Você está me devendo algumas palavras sobre a questão da desconstrução
Acho que colei bastante material lá pra explicar o que desconstrução é e por que a trajetória de Paul Atreides Pós Duna é uma forma de desconstrução das premissas do livro original e do próprio modelo de Jornada do Herói do Campbell.
Mas uma coisa que deve interessar a vc, já inserida lá atrás, num dos links acrescidos a posteriori, mas que deve ser enfatizada aqui, é o fato de Duna ser, entre outras coisas,
uma desconstrução de Fundação de Asimov. O nome "desconstrução" no sentido literário não é usado nesse artigo do início dos oitenta porque, na época, a expressão ainda não "bombava" tanto quanto hoje, mas é, justamente, do que o texto trata.
Cadastrando-se no sistema do JSTOR vc pode "botar no carrinho" até 3 artigos de cada vez pra fazer leitura no PC. Daí, dá pra copiar usando o print screen do teclado.
Sean wrote: "There's an obvious comparison between Foundation and Dune, but to Herbert's credit he didn't portray Paul as a pure white-hat the way Asimov does the Foundation. Paul has serious doubts about his course of action, and in the second book he even describes himself as the worst mass murderer in history."
The first Dune trilogy, as I understand it,
is specifically a deconstruction of Messianic hero tropes. The first book is a pretty rote Hero's Journey, with shades of White Man's Burden a la Lawrence of Arabia/John Carter of Mars. Paul has some foreshadowing of the tragic conclusions of his reign, but these aren't made apparently until the 2nd or 3rd books.
Excelente site pra dar uma boa estudada em todos esses temas com excelentes links:
Star Wars origins
Mas Fundação e Império é de 52 e Senhor dos Anéis é de 54.
Quando publicadas em livro, mas Fundação começou a sair na revista Astounding Stories em 1942 e foi serializada lá até 1950 antes de ter sido compilada como romance em 1952.
Original stories
Foundation was originally a series of eight short stories published in Astounding Magazine between May 1942 and January 1950. According to Asimov, the premise was based on ideas set forth in Edward Gibbon's History of the Decline and Fall of the Roman Empire, and was invented spontaneously on his way to meet with editor John W. Campbell, with whom he developed the concept.[2]
Então, Tolkien pode ter lido Fundação durante a época da redação do SdA sim, que foi de 1937 a 1949
Eu não disse que Nimrod e Salomão não estão na Bíblia, eu estava me referindo aos detalhes que você mesmo apontou.
Eu entendi o que vc tinha dito. O modo como esclareci e diferenciei a respeito da tradição canônica bíblica e o folclore mítico "glosa" da Bíblia foi, principalmente, pra outras pessoas que leram a sua mensagem que podiam interpretar de outra forma o que vc disse e, também, uma forma de enfatizar algo importante( que eu já sei que você também entendeu)...
E DAÍ que não está no texto da Bíblia?
Tem MUITA COISA que faz parte, inclusive, do cânone religioso cristão, como por exemplo, a noção de Lúcifer/Satã ter sido um anjo caído e provocado a Queda de um terço da hoste celestial,
que não está na Bíblia, nem judaica, nem católica, nem protestante. A Queda dos Anjos por rebelião ainda no céu e pelo crime do orgulho em não se submeter à autoridade de Deus
está no Livro de Enoque que é um dos Apócrifos da Bíblia.É por isso que o
papel de Satã no Judaísmo e sua correlação com a natureza do Problema do Mal,
assim como a explicação da Teodicéia ( o Problema do Mal), são COMPLETAMENTE distintos daqueles do Cristianismo.
A Idéia Original acerca do Satán
Alguém aí está sendo sarcástico?
Não, não estava. Peguei esse caso como um exemplo EXTREMO do quanto é que a dissonância cognitiva pode influenciar na percepção de casos de similaridades assim e porque é que o que parece óbvio pra alguém pode parecer não fazer sentido ou ser obscuro pra outra pessoa. O caso SdA-Anel do Nibelungo é um exemplo bom pq envolve leitura RECENTE de coisas que vc acabou de ler.
