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Cite um trecho do livro que você está lendo! [Leia o 1º post]

  • Criador do tópico Criador do tópico Anica
  • Data de Criação Data de Criação
Amor - chama, e, depois, fumaça...
Medita no que vais fazer:
O fumo vem, a chama passa...

Gozo cruel, ventura escassa,
Dono do meu e do teu ser,
Amor - chama, e, depois, fumaça...

Tanto ele queima! e, por desgraça,
Queimado o que melhor houver,
O fumo vem, a chama passa...

Paixão puríssima ou devassa,
Triste ou feliz, pena ou prazer,
Amor - chama, e, depois, fumaça...

A cada par que a aurora enlaça,
Como é pungente o entardecer!
O fumo vem, a chama passa...

Antes, todo ele é gosto e graça.
Amor, fogueira linda a arder!
Amor - chama, e, depois, fumaça...

Portanto, mal se satisfaça
(Como te poderei dizer?...)
O fumo vem, a chama passa...

A chama queima. O fumo embaça.
Tão triste que é! Mas...tem de ser...
Amor?...- chama, e, depois, fumaça:
O fumo vem, a chama passa.

De uma antologia do M. Bandeira que eu comprei.
 
Mas, é claro, ele não sabia nada sobre microscópios, e pegou o primeiro que encontrara. Três dias mais tarde atirou-o contra a parede com uma praga estrangulada e o quebrou em pedaços com o salto do sapato.
Então, quando se acalmou, foi à biblioteca e conseguiu um livro sobre microscópios.

Eu Sou a Lenda - Richard Matheson
 
A vida é feita de mármore e lama. Sem a profunda fé numa compreensão que paire acima de nós, seremos compelidos a descobrir um insulto num riso zombeteiro ou num olhar carrancudo a fisionomia de ferro do destino. Conhecimento poético é, portanto, o dom de selecionar, nesta esfera de elementos estranhamente confundidos, o belo e o grandioso que se escondem sob tão sórdida aparência.

A Casa das Sete Torres - Nathaniel Hawthorne
 
Você vem, você vem
Para a árvore
Onde eles enforcaram um homem que dizem matou três.
Coisas estranhas aconteceram aqui
Não mais estranho seria
Se nos encontrássemos à meia-noite na árvore forca.

Você vem, você vem
Para a árvore
Onde o homem morto clamou para que seu amor fugisse.
Coisas estranhas aconteceram aqui
Não mais estranho saria
Se nos encontrássemos à meia-noite na árvore forca.

Você vem, você vem
Para a árvore?
Onde eu mandei você fugir para nós dois ficarmos livres.
Coisas estranhas aconteceram aqui
Não mais estranho seria
Se nos encontrássemos à meia-noite na árvore forca.

Você vem, você vem
para a árvore
Usar um colar de corda, e ficar ao meu lado
Coisas estranhas aconteceram aqui
Não mais estranho seria
Se nos encontrássemos à meia-noite na árvore forca.

A Esperança - Suzanne Collins

Com direito a música:

ps: como colocar o vídeo do youtube direto aqui? coloquei as tags mas não funcionou.
 
