(...)Vemos com isso que não é só as usinas termonucleares que causam preocupação com os possíveis acidentes, mas o lixo radioativo gerado por todas as atividades que envolvem elementos radioativos. A meia-vida de alguns componentes do lixo atômico chega a 600.000 anos. Com sua segunda usina nuclear em operação, o Brasil não sabe ainda o que fazer com os seus rejeitos atômicos. Há mais de uma década, o assunto é tratado como lixo que se joga debaixo do tapete. Neste caso, porém, o tapete está ficando curto. Só com Angra 1, o país acumula 2,1 mil toneladas de lixo radioativo de média e baixa atividade, que já lotaram um depósito provisório e começam a encher um outro galpão.
Com Angra 2 em operação, a produção de resíduos nucleares dobrará sem que o Congresso, após 12 anos de discussão, tenha aprovado uma solução definitiva para o problema.
Os 6.162 tambores de lixo atômicos de Angra 1, gerados durante os últimos 15 anos, estão guardados provisoriamente em galpões com paredes de concreto e cobertura de laje e amianto, numa pedreira um pouco acima das usinas. O local fica perto do mar e da rodovia Rio-Santos/BR 101. Alguns tambores contêm césio, que precisa de 30 anos só para reduzir à metade seu potencial de risco.
O lixo de Goiânia proveniente do acidente como Césio-137, em 1987, ainda continua acumulado �provisoriamente� em tambores a céu aberto.
(...)Existem no país, três depósitos que armazenam materiais de baixa e média radioatividade. O IEN guarda o material do Rio e do Espírito Santo. O Instituto de Pesquisa Energética Nuclear, na Universidade São Paulo (USP), abriga os rejeitos de São Paulo e do sul do país. Já o Centro de Desenvolvimento de Técnicas Nucleares, armazena materiais de Minas Gerais e do Nordeste e fica na Universidade Federal de Minas.
Os riscos na Usina Nuclear de Angra são excessivos. Eventos significantes ocorreram no reator Angra I em período recente. Entre janeiro e março de 1999, ocorreram seis desarmes não planejados da usina - um número elevado, segundo os indicadores de desempenho propostos pela própria empresa. Dos seis eventos, dois foram resultantes de perda de energia elétrica do sistema, que se relaciona à deterioração do sistema elétrico nacional, devido à falta de investimentos, o que interferiu com os problemas de segurança do reator.(...)