Olá Participantes do Fórum,
Perguntaram onde eu e o Cobbi estávamos em diversos comentários, então respondo:
Participando, organizando ou preparando eventos e cuidando do blog. Vocês podem ver parte do resultado desse trabalho nas matérias de divulgação do D3system.
Como são muitos termos e a discussão está bastante extensa, vou esclarecer algumas decisões antes de me aprofundar.
Como eu disse antes, acho válido discutir e tentar encontrar alternativas para a tradução, mas algumas vezes nossos — meus inclusive — argumentos são baseados em suposições e se mostram descartáveis, como no maldito caso das Talent Trees e dos Feats, que não estão sequer confirmados no material divulgado da 4ª Edição.
Da mesma forma que eu divulguei que a capa do Player’s Handbook iria mudar, eu tenho algumas informações técnicas exclusivas que me auxiliam nas decisões sobre traduzir algumas classes de termos (como classes, poderes, perícias e talentos) e não traduzir outras (como raças, deuses, lugares e organizações). Mesmo assim, as coisas podem mudar quando a Wizards disponibilizar os livros básicos.
Estou tentando evitar erros (como Trip/Pin e Imobilizar) e becos sem saída (como Duelist, Swashbuckler e Duelista), assim como reservar os termos mais adequados para as definições e termos que eu sei que existirão. Não posso traduzir “Warlord” para “Estrategista” ou “Comandante” sabendo que precisarei desses termos em português para outras traduções.
Eu gostaria de citar todos os comentários anteriores, mas isso seria impossível. Assim, vou citar os argumentos mais importantes e seus autores durante minhas respostas.
SOBRE A MUDANÇA DOS NOMES DOS LIVROS
Alguns dos argumentos (em especial do murilo_tnk, do Druir, do Lector, do Urathander e do Hugo_Lima) contra a tradução do ranger incluíam a aparente contradição entre traduzir o nome de classe, rompendo a tradição, e manter os nomes dos livros, segundo a tradição.
Eu sempre afirmo que é preciso manter a coesão para justificar qualquer argumento — inclusive os meus. Dessa forma, sugeri à editora geral que façamos essa mudança na 4ª Edição, alterando “Livro do...” para títulos mais próximos do original. A menos que haja algum problema inesperado, os básicos serão chamados de Livro do Jogador (porque não vejo motivo para chamá-lo de “Livro de Consulta do Jogador”), Guia do Mestre e Manual dos Monstros.
Espero que com essa mudança, eu esteja atendendo às necessidades e sugestões da comunidade — e principalmente mantendo a coesão dos meus argumentos.
SOBRE A TRADUÇÃO DO RANGER
Eu decidi que na nova edição todas as classes básicas serão traduzidas. Também pretendo manter um padrão, usando somente uma palavra para definir essas classes. As únicas classes básicas que ainda não estavam traduzidas eram o Wu Jen, o Ninja, o Samurai (palavras estrangeiras mesmo no idioma original) e o Ranger. Dessas, somente o último pertence ao sistema básico.
Esse padrão não se aplicará às “classes de prestígio”, que são os caminhos seqüenciais da carreira do aventureiro (Heroic, Paragon e Epic).
Entre os termos disponíveis, Batedor foi o primeiro a ser descartado, pois haverá o termo “scout” que define outra função dentro do jogo. Logo depois, descartamos Rastreador, Caçador e Mateiro, porque a classe não se define unicamente pela capacidade de rastrear suas presas, caçar animais ou pessoas ou sobreviver em ambientes florestais — um ranger é muito mais que isso. Além disso, preciso estar preparado para um caminho futuro que descreva um “Tracker”, “Hunter” ou “Wild-[anything]”
Então, ficamos com Guardião, em referência ao Senhor dos Anéis, Andarilho e Patrulheiro. Embora fosse minha primeira opção, descartei Guardião para não gerar qualquer problema com a função de classe “defensor”. Além disso, um “Guardian of Cormyr” pode ser um guerreiro/mago, e um “Shield Guardian” certamente não tem níveis de ranger (isso sem citar as outras ocorrências e aplicações da palavra Guardião em relação a lugares, nações e pessoas, que não deveriam remeter à classe ranger).
Restam Andarilho e Patrulheiro. Não tenho a descrição da classe, logo não tenho como saber se um ranger pode ser um aventureiro “estacionário” (como o antigo monge) ou vive em movimento, vigiando a sua área de atuação. Essa descrição será capaz de definir o novo nome da classe, quando estiver disponível.
Sobre a relação entre patrulheiro e a guarda rodoviária: embora seja o paradigma moderno sobre a palavra (eu resisti ao nome inicialmente), estamos traduzindo uma “profissão” de um cenário medieval. Os mesmos argumentos usados contra “patrulheiro” deveriam ser usados contra “ranger” (a definição da classe em D&D 3.0), já que a relação moderna remete aos Texas Rangers, Galaxy Rangers e similares. Se no idioma original não existe essa relação (ou ela é descartada), porque ela deveria existir em português?
De qualquer forma, ela será traduzida e essas são minhas opções no momento. Espero ter esclarecido os motivos que me levaram a descartar as demais. Obviamente, ninguém precisa concordar com minha opinião. Tenho certeza que os veteranos continuarão a chamar a classe de “ranger”, mas tenho a mesma certeza de que os novos jogadores brasileiros conhecem um “Tríbulo Brutal”, mas nunca ouviram falar de um “Umber Hulk”.
