Olha, esse tópico com certeza está no top10 de gente falando sobre o que não conhece.
Por exemplo (com excessão dos posts da Maritza e do que falou de Nabucodonozor), peguem um lápis e risquem
todos os lugares neste tópico onde é citado o termo "Lúcifer". Escrevam por cima "Satan".
Vocês sabem quem é Lúcifer? Quem é Satan? Eu nunca bati papo com eles, e nunca encontrei qualquer trecho esclarecedor sobre isso na bíblia. Como a minha bíblia é normal, logo vocês também não encontraram. Logo, parem de chamar "conceitos folclóricos" de cristianismo.
Vou fazer uns comentários, e depois explicar essa coisa de Lúcifer.
postando so pra mostrar minha indiganção
contra todo tipo de religião
todas foram criadas a partir de uma ignorancia dos homens em relação a algo desconhecido
Como por exemplo a sua. Se para você contar a quantidade de religiões em que você conhece a teologia você precisar de mais de uma mão, te dou R$ 10. Se você conhece a teologia de
UMA religião, te dou R$ 1.
Wicca é provavelmente umas 10 milhões de vezes melhor/mais importante do que o Cristianismo
É. Por isso que dizem a mesma coisa.
1% dos Wiccans conhece
alguma coisa sobre sua teologia (e TODA religião que tem uma deidade tem teologia, por definição). A maioria esmagadora não sabe sequer o
nome da Deusa mãe.
pentagrama é o simbolo de magia, hexagrama é o do satanismo, certo??
Parabéns
A maior besteira do tópico inteiro. Tanto o hexagrama quanto o pentagrama vêm do mesmo lugar. São irmãos siameses.
O pentagrama não é o símbolo da Wicca, mas um dos símbolos do paganismo como um todo.
Realmente não é só da Wicca; é da
religião como um todo. É encontrado desde os druidas da Escócia até os yogues da Índia.
O Wicca é uma religião pouco conhecida porque o Cristianismo é contra a propagação dessa religião.
Errado. Wicca é uma religião ainda pouco conhecida porque tem menos de 100 anos. O paganismo Celta não é Wicca.
Um BOM cristão provavelmente sabe apontar vários defeitos na religião que está seguindo.
Certo.
Mas é claro, esse tipo é praticamente inexistente.
Errado. Ele só prefere não sair por aí gritando "SOU CRISTÃO E MINHA RELIGIÃO É A VERDADEIRA!". Afinal, isso seria contra sua característica que acabamos de definir.
Lúcifer se rebelou contra Deus (ou ainda há de fazê-lo) por não aceitava ser subjulgado. Ele não via sua posição abaixo como algo aceitável.
Hm... nah. É justamente isso que tá sendo escorregadio por aqui. De onde saiu essa idéia?
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Ok, vamos esclarecer um pouco, de acordo com os cabalistas (que são os que estudam de forma profunda e teológica o Torá, que em grego é chamado Pentateuco - os 5 primeiros livros da bíblia).
Existe Lúcifer. Existe Satan (ou Satanás, ou Satã), e este não é Lúcifer. Existe diabo, e este não é Lúcifer, e não é Satan. Existe demônio, e não é o diabo, não é Lúcifer, nem é Satã. Existe a serpente, e ela não é o demônio, nem o diabo, nem Lúcifer, nem Satã.
Que são então?
Lúcifer é o porta-luz. Satã é o inimigo do Amor. diabo é Deus mal interpretado. Demônio é um espírito. Serpente é uma alegoria para a inteligência racional.
Ok, com calma, cada um deles.
(Primeiro, defino que anjo significa "mensageiro".)
Lúcifer: do latim, "o portador da luz". Foi o primeiro anjo a ser criado. Quando Deus disse "faça-se a luz!", dela saiu seu primeiro mensageiro [da luz], e por isso é chamado Lucifer. Ele saiu da luz e disse "não serei a escravidão!". Disse Deus: "serás, pois, a Dor?", e ele respondeu: "serei a liberdade!". Assim, tendo Lúcifer optado por ter sua própria pequena Luz, para não ofuscar essa luz, Deus o afastou de sua própria, e cortou o cordão luminoso que os ligava (do contrário, Lúcifer seria meramente um reflexo de Deus, como os anões eram um reflexo de Aulë antes de Eru os tornar vivos). Cortando esse cordão de luz, Lúcifer caiu
nas trevas. Disse Deus: "Como a luz era bela!"
Observem que a primeira coisa que Lúcifer disse já era sua escolha, logo Deus o criou com o dom de escolher, ou seja, a liberdade. Assim, Deus o fez livre antes de qualquer acontecimento. Não houve guerra. Isso foi antes de qualquer outra coisa ser criada.
