecido, provavelmente não publicado no Brasil (embora isso não seja nada novo, infelizmente) - ou talvez dê alguma figurinha carimbada europeia de novo* =P
Tendo dito tudo isso, aqui vão uns autores que eu acho bem capaz de ganhar esse ano:
na linha de frente —
Annie Ernaux: escritora francesa de auto-ficção, trazendo um olhar mais sociológico e múltiplo do que solipsista (ela tem dois livros publicados aqui, O Lugar, memória sobre o pai dela, e Os Anos, sua obra mais famosa).
Jon Fosse: escritor norueguês de peças e romances; suas peças são bem minimalistas, tendo em geral poucos personagens, que mais servem para articular de forma melancólica preocupações humanas como solidão, abandono, desconexão, ansiedade etc. Seus romances são bem repetitivos, com uma prosa lenta que busca hipnotizar o leitor. Ele tem sido chamado de o Beckett norueguês. Seu romance Melancolia, um dos mais famosos, saiu aqui no Brasil.
Mia Couto: precisa de introdução? rs Escritor moçambicano, cujo primeiro romance Terra Sonâmbula, criando uma atmosfera desoladora mas cheia de elementos espirituais, mágicos e poéticos, traça um panorama dos males que as guerras causaram ao seu país, tema recorrente em sua obra, assim como racismo, os maus tratos à mulher, entre outros. É famoso também por gerar neologismos, combinando palavras diferentes e obtendo significados múltiplos, em alguns casos juntando palavras de dialetos africanos ao português (prática de que tem se afastado nos últimos anos, por temer ser rotulado como "o escritor de palavras inventadas"). Recentemente publicou sua obra de maior fôlego, a trilogia As Areias do Imperador (Mulheres de Cinza - Sombras da Água - O Bebedor de Horizontes) sobre a Moçambique dos fins do séc XIX.
Michel Houellebecq: escritor francês, mais polêmico que mamilos, que, em prosa destituída de floreios, e através de personagens hediondos, pretende narrar as hipocrisias e ruína moral da sociedade contemporânea. Recebeu grande destaque depois da publicação de seu romance As Partículas Elementares, ganhando vários prêmios por ele, e também por O Mapa e o Território, conquistando o Goncourt. É famoso por prever espisódios bombásticos da atualidade, como quando Submissão, sobre um futuro em que a França passa a ser governada por um partido muçulmano, foi publicado dias antes do ataque terrorista à revista Charlie Hebdo por sua charge irreverente sobre a crença muçulmana.
Can Xue: certamente a mais obscura da lista, a escritora chinesa, cujo pseudônimo significa algo como "neve suja que permanece após o fim do inverno", costuma ser comparada a Kafka, Borges, Italo Calvino, entre outros, pelo modo como mistura uma poética do desconserto e absurdo da condição humana, aliada a um interesse pela metaficção enquanto observa o comportamento humano manifestado como performance. Seus contos podem ser uma porta de entrada mais fácil (embora falar em "fácil" sobre Can Xue seja complicado) por serem, obviamente, mais curtos; mas não se engane, para lê-la, há que se estar atento para captar sentidos muito além do literal. Infelizmente ainda não é publicada no Brasil. Ela tem várias traduções para o inglês, no entanto.
também não me espantaria se algum desses ganhasse esse ano, mas já tô cansado de escrever, deem um google =P —
Ivan Vladislavic, Zoë Wicomb, Homero Aridjis, Hélène Cixous, Karl One Knausgard, Péter Nádas, Dubravka Ugresic, Ludmila Ulitskaia, Yu Hua, Dag Solstad, Adonis, Anne Carson, Mircea Cartarescu.
Por fim, um vídeo com Ellen Mattson, membro da Academia Sueca, explicando o processo de escolha dos escritores:
E vocês, quem vocês acham que leva o prêmio esse ano, e quem vocês queriam que levasse?
*brincadeiras à parte, eu, particularmente, não me importo de onde venha a pessoa, desde que seja um/a baita escritor/a, mas entendo a necessidade de diversidade...
Como sempre, a gente tem esses sites de apostas com uns autores cheios de chances verdadeiras (László Krasznahorkai, Anne Carson, Mircea Cartarescu etc) e outros que, bem, nem sonhando (J.K. Rowling, Stephen King, Richard Osman etc — sempre bom lembrar que esses sites aceitam apostas do público, então qualquer
Esse blog é bem bacana também por trazer a atenção a muitos nomes desconhecidos que podem ou não ter chance.
