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Reforma da Previdência

  • Criador do tópico Criador do tópico Deriel
  • Data de Criação Data de Criação
Por que ninguém poderia ganhar mais do que o Presidente? Até parece que ninguém trabalha mais que ele...

Porque ele é o funcionário público-mor, e tem o cargo mais importante do Estado. O salário não é definido pelo esforço, mas pela posição.

Não é justo mesmo. Mas o que você sugere como solução? Baixar o salário dos juízes pra 2 mil, 3 mil reais? Igualar o salário deles ao dos outros? Daí teriamos mais uma classe profissional ganhando menos do que devia. Já não basta a maioria dos brasileiros ganharem menos do que deviam? Agora você quer que quem recebe o justo ganhe menos do que o merecido também?

Infelizmente vivemos num país em que há uma enorme e injusta desigualdade entre as pessoas. Só que a solução pra isso não diminuir o rendimento dos que ganham o correto. É aumentar o rendimento dos que ganham menos do que deveriam. Só que isso é muito mais difícil...

O importante não é quanto recebe, mas a relação entre os salários. E os juízes ganham muito mais que os outros trabalhadores diplomados, e sem razão. O seu trabalho não mais importante que o de um médico, ou um professor. A justiça não está no valor do salário, mas na sua relação de importância com os outros empregos da mesma ordem.
 
Sapiens disse:
Por que eles diferenciaram a contribuição do setor púbico do privado?
Não tenho certeza, mas acredito que tenha sido pelo mesmo corporativismo que estamos presenciando agora em que são sugeridas mudanças que visam diminuir esta diferença. Afinal, o Poder Legislativo, que elabora as leis, também não é composto de funcionários públicos?
 
Só para constar: um dos detalhes que não devem ser esquecidos quando falamos sobre a diferença entre funcionalismo público e privado é que as empresas privadas(que não se enquadram no regime do SIMPLES) são obrigadas a recolher vinte-e-tantos porcento sobre o valor dos salários pagos aos servidores, o que não ocorre com o governo.
Ao mesmo tempo em que este recolhimento diminui o rombo da previdência acaba por achatar os salários da iniciativa privada. É meio que "cobre um santo e descobre outro".
 
Por que eles diferenciaram a contribuição do setor púbico do privado?

A difernça existe pra que os funcionários públicos sejam os melhores profissionais, para que a elite das carreiras sirva ao povo, não somente aos que podem pagar.
 
Eu pesquisei um pouco e entendi o seguinte. Pode ser que algumas coisas estejam erradas. Me corrigam se estiverem.

Os empregados do Estado, quando aposentam, ganham o mesmo tanto que ganhavam trabalhando. Isso não acontece com os trabalhadores do privado.
Essa diferença se deve pq os empregados do Estado têm desvantajens.
Exemplo dos juízes: eles não podem trabalhar em mais nada e mais umas coisas.
Talvez seja um benefícil muito grande, não sei.

A proposta original da Reforma seria, ao invés do Estado continuar pagando o mesmo salário depois que os seus empregandos se aposentarem, criar um Fundo de Aposentadoria, que iria pagar todo mes uma taxa pra depois, quando for aposentar, juntar tudo e compensar a falta do selário completo.
A vantagem disso é que o dinheiro do Fundo de Aposentadoria seria aplicado na economia e tal, pelo menos na teoria.

Então a reforma parece boa: não afeta muito quem passa a ficar com o teto e usa o dinheiro na economia.

Mas o resultado disso será pra longo prazo. A curto prazo (4 anos, que é o tempo mais importante para o presidente :mrgreen:) o governo ia ter que pagar os aposentados mais uma parte do Fundo de Aposentadoria, gastando mais.

Não sei se é esse realmente o que o presidente ou outros estão pensando, mas pode ser.

Então criou-se uma proposta, que parece que não está muito bem definida, segundo a qual os empregados do estado iriam ganhar, quando aposentar, a média dos salários da vida toda.
Pra que inventaram isso? Deve ter uma lógica ou interesse. E é esse último que atrapalha tudo e torna um saco tentar mudar alguma coisa pra melhor.

Procedem essas coisas?
 
