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Cite um trecho do livro que você está lendo! [Leia o 1º post]

  • Criador do tópico Criador do tópico Anica
  • Data de Criação Data de Criação
...Uriarte, do chão, gritou que não ia tolerar aquela afronta e o desafiou a duelar.

Duncan disse que não, e arescentou à maneira de explicação:

- acontece que tenho medo de você.

A gargalhada foi geral.

Uriarte, já de pé, replicou:

- Vou duelar com você e vai ser agora mesmo.

Alguém, Deus lhe perdoe, notou que armas não faltavam.


(JL Borges - O informe de Brodie)
 
"Não há nenhum pecado se pecar em silêncio"

Do Tartufo, do Molière. Não sei qual é a tradução; achei dando sopa nos Wikipédia da vida e me alembrei de colocar aqui. Esse verso pra mim é o verso chave de toda a peça... Mas nem é isso que eu quero citar.

CLÉANTE
Meu irmão, não me julgo um doutor reverenciado, nem todo o saber do mundo concentrou-se em mim. Mas, em uma palavra, sei que toda a minha ciência consiste em distinguir o falso do verdadeiro. E como não conheço nenhuma espécie de herói que mereça mais louvor do que os devotos perfeitos, e que nada no mundo existe de mais nobre e mais belo que o santo fervor de zelo verdadeiro, assim também não sei de nada que seja mais odioso do que a aparência emplastrada de um zelo especioso, do que esses rematados charlatões, do que esses devotos de praça pública, cuja carantonha sacrílega e enganadora ilude impunemente e zomba à vontade daquilo que os mortais têm de mais santo e sagrado; essas pessoas, por terem a alma submissa ais interesses, fazem da devoção profissão e mercadoria, pretendendo adquirir crédito e dignidade às custas de falsas piscadelas e entusiasmos dissimulados; essas pessoas, afirmo, que se vêem correr, com ardor pouco comum, ao encalço da fortuna pelo caminho do Céu, que, ardente e suplicantes, rezam diariamente e pregam o retiro no meio da própria corte, que sabem acomodar o zelo aos vícios, são espertas, vingativas, sem fé, cheias de artifício e, para perder alguém, mascaram insolentemente o orgulhoso ressentimento são tantos mais perigosos, porquanto lançam mão de armas que todos temem e a paixão que os impulsiona, e que todos aprovamos, leva-os a querer assassinar-nos com um ferro sagrado. (...)

Também do Tartufo numa tradução que creio do Jacy Monteiro. Achei interessante essa descrição dos falsos devotos visto que... Nossa, isso existe demais hoje. Nunca a tartufização (usando um termo criado pelo próprio Molière) foi tão presente como hoje em dia!
 
"Nessa situação, a Revolução Francesa acabou servindo a uma série de objetivos. Para aqueles que queriam transformar a sociedade, ela fornecia uma inspiração, uma retórica e um vocabulário, um modelo e uma padrão de comparação. Para aqueles que não desejavam ou não necessitavam fazer uma revolução, os primeiros três desses usos eram menos importantes (exceto na França), embora a maior parte do vocabulário político de todos os Estados do século XIX tenha derivado da Revolução Francesa e tenha sido, com frequência, diretamente emprestado ou adaptado do francês: por exemplo, a maioria daquilo que é associado com 'a nação'."

HOBSBAWM, Eric J. Ecos da Marselhesa: dois séculos revêm a Revolução Francesa. Tradução de Maria Célia Paoli. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. pp. 50-51.
 
Que tal o regionalismo presente nesse trecho !!!!!

Foi querer e o ruano bugalhas as vistas, a boca arregaça, a terra escarva. Mas, tchê! O cavalão de fato bugarragaçou as bolonas das vistonas, arregalalhou o focinho, escarvejou patejando o chão.

Sombras - Sérgio Schaefer
 
"O pai era um ser terrível e magnânimo ao que devia amar-se depois de Deus. Para Marcial era mais Deus que Deus, porque seus dons eram cotidianos e tangíveis. Mas preferia o Deus do céu, porque aborrecia menos." - Viagem à semente (Alejo Carpentier)

da revista arte e letra: estórias H
 
Essa história do Carpentier é uma belezura, não?

eu até tentei pensar se era mera cópia do fitzgerald, mas ñ. apesar d começar 1 pouco arrastado até vc entender a ideia, o conto é cheio d passagens deslumbrantes, enfim, é daqueles p se descobrir coisas novas a cada releitura e se pegar parado na leitura viajando em algumas passagens. p esse eu dou nota 10.
 
eu até tentei pensar se era mera cópia do fitzgerald, mas ñ. apesar d começar 1 pouco arrastado até vc entender a ideia, o conto é cheio d passagens deslumbrantes, enfim, é daqueles p se descobrir coisas novas a cada releitura e se pegar parado na leitura viajando em algumas passagens. p esse eu dou nota 10.

Gosto da forma como ele vai encadeando a história, ele comprime uma patcha quantidade de tempo em um único parágrafo. Dá pra ver a coisa mudando rápido, bem na sua frente, retrocedendo primeiro devagar e depois quase instantaneamente. Muito bom.
 
‎"O pior mal é não poder o homem estar no horizonte que vê, embora, se lá estivesse, desejasse estar no horizonte que é, O barco onde não vamos é que seria o barco da nossa viagem, Ah, todo o cais, É uma saudade de pedra."

