Senhores,
Aproxima-se o final de mais um Círculo da Lei. Nessa hora, devo dar o meu difícil veredito. Antes disso, farei algumas breves considerações, tendo em vista apenas o que foi apresentado pelas duas bancas e pelo Júri.
É inegável que Denethor tinha o direito de olhar pela Palantír, como legítimo Regente de Gondor. Ele usou de toda a sua perícia e força para combater o Senhor do Escuro, mas no fim acabou sendo enganado por Sauron. Denethor foi, sem dúvida nenhuma, tolo e muito imprudente. Mas não podemos condenar alguém simplesmente por ser imprudente. Não se pode culpar Denethor por querer usufruir de um direito seu.
Denethor não quis imediatamente entregar o governo de Gondor a Elessar. Ele próprio o disse a Gandalf. Mas Aragorn, nesse ponto, não havia ainda provado de modo conclusivo a sua linhagem. Natural que Denethor, com a desconfiança aumentada por seu orgulho, não entregasse a Coroa a alguém que ainda não havia provado o direito de usá-la. Não se pode acusá-lo de rebelião antes da rebelião efetivamente se concretizar. Se, depois de incontestavelmente provado o direito de Aragorn, o Regente se recusasse a entregar o governo, aí sim poderíamos acusá-lo de se rebelar.
Passemos ao ataque à Osgiliath. Denethor enviou o seu filho a essa missão porque precisava de um bom capitão para uma tarefa difícil. Pode ter sido um ato de guerra tolo e uma estratégia impensada, mas não podemos acusar Denethor de querer matar Faramir por isso, ainda mais vendo o estado que o Regente se encontrava quando trouxeram o seu filho semimorto de volta à Minas Tirith. Do mesmo modo, não podemos acusar Denethor de tentar queimar seu filho vivo, visto que ele acreditava que Faramir já estava morto.
Mas Denethor, por mais desesperançado que estivesse, não poderia abandonar totalmente seu povo como fez. Por mais que ele se preocupasse com o filho, ele não poderia simplesmente se trancar e parar organizar a defesa de Gondor, como fez. Pior, ele se suicidou, abandonando inteiramente seu povo. Denethor é culpado de abandono, enquanto deveria ter resistido até o fim. Esse foi um grande ato falho do Regente.
Tendo em vista as considerações acima, e o fato de que grande parte dos atos de Denethor foram causados por seu amor a Gondor e pelos enganos de Sauron, além da circunstância atenuante da guerra e do cerco que Minas Tirith enfrentava, considero Denethor II, filho de Ecthelion, Regente de Gondor, como INOCENTE.
Assim, com a graça de Ilúvatar e sob a bênção dos Valar, declaro ENCERRADO esse Julgamento.