SOBRE A TRADUÇÃO DO WARLORD
Antes de qualquer argumento, vocês e outras pessoas (inclusive o Cobbi) já me convenceram a descartar “Caudilho”. Nem vou responder aos argumentos contra essa tradução (e não vi ou ouvi um único comentário apoiando esse termo)
Sobre o filme Warlord: da mesma forma que a maioria do público alvo da 4ª Edição jamais entenderá a citação “SOYLENT GREEN IS PEOPLE”, não posso me basear nos excelentes clássicos de Charlton Heston para justificar qualquer tradução. Eu também não admito que a visualização de uma seqüência de “corrida” que a nova geração tenha remeta à Ameaça Fantasma, uma cópia deslavada e extremamente tediosa da corrida de bigas de Ben Hur, mas sou obrigado a me conformar com esse paradigma.
Como disse acima, as classes básicas serão batizadas com uma única palavra. Essa é uma opção editorial e ninguém precisa concordar com ela. Os termos compostos serão reservados para os caminhos subseqüentes do aventureiro. Devido à escolha desse padrão, traduzir a classe como Senhor da Guerra seria inadequado. Além disso, teríamos problemas com as combinações futuras, como “Warlord Commander” (senhor da guerra comandante, uma redundância) e “Warlord Champion” (senhor da guerra campeão, mesmo que não defenda nada ou não tenha qualquer título), por exemplo.
Finalmente, no meu entendimento, um senhor da guerra é capacitado — se não responsável — para coordenar grandes massas de soldados em uma batalha de maior escala do que aquelas enfrentadas por um grupo de aventureiros. Segundo Rob Heinsoo, na coluna Design & Development, a primeira impressão dos próprios designers e jogadores americanos indicam que o “warlord” é uma classe mais poderosa que o “fighter”; além disso, ela sugere que o jogador tem algum “direito” de comandar os demais personagens, o que seria extremamente irritante. OU SEJA, mesmo o nome em inglês gerou uma discussão e havia dúvidas se “warlord” seria o termo mais adequado (a opção era Marshall).
Assim, os nomes inicialmente disponíveis eram Estrategista, Comandante e Militarista, além dos nomes de postos militares atuais, como Capitão, Marechal, General, Sargento, etc..
Os postos militares foram descartados para evitar repetições e qualquer confusão. Um “warlord Lieutenant of Greyhawk” não poderia ser um Marechal Tenente, Capitão Tenente ou Almirante Tenente de Greyhawk. Assim como um “Warlord General” nunca seria um “General General”.
“Comandante” gera um conflito óbvio com “Commander”. Ainda que alguém tenha sugerido que eu batize a classe com esse nome e pense numa alternativa quando aparecer o termo “Commander”, eu realmente tenho motivos para me precaver desde o início.
Restam Estrategista e Militarista. O primeiro supõe que a classe (e o jogador) seja capaz de elaborar estratégias durante o combate, o que me parece verdadeiro. O segundo supõe que a classe obedeça a uma estrutura combativa (militar ou miliciana) ordenada, e esteja pronto a dar e receber ordens. Por enquanto, até possuir a descrição final em mãos, mantenho a classe como Militarista.
Se qualquer descrição ou informação definitiva e oficial me levar a crer que Senhor da Guerra é uma tradução mais apropriada, não pensarei duas vezes em alterar essas opções.
SOBRE A TRADUÇÃO DO PARAGON PATH
Citando o Nibelung e o danskcarvalho, se Paragão é um termo inadequado, automaticamente posso descartar paragônico e paragonal (que são palavras que nem existem). Então estou eliminando essas três opções.
Não vou usar superior porque preciso desse termo para outra definição. Além disso, superior e supremo estão imbuídos do conceito de definitivos (ou “ultimate”) e destoam do estágio intermediário que “paragon” ocupa. Finalmente, na edição anterior, quando utilizei “supra” para definir as “paragon creatures” fui duramente criticado. Ora, “supra” é um sinônimo para superior, sem a conotação de que a criatura é “melhor” que os personagens. Querem se decidir?
Segundo a descrição da edição anterior, os próprios heróis são espécimes extraordinários de sua raça. Sem nem considerar a hipótese de uma “extraordinary ability”, não acho que um aventureiro que inicie sua carreira em um patamar heróico não seja alguém extraordinário.
Portanto, nossas opções (citadas antes pelo Cobbi) eram paradigmal, paradigma, paragão, paradigmático e exemplar. Descartadas as primeiras, resta a última como solução. Lembrando que manter a palavra no original não está sendo considerado.
SOBRE A TRADUÇÃO DE CRITICAL
Não traduzimos “critical hit” como “acerto crítico” porque nem sempre o personagem consegue um “acerto” em um teste de perícia, ou um “acerto crítico” em um teste de habilidade. Existem varias ocasiões em que não há nada para “acertar”, mas sim para se obter sucesso.
Ainda, se tivéssemos a mesma palavra (crítico) para sucessos e fracassos, estaríamos confundindo os novos Mestres desnecessariamente. Um “sucesso decisivo” e uma “falha crítica” tornam a diferenciação mais clara.
Vamos resolver esses termos primeiro, assim poderemos nos concentrar nos demais com o tempo. Caso contrário, o Telles será obrigado a abrir diversos tópicos sobre tradução e nao terei tempo de acompanhar todos eles.
Douglas 3