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Cite um trecho do livro que você está lendo! [Leia o 1º post]

  • Criador do tópico Criador do tópico Anica
  • Data de Criação Data de Criação
Um crime delicado, Sérgio Sant'Anna

To lendo pra uma matéria na faculdade e to gostando bastante :yep:

P.S.: Perdoem a preguiça de digitar o parágrafo :dente:
 

Anexos

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barba

"O corpo é sua própria cápsula do tempo e sua viagem é sempre um pouco pública, por mais que a tentemos esconder ou maquiar."
"A vida não é pra amador."
"Há apenas dois lugares possíveis para uma pessoa. A família é um deles. O outro é o mundo inteiro. Às vezes não é fácil saber em qual dos dois estamos."

barba ensopada de sangue (daniel galera)
 
-E esse - interveio sentenciosamente o Diretor - é o segredo da felicidade e da virtude: amar o que se é obrigado a fazer. Tal é a finalidade de todo o condicionamento: fazer as pessoas amarem o destino social a que não podem escapar.

Nossa biblioteca - disse o Dr. Gaffney - contém somente obras de consulta. Se os nossos jovens precisarem de distrações, poderão encontrá-las no cinema sensível. Nós não os estimulamos a procurar qualquer tipo de diversão solitária.

Admirável Mundo Novo - Aldous Huxley
 
menina

Desde que aprendeu a ler, Ada lia muitos livros. Ler não era para ela nem trabalho nem hobby, não dava conta de nenhum interesse especial. Ler era uma condição na qual o tempo passava, porque não sabia fazer outra coisa, enquanto o intelecto de Ada era colocado em conserva no alimento, de modo que a cobiça agitada desse mesmo intelecto passava do consumo ao aproveitamento de forma constante e homogênea. [...] Ada lia como se empurravam troncos em uma serraria. E, uma vez que as toras mais grossas e duras demoravam mais a ser consumidas, ela preferia sobretudo a literatura do penúltimo século e tudo aquilo que havia sido escrito antes da Segunda Guerra Mundial. As obras novas, ela as considerava manobras de desvio das grandes questões, elas eram leves e doces, mais ou menos como pipocas, que deviam ser consumidas enquanto a cabeça se ocupava com outras coisas.

a menina sem qualidades - juli zeh
 
Re: menina

O conceito de revolução pacífica é um oximoro.
É provável que eu seja a favor de que o ser humano receba aquilo que deseja em medidas limitadas.
Com energia, ele colocou as mãos às costas de Ada e empurrou-a em frente. Firmes e sem temperatura, seus dedos estavam entre as omoplatas dela e se encaixavam ali com perfeição, parecendo ter crescido no lugar como asas de anjo. O sistema nervoso de Ada anunciou dor, uma sensação extrema de bem-estar, calor e frio ao mesmo tempo. E então ela soube enfim que tinha razão: Alev era o único culpado pelo mal-estar que ela sentira, pela fraqueza e pelos terríveis laços de pensamento das últimas semanas. Ele possuía aquela quantidade de força que ela havia perdido, e o toque de seus dedos foi igual a um pagamento de 2 centavos em uma dívida que chagava aos 10 milhões. O que ela mais teria gostado de fazer seria cortar suas mãos e ficar com elas. Assim que ele a soltou a fim de apontar para a porta de Grüttel, o corpo dela voltou ao estado da recusa a cumprir ordens, obedecia com indolência ou se recusava a obedecer, e ela tinha dificuldades em cerrar os punhos, como se tivesse acabado de acordar de um sono de 12 horas. Pelo menos, Ada agora sabia que não estava sofrendo as sequelas da insolação croata, e também que não estava doente nem grávida.

