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Eleições 2014 Urna eletrônica tem falhas, afirmam especialistas em debate sobre voto impresso

Você acha que deveria sair impresso seu voto?


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Em tempo, os votos impressos devem ser verificados pelo eleitor e permanecerem na seção eleitoral para apuração posterior. É assim que funciona em outros países. A idéia é exigir que o fraudador seja capaz de distorcer de maneira compatível tanto a contagem eletrônica quanto o registro físico, aumentando o custo do ataque. O sistema não exigiria muito incremento logístico além do atual, que já depende em muito de custodia física de equipamentos e cartões de memória, mas alguns detalhes operacionais precisariam sim ser definidos. Por fim, é uma tentativa de permitir aos eleitores verificar o comportamento do software no dia de votação, eliminando a necessidade atual de se depositar confiança incondicional na autoridade eleitoral.

Zeresima e Boletim de Urna só tem valor quando o software é honesto e seguro contra adulteração. Durantes os testes de 2012, encontrei erros primários de projeto e implementação dos mecanismos de segurança envolvendo sigilo do voto e integridade de resultados, logo não há nada de paranóia em contestar o segundo caso.
 
Última edição por um moderador:
@Grimnir , no começo da eleição, as urnas eletrônicas imprimem a zerésima: um documento que prova que nenhum candidato saiu com voto precoce. No final, são impressos cinco boletins (ou quantos forem necessários) com o resultado de cada uma, sendo que os fiscais dos partidos podem solicitá-lo.

Eu vejo a coisa como paranoia.

E mais: o Olavo pira nessa ideia de fraude em urna eletrônica. Ou seja, sou a favor de tudo que ele é contra.

Se junte ao Pagz pra infernizar a vida do velho no Face então. Vai ser épico. :lol:

Mas me responde uma coisa, Cantona... Eu havia me esquecido do detalhe da zerésima. Trabalhei na eleição de 98 como fiscal, e me recordo de a impressão (papel térmico, amarelo) conter os nomes e porcentagem de votos naquela urna. Naquela época, era disquete ainda, então ele era posto junto com a zerésima num envelope, que era lacrado e assinado por todos os presentes. Mas isso só era feito ao final da eleição, quando não há ninguém na sala além dos fiscais e mesários. Aliás, me recordo do relaxo dos fiscais, pois naquela zona eleitoral, eu fui a única a comparecer. :tsc:

O que eu não entendo é como a impressão da zerésima pode garantir a ausência de fraude na eleição, pois é um pedacinho de papel térmico simples, que pode ser trocado.
Como funciona depois que ela deixa a sala da urna?
 
O papel impresso no final da eleição contendo os totais parciais para uma certa urna eletrônica se chama Boletim de Urna. O papel impresso no início se chama zerésima. Ambos só fazem algum sentido se o software instalado na urna eletrônica for honesto e seguro, algo que fiscais de partido e eleitores não podem confirmar durante sua interação com o equipamento. Assim, confiamos implicitamente no TSE e sua equipe de 150 programadores.
 
Eu vi em algum lugar (isso deve fazer uns 3 anos, não vou conseguir lembrar) que o TSE sempre abria um concurso pra hackers, empresas de segurança e qualquer um que quisesse tentar violar o sistema eleitoral e até aquela data ninguém tinha conseguido violar. Então até prova em contrário imagino que seja seguro.

Comprovante impresso tem a vantagem de ser um algo a mais pra conferir a contagem, mas tem a desvantagem de deixar exposto o voto. Como funciona? É pra eu conferir se o voto impresso é o mesmo que eu pretendi? E depois onde ele fica? Como vou evitar que um mesário veja também? Imagino que seja pra conferirem depois. Mas vão contar duas vezes no fim? Os impressos e os eletrônicos? Caso não batam o que será feito? Média? Vão dar prioridade a um dos votos? Qual deles? Ou só vão conferir se tiver suspeita de fraude? Não acho que pesquisas serão modelo pra nada. Pesquisas não são de forma nenhuma precisas (na grande maioria das vezes).

