Revivendo o tópico!!!!
Este é, obviamente, um assunto que me irrita profundamente, pois as traduções que alguns títulos recebem no Brasil não apenas demonstram uma imensa falta de conhecimento por parte dos responsáveis pelo trabalho, como também um incrível desrespeito para com o público, como se fôssemos um bando de idiotas incapazes de entender o significado de um título como
Parenthood ou
Annie Hall.
O curioso é que, freqüentemente, escuto piadas sobre os títulos que os filmes americanos costumam receber em Portugal (uma das mais famosas diz respeito à tradução de Psicose, que teria sido rebatizado como
O Filho Que Era a Mãe – algo inverídico, já que a tradução lusitana foi literal:
Psico). Pois quem realmente merece ser alvo de piadas são os tradutores dos títulos aqui no Brasil.
O anúncio, feito pela Lumière, de que o novo filme de Kevin Smith se chamará O Império (do Besteirol) Contra-Ataca (em vez de Jay e Silent Bob Contra-Atacam) é absolutamente ridículo e indica que a distribuidora aposta em nossa burrice, como se apenas conseguíssemos compreender a referência ao Episódio 5 de Star Wars caso a palavra 'Império' aparecesse no título.
No entanto, esta incompetência dos tradutores não é nova: quem já ouviu falar de um filme chamado O Som da Música? Pois este seria o título correto de
A Noviça Rebelde (1965), que não fica muito atrás da piadinha sobre as traduções feitas em Portugal. Outro exemplo é
The Graduate (1967), um filme-símbolo que, no Brasil, se chamou
A Primeira Noite de um Homem (algo que dá uma impressão completamente equivocada sobre as angústias de seu protagonista). Isso para não falarmos de
Giant (1956), que aqui se chamou
Assim Caminha a Humanidade – um título que permanece inexplicável até hoje, quase 50 anos depois. E o que posso dizer sobre
Annie Hall (1977), que aqui virou
Noivo Neurótico, Noiva Nervosa, embora seja uma declaração de amor à personagem (que deveria ser a personagem-título) interpretada por Diane Keaton?
Mas tem mais: em 1983, o filme
Losin’It, estrelado por Tom Cruise, foi rebatizado como
Porky’s 3, apesar de não ter absolutamente nada a ver com a série protagonizada por Pee Wee e seus amigos. No entanto, como a série fazia sucesso, a distribuidora (em uma incrível demonstração de seu mau-caráter) tentou enganar os espectadores.
Outro exemplo triste é o ótimo
Parenthood (1989), que, como o título em inglês indica, é um filme sobre as angústias e também sobre o lado engraçado da... Paternidade – mas que, sei lá por qual motivo, virou
O Tiro Que Não Saiu Pela Culatra. Ora, quem se anima a assistir a um filme com um título assim? Outra aberração recente foi a tradução de
Memento, que se transformou em
Amnésia, provando que os tradutores nem se deram ao trabalho de assisti-lo, já que o personagem de Guy Pearce afirma várias vezes que sua doença nada tem a ver com amnésia.
Há outros absurdos: na série
Evil Dead, comandada por Sam Raimi, o primeiro filme foi traduzido no Brasil como
A Morte do Demônio (1982); a continuação virou
Uma Noite Alucinante (1987); e o terceiro exemplar se chamou...
Uma Noite Alucinante 3 (1993)! Três? Onde está a 'parte dois'? E nem me peçam para falar sobre as redundâncias, como
Backdraft - Cortina de Fogo (o termo 'backdraft' significa justamente 'cortina de fogo') e
Hurricane – O Furacão (Furacão – O Furacão).
Ah, mas também não posso me esquecer dos infames subtítulos, que surgem quando os tradutores resolvem manter o título original e simplesmente acrescentam alguma idiotice, como em
Snatch – Porcos e Diamantes (2000), Air America - Loucos Pelo Perigo (1990), Austin Powers 2: O Agente Bond Cama (1999) e Hudson Hawk - O Falcão Está à Solta (1991).
E que tal misturarmos tudo: título original, subtítulo e tudo o mais? Aí teremos
O Último Boy Scout - O Jogo da Vingança (1991).
O que os tradutores precisam compreender é que o espectador brasileiro merece mais respeito, pois estes títulos não são péssimos apenas sob o ponto de vista da língua, da tradução, mas também constituem uma verdadeira ofensa aos fãs da Sétima Arte.
Para encerrar (e para que ninguém diga que em Portugal as traduções são superiores, o que não é verdade), há um outro filme de Hitchcock que recebeu um título terrível dos lusitanos:
Vertigo, que aqui se chama
Um Corpo Que Cai, lá entrega o enredo se chamando
A Mulher Que Viveu Duas Vezes.
Ao que parece, nossos irmãos portugueses também precisam de uma faxina em seus escritórios de tradução...
Um grande abraço e bons filmes!
(P.S.: Caso se lembre de outros absurdos na tradução dos títulos, não deixe de citá-los no fórum)
Agradecimentos especiais a Pablo Villaça do Cinema em Cena pelo texto[/u]