Acerto miseravi.
Eu adorei esse amigo secreto porque tirei aquele que é provavelmente meu amigo mais antigo e querido aqui do fórum (nada de ciúmes aqui, please), e porque fui tirado por outro grande amigo, e foi um prazer presentear o primeiro tanto quanto foi ser presenteado pelo segundo.
Ver anexo 98066
O Kaikai foi no peito da lista de Dostoievski e me deu esse livro que é o único do russo, dentre os grandes romances, que eu ainda não tinha nem havia lido. Bom, todo mundo sabe da minha relação próxima com Dostoievski, o grande psicólogo foi quem me converteu à Igreja Ortodoxa e mesmo hoje está sempre acenando para retornar a fé do Cristo russo, mujique, revolucionário e profundamente amigo do homem de nossa alma, muito diferente do quadro dele pintado pelo Ocidente. Devem saber também que tenho preferência pela Editora 34, pela qualidade das traduções diretas, dos ensaios introdutórios, pela qualidade das edições, não há trabalho editorial mais cuidadoso e carinhoso da obra do meu amigo Dostô.
Ver anexo 98067
Talvez as pessoas saibam disso, mas nem todo mundo sabe das noites em claro me debatendo entre ateísmo e cristianismo nos idos de 2011, das minhas crises existenciais, das dúvidas que eu tinha sobre a fé católica e dogmas que eu não podia aceitar. No fundo, essa luta era dele também. Nunca tentei converter o Rômulo, mas quando a gente conversava mais, trocava mais ideia no fórum antes da vida ficar tão maluca e complicada... Eu sabia que éramos irmãos. Porque o escuro em que a gente se debatia era o mesmo. O medo, o mesmo. As dúvidas, as mesmas. Isso se manteve ao longo dos anos, revê-lo em 2022 falando do que a paternidade significava pra ele... Novamente, era o diálogo infinito entre Stavroguin e o monge Tikhon, entre os irmãos Aliocha e Ivan (e hoje, quem era quem?).
Essa dedicatória em especial revela muito da nossa amizade, de poucas palavras e pouco tempo de dedicação um ao outro, mas é sempre um encontro no infinito das nossas consciências.
Ver anexo 98068
Ainda não sei se estou longe ou perto do meu lugar no mundo, mas é bom te avistar a distância, percorrendo o mesmo caminho, mas já com os pés bem fincados no chão porque agora não só criou raizes, como sua árvore deu frutos. Um abraço, meu irmão Kainof.