Estou inclinado a confiar no nosso atual modelo já que não me lembro de saber de uma fraude. Só ouvi boatos, mas boatos por boatos.

Durantes os testes de 2012, encontrei erros primários de projeto e implementação dos mecanismos de segurança envolvendo sigilo do voto e integridade de resultados, logo não há nada de paranóia em contestar o segundo caso.
Quem é você? Você trabalha pra algum órgão ou empresa de segurança?
 
O TSE organizou dois Testes Públicos de Segurança, em 2010 e 2012. O teste de 2010 foi sem conhecimento do código-fonte da urna (caixa preta), mas ainda assim montaram um ataque físico contra o sigilo do voto (o teclado da urna vazava frequências de que tecla era digitada). O teste de 2012 foi com acesso ao código-fonte (caixa cinza, pois não podíamos manipular o código-fonte), e novamente foi montado um ataque contra o sigilo do voto que recuperou em ordem um volume de até 950 votos. Isso permite revelar os votos de todos os eleitores de uma seção eleitoral, caso a lista ordenada de votos seja associada à lista ordenada de eleitores (mantida por um mesário ou fiscal malicioso). Além disso, permite recuperar um voto inserido em um instante de tempo específico, pois a urna armazena a hora que cada voto foi depositado, o que pode ser arma política se montado contra eleitores ilustres. Não precisamos de nada além de informação pública para montar nosso ataque. Logo, o sigilo do voto já não é grande coisa no sistema atual.

Há várias implementações de voto impresso no mundo, com características diferentes. A que se pretende utilizar no Brasil (por ser mais barata, apesar de haver soluções mais interessantes) determinava que o voto deve ser impresso durante a interação do eleitor com a máquina de votar, sem permitir que o eleitor leve o papel de volta consigo e prove suas escolhas para uma terceira parte. Em 2002, quando o voto impresso foi testado em caráter experimental, o papel ficava dentro de um visor blindado de acrílico e, caso o eleitor aprovasse o registro físico do voto, ele era cortado e depositado em uma urna convencional. Em caso de disputa ou por amostragem, deve-se fazer uma apuração rápida na própria seção eleitoral para verificar se a contagem eletrônica do Boletim de Urna reflete os votos impressos conferidos pelos eleitores. Se a contagem bate, isso indica que o software contou os votos de maneira honesta. Pode-se impugnar o resultado da eleição em caso de divergência ou tolerar uma pequena margem de diferença (desde que menor do que a vantagem entre os dois primeiros candidatos). Pode-se também dar precedência para o registro físico, por ter sido conferido diretamente pelo eleitor. Cada país constrói legislação adequada à sua cultura para resolver essa ambiguidade. Novamente, existem soluções de voto verificável pelo eleitor que não introduzem ambiguidade (Argentina), mas sempre que são sugeridas, o TSE argumenta que há escondido um interesse comercial de vender equipamento eleitoral, como se a tecnologia não pudesse ser replicada no Brasil. Na ausência de verificação independente de resultados, votamos com confiança incondicional implícita na autoridade eleitoral, pois a integridade dos resultados depende unicamente do software.

Há dezenas de relatórios que apontam desvios sérios de conduta na preparação e execução de urnas eletrônicas (instalação de software fora de hora, updates misteriosos de software, votos depositados durante a totalização, indícios de mesários votando por eleitores faltosos, etc.). Como não há transparència suficiente no processo, o TSE sempre argumenta que foi erro operacional ou da máquina, exigindo milhões para se realizar uma auditoria. Logo, pode-se concluir que o sistema atual é opaco, na medida que não fornece evidências inquestionáveis de fraude para nenhum fiscal externo, deixando claro o conflito de interesses do TSE em resolver disputas.

Fui citado na matéria original. Sou professor de Computação na Unicamp, com doutorado em Criptografia e Segurança Computacional, e coordenei a equipe que venceu os Testes Públicos de Segurança organizados pelo TSE, enquanto professor da UnB. Durante os Testes, produzimos o relatório a seguir, já publicado tanto em Inglês quanto Português em veículos acadêmicos apropriados, sob processo de revisão por pares:

https://sites.google.com/site/dfaranha/projects/relatorio-urna.pdf

Por fim, a área de segurança não trabalha mais com "até prova em contrário imagino que seja seguro" há algumas décadas. Atualmente, só pode ser considerado seguro o que foi auditado em detalhes e obedece projeto técnico minucioso. Caso contrário, instala-se uma falsa sensação de segurança que permite ataques sorrateiros (vide NSA e afins).
 
