Vou colocar o review aqui do site do Jovem Nerd, assim como fiz no tópico do PS5.
A minha maior preocupação é se o Xbox Series S vai conseguir rodar todos os jogos até o final da geração. Pelo visto a compra de uma memória externa para o Series S será necessária.
Xbox Series X e Xbox Series S | Review
A
Microsoft chega na nova geração de consoles com duas opções de Xbox com potências e valores diferentes para seus consumidores. O
Xbox Series X, a versão maior e mais poderosa, e o
Xbox Series S, o irmãozinho menor que tem uma GPU mais modesta, menos RAM e não tem drive de disco em troca de um preço mais acessível.
Isso em si já é uma surpresa e quebra uma ideia da geração passada, que trouxe um modelo mais poderoso só depois de alguns anos.
Nos últimos dias, testamos os dois modelos — que foram cedidos pela Microsoft — e pudemos sentir um pouco do potencial desses videogames, além de conferir as novidades que eles trazem. E é possível embarcar nesse review com trilha sonora: “
Harder, Better, Faster, Stronger“, do Daft Punk, que tem um título que define tudo o que sentimos nos novos consoles. “Mais robustos, melhores, mais rápidos e mais fortes” do que nunca.
“Harder, Better, Faster, Stronger”
As mudanças da nova geração já começam na hora de ligar o console. Tudo pode ser configurado pelo celular de maneira fácil, trazendo todos os ajustes que foram feitos na dashboard do Xbox One, assim como os saves da nuvem. Não é preciso nem ligar o seu console antigo, caso você tenha um, para fazer esse backup. Tudo é automatizado e os jogos ficam exatamente no ponto que você deixou. Isso vale para as duas versões,
Xbox Series X e
Xbox Series S.
É intuitivo para qualquer pessoa que já tenha usado um smartphone na vida e extremamente rápido. Basta ligar o console, inserir o código que vai aparecer na tela da TV no app do Xbox para celular e a configuração é feita quase automaticamente.
Em questão de minutos, o
Xbox Series X já estava atualizado e com todas as modificações que eu tinha feito ao longo dos anos no Xbox One X. Assim que o console estava pronto para o uso e antes de realmente mergulhar nos jogos, um detalhe chamou a atenção: o fim do atraso da dashboard em entender os comandos do controle. O mesmo aconteceu no
Xbox Series S: tudo muito rápido e intuitivo.
Era comum o Xbox One original ter uma “pausa dramática” enquanto você navegava nesse menu, especialmente ao ir para outras áreas, como a loja, e nem o Xbox One X conseguiu resolver esse problema. Isso mudou com o
Series X e o
Series S.
A interface, que é a mesma que
chegou recentemente ao Xbox One, mudou relativamente pouco, mas passar de uma opção para a outra no menu é realmente instantâneo, sem aqueles milissegundos de diferença que existiam na geração anterior. É um upgrade que pode parecer simples, mas faz uma diferença notável que deixa toda a experiência mais fluida e agradável.
“Work it harder”
Por conta do SSD, tudo é extremamente veloz: o console inicia rápido, os loadings ficam praticamente inexistentes. É possível trocar entre um game e outro em poucos segundos graças a uma novidade que a Microsoft apresentou, o
Quick Resume.
A nova função faz exatamente o que promete: retornar rapidamente a jogos que você deixou abertos, permitindo alternar entre um e outro sem grandes problemas. Mesmo depois de desligar os console, essa função permaneceu ativa nos títulos que eu estava jogando.
Então, se você está jogando um título que demanda mais tempo, tal qual
Yakuza: Like a Dragon, e um amigo te chama para uma partidinha multiplayer de
Gears 5, você pode simplesmente alternar entre os jogos, matar umas hordas e voltar para a missão que estava fazendo no game de máfia japonesa exatamente de onde parou, praticamente sem espera.
Nos testes, alternando entre vários títulos, sejam eles antigos, atuais ou otimizados para essa nova geração, o tempo médio de loading com essa nova função foi de
5 a 8 segundos.
Se você é do tipo que costuma dar aquela espiadinha no celular entre um loading e outro, talvez seja melhor abandonar esse hábito. Em
Yakuza: Like a Dragon, por exemplo, as telas de carregamento só piscam por um segundo na TV antes de desaparecerem e mal dá tempo de ler as dicas que o game oferece, imagina então conferir qualquer rede social.
Mesmo quando o Quick Resume não funciona e o jogo começa a carregar do zero (o que aconteceu em games online, como
Sea of Thieves e
Destiny 2), o
boot ainda é ridiculamente rápido: cerca de 10 a 30 segundos entre abrir o jogo no menu e aparecer a tela de press start, dependendo do título.
Pode ser que no futuro, quando tivermos títulos que realmente tirem proveito de todo o potencial dos Series X e S, esses tempos de loading aumentem um pouco. Mas, no momento, é bem impressionante a experiência de ver tudo carregando instantaneamente.