(O ano da morte de Ricardo Reis - José Saramago)
 
Um trecho de "Deuses Americanos"

Ele olhou através da janela de Shadow para o lago.
— Está bem frio lá fora. A temperatura deve ter caído uns trinta graus na noite
passada.
— Foi mesmo.
— Antigamente, as pessoas costumavam rezar por um frio assim — disse
Hinzelmann. — Meu pai que me contou.
— Vocês rezavam por dias como hoje?
— Bom, era o único jeito que os colonizadores conseguiam viver antigamente.
Não tinha comida suficiente pra todo mundo e eles não podiam simplesmente ir ali no
Dave's e encher o carrinho, não senhor. Então o meu vô, que era muito criativo,
quando tinha um dia bem frio que nem hoje, ele pegava minha vó e as crianças, o meu
tio, a minha tia, o meu pai, que era o mais novo, a empregada e o empregado, e ia com
eles até o riacho. Dava pra todo mundo um golinho de rum com ervas, uma receita que
trouxe do velho continente, e daí ele jogava água do riacho em cima deles. Claro que
congelavam em segundos, duros e azulados iguais a um monte de pirulitos. Ele
empurrava as pessoas congeladas até um buraco que tinham cavado antes e forrado de
palha, e ele guardava todos lá, um por um, igual a um monte de lenha empilhada.
Embrulhava tudo com palha, depois cobria o buraco com dois oleados bem presos pra
manter os bichos longe. Naquele tempo tinha lobo, urso e todos os tipos de animais
que a gente não vê mais por aqui, mas não tinha nenhum hodag, essa coisa de hodag é
lenda e eu não vou ficar abusando da sua credulidade com uma história dessas, não
senhor... Então ele cobria o buraco com os dois oleados e, quando a nevasca seguinte
caía, cobria tudo completamente, menos a bandeira que ele tinha colocado lá pra
marcar o lugar do buraco. Então meu vô passava o inverno com todo conforto e nunca
precisava se preocupar se a comida ou o carvão iam acabar. Quando percebia que a
primavera estava chegando de verdade, ele ia até a bandeira e cavava na neve, tirava
os oleados, carregava cada uma das pessoas e colocava a família na frente do fogo pra
derreter. Ninguém ligava pra isso, a não ser um dos empregados, que perdeu metade
de uma orelha pra uma família de ratos que fez ninho lá uma vez, por que o meu avô
não tinha ajeitado direito os oleados. Claro que naquele tempo a gente tinha uns
invernos de verdade. Dava pra fazer isso naquele tempo. Nesses inverninhos de bicha
de hoje, quase nunca faz bastante frio.

Outro trecho que achei engraçado.
Gostei desse personagem Hillzemann.
Hinzelmann contou uma história sobre a trombeta do avô, e como ele tentou
tocá-la durante uma frente fria... o tempo estava tão frio do lado de fora do celeiro,
onde seu avô estava, que não saiu música nenhuma.
— Daí, quando ele voltou pra dentro de casa, colocou a trombeta do lado do fogo
pra descongelar. Bom, a família inteira estava na cama naquela noite e, de repente, as
músicas descongeladas começaram a sair da trombeta. Assustou tanto a minha vó que
ela quase pariu gatinhos.
 
O fogo é o deus dos iniciados, que oferecem sacrifícios; os munis dizem que seu deus é o Atma, que dentro deles reside; o vulgo adora as imagens. Porém, os yoguis veem Brahma igualmente em todo lugar: no fogo, em seu ser, nos ídolos e em toda parte.

Uttara Gita - Krishna
 
MIRANDA.

I should sin
To think but nobly of my grandmother:
Good wombs have borne bad sons.

The Tempest -- Shakespeare.

Tem uma música do Nightwish que usa o último verso, falando sobre as vítimas do massacre de Columbine, onde eles colocaram também algumas falas que as pessoas falaram durante o tiroteio.
 
SARAMAGO, José. Caim. p. 88.

a mesma história de pais e filhos =]
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"O resto do dia pareceu rastejar, lento como um verme em melaço. Tyrion subiu até a biblioteca do castelo e tentou se distrair com a História das guerras de Roine, mas quase não conseguia ver os elefantes, com a imaginação ocupada como estava pelo sorriso de Shae".

pg. 130
A Tormenta das Espadas~
 
"Às vezes, a minha alma se eleva com a magnitude do pensamento, torna-se ávida por palavras e aspira às alturas. Assim, o discurso já não é mais meu. Esquecido das normas e dos critérios rigorosos, elevo-me e falo com uma boca que não é mais minha."

Da tranquilidade da alma - Sêneca - 63 d.C.

"As riquezas não são coisas boas em si mesmas. Se realmente fossem, elas nos tornariam bons. Não me é possível definir como algo bom em si aquilo que também faz parte da vida maus indivíduos."

Da felicidade - Sêneca - 58 d.C
 
"Não gosto do trabalho - ninguém gosta -, mas gosto do que existe no trabalho - a chance de a pessoa se encontrar. Sua própria realidade - para si mesma, não para os outros -, aquilo que nenhum outro homem jamais poderá saber."
O Coração das Trevas - Joseph Conrad
 
Eu dizia: A partir de agora borboletas serão bússolas de luz. E eu não terei mais olhos, pupilas e retinas, mas miragens de minhas origens e um futuro promissor, pois já posso enxergar sem filtro a colaboração rubra e pegajosa das coisas más dessa cidade.

E se contorce igual a um dragãozinho ferido (Luiz Felipe Leprevost) :grinlove:
 
A luz acha que viaja mais rápido que tudo, mas está errada.
Não importa quão rápido a luz viaje, descobre que
a escuridão sempre chega antes e está a sua espera.

O aprendiz de Morte - Terry Pratchett
 

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