Última edição por um moderador:
Will tinha dificuldade em olhar. Lyra estava fazendo a coisa mais cruel que já fizera, odiando a si mesma, odiando o que fazia, sofrendo por Pan, e com Pan, e por causa de Pan, tentando botá-lo no chão, no solo frio da trilha, soltando suas unhas de gato de suas roupas, chorando e chorando. Will tapou as orelhas: era um som triste demais para se suportar ouvir. Uma vez após outra ela afastou seu daemon, empurrando-o para longe de si, e a cada vez ele chorava e tentava se agarrar a ela.
Ela podia voltar atrás. Ela podia dizer não, essa é uma péssima idéia, não devemos fazer isso. Ela podia ser leal ao laço profundo e sincero, de coração e de vida, que a unia a Pantalaimon, ela podia pôr isso em primeiro lugar, podia tirar todo o resto de sua mente... Mas não podia.
- Pan, ninguém fez isso antes - sussurrou com a voz trêmula - mas Will disse que vamos voltar e juro, Pan, eu amo você, eu juro que vamos voltar... eu vou voltar... cuide-se, meu querido, você vai ficar bem... nós vamos voltar... e se eu tiver que passar todos os minutos de minha vida procurando para tornar a encontrar você, eu passo, não vou parar de procurar até encontrar, não vou descansar, não vou... Ah, Pan, Pan querido, eu tenho, eu tenho que...
E ela o empurrou para longe de si, de modo que ele se agachou, infeliz, com frio e assustado, no solo lamacento.
Que animal ele era agora, Will não sabia mais dizer. Parecia tão pequenino, um filhote, um bebê, alguma coisa indefesa e derrotada, um ser tão mergulhado na infelicidade que era mais infelicidade do que um ser. Os olhos dele não deixavam o rosto de Lyra e Will pôde observá-la se obrigar a não desviar o olhar, a não fugir da culpa, e admirou sua honestidade e sua coragem, ao mesmo tempo em que se sentia dilacerado pelo choque da separação deles. Havia tantas correntes vividas de sentimento entre eles que a própria atmosfera lhe parecia carregada de eletricidade.
E Pantalaimon não disse "Por quê?", porque ele sabia, e não perguntou a Lyra se amava Roger mais do que ele, porque conhecia a verdadeira resposta para isso também. E sabia que, se falasse, ela não conseguiria resistir, de modo que o daemon se manteve em silêncio de maneira a não afligir o ser humano que o estava abandonando, e agora, estavam ambos fingindo que isso não lhes traria sofrimento, que não demoraria muito para que estivessem novamente juntos, que era melhor que fosse assim. Mas Will sabia que a garotinha estava praticamente arrancando o coração do peito.
Ela desceu do molhe e entrou no barco. Era tão leve que o barco quase nem balançou. Sentou-se ao lado de Will e seus olhos continuaram cravados em Pantalaimon, que continuava parado, tremendo, na ponta do molhe ligada à terra, mas, quando o barqueiro soltou a argola de ferro e baixou seus remos para afastar o barco, o cachorrinho daemon veio correndo aflito, desamparado, até a outra ponta sobre a água, as unhas das patinhas macias batendo muito suavemente nas tábuas de madeira macia, e parou, e ficou olhando, só olhando enquanto o barco se afastava e desaparecia na neblina.
Lyra deu um grito tão dolorido e cheio de paixão que, mesmo naquele mundo amortecido e carregado de neblina, levantou um eco, mas é claro que não era um eco, era a outra parte dela gritando em resposta da terra dos vivos, enquanto Lyra se afastava rumo à terra dos mortos.
- Meu coração, Will... - gemeu ela, e se agarrou nele, o rosto molhado, contorcido de dor.
E assim, a profecia que o Reitor da Universidade Jordan fizera para o Bibliotecário, de que ela cometeria uma grande traição e que aquilo seria uma experiência terrível, se cumpriu.


'A Luneta Âmbar', terceiro e último livro da trilogia "Fronteiras do Universo", de Phillip Pullman.

Sério, eu chorei litros lendo essa parte.
 
Mas será que você ainda é capaz de se alegrar com cada segundo que vive aqui e agora?
o Castelo dos Pirineus, Jostein Gaarder, pág.38

Gaarder consegue usar da palavra pra ensinar da vida... Eu nunca me canso de ler seus livros, do mais curto e infantil ao mais massante e adulto, ele passa a mesma mensagem.
 
Me divertindo horrores lendo História Econômica do Brasil, do Caio Prado Junior:

"A ignorância, a rotina, a incapacidade de organização nesta sociedade caótica que se instalara nas minas, e cuja constituição não fora condicionada por outro critério que dar quintos a um rei esbanjador e à sua corte de parasitos, e no resto satisfazer o apetite imoderado de aventureiros, davam-se as mãos para completar o desastre."

:rofl:
 
Brigada dos Encapotados disse:
"Eu vou até a esquina comprar cigarros e um pouco de sanidade.
Volto assim que vocês organizarem suas psicoses."

claro, John Constantine- Brigada dos Encapotados, pg 18
Indico fortemente esse quadrinho que de tão curto, o grupo só aparece 2 vezes /:
 
4 de abril de 1984. Ontem à noite cineminha. Só filme de guerra. Um muito bom do bombardeio de um navio cheio de refugiados em algum lugar do Mediterrâneo. Público achando muita graça nos tiros dados num gordão que tentava nadar para longe perseguido por um helicóptero.

1984 - George Orwell, p.18-19
 
Duas citações legais do livro O Silêncio da Montanha de Khaled Hosseini relacionados com a beleza/aparência.

"Aprendi que o mundo não via o seu interior, não se importava com as esperanças, os sonhos e as tristezas que pudessem existir sob a pele e os ossos. Era simples assim, absurdo e cruel. Meus pacientes sabiam disso. Percebiam que muito do que eram, do que seriam ou poderiam ser girava em torno da simetria de suas estruturas ósseas, do espaço entre os olhos, do tamanho do queixo, da projeção da ponta do nariz, se tinham ou não o melhor ângulo frontal."

