O Boca deveria ser eliminado pra tentar colocar um pouco de ordem na bagunça que é a Libertadores. Não sei se seria tão vantajoso pro time azul de Minas enfrentar o River-acho que estão com mais vontade de se reerguer e precisam de uma conquista de peso para voltar a ter o respeito de antes. No pouco de futebol nos 45 minutos iniciais do superclássico argentino, o River conseguiu neutralizar as ações do Boca sendo levemente superior no jogo. Depois da eliminação do Corinthians para um time teoricamente mais fraco não dá pra cravar como certo classificação de ninguém para a próxima fase da Libertadores.
Ainda sobre a eliminação do Galo vale a leitura do texto:
À beira do rio, eu vi Jesús ser crucificado
Por
Christian Munaier, do
CAMikaze
14 de maio de 2015, 19:32
Ouço o som inconfundível de uma torcida louvando ruidosamente o gol derradeiro, vejo um sujeito caído no chão, mãos no rosto, inconsolável. Centenas chegam às lágrimas durante a comemoração em massa. Um indivíduo parece chorar solitário a falha aproveitada pelo rival. Enquanto Jesús é crucificado em "praça pública", colorados festejam a sua própria salvação. A raiva, a dor e a vergonha alheia me tomam de assalto. Quero matar e acudir ao mesmo tempo. E nada faço. Só observo: a moça de terço na mão, a outra que a tudo narra num fôlego intenso e irritante, o amigo que abaixa os olhos e beija a esposa. Sou uma testemunha ocular, auditiva e cinestésica. Tudo vejo, escuto e sinto.
O corpo de Jesús está no chão. Sua alma, penando nas cadeiras onde até bem pouco tempo se cantava em coro "eu acredito", absorvendo instantaneamente a paixão dos crentes atleticanos ali confinados. 1.500 representantes do seu povo que, neste instante, negam reconhecê-lo como o guia que nos conduziu na conquista da Copa do Brasil. Abandonam-no. Xingam-no. Condenam-no.
Os companheiros correm em sua direção para erguerem o que sobrou desse homem. Victor é um deles. Patric, também. O santo com os milagres esgotados em demandas de grande monta e o profano que tenta expiar os seus pecados. A imagem de Victor me lembra um ilusionista cujos truques da cartola se esgotaram. Mágica quem faz são os adversários. O chapéu de Valdívia, o chutaço no ângulo de D’Alessandro… O semblante triste de Victor socorrendo o parceiro de calvário me impressiona. E me fortalece.
Não é por falta de luta que esses homens caem diante de mim à beira do rio. Não é por falta de entrega. Nem por falta de brios. Fazem o que têm capacidade para fazer, no acerto e no erro. Erram. Porque esses heróis que aqui batalham por mim, são feitos de carne, ossos e imperfeições. E, quando vem o apito final daquele que anula gols e ignora pênaltis, só me resta aplaudir, agradecer e perdoar.
Há quedas e quedas. Essa me dá a certeza da derrota que fortalece, que amalgama o sentimento de união, de vontade de se superar em cada um dos presentes na desclassificação da Libertadores de 2015. Irão dar a volta por cima. Até porque eles sabem que, apesar do crédito ilimitado junto aos seus, a cobrança virá.
Fonte:
http://espnfc.espn.uol.com.br/atletico-mineiro/camikaze/a-beira-do-rio-eu-vi-jesus-ser-crucificado