a menina sem qualidades - juli zeh
 
Última edição:
“Esta especial força magnética induzida tem por contrapartida psicológica o estado de vibração, de excitação difusa e de desejo próprios do eros humano. A intervenção deste estado dá origem a uma primeira deslocação do nível habitual da consciência individual da vigília. É este um primeiro estádio, que poderá ser seguido de outros. A simples presença da mulher perante o homem suscita o grau elementar da força tsing e do estado que lhe corresponde. Deverá, além disso, ver-se neste fato a base não moral mas existencial dos costumes de certas populações (também européias) em que sobrevive o sentimento da força elementar do sexo. Daí, por exemplo, a norma de «nenhuma mulher poder privar com um homem senão em presença de outro, principalmente se o primeiro é casado. Esta regra diz respeito a todas as mulheres, pois o sexo não tem idade, e infringi-la, mesmo da forma mais inocente, equivale a um pecado». O fato de um homem se encontrar sozinho perante uma mulher, mesmo sem ter com ela qualquer contato, vale como se tal contato houvesse acontecido. A essência de tudo isto reconduz-nos precisamente ao magnetismo elementar, ao primeiro grau do despertar da força tsing (23). 0 segundo grau, já mais intenso, surge com o contato físico em geral (desde a pressão das mãos e das carícias ao beijo e
seus equivalentes ou desenvolvimentos). Chegamos ao terceiro grau, quando o
homem penetra a mulher e é por ela abraçado, ou nos equivalentes desta situação. Na experiência amorosa corrente este grau é o limite do desenvolvimento «magnético». Não o é, porém, nas formas de sexualidade sacrais e evocatórias, ou na magia sexual considerada num sentido específico, onde intervêm ainda outros estádios. Os diferentes graus são acompanhados e prolongados por modificações «subtis», sobretudo na respiração e no sangue. O correlativo psíquico apresenta-se essencialmente como um estado de vibração e de «exaltação», no sentido próprio da palavra.”

(Julius Evola – Metafísica do Sexo)
 
No fim de contas, que é ele ao cabo de tanta crueldade, de tanta agitação, de tantos conflitos? Nada. Um homem medíocre que, tendo procurado o sucesso através de um casamento rico, acabou por encontrar nele apenas as mesmas inquietudes e incertezas do tempo de pobreza, a antiga e dolorosa sensação de inferioridade. Hoje ele é simplesmente o marido de Eunice Cintra.

Olhai os lírios do campo - Erico Verissimo.​
 
Para Além da Curva da Estrada

Para além da curva da estrada
Talvez haja um poço, e talvez um castelo,
E talvez apenas a continuação da estrada.
Não sei nem pergunto.
Enquanto vou na estrada antes da curva
Só olho para a estrada antes da curva,
Porque não posso ver senão a estrada antes da curva.
De nada me serviria estar olhando para outro lado
E para aquilo que não vejo.
Importemo-nos apenas com o lugar onde estamos.
Há beleza bastante em estar aqui e não noutra parte qualquer.
Se há alguém para além da curva da estrada,
Esses que se preocupem com o que há para além da curva da estrada.
Essa é que é a estrada para eles.
Se nós tivermos que chegar lá, quando lá chegarmos saberemos.
Por ora só sabemos que lá não estamos.
Aqui há só a estrada antes da curva, e antes da curva
Há a estrada sem curva nenhuma.

Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"
Heterônimo de Fernando Pessoa
 
Na astrologia, as regras são sobre astros e planetas, mas poderiam ser sobre patos e gansos que daria no mesmo. É apenas uma maneira de pensar sobre um problema que permite que o sentido desse problema comece a emergir. Quanto mais regras, quanto menores, mais arbitrárias, melhor fica. É como assoprar um punhado de poeira de grafite em um pedaço de papel para visualizar os entalhes escondidos. Permite que você veja as palavras que haviam sido escritas sobre o papel que estava por cima e que foi removido. O grafite não é importante. É apenas uma maneira de revelar os entalhes. Então, veja, a astrologia de fato nada tem a ver com a astronomia. Tem a ver com pessoas pensando sobre pessoas.