Nesse ano e nos dois seguintes, a Academia Sueca pediu o auxílio de experts externos nas seguintes áreas: os países africanos, escritores em língua espanhola, árabe e persa, países do leste asiático, países de expressão eslava, e indiana.
Então talvez nesse, ou nos próximos anos, teremos alguém bem desconhecido, provavelmente não publicado no Brasil (embora isso não seja nada novo, infelizmente) - ou talvez dê alguma figurinha carimbada europeia de novo* =P
Tendo dito tudo isso, aqui vão uns autores que eu acho bem capaz de ganhar esse ano:
na linha de frente —
Annie Ernaux: escritora francesa de auto-ficção, trazendo um olhar mais sociológico e múltiplo do que solipsista (ela tem dois livros publicados aqui, O Lugar, memória sobre o pai dela, e Os Anos, sua obra mais famosa).
Jon Fosse: escritor norueguês de peças e romances; suas peças são bem minimalistas, tendo em geral poucos personagens, que mais servem para articular de forma melancólica preocupações humanas como solidão, abandono, desconexão, ansiedade etc. Seus romances são bem repetitivos, com uma prosa lenta que busca hipnotizar o leitor. Ele tem sido chamado de o Beckett norueguês. Seu romance Melancolia, um dos mais famosos, saiu aqui no Brasil.
Mia Couto: precisa de introdução? rs Escritor moçambicano, cujo primeiro romance Terra Sonâmbula, criando uma atmosfera desoladora mas cheia de elementos espirituais, mágicos e poéticos, traça um panorama dos males que as guerras causaram ao seu país, tema recorrente em sua obra, assim como racismo, os maus tratos à mulher, entre outros. É famoso também por gerar neologismos, combinando palavras diferentes e obtendo significados múltiplos, em alguns casos juntando palavras de dialetos africanos ao português (prática de que tem se afastado nos últimos anos, por temer ser rotulado como "o escritor de palavras inventadas"). Recentemente publicou sua obra de maior fôlego, a trilogia As Areias do Imperador (Mulheres de Cinza - Sombras da Água - O Bebedor de Horizontes) sobre a Moçambique dos fins do séc XIX.
Michel Houellebecq: escritor francês, mais polêmico que mamilos, que, em prosa destituída de floreios, e através de personagens hediondos, pretende narrar as hipocrisias e ruína moral da sociedade contemporânea. Recebeu grande destaque depois da publicação de seu romance As Partículas Elementares, ganhando vários prêmios por ele, e também por O Mapa e o Território, conquistando o Goncourt. É famoso por prever espisódios bombásticos da atualidade, como quando Submissão, sobre um futuro em que a França passa a ser governada por um partido muçulmano, foi publicado dias antes do ataque terrorista à revista Charlie Hebdo por sua charge irreverente sobre a crença muçulmana.
Can Xue: certamente a mais obscura da lista, a escritora chinesa, cujo pseudônimo significa algo como "neve suja que permanece após o fim do inverno", costuma ser comparada a Kafka, Borges, Italo Calvino, entre outros, pelo modo como mistura uma poética do desconserto e absurdo da condição humana, aliada a um interesse pela metaficção enquanto observa o comportamento humano manifestado como performance. Seus contos podem ser uma porta de entrada mais fácil (embora falar em "fácil" sobre Can Xue seja complicado) por serem, obviamente, mais curtos; mas não se engane, para lê-la, há que se estar atento para captar sentidos muito além do literal. Infelizmente ainda não é publicada no Brasil. Ela tem várias traduções para o inglês, no entanto.
também não me espantaria se algum desses ganhasse esse ano, mas já tô cansado de escrever, deem um google =P —
Ivan Vladislavic, Zoë Wicomb, Homero Aridjis, Hélène Cixous, Karl One Knausgard, Péter Nádas, Dubravka Ugresic, Ludmila Ulitskaia, Yu Hua, Dag Solstad, Adonis, Anne Carson, Mircea Cartarescu.
Por fim, um vídeo com Ellen Mattson, membro da Academia Sueca, explicando o processo de escolha dos escritores:
E vocês, quem vocês acham que leva o prêmio esse ano, e quem vocês queriam que levasse?
*brincadeiras à parte, eu, particularmente, não me importo de onde venha a pessoa, desde que seja um/a baita escritor/a, mas entendo a necessidade de diversidade...
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