Última edição por um moderador:
Minha sugestão foi meramente para adicionar transparência e confiabilidade no processo eleitoral.
Você vai, vota, e recebe um comprovante de voto com um ID único. Só com isso.
Depois da apuração, com a mesma base de dados da apuração, tem um portal com todos os votos e estatísticas e tudo mais e você pode consultar seu ID e ver se o voto computado na apuração corresponde ao seu.
Minha sugestão foi apenas isso.

Não que realmente mude algo pois fraudadores são criativos, mas cada voto estará vinculado a um ID que o eleitor tem em sua posse e pode checar. Isso deve no mínimo coibir fraudes.

Adicionalmente a isso, medidas mais efetivas nas quais não pensei poderiam ser adotadas. Sei que acredito que o sistema precisa de algo para reforçar sua credibilidade.
Não houve boatos de fraude, mas ouvi dezenas de técnicos e hackers relatando a vulnerabilidade das urnas e como conseguiram sim em testes práticos interceptar e alterar dados durante a transmissão. Não vou procurar links das matérias agora, mas tem várias no decorrer dos últimos anos.
 
Existem esquemas na literatura acadêmica que empregam uma tonelada de matemática para entregar um identificador que permite ao eleitor saber que seu voto foi contado sem alteração, sem no entanto revelar suas escolhas diretamente. São os esquemas de "voto com recibo":

http://www.ted.com/talks/david_bismark_e_voting_without_fraud

Estou certo de que não funcionaria com uma população sem instrução como a nossa, mas quem sabe um dia?
 
Obrigado, estou apenas de passagem até a thread perder interesse! Não pretendo ser intrusivo, mas entendo que uma das minhas funções como acadêmico é levar a informação correta para que as pessoas possam se posicionar adequadamente, ainda que de maneira contrária. Afinal de contas, tem muito de subjetivo em assuntos como esse.
 
Obrigado, estou apenas de passagem até a thread perder interesse! Não pretendo ser intrusivo, mas entendo que uma das minhas funções como acadêmico é levar a informação correta para que as pessoas possam se posicionar adequadamente, ainda que de maneira contrária. Afinal de contas, tem muito de subjetivo em assuntos como esse.

Que pena, @Diego Aranha. Seria ótimo manter usuários como você por perto postando também em outras áreas do fórum.
Estou certa de que compreende que é muito difícil manter uma discussão como esta, principalmente por se tratar de política, sem que caia no lugar-comum da falácia, do partidarismo ridículo ou, como é muito comum nas redes, descambar para o insulto gratuito. Aqui na Valinor, mesmo com as diferenças de orientação política, sempre procuramos manter as discussões num nível de respeito e coleguismo. :-D

Faço minhas as palavras do @Grimnir , seja muito bem vindo! Sua contribuição está ajudando e muito a entender um assunto com pouca divulgação realmente imparcial.


Não entendi muito bem o "quem é você?" do post anterior, mas enfim.

Ué, o Morfs não conhece o Diego como usuário, então perguntou o que ninguém (eu inclusa) teve coragem de perguntar. Só que foi tão de chofre que deu a entender da forma errada, mas não teve a intenção de hostilizar, creio eu. :lol:
 
@Seiko-chan Sei exatamente do que você fala, de vez em quando esbarro em fiscais de partido (que insistem em dizer que há fraude em todo lugar e de todo tamanho) ou representantes da autoridade eleitoral (que insistem que não há nenhum risco de fraude em qualquer lugar). Eu tento adotar um tom imparcial e científico, mas que frequentemente é acusado de envolver tentativas gratuitas de auto-promoção. Já escutei também a hipótese de que recebo dinheiro de partidos para falar mal da urna eletrônica (???) ou que tenho interesse escondido de vender impressoras ou máquinas de votar. No final das contas, é impossível agradar os outros e cada um faz aquilo que acredita.
 
