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Prêmio Nobel de Literatura 2024

A Todavia comemora por já ser a casa dela no Brasil. Acho que tinham saído uns três livros por aqui. Decerto vão agilizar mais uns agora. E relançar tudo com selinho de Nobel na capa ou coisa que o valha. :hihihi:
 
Eu também. E achei pra lá de hypado. :uhum:
Muita gente também não curtiu... Mas os que leram Atos Humanos recomendam demais esse. Pensando se começo por aqui... ou se deixo por último pra causar uma impressão melhor 🤓

Dez da manhã já, e nem um post sobre o Nobel no Instagram da Todavia. O pessoal tá moscando. Ou ainda nem acordou? XD
pois é... só postaram um stories de uma notícia de outro site...

edit: ah, demorou mas foi! rs

 
Última edição:
Eu também. E achei pra lá de hypado. :uhum:

quando eu li (em 2016, wth, o tempo voando) eu gostei, mas foi aquele gostar três estrelas, aquela coisa que você vai lendo e até entende o apelo, mas não mexe muito com vc, etc. tanto que não fui atrás dos outros livros dela (e acho que mesmo com o nobel, vou continuar não indo :dente: )

parece que na época teve uma treta sobre a tradução gringa? ou seria a brasileira? agora não lembro mais. alguém lembra disso?
 
quando eu li (em 2016, wth, o tempo voando) eu gostei, mas foi aquele gostar três estrelas, aquela coisa que você vai lendo e até entende o apelo, mas não mexe muito com vc, etc. tanto que não fui atrás dos outros livros dela (e acho que mesmo com o nobel, vou continuar não indo :dente: )

parece que na época teve uma treta sobre a tradução gringa? ou seria a brasileira? agora não lembro mais. alguém lembra disso?
foi da gringa. fujo da Deborah Smith desde então 😶‍🌫️ :

"Smith amplifies Han’s spare, quiet style and embellishes it with adverbs, superlatives and other emphatic word choices that are nowhere in the original. This doesn’t just happen once or twice, but on virtually every other page. Taken together, it’s clear that Smith took significant liberties with the text.
I find it hard to come up with an adequate analogy, but imagine the plain, contemporary style of Raymond Carver being garnished with the elaborate diction of Charles Dickens. Smith’s embellishments create more suspense and interest for the English reader, but for those who can read the original, it can be quite jarring."

 
pior que eu li a tradução gringa. agora já estou pensando aqui em revisar minha opinião sobre a vegetariana e ir atrás de atos humanos :rofl:
Lembrando que A Vegetariana mesmo saiu por aqui, antes da ed. da Todavia, em uma da Devir, também direta do coreano. Alguns estudiosos inclusive acham esta tradução superior, e eu gostei mais também no geral; apenas alguns lances do estilo nos diálogos (não em todos) me deixam um pouco... sei lá... (por ex., em um o narrador pergunta à mulher: "O que está você fazendo?")... coisa mínima também... enfim, se alguém quiser comparar:

Devir:

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Todavia:

Nunca tinha me ocorrido que minha esposa era uma pessoa especial até ela adotar o estilo de vida vegetariano. Para ser bem franco, não me senti atraído por ela na primeira vez em que a vi. Estatura mediana. O cabelo não era nem comprido nem curto. Tinha a pele levemente amarelada, as maçãs do rosto um pouco pronunciadas. Vestia-se de forma neutra, como se tivesse algum tipo de receio de se destacar. Calçando um par de sapatos pretos bastante sem graça, ela se aproximou da mesa em que eu a esperava. Não andava nem rápido nem devagar, sem firmeza, mas também sem muita fragilidade.

Acabei me casando porque ela não tinha nenhum charme especial, e também por não ter notado defeitos muito gritantes. Uma personalidade dessas, sem frescor, brilhantismo ou refinamento, me deixava confortável. Não sentia necessidade de bancar o inteligente para conquistá-la e não precisava correr tentando não chegar atrasado aos nossos encontros. Tampouco sentia complexo de inferioridade ao me comparar com os típicos galãs dos catálogos de moda. Ganhei uma barriguinha já na segunda metade dos meus vinte anos. Meu corpo não desenvolvia massa magra nem mesmo com meus repetidos esforços de me exercitar. Até mesmo meu pênis pequeno, que costumava me deixar um tanto apreensivo, parou de me incomodar quando estava com ela.