"A beleza é uma dádiva imensa e imerecida, distribuída aleatória e estupidamente.”
 
"(...) - Olhe, Daniel. O destino costuma estar na curva de uma esquina. Como se fosse uma linguiça, uma puta ou um vendedor de loteria: as três encarnações mais comuns. Mas uma coisa que ele não faz é visitas em domicílio. É preciso ir atrás dele." A sombra do vento, p. 188
 
A Árvore dos Janízaros - Jason Goodwin

"... Ele recitou os versos que havia encontrado na Árvore dos Janízaros.

Ignorantes,
e sem se saberem ignorantes,
Eles se espalham.
Fuja.

Ignorantes,
E sem se saberem ignorantes,
Eles procuram.
Ensine-os "
 
A citação é longa, mas vale cada linha:

Carmela narrou a história de Facundo, um menino, filho de camponeses, levado pelos pais à mesma escola rural em que ela estava terminando o primário. A professora (a única coisa que se lembrava era que se chamava María Eusebia) chamou-a e disse: "Temos poucos recursos, somos pobres, precisamos ajudar uns aos outros. Você é (em aula teria dito: tu és) a primeira da classe. Sabe ler e escrever perfeitamente. Facundo não. Então, a partir de amanhã, depois da aula, você vai ficar uma hora a mais para ir ensinando as coisas para ele. Já conversei com seus pais, eles concordaram." Quando Carmela se recuperou do susto inicial, começou a gostar da ideia. Facundo era analfabeto, mas muito esperto. Na verdade, ela não seguiu nenhum método, nem clássico, nem improvisado, mas o menino foi aprendendo com uma facilidade espantosa. Em poucos meses sabia o fundamental. No início escrevia com letras de forma, quadradas e mal traçadas, todas maiúsculas, mas aos poucos foi-se arriscando, e sua caligrafia passou a ser mais fluente, ainda rudimentar, mas já diferenciando as maiúsculas das minúsculas. Anos mais tarde, Carmela soube que Facundo alfabetizara os pais, como um jeito de agradecer a Carmela pelo que havia feito por ele. O que a marcou, mais do que o aprendizagem direta de Facundo, foi essa continuidade, a inesperada constatação de que seu trabalho (que para ela, uma menina de apenas 11 anos, foi um sacrifício assumido com entusiasmo e rigor) não se esgotara no menino analfabeto, mas se projetara não só para o futuro (Facundo acabou virando professor), mas também para o passado, ou seja, seus pais.

"Perto de uma história tão comovente como essa", disse Fabián, "minha própria infância não é nada. Sua lembrança é um campo positivo: você criou e preparou alguém para continuar criando. Acho isso maravilhoso. Quem me dera ter uma lembrança assim. Mas não tenho. Minha lembrança mais marcante é triste, sombria. Meus pais eram bem pobres, e morávamos num bairro muito humilde. Nossa casa, como as demais, era uma espécie de barraco coberto com velhas chapas de zinco. Num deses casebres morava uma mulher, viúva, de uns 60 anos (para a escala dos meus 12, já era uma velha), que, em sucessivas pendências com parentes do marido, tinha perdido a herança não muito grande deixado por ele. Vivia de uma pensão baixíssima, e com ela tentava a duras penas cobrir suas necessidades básicas. Não tinha amigos em Montevidéu e era orgulhosa demais para pedir ajuda a uns sobrinhos que moravam em Fray Bentos. Comigo era carinhosa, dizia sempre que eu lembrava um pouco "o falecida". Eu não sabia se devia ficar feliz por essa semelhança. O caso é que volta e meia ela me pedia para eu fazer alguma coisa. Nem ela nem nó tínhamos telefone, então, como nossas casas eram quase vizinhas, ela aparecia na porta e batia num sino. Nunca aceitei nenhum dinheiro, pois mesmo nessa idade achaque que a gorjeta entre pobres era não apenas humilhante, como sempre é, mas também ridícula. Sua melhor gorjeta era o afeto. Ela conversava comigo, perguntava sobre a escola, contava histórias, sempre divertidas, de quando morava no México, com o companheiro. Eu me sentia à vontade, também gostava dela. Até que se passaram quatro dias sem que o sino tocasse, e eu resolvi ir até a casa dela, pensando que talvez estivesse doente, precisando de alguma coisa. Bati na porta, mas ela não veio abrir. Teria ido embora sem avisar ninguém? Fui atá a única janela e olhei para dentro. O que vi foi chocante. Minha velha amiga tinha se enforcado. Não me pergunte como ela conseguiu, mas lá estava se corpo mirrado, pendurado. Saí correndo e chorando para contar aos meus pais, mas não quis voltar com eles e ver de novo minha primeira morta. Depois, vieram outras, mas nunca vou esquecer essa primeira dor, essa primeira noção da nossa fragilidade, de como, no abandono, a tentação da morte pode ir ganhando força."