Praticamente Inofensiva - Douglas Adams
 
Foi ele, esse iluminado de olhos cintilantes e cabelos desgrenhados que um dia saltou dentro de mim e gritou basta! num momento em que meu ser civilizado, bem penteado, bem-vestido e ponderado dizia sim a uma injustiça. Foi ele quem amou a mulher e a colocou num pedestal e lhe ofertou uma flor. Foi ele quem sofreu quando jovem a emoção de um desencanto, e chorou quando menino a perda de um brinquedo, debatendo-se na camisa de força com que tolhiam o seu protesto. Este ser engasgado, contido, subjugado pela ordem iníqua dos racionais é o verdadeiro fulcro da minha verdadeira natureza, o cerne da minha condição de homem, herói e pobre-diabo, pária, negro, judeu, índio, cigano, santo, poeta, mendigo, débil mental, Viramundo! que um dia há de rebelar-se dentro de mim, enfim liberto, poderoso na sua fragilidade, terrível na pureza da sua loucura.

Fernando Sabino, O grande mentecapto
 
“A espiritualidade Ortodoxa tem como objetivo a deificação do homem e sua união com Deus, sem imergir Nele. Tem como convicção básica a existência de um Deus pessoal, que é a fonte suprema de amor radiante. Valoriza o homem e não procura confundi-lo Consigo, mas o mantém e eleva a um eterno diálogo de amor. Essa espiritualidade não se firma onde um progresso evolucionista do homem, ligado a um divindade concebida como uma essência impessoal, é afirmado. Esse progresso pode não Ter outro resultado além do desaparecimento do homem na divindade impessoal. Mas um Deus pessoal, portanto a fonte suprema de amor, não pode ser concebido como uma simples pessoa, mas como uma comunidade de pessoas em perfeita unidade. Assim você vê porque o ensino Cristão de uma Trindade de Pessoas em uma unidade de essência é o único que pode constituir a base de uma perfeita espiritualidade para o homem, entendida como uma comunhão plena com Deus no amor, sem Nele se perder.”

Orthodox Spirituality – Pe. Dimitru Staniloae, Introdução


Livro maravilhoso, um verdadeiro livro de cabeceira.
 
Antigamente, pensou ele, um homem olhava um corpo de mulher, via que era desejável e pronto. Mas agora não era possível ter amor puro, ou pura lascívia. Não havia mais emoção pura; estava tudo misturado com medo e ódio. A união fora uma batalha, o clímax uma vitória. Era um golpe desferido no Partido. Era um ato político.

1984 - George Orwell
 
DIABLO III - A ORDEM

" ( Os humanos eram inerentemente malignos, dizia, até piores do que as criatuas do Inferno Ardente. Vejam como se tratam ) "
 
AS RATAZANAS.
(Georg Trakl, trad. Marco Lucchesi in Faces da Utopia (Editora Cromos,1992))

A Lua resplandece no quintal.
Das telhas caem sombras soberanas.
Janelas de silêncio glacial;
afloram quietamente as ratazanas

e céleres sibilam em surdina
quando um horrível bafo se acentua
na boca semi-aberta da latrina,
onde cintila espectralmente a lua.

E loucas vociferam de cobiça,
buscando em toda a casa os alimentos;
a frua, o cereal e a hortaliça.
Nas trevas gemem gélidos os ventos.

Foi eleito o 97º melhor poema do século XX. Mas é provável que o pessoal que o tenha escolhido tanto esse poema quanto essa posição, em específico, não tenha conhecido muito a obra do Trakl... Um poema como o Sebastião em Sonho ou o De Profundis figuraria de forma muito mais digna em tal lista.
 