Sapiens disse:
Mas o resultado disso será pra longo prazo. A curto prazo (4 anos, que é o tempo mais importante para o presidente :mrgreen:) o governo ia ter que pagar os aposentados mais uma parte do Fundo de Aposentadoria, gastando mais.

Na verdade é mais longo o prazo. O que importa é que Lula fez o que outros presidentes deviam ter feito há muito tempo. Traz imagem negativa para ele, mas ele é fodão por segurar o tranco que FHC não quis segurar.

Os efeitos dessa reforma serão vistos (se dermos sorte) somente pelos meus netos.

Vamos dizer assim: se não tivermos essa reforma, vamos ter uma Crise de 1929 logo logo no Brasil. Ou seja, não importa o dinheiro que recebam, não vai valer absolutamente NADA sem lastro.
 
Sapiens disse:
Por que eles diferenciaram a contribuição do setor púbico do privado?

Você fala sobre essa reforma, ou sobre as antigas diferenças?


E o que vocês acharam dessa greve, que parou escolas e universidades, além de INSS, e tal?
 
Você fala sobre essa reforma, ou sobre as antigas diferenças?
Quis dizer porque inventaram essas diferenças no passado.
Já entendi a razão, a questão é se é realmente justo diferenciar da maneira que está sendo diferenciada até agora.
Na verdade é mais longo o prazo.
É. Mas a longo prazo traz prejuízos pro governo atual. Eu não sei muito bem como está a proposta de reforma agora. Acho que provavelmente vão fazer uma agora e daqui a 10 anos vão mexer, isso pode funcionar também. Fazer as coisas aos poucos.
 
O problema é que pode demorar 50 anos para se fazer outra. Pra fazer mudanças de grande porte é preciso ter um grande lastro político e econômico, além de audácia. Essa reforma atual é bastante injusta e incompleta, ela vai passar mutilada. O benefício dela vai ser pequeno em termos econômicos, mas socialmente vai ter um grande impacto negativo. É quase certeza que vai haver um grande deterioramento do serviço público.
 
ganhando mais de 8000 reais enquanto a grande maioria ganha menos de 500.

nao querem que diminuam.....hipocritas egoistas.
 
ganhando mais de 8000 reais enquanto a grande maioria ganha menos de 500.

nao querem que diminuam.....hipocritas egoistas.

De quem você está falando, dos juízes ou do funcionalismo em geral? Se for dos servidores, sinto muito, mas você está viajando séeeriamente.
 
Sim, dos juízes é um absurdo. E ainda ameaçam fazer greve, mesmo sendo isso ilegal. Pra mim um Judiciário que deliberadamente descumpre a lei deveria ser destituído automaticamente.
 
Idade mínima para aposentadoria será de 65 anos para homem e 62 para mulher

Mariana Bomfim e Antonio Temóteo
Do UOL, em São Paulo e em Brasília
14/02/2019 17h12Atualizada em 14/02/2019 18h55

A proposta final do governo para a reforma da Previdência estabelece que a idade mínima para a aposentadoria será de 65 anos para homens e de 62 mulheres, afirmou hoje o secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho. A idade seria atingida após um período de transição de 12 anos.

Não foram divulgadas mais informações --por exemplo, sobre tempo de contribuição, quem deve ser incluído na reforma ou como ficam as aposentadorias especiais. Os detalhes só devem ser divulgados oficialmente na quarta-feira (20), quando a proposta será enviada ao Congresso Nacional, segundo Marinho. No mesmo dia, o presidente Jair Bolsonaro deve fazer um pronunciamento aos brasileiros.

Marinho deu as declarações ao sair de uma reunião com Bolsonaro e os ministros Paulo Guedes (Economia), Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo). Segundo ele, no encontro, o presidente analisou as propostas em estudo e bateu o martelo.
No Twitter, o líder do governo na Câmara, deputado Major Vitor Hugo comemorou o resultado das conversas. "Batendo o martelo na reforma da previdência. Justa para todos e na medida certa", escreveu.

Guedes queria 65 anos para todos


A definição da idade mínima teria sido alvo de divergência entre o presidente e a equipe econômica. De acordo com o secretário, Guedes queria uma idade mínima igual para homens e mulheres, de 65 anos, e um período de transição de 10 anos. O presidente preferia 65 para homens e 60 para mulheres, com um período de transição mais longo.

