Restaurante usa produtos da época e consegue vender PF vegano por R$ 4,50
O restaurante Semente de Girassol, em Curitiba, vende prato feito a R$ 4,50
O restaurante Semente de Girassol, em Curitiba (PR), vende pratos feitos por R$ 4,50, sem carne ou qualquer tipo de proteína animal. O PF da foto tem arroz, feijão carioca, carne de soja com vagem, batata palha, grão-de-bico e salada de alface. Clique nas imagens acima e veja mais
Imagem: Lucas Gabriel Marins
O restaurante Semente de Girassol, em Curitiba (PR), vende pratos feitos a R$ 4,50, sem carne ou qualquer tipo de proteína animal; crianças pagam R$ 3,50. O cliente também pode optar pelo bufê livre, que custa R$ 7,90. Com suco à vontade, o preço sobe para R$ 10.
O valor da opção livre é 71% menor do que o preço médio da refeição na capital paranaense (R$ 34,71), considerado um dos mais caros do Brasil, segundo a Associação das Empresas de Refeição e Alimentação Convênio para o Trabalhador (Assert) e o Datafolha.
Inaugurado em março de 2013 pelo administrador de redes Emerson Apio, 35, o restaurante recebeu investimento inicial de R$ 300 mil. Lucro, faturamento e custos não foram revelados.Apio diz ter vendido sua antiga casa para abrir o negócio.
Cardápio muda todo dia
O ponto, que acomoda cem pessoas, é alugado por R$ 10 mil mensais. Vegano há 15 anos, o proprietário diz que o objetivo do restaurante é divulgar as ideias veganas. "Quero mostrar que é possível consumir comida com qualidade e preço justo sem matar seres de outras espécies", declara.
O público do local é bem variado. Além de veganos e vegetarianos, há estudantes e trabalhadores da região central da cidade.
O cardápio varia todo dia, mas geralmente tem arroz branco e integral, feijão preto ou carioca, carne de soja, batata palha, farofa, lentilha e legumes da época. Os sucos são de banana, laranja, limão ou frutas da época; o cliente também pode tomar chá gelado.
O menu ainda tem opções de doces, como torta de banana e bolo de chocolate, e salgados, a exemplo de fatias de pizza. Nada é fixo. Os valores começam a partir de R$ 3.
Para reduzir preço, restaurante usa produtos da época
Segundo Apio, é possível oferecer comida a um baixo preço por causa da redução de funcionários. O local tem apenas nove. "Até o começo deste ano, nem cozinheiro a gente tinha. Eu fazia toda a comida", afirma.
Ele diz que compra produtos nos sacolões da família, barracões espalhados pela capital paranaense onde é possível encontrar frutas e hortaliças pelo preço único máximo de R$ 2,29 o quilo.
O restaurante ainda mantém parceria com produtores de alimentos orgânicos da Grande Curitiba. A região tem 15 mil agricultores, sendo que mil cultivam alimentos sem agrotóxico, segundo o Centro Paranaense de Referência em Agroecologia (CPRA).
Para economizar na compra de orgânicos, que geralmente são mais caros do que os produtos convencionais, Apio diz que ele costuma adquirir os alimentos de época e que estão em oferta. "São bem mais baratos", declara.
Empreendedor precisa entender de gastronomia
Para a consultora do Sebrae-PR Sonia Shimoyama, o restaurante tem um perfil forte de empreendedorismo social, que é tendência. "Hoje em dia, o veganismo tem potencial e muito espaço para crescer no Brasil e no mundo, pois alia uma alimentação sem machucar animais a um consumo saudável", diz.
O empreendedor que deseja abrir um negócio parecido, afirma Sonia, precisa cuidar de alguns pontos. O primeiro é em relação à gastronomia. Ela fala que não adianta encontrar fornecedores bons e baratos, se não há conhecimento sobre como manipular os produtos."Para o negócio dar certo, é preciso transferir a qualidade dos alimentos para a comida que é oferecida ao cliente."
A compra de alimentos da época, como faz Apio, é outra dica da consultora. "Frutas e verduras fora de temporada são três vezes mais caras, e isso pode afetar muito o negócio", afirma.
A inovação, diz Sonia, também deve ser uma constante na vida do dono de restaurante. "O cliente precisa perceber que o local tem novidade, seja no cardápio ou mesmo na estrutura do estabelecimento. Isso, além de atraí-lo, mantém a competitividade."