Proust disse:
Ora, depois que o pianista tocou, Swann mostrou-se ainda mais amável com ele do que com as outras pessoas ali presentes. Eis o motivo:
No ano anterior, numa reunião, ouvira uma obra para piano e violino. Primeiro, só lhe agradara a qualidade material dos sons empregados pelos instrumentos. E depois fora um grande prazer quando, por baixo da linha do violino, tênue, resistente, densa e dominante, vira de súbito tentar erguer-se num líquido marulho a massa da parte do piano, multiforme, indivisa, plana e entrechocada como a malva agitação das ondas que o luar encanta e bemoliza. Mas em certo momento, sem que pudesse distinguir nitidamente um contorno, dar um nome ao que lhe agradava, subitamente fascinado, procurara recolher a frase ou a harmonia — não o sabia ele próprio — que passava e lhe abria mais amplamente a alma, como certos perfumes de rosas, circulando no ar úmido da noite, têm a propriedade de nos dilatar as narinas. Talvez fosse porque não sabia música que viera a experimentar uma impressão tão confusa, uma dessas impressões que no entanto são talvez as únicas puramente musicais, inextensas, inteiramente originais, irredutíveis a qualquer outra ordem de impressões. Uma impressão desse gênero durante um momento é, por assim dizer, sine materia. Sem dúvida, as notas que então ouvimos já tendem, segundo a sua altura e quantidade, a cobrir ante nossos olhos superfícies de dimensões variadas, a traçar arabescos, a dar-nos sensações de largura, de tenuidade, de estabilidade, de capricho. Mas as notas se esvaem antes que essas sensações estejam cabalmente formadas em nós para não serem submersas pelas que despertam as notas seguintes ou mesmo simultâneas. E essa impressão continuaria a envolver com a sua liquidez e o seu som “fundido” os motivos que por instantes emergem, apenas discerníveis, para em seguida mergulhar e desaparecer, somente percebidos pelo prazer particular que dão, impossíveis de descrever, de lembrar, de nomear, inefáveis — se a memória, como um obreiro que procura assentar alicerces duráveis das ondas, fabricando-nos fac-símiles dessas frases fugitivas, não nos permitisse compará-las às que se lhes sucedem e diferenciá-las. Assim, mal expirara a deliciosa sensação de Swann, logo a sua memória lhe fornecera uma transcrição sumária e provisória, mas em que tivera presos os olhos enquanto a música continuava, de modo que, quando aquela impressão retornou, já não era inapreensível. Ele lhe concebia a extensão, os grupos simétricos, a grafia, o valor expressivo; tinha diante de si essa coisa que não é mais música pura, que é desenho, arquitetura, pensamento, tudo o que nos torna possível recordar a música. Desta vez distinguira nitidamente uma frase que se elevava durante alguns instantes acima das ondas sonoras. Ela logo lhe insinuara peculiares volúpias, que nunca lhe ocorreram antes de ouvi-la, que só ela lhe poderia ensinar, e sentiu por aquela frase como que um amor desconhecido.

De Um amor de Swann, uma das três partes de No caminho de Swann, do Proust, que estou lendo :amor:
 
O mundo das fadas afasta-se cada vez mais daquele em que Cristo predomina. Nada tenho contra o Cristo, apenas contra os seus sacerdotes, que chamam a Grande Deusa de demônio e negam o seu poder no mundo. Alegam que, no máximo, esse seu poder foi o de Satã. Ou vestem-na com o manto azul da Senhora de Nazaré – que realmente foi poderosa, ao seu modo –, que, dizem, foi sempre virgem. Mas o que pode uma virgem saber das mágoas e labutas da humanidade?

As Brumas de Avalon - Livro 1 - A Senhora da Magia.

Comecei a reler as Brumas e não podia deixar de citar a foderosa Morgana. :grinlove:
 
"[...] Porque tudo que invento já foi dito
nos dois livros que eu li:
as escrituras de Deus,
as escrituras de João.
Tudo é Bíblias. Tudo é Grande Sertão."

Adélia Prado, "Bagagem"

:-)
 
Nenhum organismo vivo pode existir com sanidade por longo tempo em condições de realidade absoluta; até as cotovias e os gafanhotos, pelo que dizem alguns, sonham. A Casa da Colina nada sã, erguia-se solitária em frente de suas colinas, agasalhando a escuridão em suas entranhas; existia há oitenta anos e provavelmente existiria por mais outros oitenta. Por dentro, as paredes continuavam eretas, os tijolos aderiam precisamente a seus vizinhos, os soalhos eram firmes a as portas se mantinham sensatamente fechadas; o silêncio cobria solidamente a madeira e a pedra da Casa da Colina, e o que por lá andasse, andava sozinho.

Primeiro parágrafo de A Assombração da Casa da Colina (The Haunting of Hill House) de Shirley Jackson
 

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