Lendo a #Ilíada
Canto VI: Pausa na carnificina. Começa com algumas mortes aleatórias só para nos lembrar que estamos em guerra (sempre os gregos matando os troianos como a moscas... estamos de olho na "neutralidade" do narrador hein rsrs). Em seguida Glauco e Diomedes se encontram no campo da batalha e trocam figurinhas. Conversa vai, conversa vem, descobrem que suas famílias são amigas e decidem selar um pacto de não-agressão. >_<
O resto do canto são os troianos se aprontando para continuar a luta. As anciãs fazem uma prece a Atena para que Diomedes (o berserker sanguinolento do outro canto) seja detido e morto. "Mas a prece foi rejeitada por Palas Atena". Vixe, danou-se. Não é a primeira vez que um deus deliberadamente se nega a realizar o que pedem.
Heitor sai à cata do covarde Páris e o exorta a voltar para o combate consigo. Na sequência se despede de sua esposa e de seu filho pequeno. É o momento-chave do canto. Eles nunca mais se verão. Heitor antevê que cedo ou tarde morrerá na guerra e lamenta o destino que terá sua mulher Andrômaca depois: seguramente a escravidão. Mas curiosamente ele pede a Zeus que garanta ao filho um futuro glorioso e próspero. O leitor entretanto já conhece o destino do menino Astíanax e capta a ironia trágica: ele será arremessado do alto das muralhas tão logo a cidade tenha sido tomada (apesar de que essa parte fica fora da Ilíada). Zeus já não intervirá na salvação de ninguém desde que consentiu que a sua cidade preferida caísse...
Afinal de contas, se Agamêmnon pouco antes ordenara a Menelau que matasse a todos e não fizesse prisioneiros, até mesmo as crianças no ventre, nada mais lógico que também não poupassem um menino herdeiro do trono.
Lendo a #Ilíada
Canto VII: Heitor e Páris voltam à batalha e incitam o ânimo dos troianos, que em seguida começam a reverter a situação e a trucidar os gregos. Apolo e Atena, cada um querendo defender um lado, resolvem incutir nos guerreiros a ideia de um novo duelo para evitar mais mortes inúteis. Heitor se prontifica pelo lado dos troianos, e Ájax é sorteado pelos gregos. Os dois duelam brevemente e logo anoitece, então a luta é interrompida.
Eu ouvia falar desse episódio como um duelo que tivesse demorado longas horas até acabar em empate e já na minha cabeça imaginava uma cena bem pastelona; mas Homero mal e mal narra dois ou três ataques de cada um dos guerreiros. Nada faz supor que tenha demorado muito.
Seja como for, o canto é curto e pouco mais do que isso acontece. Os dois lados dão trégua pela noite para que se queimem os mortos. Os gregos decidem só agora (depois de nove anos de guerra wtf
) erguer um muro para proteger as suas naus e não serem impedidos durante a cremação dos seus cadáveres. Posêidon fica de mimimi com Zeus porque eles esqueceram de prestar hecatombes aos deuses antes de construir uma muralha, e vai rolar treta depois por isso. (É, gente, a burocracia já existia, só não era o Estado que a impunha; era o Olimpo.)
Última tentativa de encerrar a guerra por via amigável fracassa: Páris oferece uma fortuna aos gregos pelo rapto de Helena, mas se recusa a devolver a mulher. Os gregos dizem: bitch, please, vamos botar abaixo essa cidadela e tomar todo o ouro e as mulheres todas depois. Se fode aí agora.