"Nós conversamos com ele. O presidente tem sensibilidade e entendeu também as condições da economia", disse Marinho. "[A proposta] fez a distinção de gênero, já que ele acha importante que a mulher se aposente com menos tempo de contribuição e trabalho, e nós conseguimos encurtar um pouco essa questão da transição."

Proposta mais dura que a de Temer


Se for confirmada, a proposta do governo Bolsonaro será mais dura que a do ex-presidente Michel Temer, aprovada em Comissão Especial na Câmara dos Deputados.

A de Temer também estabelecia uma idade mínima de 65 anos para homens e de 62 para mulheres, mas num período de transição mais longo, de 20 anos.

Como é a aposentadoria hoje


Hoje, trabalhadores podem se aposentar por duas modalidades, em geral. No critério por idade, a regra é de 65 anos para homens e 60 anos para mulheres, com tempo mínimo de contribuição de 15 anos.

Pelo critério por tempo de contribuição, são necessários 35 anos para homens e 30 para mulheres, sem exigência de idade mínima.
(Com Reuters)11)
 
“Não vamos aceitar”, diz deputado sobre capitalização de Paulo Guedes



Deputado pelo PDT e economista de Ciro Gomes, Mauro Benevides Filho rechaça o modelo do governo, que não prevê contribuição dos patrões

Mauro Benevides Filho e Paulo Guedes, ambos economistas, não poderiam ter histórias mais diferentes. Com a vitória de Jair Bolsonaro, Guedes se tornou ministro da Economia. E o cearense foi eleito deputado federal pela primeira vez – e é o mais cotado para presidir a comissão que vai avaliar a Reforma da Previdência na Câmara.
Em comum, tanto o pedetista quando o guru do PSL defenderam durante as eleições a capitalização como alternativa à Previdência. Guedes como o ‘posto Ipiranga’ de Bolsonaro, e Benevides como o principal conselheiro de Ciro Gomes.

➤ Leia também: Reforma da Previdência mostra que Paulo Guedes é keynesiano

Secretário da Fazenda por 12 anos em três governos diferentes, Benevides é uma das raras vozes da oposição a não torcer o nariz para a necessidade de uma reforma na Previdência. Pelo contrário, tem procurado explicar suas ideias em detalhes, no plenário e em entrevistas.

O desafio de longo prazo, diz, é construir um sistema igualitário, financeiramente equilibrado e sustentável. E o mais urgente é salvar os Estados mergulhados na crise fiscal.

➤ Leia também: Sem militares, centrão e oposição ameaçam barrar votação da Previdência

Benevides defende um modelo baseado em três pilares: assistência social, repartição e capitalização. Para o deputado, o trato entre gerações do modelo de repartição está com os dias contados, porque há cada vez menos jovens para financiar uma massa crescente de trabalhadores inativos.

Com o texto da reforma na mesa, ele é enfático em criticar o modelo à la Chile de Paulo Guedes. A solução, diz ele, é um modelo misto, que proporcione uma transição gradual à capitalização sem esfolar as contas do governo.

Um exemplo é o sistema nocional da Suécia, sob o qual os trabalhadores constroem “saldos” ao longo da carreira. “É um sistema que tem um desenho de repartição, mas no fundo é de capitalização. Ele tem, dentro do bolo da repartição, uma ferramenta gráfica que identifica o valor de contribuição”.


Em entrevista a CartaCapital, Benevides comentou os pontos mais controversos de proposta. Confira a seguir.

CartaCapital: O que mais chamou a atenção na primeira leitura do texto?
Mauro Benevides Filho: A proposta do governo não prevê a contribuição patronal. E isso nós não podemos aceitar, e vamos blindar. Esse é o primeiro ponto antes de discutir se são 65, ou 62 anos. Ou se são quarenta anos de contribuição. A imprensa inteira, em vez de discutir qual o modelo adequado para a Previdência, está dedicando muito espaço a essas regras.



