"Nib tem uma idéia, de lampejo. Ele se dirije ao clérigo com veemência e expressividade, embora esteja sussurrando enquanto fala:
'Acalme-se, Jonathan! Mal muito maior pode vir de sua precipitação do que você imagina.'
Ele espera o clérigo se acalmar um pouco antes de continuar. Ele sente-se um pouco culpado, mas ignora completamente o sentimento; ele também não está propriamente mentindo.
'Você já parou para pensar no que pode ocorrer caso você simplesmente quebre este cajado? Já ouvi de cajados que, ao serem destruídos, criam verdadeiras catástrofes. Não sei se isto se aplicaria a este cajado, mas qualquer mente maligna provavelmente gostaria em particular deste efeito. Uma armadilha, é o que estou dizendo. Se eu fosse um gênio do mal, eu certamente acharia particularmente divertido - cruel, o que imagino que deva ser divertido para um gênio do mal - se alguém, ao tentar destruir o meu cajado e fazer algum bem para o mundo, acabasse fazendo alguma coisa de ruim. Sem contar a chance de me vingar de alguém que fizesse isso, ou mesmo proteger meu artefato maligno.'
Ele para para respirar. 'Está claro que alguém puro e inocente como você não poderia imaginar tão bem como um gênio do mal, então saiba que não o culpamos. No entanto, reflita: o que o mal presente neste cajado pode fazer, caso você tente destruí-lo? Eu pergunto aos magos aqui presentes, o que ocorre com o poder mágico imbuído em um cajado quando ele é destruído?'
Sem dar tempo para que eles respondam, ele continua, se divertindo um bocado agora que está exatamente em sua área de especialidade:
'Reflita ainda neste aspecto: ninguém nesta cidade deve saber que possuímos tal artefato maligno. Nosso amigo disse que não quer que o relacionem com ele. Se um item desses for destruído bem em sua casa, não creio que seria fácil disfarçar isso. Além do mais, tente provar depois que nós não usamos o cajado, e que tínhamos a melhor das intenções... alguns de seus colegas eclesiásticos são bem radicais, sabe. Se eles vissem todos nós reunidos em torno de um item maligno destruído, iriam nos prender sem fazer perguntas e dar graças por o cajado ter se quebrado antes que tivéssemos podido utilizá-lo. Quebrar um artefato não é o ato mais silencioso possível. Limpar a bagunça depois também pode não ser trivial. E o que você está fazendo que ainda não escondeu isso? Vamos!'
Ele termina, com as mãos atrás das costas e o ar conclusivo que os colegas já se acostumaram a ver:
'Não vejo ainda por que desconsiderar a sugestão de nosso amigo Gorpo de que este cajado pode trazer ainda algum bem ao mundo. Como ele disse e você pareceu não entender, o cajado pode ser uma forma segura de identificar indivíduos suspeitos. Disfaçados, mostremos a alguém de quem suspeitamos o cajado, e façamos uma oferta irresistível por ele; pela reação da pessoa, podemos saber com certeza se ela é culpada ou não. Claro, é arriscado e teria de ser feito em segredo, mas é uma possibilidade.
Ou então, poderíamos fazer o óbvio: nos apresentar em um templo, dizer que encontramos no tesouro de um vilão que matamo um artefato que temos certeza que é maligno, torcer para que confiem na nossa sinceridade, entregar o cajado para eles e deixar que pessoas competentes lidem com o problema de destruir o cajado. Isso mostraria nossas boas intenções, e seríamos louvados por nossa atitude correta e por termos matado o mago que usava isso. Talvez eles até nos dêem uma recompensa, tanto por nosso esforço como para incentivar que as pessoas sempre façam o que é certo. Para alguém de moral dúbia, é bem mais fácil resistir a uma tentação maligna se ela não é muito mais lucrativa que a conduta correta.'
Ele termina seu exaustivo discurso, sentando-se e olhando para Jonathan, esperando sua reação."