Eu mesmo só vi os paralelos evidentes entre
Minas do Rei Salomão e o Hobbit e
Culhwch e Olwen do Mabinogion e Beren e Lúthien do Silmarillion BEM DEPOIS de ler/conhecer as histórias e quando apontaram as correlações tintim por tintim. As coisas, muitas vezes, são mais sutis do que podem parecer pra quem expõe a idéia e envolve, inclusive, a familiaridade pré-existente com outros materiais relacionados que o ouvinte ou leitor alvo pode ou não conhecer.
Mas ainda assim acho as analogias Saruman-Salomão e Sauron-Nimrod muito fracas, também não entendi a questão Sauron como Zigur em referência ao Zigurate. Não vejo Barad-Dur como um Zigurate, talvez o tal templo em Númenor que ele fez Pharazon construir em honra à Melkor.
Não vê mesmo é? Vou lembrar a vc,não estamos nos referindo a um zigurate histórico ou "real" reconstruído pelo arqueologia mas, sim, ao mítico/iconográfico da pintura bíblica "tradicional".
O que é identificado com o conceito de Torre de Babel. Do mesmo jeito que Nimrod é considerado tipologia(prefiguração) do Anticristo. E o nome "Zigur" dado a Sauron praticamente telegrafa a relação.
A Torre Negra tem a estrutura arquitetônica de um zigurate gigantesco que era o que a Torre de Babel construída por Nimrod era( não se foque tanto na versão cinematográfica do Jackson, ela NÃO FOI uma boa adaptação nesse item),
uma "montanha artificial",
como a própria Minas Tirith também o era, aliás, enquanto o templo de Sauron em Númenor
era uma abóbada gigantesca parecendo a
Catedral em Constantinopla/ Istambul.
Então são idéias diferentes ainda que a noção de "construtor de templo idólatra" esteja presente nas duas noções.
O elemento de edificação portentosa monumental pra
"trespassar os céus"* e, no caso rivalizar com/emular Taniquetil é
TOTALMENTE reminiscente de todo o simbolismo bíblico da Torre de Babel. Se vc acha as analogias "fracas" tudo bem
,mas não fui só eu que viu a relação.
* vide cena de Inferno-Crossover X-Men-New Mutants-X-Factor de 1989 na Marvel
Na minha opinião, parece que a dificuldade que vc está tendo vem do fato de vc estar procurando paralelos "concretos", imagéticos, na logística das mitologias( mesmo a judaico-cristã que eu e vc tendemos a aceitar como "história") e nos enredos das histórias em si segundo um modelo pré-existente meio bitolado pela sua formação protestante e não no SIMBOLISMO embutido nelas.
Sugiro que vc se foque no que as histórias bíblicas citadas
REPRESENTAM em termos de história da humanidade (
e também seus análogos/precursores de outras mitologias como a sumérico/babilônica) e sua relação com o Divino e não tanto só nos ícones simbólicos e suas similaridades/disparidades em si. Porque, senão a tendência é mesmo de
deixar de ver a floresta por se centrar demais nas árvores".
Uma coisa que já devia estar clara pra quem conhece os análogos de outras mitologias da história de Nimrod ( como era o caso do Ragnaros quando ele tentou esclarecer isso
nesse post dele aí no outro tópico que vc leu), por exemplo, é o fato de que a legenda do personagem faz dele um similar dos deuses/heróis solares de diversas religiões ( há quem
identifique Nimrod com Gilgamesh por exemplo) e é JUSTAMENTE ISSO o que Sauron posava ser para seus servos do Oriente e Sul,
tanto é que o motivo do "Olho Vermelho", símbolo do Sol vem daí. É interessante por exemplo, que
depois da morte de Nimrod sua mulher, Semiramis,
teria instituído a idolatria ao Sol , dizendo que Nimrod teria sido transfigurado e virado o astro rei.
Light from the East Or the Witness of the Monuments 1899
Por C. J. Ball-The Babylonian Legend of Gilgamesh-Nimrod
Poderossérima!! Nimrod e o Olho do Sol no topo do Zigurate/Torre de Babel aí
Plans were made for a grand tower, a massive type of building called a ziggurat, which consisted of a series of terraced platforms, each smaller than the one below it, and all together reaching a great height. At the top would be a shrine to Bel, whom they worshiped as 'the Most High god', the god of the sun and of fire; other 'sky gods' would also be included. Therefore, Genesis 11:4, in speaking of "a tower and his top with the heavens (literal translation)," is not referring to the height of the tower, but instead to the inscriptions of the stars on the walls of the shrine. The constellations were there, but with outlines of the 'sky gods' on them in order to cause people to associate the 'pictures in the sky' that they had known about from childhood, with the images Nimrod wanted them to worship. This is indicative of the occult deception which reigned in Babylon.
