O filme não chega a feder, mas é medíocre sim.
O grande problema dele é ser previsível demais. Pelo jeito o fato deles terem descoberto novas evidências histórias não impediu que os roteiristas seguissem fórmulas completamente batidas. Não há a menor gota de inovação nesse filme. E isso se aplica não só à história, mas cinematograficamente falando também. A direção é ordinária demais, e isso impediu que qualquer coisa perto de
empolgante fosse criada.
Senti falta de sangue e de grandes exércitos. Não há muita graça em ver flechas voando quando elas deveriam estar atravessando cabeças. Tampouco foi tocante ver um homem cortando o outro quando estamos vendo isso
por trás. Por que isso? Qual o medo? De que o filme ganhasse alguma censura maior que 12 anos e isso inibisse a bilheteria? Pelo menos o diretor teria algo decente na sua filmografia.
Há algumas coisas inverossímeis também. Primeiro, os saxões estão ridiculamente representados. São vilões sem causa, maus por natureza. Segundo, a personalidade de Guinevere não convence. Além de ser o estereótipo típico da 'mulher brava', aparentemente ela não teve nenhuma função realmente útil a não ser mexer com os hormônios de Arthur (e do público), criando uma relação que pouco convence e sem o menor rastro de sentimento. Está ali como uma 'mulher de uma noite', uma senhora qualquer que veio aliviar a tensão dos cavaleiros.
A essa altura do jogo não há mais nada para se ver. Já sabemos o que vai acontecer. Não há mais graça.
Outra falha é o desenvolvimento dos personagens. Se por um lado os cavaleiros de Arthur possuem carisma, por outro parecem não ter motivações. Sim, eles querem lutar para voltar para casa (mais tarde lutam por um 'ideal'
), mas e daí? Eles querem voltar porque eles não gostam de estar lá, o que para a gente é totalmente irrelevante, uma vez que não temos antipatia pelo lugar e conseqüentemente nenhuma empatia pelos homens. Não é o caso, por exemplo, do Bors, que tem uma família e portanto algo pelo que lutar e algo que nos incentive a torcer por ele. De resto, são meros coadjuvante cuja única função é... nenhuma. São pêndulos. Lancelot é o pior, que está ali somente para fazer questões "complicadas" para o amigo Arthur para que o público possa ter alguma pista dos conflitos internos que existem dentro da mente do protagonista. No fim, não nos identificamos com ninguém e somos deixados sozinhos, assistindo meros estranhos.
O tema é horrível também. Liberdade. Quero dizer, o tema não é ruim em si, mas a forma como foi tratado. É tão parecido com Coração Valente que numa cena, vendo tanta gente gritar "FREEDOM!!", eu automaticamente comecei a esperar tocar o tema do filme do Mel Gibson, para me lembrar em seguida de que estava assistindo a um outro longa.
Por outro lado, alguns diálogos são engraçados e interessantes (apesar de muitos outros serem vergonhosos também). A batalha do gelo também é decente e foi o único momento em que eu fiquei curioso para saber o que ia acontecer. Fora isso, Rei Arthur é tão esquecível quanto uma fórmula chata de matemática.