CC: Você e Ciro defenderam o regime de capitalização durante as eleições. A proposta do Paulo Guedes atende ao que o PDT imaginava?
MBF: Nós propusemos que, acima de um determinado valor, haveria a capitalização de contas individuais. Com a contribuição do trabalhador e a contribuição patronal, que é o modelo de 60 países que eu pesquisei. O Paulo Guedes está se inspirando no modelo do Chile. Lá, não há contribuição patronal. Foram tantas greves e tantas manifestações que até o Chile está propondo agora, nesse momento que eu lhe falo, uma alíquota patronal para reforçar os ganhos dos trabalhadores.



CC: E na questão de assistência social?
MBF: Nossa proposta tinha um pilar de assistência social de um salário mínimo. Eles estão propondo um pilar de 400 reais, e só a partir de 70 anos. Segundo, nós propusemos um modelo de repartição, remodelado, para quem ganha até 4 mil reais. E, a partir de 4 mil reais, um regime de capitalização de contas individuais com dupla contribuição. Já ele quer para os novos trabalhadores um regime exclusivo de capitalização de contas individuais.

CC: Embora pareça branda à primeira vista, essa capitalização alternativa, e não complementar, destrói a Previdência, não?
MBF: Ele está acabando com o regime de repartição em troca de regime de capitalização sem contribuição patronal. E isso não está certo. O valor da aposentadoria fica muito pequeno. Para dar um mínimo de confiança para as pessoas que ganham até 4 mil reais, precisamos de um pilar de repartição remodelado.



CC: Deputados do PDT falaram em ‘botar o pé’ na idade mínima.
MBF: Pode ser 63, 60… o Congresso ainda vai arbitrar isso. Pode ser diferente. Minha preocupação agora é definir o modelo para deixar na Constituição. O modelo da Constituição tem que estar muito claro: ‘fica instituído o regime de capitalização de contas individuais, com contribuição patronal e do trabalhador’, aí sim. Podemos deixar para decidir a alíquota e outros detalhes via Lei Complementar. Mas sem prever um modelo, nós não vamos aceitar.



CC: Como tem sido a repercussão do texto entre os deputados?
MBF: Foi uma repercussão muito ruim. O do BPC [Benefício de Prestação Continuada] então, foi um desastre. A falta de contribuição patronal e o com descaso com os idosos foram muito criticados. Outro problema é o regime próprio dos professores. Para se aposentar com salário integral, uma professora vai ficar quarenta anos em sala de aula? É de arrasar, uma mudança muito radical.



Foi uma repercussão muito ruim. O do BPC [Benefício de Prestação Continuada] então, foi um desastre



CC: Acha que essa reforma atende ao problema dos Estados?
MBF: Alguns Estados que defendem o início do debate, só topam fazer depois da chegada da proposta dos militares. O governo prometeu enviar [a proposta] no dia 20 de março. Oito estados já têm alíquota de 14%, inclusive o Ceará. Então, não é nenhum novidade. Os outros dezenove vão ter que partir para a letra mínima de 14%. Não há nenhuma crítica contra isso.



CC: O PDT prepara estratégias para explicar melhor a Reforma. A que pé está essa ideia? MBF: Eu produzi uma cartilha, traduzindo melhor as novas regras. O que nós queremos mostrar como é hoje, e como fica, ponto a ponto. Como é muita informação, e a população não está dominando esse tema.

https://www.cartacapital.com.br/politica/mauro-benevides-reforma-previdencia-capitalizacao/
 
Março das Mulheres | PEC da Previdência implode o sonho de 2,1 milhões de professoras
Juca Guimarães
Dos 2,5 milhões de professores que atuam na educação no Brasil, 2,1 milhões são mulheres e fazem parte da maioria de 85% de profissionais que trabalham dando aula nos três níveis da chamada Educação Básica (infantil, com alunos de até cinco anos de idade; fundamental, com alunos de 6 a 14 anos; e médio, com alunos de 15 a 17 anos), segundo o censo do Inep(Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira).

A Reforma da Previdência, apresentada na PEC 6/19 pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo ministro da Economia Paulo Guedes, ignora as peculiaridades, o cotidiano e o desgaste da profissão ao estabelecer regras que obrigam as professoras a continuarem dando aulas, em muitos casos, depois dos 70 anos de idade para conseguir um valor razoável de aposentadoria.

A justificativa do governo é a aproximação das regras de concessão dos benefícios do setor público e privado para acabar com a desigualdade e privilégios.