Testando alguns jogos de Xbox 360 via
retrocompatibilidade, dois deles chamam atenção:
Geometry Wars: Retro Evolved e
Pac-Man Championship Edition DX+. Não apenas são títulos que envelheceram muito bem, como também se beneficiam de maneira notável do
HDR automático: funcionalidade dos consoles que aplica HDR a games que nunca foram programados para fazer isso.
No entanto, durante o teste com os títulos de Xbox 360, o Quick Resume não funcionou. A inicialização foi, de todo modo, rápida, em média uns 20 segundos. A Microsoft, em comunicado via assessoria de imprensa, afirmou que o sistema receberá uma atualização para que mais jogos tenham suporte ao Quick Resume. Assim, é provável que até o
Series X e S chegaram às mãos dos consumidores, isso já esteja funcionando.
Um único engasgo que ocorreu foi com
Yakuza: Like a Dragon, que travou mais de uma vez durante a inicialização de tal maneira que não adiantou fechar o game. Foi necessário desligar o aparelho e tentar de novo, mas o save não foi afetado e nada foi perdido além de alguns minutos. É algo que não chegou nem sequer a irritar e que pode ser corrigido até o lançamento do console. Como foi algo que só aconteceu com ese jogo, é provável que tenha sido um problema do título e não do Quick Resume.
“Make it better”
Dado todo seu poderio, é muito impressionante que o
Xbox Series X seja tão silencioso. Mesmo forçando bastante nos testes de estresse, como nos trechos de
Gears 5 que exigiam bastante do console e que a ventoinha estava a mil para manter a temperatura do videogame, foi surpreendente. Nessas condições, não é que eu esperasse que ele imitasse um helicóptero prestes a alçar voo, como certos consoles de gerações passadas, mas pelo menos algum som:
não deu pra ouvir absolutamente nada.
O único momento que o Series X fez algum barulho foi quando o leitor de disco estava funcionando para instalar um jogo. Assim que a instalação foi concluída, o ruído cessou totalmente. O mesmo teste não pôde ser feito no
Series S porque ele não tem o leitor de disco.
E apesar das piadas que fizeram pela internet, não dá para aquecer seu apartamento com o console. Durante os testes, ele não pareceu particularmente mais quente que qualquer outro console. Medindo com um termômetro infravermelho (aqueles que você vê com frequência sendo usados em portas de supermercados e lojas), a temperatura do topo do videogame, onde fica o cooler, chegou no máximo a
50 graus, enquanto na base mal passou de
20 graus. Essas medidas valem para ambos os consoles.
“Do it faster”
O SSD de 1TB (802 GB usáveis) do
Xbox Series X pode parecer bastante, mas os jogos da geração passada que foram otimizados são grandes, assim como os da nova geração. Para ter dar uma ideia de quanto cada um deles ocupa,
Destiny 2 tem 109 GB,
Forza Horizon 4 tem 82 GB,
Gears 5 tem 72 GB,
Sea of Thieves tem 47 GB, enquanto o lançamento
Dirt 5 fica com 64 GB.
O
Xbox Series S tem 512 GB de armazenamento (só 364 GB usáveis) e o espaço livre desaparece em um piscar de olhos, especialmente se você assinar o
Xbox Game Pass, que incentiva a testar diferentes títulos por um preço reduzido.
Embora os jogos do Series S sejam levemente menores pela falta dos assets 4k, eles não chegam a ser leves.
Gears 5 fica com 55 GB,
Dirt 5 nessa versão tem só 40 GB e
Sea of Thieves cai para mais da metade, ficando com 17 GB.
A solução seria usar o SSD de expansão de 1TB que custa US$ 220 (
veja aqui), mas ele ainda não está disponível no Brasil. Outra opção seria um HD externo convencional, mas ele só consegue rodar diretamente os games do Xbox One e do Xbox 360 e não os do Series X e Series S. Além disso, dessa forma não se aproveita os benefícios do SSD (principalmente a velocidade), o que tira um pouco da graça do novo console.
“Makes us stronger”
É preciso enfatizar que o irmão menor da família Series é consideravelmente diferente do outro modelo. Além do espaço de armazenamento mais modesto, o Series S não vem com leitor de disco, tem uma resolução menor, menos memória e também tem menos poder de processamento.
O Series S faz nativamente 1440p com upscale para 4k, e acaba perdendo em alguns detalhes, apesar de ainda ser capaz de feitos impressionantes e também de Ray Tracing.
Colocando as screenshots do mesmo jogo nos dois consoles lado a lado (
Gears 5), é possível notar as diferenças na nitidez das texturas, das sombras e também na riqueza de detalhes das imagens, mas não é algo que atrapalhe a diversão de maneira alguma.