@Diego Aranha, faço coro com os colegas: muito boa sua contribuição! Sou leigo nesse universo da informática e formulei minha opinião baseado na experiência de eleitor e no resultado das eleições até o momento: ao menos nas grandes cidades, no meu entender, não houve nada de absurdo - no sentido que os nomes eleitos não diferem tanto do período pré-eletrônico; e geralmente confirmam as pesquisas eleitorais e de boca de urna. Mas gostaria de saber: imagino que tenham vozes que defendem o atual sistema e o fazem com discurso igualmente técnico, evitando os critérios subjetivos ou mesmo de gastos. Qual é a argumentação usada?

Seja bem vindo.
 
Para ser sincero, não vejo muitas manifestações realmente técnicas do TSE. Vejo listas de termos técnicos (assinatura digital, identificação biométrica, auto-verificação de software) sem nenhum detalhe sobre como esses mecanismos foram projetados e implementados. Minhas interações com o Tribunal não tem sido muito frutíferas, a exemplo do link abaixo, uma das poucas vezes em que responderam oficialmente meus questionamentos:

http://g1.globo.com/tecnologia/blog...zia-fielmente-erro-de-1995-diz-professor.html

Ênfase especial em "ameaça à democracia". Há tréplica minha nos comentários.
 
Faço buscas frequentes pelo tema em busca de oportunidades para esclarecer as idéias sendo defendidas. Não é o primeiro fórum que participo com essa intenção. :)
 
Para ser sincero, não vejo muitas manifestações realmente técnicas do TSE. Vejo listas de termos técnicos (assinatura digital, identificação biométrica, auto-verificação de software) sem nenhum detalhe sobre como esses mecanismos foram projetados e implementados. Minhas interações com o Tribunal não tem sido muito frutíferas, a exemplo do link abaixo, uma das poucas vezes em que responderam oficialmente meus questionamentos:

http://g1.globo.com/tecnologia/blog...zia-fielmente-erro-de-1995-diz-professor.html

Ênfase especial em "ameaça à democracia". Há tréplica minha nos comentários.


Sinuca de bico bonita de se ver...

G1 - O professor disse também que uma linha importante do código fonte estava desativada durante a análise permitida aos investigadores. Essa linha, segundo ele, era responsável por verificar a integridade/autenticidade do software. O TSE sabia que essa linha estava desativada?
TSE - O TSE não pode emitir opinião por desconhecimento do conteúdo da alegação, uma vez que não está presente no relatório do professor sobre o teste.

...se não fosse a laconicidade impressionante das respostas do TSE.
 
Por fim, a área de segurança não trabalha mais com "até prova em contrário imagino que seja seguro" há algumas décadas. Atualmente, só pode ser considerado seguro o que foi auditado em detalhes e obedece projeto técnico minucioso. Caso contrário, instala-se uma falsa sensação de segurança que permite ataques sorrateiros (vide NSA e afins).

Gostei muito dessa parte final aqui, principalmente a negritada.

Ué, o Morfs não conhece o Diego como usuário, então perguntou o que ninguém (eu inclusa) teve coragem de perguntar. Só que foi tão de chofre que deu a entender da forma errada, mas não teve a intenção de hostilizar, creio eu. :lol:

Sim. Não foi mesmo. Perguntei não por não conhecer o usuário, mas por querer saber quem ele é. Técnico de segurança digital por exemplo. Seria como se eu entrasse aqui no fórum, ninguém soubesse quem eu sou e eu postasse sobre medicina parecendo que sou médico, quando não sou. Não disse com arrogância: "quem é você?", foi mais com espanto: "mano, quem é você pra falar assim com acesso a isso tudo?".

Pois falar por falar eu poderia fazer o mesmo. Se visse uma discussão dessa em algum lugar eu vinha aqui, copiava todo esse post e postava lá como se eu fosse o entendido. Ou vocês acreditam numa informação sem fontes e confirmação? Alguns eu sei que sim. Acreditam.
 
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