disfarça...acabei esquecendo que tem q ter cadastro.
Vou colar aqui na íntegra mesmo:
----------------------------------------------------------------------------------
30/09/2004 - 12h37m
Documentário 'Metallica: a música e o monstro' vira o super grupo do avesso
Jamari França - Globo Online
RIO - O CD "St Anger", do Metallica, lançado em 2003, é um álbum que quase não existiu de uma banda que quase acabou. As fraturas internas decorrentes de uma longa história iniciada em 1981, com os habituais excessos de drogas, jogaram a banda num impasse. "Reload", de 1997, tinha sido o último álbum de material inédito, em 99 eles lançaram um disco com orquestra sinfônica e mergulharam numa crise. Ego e imagem reinam no roquenrol, mas o Metallica teve a coragem de se expor cruamente no documentário "Metallica: a música e o monstro" ("Metallica: some kind of monster"), dos diretores Joe Berlinger e Bruce Sinofsky.
Foram quase três anos de filmagens com 1600 horas de material, resumidas em 140 minutos. Parece pouco, mas é um pouco longo demais, especialmente por se concentrar apenas nos problemas pessoais da banda, sem apresentar músicas inteiras. Há diversas menções ao passado do grupo, um dos mais irados e bem sucedidos, com 90 milhões de discos vendidos, nada muito profundo. O quente mesmo são os choques entre o vocalista e guitarrista James Hetfield e o baterista Lars Ulrich, o núcleo de criadores da banda. Eles se estranham do começo das gravações de ''St Anger'' em abril de 2001 até os arremates do álbum quase dois anos depois.
O documentário ajuda e entender porque ''St Anger'' soa fragmentado sem o mesmo punch e a criatividade dos anteriores. Lars diz que até então, ele e James faziam as músicas e diziam a cada um o que tocar. Para o último álbum, resolveram fazer diferente: começaram a trabalhar rigorosamente do zero e todo mundo deu pitaco em tudo, passo a passo. Há várias cenas do grupo rabiscando letras para depois juntar tudo.
Da mesma maneira, as canções nascem de longas jam sessions editadas pelo produtor Bob Rock. É o que chamam de processo Frankenstein, uma colagem de pedaços, daí o comentário que deu nome ao filme, de que estariam montando um tipo de monstro.
Nas gravações, Bob Rock toca baixo porque Jason Newsted pedira as contas depois de 14 anos, cansado de como as coisas funcionavam na banda. Em outro comportamento inusitado, Jason fala livremente no documentário, que mostra ainda trechos de sua nova banda, Echo Brain e a esnobada que ele dá em Kirk Hammett (guitarra solo), Lars e Bob Rock, que foram ao show e, ao chegar nos bastidores, Jason já estava longe, o que provoca o comentário de Lars; "Elvis deixou o prédio". E mais adiante, em plena desilusão: "Echo Brain é o futuro, Metallica o passado".
A incerteza pairou durante quase um ano quando as gravações foram interrompidas pelo internamento de James Hetfield para se curar de alcoolismo e dependência de outras drogas não especificadas. Depois de três meses, Lars diz que está pronto para o pior, Hammett se afirma confiante da volta de James, mas inquieto por não saber quando isso acontecerá. Depois de seis meses, James manda uma carta dizendo que estava bem e que precisava cuidar da família. Quando dá as caras, vem com a recomendação médica de só gravar de meio-dia às quatro, o que deixa Lars pê da vida, principalmente porque James dá uma de funcionário público: ''Gente, falta cinco pras quatro. Fui", pega a moto e some, numa das vezes para ver a aula de balé da filha pequena.
Para segurar a onda geral, eles contratam, por 40 mil dólares mensais, o analista Phil Towle, onipresente no filme inteiro, seja na terapia do grupo, seja em casos individuais, como num encontro dele com Lars e seu pai, o hippie velho Torben Ulrich, magro, barba de profeta e boné, todo esquisitão, que chega a ponto de mandar o filho apagar várias músicas do disco porque não gostou. Há várias imagens familiares, como a mulher e filha de James, e o filho de Lars, de uns quatro anos, que desce o cacete na bateria do pai.
Um momento de muito impacto é o encontro entre Lars e o guitarrista Dave Mustaine, expulso do Metallica nos anos 80, que descarrega toda sua mágoa e ressentimento. Ele não se deu mal, fez o Megadeth e vendeu mais de 15 milhões de discos, mas nada tão grandioso quanto o Metallica. "Tem sempre um merdinha que chega para mim e grita 'Metallica'. Eles fazem isso para me sacanear," chora Mustaine.
Em 'Metallica, a música e o monstro", o super grupo pesado do rock dá a cara a tapa. Não faltaram comparações nas críticas americanas à banda fictícia Spinal Tap, uma sátira ao mundo do rock. Não procede. O Metallica não poderia continuar para sempre como a banda furiosa dos anos 80. Estão quarentões, pais de família, caíram em várias armadilhas doe strelato e lutam para continuar relevantes fazndo o que gostam. É mais do que louvável que compartilhem isso com o mundo, numa rara atitude num mundo em que as aparências mandam.
------------------------------------------------------------------------------------