Em resumo, as imagens do Xbox Series X são mais chamativas e crocantes, enquanto as do irmão menor ficam levemente borradas, especialmente em cenários com muitos detalhes. Mas se você não tiver uma TV realmente grande que tenha 4k e HDR, dificilmente vai notar a diferença.
“More than ever”
Por mais que as piadas sobre a “geladeira X” e o “boombox S” tenham rendido muitos memes na internet e a Microsoft tendo até entrado na brincadeira fazendo uma geladeira temática (
veja aqui), de perto, o design é lindo.
O visual de caixa do
Series X com os furos com detalhes verdes é funcional, ajudando a dissipar melhor o calor, e é simples e estiloso. Ele é um tanto pesado, mas não é como se você fosse carregá-lo por aí como um portátil, então isso não é um problema.
Enquanto isso, o
Series S se diferencia de outros consoles justamente por conta do círculo preto em um retângulo branco, como se fosse uma caixa de som, que tanta gente fez piada quando ele foi anunciado. Vendo de perto, ele é muito mais simpático do que nas fotos e é pequeno e leve o suficiente para carregar na mochila em alguma viagem.
No controle, o novíssimo
botão share ajuda a compartilhar imagens e vídeos com muito mais facilidade e será bem útil com todos aqueles cenários lindos e crocantes dos jogos da nova geração. Basta clicar uma vez para tirar uma foto e segurar para fazer um vídeo. Em poucos segundos os arquivos ficam disponíveis no console ou no app do Xbox para o celular, prontinhos para serem enviados para os amigos ou publicados em redes sociais.
O D-Pad tem uma espécie de círculo que o deixa um pouco mais gostoso de usar e a textura áspera da parte traseira é mais acentuada do que os controles mais recentes do Xbox One. Além disso, os triggers também ganharam uma textura. A entrada P2 de fone de ouvido, que já estava presente nos controles mais recentes da marca, permanece.
“Hour after”
Como é normal em um lançamento de console, os
Xbox Series ainda têm relativamente poucos jogos novos disponíveis. Entretanto, há uma enorme biblioteca de títulos retrocompatíveis e outros que estão recebendo versões otimizadas para a nova geração, como
Forza Horizon 4,
Gears 5 e
Ori and the Will of the Wisps.
Nas próximas semanas, novos títulos vão chegar, como
Dirt 5,
Assassin’s Creed: Valhalla,
Tetris Effect: Connected,
The Falconeer,
Cyberpunk 2077 e
The Medium. Quase todos, disponíveis também para outros consoles.
Até o final de 2021, esse cenário pode mudar bastante, especialmente pelo investimento pesado da Microsoft na compra de estúdios renomados como Bethesda (
The Elder Scrolls V: Skyrim), Double Fine (
Psychonauts), Ninja Theory (
Hellblade: Senua’s Sacrifice) e Obsidian Entertainment (
The Outer Worlds).
Além disso, a Microsoft traz um grande trunfo que é um legado da geração anterior: o
Xbox Game Pass. Por uma assinatura mensal, os usuários têm acesso a uma biblioteca com mais de 100 títulos, entre jogos aclamados e novos lançamentos. Com o preço de alguns games da nova geração chegando a R$ 350, esse serviço oferece uma montanha de opções que muita gente normalmente não teria acesso e por um valor bem razoável.
“Our work is never over”
Algo que pesa (no bolso) é que
Series X ainda tem um preço bastante elevado na realidade atual do Brasil, mesmo depois do anúncio da redução de preço pela Microsoft (
saiba mais aqui).
O
Series S pode ser uma alternativa, mas é preciso levar em conta se as configurações mais modestas e o SSD menor não vão ser um problema a longo prazo, especialmente se você tiver uma TV que poderia aproveitar melhor o poder do Series X.
Nesse momento, não temos títulos que realmente demonstrem o poderio do console — apesar de termos jogos adaptados para tirar algum proveito e que rodam melhor nos Series. Em um futuro próximo, daremos pequenos passos, como
The Medium, e no ano que vem vamos encontrar mais exemplos e só então teremos uma visão melhor de todo o potencial que há aqui. É como diz a música do Daft Punk: “Nosso trabalho nunca termina” (
Our work is never over).
Dito isso, esse início é promissor e as funcionalidades que a Microsoft anunciou durante o ciclo de marketing não apenas funcionam, como são deliciosas de usar. A verdade é que após a experimentar um pouco do que a nova geração tem a oferecer, fiquei mal acostumada: não dá mais vontade de voltar atrás, para a experiência anterior. Mal posso esperar para o que está por vir.
Este review foi feito com um
Xbox Series X e um
Xbox Series S cedidos pela Microsoft. Os dois consoles serão lançados em 10 de novembro com o preço sugerido de
R$ 4.599 e
R$ 2.799, respectivamente.
Testamos e analisamos tudo: temperatura, ruído, velocidade e, claro, a crocância da nova geração
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