Eu nunca gostei de nada muito exuberante. Ainda criança, andava com moleques dois ou três anos mais novos que eu e gostava de bancar o dono da rua. Quando cresci, consegui entrar numa faculdade que oferecia uma bolsa bem decente. Em seguida, me contentei em receber um salário modesto numa empresa pequena que valorizava o pouco que eu era capaz de fazer. Por isso, casar com uma mulher que parecia ser a mais comum do mundo era uma escolha natural. Mulheres bonitas, inteligentes, notavelmente sensuais ou filhas de famílias ricas só me causavam desconforto.

Conforme minha expectativa, ela desempenhou a função de esposa sem grandes dificuldades. Todos os dias acordava às seis da manhã e preparava arroz, sopa e um pedaço de peixe. Mesmo não sendo muita a renda dela, obtida do bico que fazia desde a época em que era solteira, ajudava nas despesas da casa. Ela trabalhava como professora auxiliar numa escola de computação gráfica na qual estudou por um ano e, em casa, digitava falas nos balões de histórias em quadrinhos para uma publicação.

Era uma mulher de poucas palavras. Raramente me pedia alguma coisa e, mesmo quando eu demorava a voltar para casa, pouco se incomodava. Nem pedia para passearmos juntos nos feriados, quando coincidia de estarmos de folga ao mesmo tempo. Eu ficava estirado no chão, com o controle remoto da tevê, e ela permanecia no quarto. Acho que ficava trabalhando ou lendo — seu único hobby eram os livros, mas esses livros pareciam tão entediantes que nem me dava vontade de lê-los. Só na hora das refeições é que ela abria a porta, saía e preparava a comida, sem dizer nada. Para falar a verdade, viver com uma esposa assim não era muito divertido. Mas quando eu pensava nos outros, amigos e colegas de trabalho, falando das esposas, que telefonavam a cada cinco minutos e viviam reclamando e provocando brigas homéricas, eu até me sentia agradecido.

Diferentemente das outras mulheres, a minha não gostava de usar sutiã. No curto e modorrento período em que namoramos, quando percebi a ausência do cós do sutiã ao passar as mãos em suas costas, fiquei levemente excitado. Para ter certeza de que com isso ela queria me mandar algum sinal, eu a observei por um tempo com olhares renovados. Mas percebi que ela não tinha a intenção de me mandar um sinal. Então, por que não usava sutiã? Preguiça? Displicência? Eu não conseguia compreender. Os seios dela não eram lá grande coisa. Nem combinava ficar sem sutiã. Se, em vez disso, ela ao menos usasse sutiãs com bojos generosos, eu teria me sentido melhor quando a apresentava para meus amigos.

Depois do casamento, ela não usava sutiã nem dentro de casa. No verão, quando tinha que sair, acabava vestindo um, com receio de deixar os mamilos evidentes, mas logo soltava os ganchos. Quando usava blusas apertadas ou de tecido mais fino, os ganchos soltos ficavam aparentes. Mas ela não se importava. Quando eu chamava sua atenção, colocava um colete por cima, mesmo quando fazia um calor danado. Ela se justificava dizendo que usar sutiã era sufocante e que sentia um forte aperto no peito. Como eu nunca usei um, não tinha como saber o quanto isso era verdade, mas, de acordo com o que eu observava, as outras mulheres não se sentiam incomodadas, por isso sua sensibilidade extrema me parecia estranha.

Fora isso, todo o resto fluía bem. Aquele era nosso quinto ano de casados. Já que desde o começo não morríamos de paixão um pelo outro, nem havia por que sentir algum desgaste. Tínhamos postergado a gravidez para depois de comprar esta casa, no outono do ano passado, e então comecei a achar que estava na hora de ouvir alguém me chamar de papai. Mas em fevereiro último, de madrugada, encontrei minha esposa na cozinha, de pijama. Até aí eu nunca tinha pensado que nossa vida pudesse sofrer a mínima transformação.
 
Última edição:
Lembrando que A Vegetariana mesmo saiu por aqui, antes da ed. da Todavia, em uma da Devir, também direta do coreano. Alguns estudiosos inclusive acham esta tradução superior, e eu gostei mais também no geral; apenas alguns lances do estilo nos diálogos (não em todos) me deixam um pouco... sei lá... (por ex., em um o narrador pergunta à mulher: "O que está você fazendo?")... coisa mínima também... enfim, se alguém quiser comparar:

Ver anexo 100140Ver anexo 100141Ver anexo 100142Ver anexo 100143
Qual é da Devir e qual é da Todavia, xará?
 