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Satan: citando um trecho de um livro:
Deus deu vida a seus espíritos, e lhes disse: amem.
- O que é amar? - responderam os espíritos.
- Amar é dar aos outros, respondeu Deus. Aqueles que amarem, sofrerão mas serão amados.
- Temos direito de nada dar e não queremos nada sofrer, disseram os espíritos inimigos do amor.
- Ficam no seu direito, respondeu Deus, e separamo-nos. Eu e os meus queremos sofrer e morrer, mesmo para amar. É nosso dever!
O líder desses espíritos, ou anjos, que se recusaram a amar, é Satã. Se diz que se revoltou contra Deus porque Deus é amor, e ser contra o amor é ser contra Deus. Por isso, Satã caiu
no mundo, para que se cumprisse seu suplício: nada dar é nada ter; não morrer é sofrer eternamente.
Diabo: se Deus é uma vidraça, o diabo são seus cacos. Se Deus é um objeto, o diabo é sua sombra: sua projeção faltando uma dimensão. Se Deus é um oceano, o diabo é o que coube no buraco que o garoto cavou na praia. Deus não cabe em nossa cabeça porque o armário nunca caberá em sua própria gaveta. Se tentarmos enfiá-lo em nossa concepção, o que resultará será um conceito falho, distorcido e resumido (digamos, parcial). Esse conceito é o diabo (nas palavras de Levi: "Deus interpretado pelos profanos"). Assim, empurrar esse conceito pessoal de Deus a outra pessoa é servir ao diabo, por essa definição. Infelizmente, muitas seitas e igrejas atuais fazem isso: servem ao diabo teológico.
Demônio: do grego,
daemos. O termo surgiu com Platão. Refere-se a qualquer entidade desencarnada, frequentemente apelidada de "espírito". Ao termo não importa se ela é de boa índole ou não.
Serpente: é uma alegoria a um princípio. Para compreendê-la bem, recomendo a bibliografia que citarei ao fim do post.
Assim, não existe interseção sentre satanismo e luciferianismo. Quem chama Lúcifer de Satanás ou vice-versa não entende uma vírgula da teologia cristã.
Aliás, a Bíblia não deve ser interpretada literalmente, de forma alguma. O estilão básico do Livro Sagrado é atribuir uma "personalidade" a uma idéia. Por exemplo, quem se lembra da
Dona Morte, dos quadrinhos de Maurício de Souza? Ela é representada como uma pessoa, mas não existe essa pessoa; ela representa uma idéia.
A bíblia é toda assim. Adão representa uma idéia, Eva, outra idéia, e a maioria esmagadora das personalidades do velho testamento são idéias, que são representadas com um corpo e um nome (do mesmo jeito que a Dona Morte) para que sejam entendidos ao longo do tempo, por aqueles que têm a inteligência necessária para isso, ou em quem um Mestre reconheceu pureza para revelá-la. Porque no campo da religião o homem comum é despreparado como uma criança. Nós dizemos a nossos filhos "Papai do Céu" porque sabemos que elas não entenderão sobre a Trindade. Os sábios nos dizem sobre Eva, Caim, Serpente, Abraão e suas mulheres, Noé e seu véu, porque sabem que não entenderemos se falarem diretamente seus significados. Ou talvez porque seria perigoso.
Mas como religiões inteiras se instauraram baseando-se em certos pontos literais, as alegorias são obrigadas a se manterem intactas. Felizmente.
Voltando ao satanismo, a melhor definição de satanismo neste tópico foi apresentada inesperadamente (e inadvertidamente) pela assinatura da Arix.
Satanismo é definido por:
"Amo quem me ama...
Foda-se quem me odeia"
Outra citação:
Já esta máxima: "Amai a todos? E que amor vai sobrar para mim mesmo?" Me pareceu, de maneira superficial, que essa seria uma boa máxima satanista.
Bingo!
Mas então por que essas religiões definidas exclusivamente como "anti-sociais" usam os termos Satan, Lúcifer, diabo? A melhor resposta ao meu ver está escrita pelo V:
"Eles escolhem os termos que atribuem a si próprios baseados no "charme" desses termos, e querem mudar o conceito que as pessoas atribuem a eles há séculos."
Acrescento: querem mudar o conceito teológico do termo, pelo
charme.
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Bibliografia recomendada:
A Chave dos Grandes Mistérios e
Dogma e Ritual da Alta Magia, de Eliphas Levi. À parte dos nomes, são ambos livros cabalistas e teológicos, o que é na prática a mesma coisa.