Acho que é por isso que o
Gilgamesh de Fate Stay Night Zero tem os olhos "saurônicos" principalmente quando está usando sua lábia carismática persuasiva semi-divina.
He has the skill Golden Rule, being fated to a life that is filled with riches. It does not measure the percentage of gold in one's body, but the chance of attracting gold in one's life*. The level of gold provided by rank A will make the user incredibly wealthy to the point where money trouble will be unknown, allowing him to live the life of a nabob. While it seems unrelated to battle, it plays a great role in arming him. Claiming all the world's treasures as his own, he obtained the originals of Noble Phantasms preserved in his treasury during that period.
He has a very high rank of Charisma with the influence to build a grand empire on a global scale. He is often praised as the greatest king, so his ability to command and lead great armies is excellent. It is a rare talent, and even a B rank is sufficient enough to lead a nation. Gilgamesh has a rank of A+, making it no longer a matter of popularity or skill, but closer to something like sorcery or curse. Any army led by him will have a tremendous increase in abilities because an egotistical Gilgamesh radiating with self-confidence will be sure to boost the morale of his army to an extremely high level.
* Exatamente o que o Draupnir o Anel de Odin na mitologia nórdica, o Andvarinaut e, canonicamente, os Sete Anéis dos Anões no Legendarium faziam.
I really jumped from my chair shouting "The Dark Lord Sauron is watching us!" to this scene. It was genuinely amusing to see how they animated Gilgamesh's eye!
O olhar fatal de "Gigabicha"
He is described as handsome with an elegant face, and his eyes, crimson like blood, are visibly not those of a human and give off a mysterious radiance that makes people wither.
Sauron "Alexandre o Grande" de Valerhon
É diferente você usar histórias que você tem como irreais e histórias que você acredita reais e além disso sagradas.
Mas será que Tolkien REALMENTE pensaria desse jeito Mohanah? Ao invés de FALAR ISSO e FAZER outra coisa nos seus escritos ( lembremos: nem todos considerados apropriados pra publicação pelo próprio autor
justamente por esse motivo como Andreth e Finrod?) E mesmo assim, indispensáveis pra se entender as nuances metafísicas e teológicas, assim como a natureza de seu world-building?
Para responder essa pergunta recomendo a leitura
desse post antigo meu, transcrito aí, onde expliquei a maneira com que Tolkien entendia e fruía a produção e criação de mitos NO GERAL, como estórias/história ou cânone religioso (
implicita no poema Mitopéia e explicada na biografia do Carpenter). Pra variar, como sempre acontece com ele, as coisas não são tão preto no branco como podem parecer a princípio e nem, tampouco, o é sua adesão ao entendimento ortodoxo/literal de QUALQUER texto mitológico, bíblico ou não.
Mais detalhes aí:
Metaphysics of Myth. The Platonic Ontology of “Mythopoeia“.
Frank Weinreich
Ou aí:
The Maker’s Art, Part 1: Defining Mythopoeia in the Context of Fantasy and Speculative Fiction
Nota: os links já estão colados aí em cima, mas, uma vez que estão conectados com o tema discutido nesse post de maneira tão intrínseca, vale aqui a ênfase pra dois textos do meu blog:
A Torre Negra Adamantina-O Senhor dos Anéis e o Paraíso Perdido de Milton
X-Men e Tolkien -"Reunião de Cúpulas" escondida em plena vista...
E um
comentário fortemente indicativo de que Frank Herbert USOU o SdA como uma das fontes de desconstrução da jornada messiânica do seu personagem protagonista.
Dune was an evolution as much as an unashamed homage. Herbert intentionally recycled many of the best authors and literary themes from Shakespeare to Dostoyevsky to T.E. Laurence to Asimov. Gilgamesh, The Illiad and Odyssey, Oedipus Rex, Hamlet, King Lear, The Quran, and Lord of the Rings are among his inspirations.