Quando acabou sua história, Fabián olhou para Carmela e viu que estava chorando. Aproximou-se dela e a abraçou com uma ternura tão intensa, que para ela próprio foi uma novidade. Ela disse apenas:

"Não se preocupe. Afinal, como você disse outro dia, há uma certa alegria em saber que ainda conseguimos ficar tristes."

Ausências, Mario Benedetti, in Correio do Tempo.

Desse livro do Benedetti dá para citar uma porção de coisas. O conto "Ausências", como alguns outros do livro, aborda as consequências na vida dos familiares de desaparecidos pela ditadura uruguaia. A Carmela de "Ausências" é irmã de Juliana, que, até "sumir" por conta da militância política, era namorada de Fabián. Eu tinha perdido essa dimensão das tristezas miúdas decorrentes da violência do Estado. Geralmente, quando estudamos períodos ditatoriais, nos detemos nas esferas do poder, nos interesses econômicos, na luta das esquerdas e terminamos (historiadores) por desprezar as consequências do cotidiano íntimo. Felizmente a literatura como fonte histórica (e o cinema, a música) nos permite corrigir o percurso e a sensibilidade.
 
Última edição:
As pessoas estavam comprando leite, enchendo seus tanques de gasolina ou até mesmo postando cartas. E o que ninguém mais sabia era o peso estarrecedor que cada um trazia por dentro. O esforço às vezes sobre-humano para ser normal e fazer parte das coisas que pareciam fáceis e cotidianas. A solidão deste esforço.
A Improvável Jornada de Harold Fry - Rachel Joyce
 
O vovô Vincenzo era tão divertido quanto o vovô Javier, mas em outro estilo. Uma vez me contou como se salvara de um naufrágio famoso. Perguntei se ele tinha se livrado porque sabia nadas. "Não, que ideia. Sempre tive mais afinidade com as aves do que com os peixes. Mas a verdade é que também não sei voar." Sua gargalhada florentina ressoava no pátio como um carrilhão. "Então , como você se salvou?" "Muito simples: perdi o barco em Gênova. Cheguei ao porto meia hora depois de sua partida asquerosamente pontual. Tentei conseguir uma lancha que me levasse até o vapor (ainda estava à vista). Para minha sorte, fracassei na tentativa. Quando, dez dias depois, fiquei sabendo que o navio tinha afundado em pleno Atlântico, não me ocorrei nada menos egoísta do que comemorar o fato com um garrafão de Chianti. Sei que fiz mal, que devia ter pensado nos outros; hoje não repetiria isso, mas naquela época eu era muito jovem e ainda não tinha aprendido a ser hipócrita." (...) o vovô ainda se regozijava por ter escapado a morte quase por milagre, embora nem isso o tivesse reconciliado com o vigário de sua paróquia, pois durante toa a vida foi um ateu militante e arremeteu contra Deus como se este fosse um mero organizador de descarrilhamentos e naufrágios.

Mario Benedetti, A borra do café.
 
Costas nuas, a nuca e os cabelos, curtos, aquele rio perfilado de fios restantes que descem até entre as omoplatas e adormecem, enfim, sozinhos, distantes, quase nenhuns, molhados por uminha leve gota de suor que escorre, atravessa as costas, inteiras, e visita, quase tom proibitivo, invade, a calcinha branca de algodão deixando exposta a pele, grudada, a bunda, o jeito enviesado de morder os lábios, cerrar os dentes e cantarolar em sussurro, quase só para mim, este eu mesmo, obliterado e sem ouvir a nitidez das palavras. Surdo e louco: muito bonita, Ela, aquela mulher.

Manoel Ricardo de Lima, em As Mãos
 
No deserto

vi uma criatura nua, bestial,

que agachada ao chão

segurava nas mãos o seu coração

e dele comia.

Perguntei: - É gostoso, amigo?

- É amargo, amargo, ele respondeu.

- Mas gosto dele

por ser amargo

e por ser o meu coração.


(Stephen Crane)

Lobos de Calla - Stephen King
 

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