“A gente podia ir para uma situação em que diversas categorias tivessem diferenças na aposentadoria. Ou seja, o mais igual é tratar as categorias de forma desigual, ou seja, professores, trabalhadoras domésticas, da construção civil, alguns empregos pesados poderiam ter diferenciações na aposentadoria. O que a gente tá vendo no governo não é isso. É tratar todo mundo de forma igual ainda que tenham trabalhos penosos, que exigem esforços e perda da capacidade laboral e mental”, disse a economista Juliane Furno.

No caso dos professores, e principalmente das professoras, a legislação sempre levou em conta a compensação das diferenças.

“Isso [o desgaste] justificava a aposentadoria especial porque grande parte dos professores se afastam da sala de aula por problemas de saúde mental, porque além de ser um trabalho que é muito desvalorizado é muito extenuante. Isso impacta muito fortemente as mulheres, pois representam a maioria da categoria dos professores. Ou seja, as diferenciações que o conjunto das mulheres tinham vão se extinguindo nessa proposta de reforma, em nome de uma suposta igualdade entre homens e mulheres no trabalho que não existe. A Previdência é a única política pública que reconhece que existem diferenças entre homens e mulheres e que as mulheres trabalham mais que os homens”, disse Furno.

A regra imposta pelo governo determina que o tempo mínimo de contribuição das professoras aumente de 25 anos para 30 anos o tempo de contribuição. Além disso, para dar entrada na aposentadoria, as professoras deverão ter mais de 60 anos de idade. O problema se agrava ainda mais porque o valor previsto, neste caso, é de 80% da média do cálculo do benefício. Para o valor integral da aposentadoria, o tempo de contribuição sobe para 40 anos.

A professora Regiane Beltran Fernandez, de 44 anos, da rede municipal de São Paulo, começou a trabalhar em 2010. Pela regra atual, ela poderia se aposentar em 17 anos, com 61 anos de idade e valor integral de aposentadoria. No entanto, com as mudanças da PEC, a professora Regiane só irá se aposentar aos 76 anos, em 2051.

“Para garantir o valor integral das médias salariais, os profissionais teriam que trabalhar mais dez anos. Ou seja, com uma idade igual ou superior a 70 anos. No meu caso, por exemplo, seria aos 76 anos de idade. Imagine essa professora em uma sala de aula com 40 crianças. Nem precisa entender muito das particularidades da profissão para entender que é uma proposta irreal. É evidente que quem escreveu uma proposta dessa não entende nada de educação, nunca acompanhou a rotina de um professor ou professora e nem conhece a realidade escolar”, disse Regiane.

Onde trabalha, uma professora que está em dois períodos é responsável pelo acompanhamento escolar de 500 alunos. “Isso requer corrigir provas, trabalhos que, geralmente, ocorrem fora do horário de trabalho. O professor é constantemente cobrado pelo rendimento, pelas avaliações externas. Sem contrapartidas que garantem a qualidade da aula, estou falando de materiais básicos para o professor trabalhar. O professor lida, no seu dia-a-dia, com situações de extrema vulnerabilidade social às quais essas crianças estão submetidas”, disse Regiane.

De acordo estudos apontados pela Apeoesp (Associação dos Professores do Estados de São Paulo), a atividade na área de educação tem relação com uma série de doenças que causam afastamento do trabalho. Uma pesquisa feita em Salvador, entre 2001 e 2002, revelou que 15,3% dos afastamentos foram por causa de transtornos psíquicos, 12,2% por problemas no aparelho respiratório e 11,5% por lesões no sistema osteomuscular.

Para a Apeoesp, a proposta é um ataque brutal aos direitos das professoras. A Pnad (Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar), de 2014, revelou que as mulheres trabalham 5,4 anos a mais do que os homens, considerando o trabalho doméstico, em um período de 30 anos.

Escola particular

A proposta do governo de extrema-direita de Bolsonaro também é mais pesada para as professoras que dão aula em escolas particulares. Para essa categoria, a proposta cria a idade mínima para homens e mulheres. O tempo mínimo de contribuição para homens continua igual, porém, o das mulheres subiu cinco anos.

“Pela nova regra, tanto homens como mulheres terão que cumprir 30 anos de contribuição e ter 60 anos de idade”, disse a economista Ana Luíza Matos de Oliveira, doutoranda em desenvolvimento socioeconômico.