Pela logica do post, a primeira seria a da devir. Mas lendo o texto, ela parece cheia de floreios a mais, o que indicaria ser a da todavia :lol:
 
O carinha da new republic que costumava postar uns artigos prevendo o prêmio de forma bem engraçada não tem, desde o ano passado, feito mais essas publicações, mas aqui está uma análise pós-prêmio:


Edit: eu postei e fui ler... a primeira metade é bem tediosa .-.
melhor pegar pra ler quando ele começa a falar da autora e do prêmio, lá pela metade. De qualquer maneira, o texto é mais sobre a condição atual da indústria dos livros na era do tiktok do que o Nobel ou a autora que acabou de ganhar o prêmio.
 
Última edição:
Algumas recomendações do que ler de Han Kang de um dos membros da Academia Sueca:

A vegetariana
A Vegetariana
é o romance internacional de Han Kang que ganhou o prêmio International Booker em 2016. É a história de uma mulher coreana de meia-idade que, em uma noite, decide repentinamente não comer mais carne. A própria vegetariana não tem voz no romance, e sua história é contada em três narrativas diferentes por seu marido, seu cunhado e sua irmã mais velha (nessa ordem). Suas diferentes reações, que vão do repúdio ao fascínio sexual e à inveja venenosa, contrastam fortemente com a recusa muda da própria mulher em recuar ou admitir qualquer culpa pela vergonha que causou à sua família. Por meio dessas respostas, obtemos um retrato nítido de uma sociedade patriarcal obcecada pelo carreirismo e por normas e convenções sociais rígidas, às vezes tirânicas.

Lições gregas
Esse romance curto, mas intenso e psicologicamente penetrante, é um retrato íntimo de dois indivíduos que perderam, ou estão em vias de perder, os elos mais vitais que os conectam ao mundo exterior. Depois de sofrer abusos domésticos, a protagonista feminina ficou muda, enquanto o protagonista masculino está lentamente perdendo a visão devido a uma doença hereditária. Para recuperar a capacidade de comunicação, a mulher está fazendo cursos de grego antigo - já que uma língua que não é mais falada não poderá prejudicá-la - e o homem que está perdendo a visão é seu professor de grego. Uma espécie de história de amor delicada, o romance traça a tentativa deles de, se não superar, pelo menos tentar encontrar um ponto em comum em seu luto compartilhado. É também um livro sobre linguagem, sobre como as palavras podem nos ajudar a dar forma e significado ao nosso mundo exterior e interior, mas também rasgar e destruir o que há de mais delicado em todos nós: nossa identidade.

Atos humanos
Assim como em seu último romance, We do not part (Não nos separamos), cuja publicação em inglês está prevista para janeiro de 2025, Atos Humanos apresenta um olhar oblíquo, mas aterrorizante e totalmente convincente, sobre o passado não tão distante de seu país. Por meio de muitas perspectivas diferentes e sempre mutáveis, que criam um suspense narrativo quase insuportável, o romance narra a vida de muitas pessoas que participam ou são vítimas inocentes de um levante estudantil em maio de 1980 na cidade de Gwangju, onde a autora passou sua infância e juventude, um levante que foi brutalmente esmagado pela junta militar então no poder. Como em muitas outras obras da autora, a fronteira entre perpetrador e vítima, corpo e alma, ou mesmo entre vivos e mortos, é flutuante, o que se reflete em uma linguagem tanto direta quanto sutil. Han dá, nesse e em vários outros romances, um novo significado à expressão “viver com o passado”, considerada como resquícios de uma realidade da qual não se pode fugir nem resistir. Por meio de suas obras literárias honestas e verdadeiramente inspiradoras, vivemos e revivemos nosso passado continuamente.

(traduzido com DeepL, com algumas modificações mínimas)

 
Não sei se é só coincidência ou não, mas parece que o Nobel tem preferido premiar autores com narrativas curtas...

Han Kang
A Vegetariana: 176 p.
Atos Humanos: 192 p.
O Livro Branco: 160 p.

Jon Fosse
É a Ales: 85 p.
Brancura: 64 p.
A Casa de Barcos: 144 p.
Trilogia: 200 p.

Annie Ernaux não preciso nem falar, né...

Cadê os calhamaços???

A cara de desaprovação e desprezo do Thomas Mann ao ver isso aí...

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Não sei se é só coincidência ou não, mas parece que o Nobel tem preferido premiar autores com narrativas curtas...

Han Kang
A Vegetariana: 176 p.
Atos Humanos: 192 p.
O Livro Branco: 160 p.

Jon Fosse
É a Ales: 85 p.
Brancura: 64 p.
A Casa de Barcos: 144 p.
Trilogia: 200 p.

Annie Ernaux não preciso nem falar, né...

Cadê os calhamaços???

A cara de desaprovação e desprezo do Thomas Mann ao ver isso aí...

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Bem, Fosse pelo menos tem um calhamaço (as mil páginas de Septologia) hihihi
 

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