Segundo Maciel Silva Nascimento, secretário de política para os trabalhadores da Educação do Sindsep (Sindicato dos Servidores do Município de São Paulo), a reforma é a PEC da Morte. “A proposta é muito dura e fere de morte segmentos fundamentais para mover e dar vida ao país, que são as mulheres, os idosos e os servidores. Esses são os que mais serão afetados”, disse.

A PEC 06/19 precisa ser aprovada no Câmara dos Deputados e também no Senado para virar lei. Pela regra atual, o professor precisa ter 30 anos de contribuição e 55 anos de idade, para se aposentar com 100% da média salarial. Para as professoras, a regra exige 25 anos de contribuição e 50 anos de idade, também com direito ao valor integral da aposentadoria.

Edição: Mauro Ramos

https://jornalggn.com.br/previdenci...implode-o-sonho-de-21-milhoes-de-professoras/
 
Aprenda a montar seu plano de aposentadoria para depender menos do INSS

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Imagem: Getty Images/iStockphoto

A reforma da Previdência está no Congresso, e o trabalhador já sabe que, salvo algumas exceções ou eventuais mudanças no texto, terá que trabalhar por 40 anos se quiser conquistar 100% da aposentadoria. Além disso, a vida profissional se estenderá para além dos 60 anos.

O fato é que o brasileiro vai ter que trabalhar mais para ganhar a mesma coisa que receberia se fosse se aposentar hoje
Ricardo Rocha, professor do Insper

Diante desse cenário, em que o benefício a ser pago pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) provavelmente será insuficiente para bancar um padrão de vida confortável, você precisa se preparar desde já para a "melhor idade". Além disso, devido à expectativa de vida cada vez maior, será preciso repensar a própria carreira. "Algumas profissões vão desaparecer e outras surgirão", disse Ricardo Rocha, professor do Insper.

Projeto básico de aposentadoria
A pedido do UOL, Rocha montou um projeto básico de aposentadoria para garantir uma velhice digna, baseado em cinco pilares, que vão muito além da necessidade de ter um plano de previdência privada.

O projeto foi pensado para um jovem na faixa dos 25 anos, em início de carreira. A sequência dos pilares corresponde à evolução natural da vida profissional.

Se você já está no mercado de trabalho há algum tempo, pode adaptar as propostas para o momento atual de sua vida. "Não há um modelo único. Cada um pode fazer o seu plano", disse Rocha.

Conheça os cinco pilares para planejar sua aposentadoria:

1) Considere o INSS apenas como um seguro

As pessoas devem olhar o INSS como um seguro social. Ele oferece benefícios importantes para situações inesperadas, como pensão por morte ou auxílio no caso de invalidez. Por outro lado, teremos que contar cada vez menos com a previdência pública como fonte de renda

Ricardo Rocha, do Insper


Ele lembrou que o novo formato de acumulação para aposentadoria, pelo sistema de capitalização, ainda não foi completamente explicado pelo governo.

"Vamos ter que avaliar como será essa nova Previdência, como vai funcionar, qual será o rendimento, se realmente valerá a pena. No Chile, as aposentadorias por esse sistema diminuíram de valor."

No sistema de capitalização proposto, o trabalhador deverá contribuir para uma conta individual de previdência, que servirá de base para o cálculo da sua aposentadoria. No sistema atual, por repartição, todos os trabalhadores contribuem para uma conta única de previdência. O cálculo da aposentadoria, de forma geral, é feito com base na idade, no tempo de contribuição e no valor da maior parte das contribuições realizadas ao longo da vida profissional.

2) Faça um plano de previdência privada
O trabalhador terá que contar com seus próprios investimentos para bancar boa parte de sua renda durante a velhice. Os planos de previdência privada são uma boa opção para pessoas que não têm disciplina para juntar dinheiro todo mês por conta própria.

"Os custos dos planos de previdência vêm caindo bastante. Os bancos estão eliminando as taxas de carregamento e reduzindo as taxas de administração dos fundos, o que torna esse produto mais atraente. Mas é importante comparar a rentabilidade. Há muito fundo rendendo abaixo de 100% do CDI."

Além disso, há a vantagem fiscal do PGBL para quem declara Imposto de Renda pelo modelo completo e a opção da tabela regressiva para quem deixar aplicado por mais de dez anos.

Para os mais jovens, Rocha recomenda investir em fundos de previdência que tenham até 70% de renda variável na carteira de investimento. "O jovem tem mais tempo [até se aposentar] e pode arriscar mais. A longo prazo, o retorno da Bolsa tende a ser superior ao da renda fixa."

3) Aprenda a investir por conta própria

Conforme você evoluir na vida profissional, será importante diversificar seus investimentos. O plano de previdência privada é uma forma de criar disciplina para poupar. Mas, segundo Rocha, o ideal é que você também invista por conta própria para obter rendimentos melhores.

"As pessoas precisam conhecer seu perfil de risco e fazer um esforço de aprendizado sobre o mercado financeiro, sobre como funciona o Tesouro Direto e a Bolsa. Quem tem menos conhecimento pode buscar os fundos multimercados e fundos de ações, pesquisar sobre bons gestores, comparar a rentabilidade."

O especialista recomenda que os mais jovens montem uma carteira de ações com boas empresas pagadoras de dividendos. "Vai investindo um pouco todo mês na Bolsa."

Para quem tem menos apetite por risco, o especialista sugere comprar NTN-Bs com vencimento mais longo no Tesouro Direto. "São papéis que garantem o poder de compra, pois são corrigidos pela inflação, e ainda pagam uma taxa real de juros."

4) Compre imóveis para ter renda de aluguel

O trabalhador que conseguir acumular um bom volume de recursos para sua aposentadoria deve considerar a possibilidade de comprar imóveis com objetivo de obter renda com os aluguéis.

"Conforme a gente vai envelhecendo, o nosso apetite por risco diminui e fica mais difícil tomar decisões de investimento no mercado financeiro. Transferir parte do patrimônio para imóveis é uma boa solução."

O investimento em imóveis já é uma tradição do brasileiro. "Nossos avós tinham esse hábito. Colocavam todas as economias e deixavam 100% do patrimônio imobilizado. Ainda é um bom negócio, mas não há razão para investir tudo em imóveis."

A sugestão é colocar cerca de 30% do patrimônio em imóveis. "Compre um ou dois imóveis como forma de garantir uma renda de aluguel para a aposentadoria. Você também pode aplicar em fundos imobiliários como forma de diversificar investimentos e ter uma renda mensal."

O professor do Insper recomenda alguns cuidados antes de bater o martelo. "Tem que pesquisar bastante, olhar a vacância. Dependendo da cidade ou do bairro, [comprar imóvel] pode ser mais ou menos interessante." Além disso, junte dinheiro para comprar à vista, assim você terá maior poder de barganha.

5) Volte a estudar ou empreenda

O plano de aposentadoria não deve levar em consideração apenas quanto de dinheiro você precisará para ter uma boa qualidade de vida na velhice, mas o que você pretende fazer ao longo da sua vida profissional até se aposentar e depois disso.

"O conceito de trabalho que conhecemos hoje está se transformando. Algumas carreiras estão se estrangulando, mas novas carreiras surgirão, abrindo novas oportunidades. Somente quem se atualizar irá aproveitar essas oportunidades."

O professor também recomenda o empreendedorismo como alternativa para as pessoas que, em algum momento da vida, desejarem dar uma guinada na rota profissional.

Não dá mais para deixar a vida seguir pela inércia. As pessoas precisam repensar seus planos, estudar, se atualizar. Vamos viver muito mais. Não adianta pensar só no que eu vou fazer até me aposentar. E depois? O que eu vou fazer até os cem anos?

Ricardo Rocha, professor do Insper


Quanto juntar para a aposentadoria?

Destine pelo menos 10% do seu salário exclusivamente para o projeto de aposentadoria. Os recursos podem ser direcionados inicialmente para um plano de previdência privada.

Conforme seu salário aumentar ao longo da carreira, mantenha a proporção de 10% e redistribua parte dos recursos para outros investimentos.

"É importante ter um orçamento, controlar quanto entra e quanto sai. Se a pessoa conseguir tirar 10% do salário todo mês para a aposentadoria e viver com o resto durante toda a vida profissional, a velhice será mais tranquila."
 

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