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Novo Coronavírus (COVID-19)

Quanto tempo a pandemia ainda dura?

  • Dois meses, no máximo (até maio/2022)

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  • Três ou quatro meses (até julho/2022)

    Votos: 1 14,3%
  • Seis meses (até setembro/2022)

    Votos: 1 14,3%
  • Um ano ainda (até março/2023)

    Votos: 2 28,6%
  • Não vai terminar nunca! (vira uma endemia, mas com número de vítimas similar ao de mar/2022)

    Votos: 3 42,9%

  • Total de votantes
    7
  • Votação encerrada .
Aviso que a reportagem abaixo pode ter gatilho pra algumas pessoas, principalmente pra os que têm parentes idosos e filhos pequenos.
Porém achei importante postar aqui pra mostrar que, ao contrário do que disse o paspalho da faixa presidencial, os números de vítimas do coronavírus podem ser até maiores do que os índices oficiais mostram.

A escalada dos enterros das vítimas suspeitas de coronavírus no maior cemitério de SP

Mesmo casos não confirmados de morte por infecção têm sepultamentos com caixão lacrado e velório de dez minutos, sem tempo para despedida

Desde o dia 1º de março, uma letra e um número colocados no alto da folha da declaração de óbito podem significar a diferença entre uma despedida digna e um enterro expresso na cidade de São Paulo, a mais atingida no Brasil até agora pela pandemia do novo coronavírus. À dor da perda, soma-se a tragédia de não não poder sequer dizer adeus. Todos os casos confirmados de morte pela doença e também aqueles em circunstâncias que indiquem essa possibilidade, como pessoas acima de 60 anos com problemas respiratórios, recebem a sigla D3 no atestado do serviço funerário municipal, o que se traduz num protocolo que prevê velório de no máximo dez minutos, ao ar livre, com limite de até dez pessoas, e caixão totalmente lacrado. Apenas em uma manhã de quarta-feira, ÉPOCA contabilizou 19 casos com esse desfecho no Cemitério Vila Formosa, o maior da América Latina, na Zona Leste paulistana. No dia anterior, o Ministério da Saúde atestara 12 novas mortes confirmadas pelo novo coronavírus em todo o país.
(Reportagem completa)
 
Esse é o vídeo que o Roberto Justus que adora tratar pessoas como números, deveria ver pra entender que não importa se é 1, 10, 100 ou 1000. Quando se trata de morte, qualquer número por menor que seja é ruim e se alguém da sua família é um deles...

 
O pessoal do Imperial College diminiu as estimativas, e o Átila fez um novo vídeo a respeito.[1][2] A situação é mais animadora (ou menos desesperadora) do que parecia anteriormente, e o Átila classifica o Brasil como um país que agiu cedo para conter a doença.

...que agora torna-se uma questão de menor importância, até porque o número já desde então era contrafactual, mas gostaria de registrar minha impressão sobre o assunto...

Com respeito ao cenário da chamada "mitigação", no estudo que ficou famoso no primeiro vídeo do Átila [3][4] era previsto o mínimo de 250 mil mortes na Grã-Bretanha e 1.1 milhão de mortes nos Estados Unidos, ao que o Átila converteu para 1 milhão de mortes no Brasil. Já no estudo recente [1] é previsto (também no caso de mitigação) o mínimo de 150 mil mortes na Grã-Bretanha, 700 mil mortes nos Estados Unidos, e mais: o estudo traz a estimativa para o Brasil, e o mínimo é de 300 mil mortes. Quer dizer, o estudo mais antigo não analisava o Brasil, o "1 milhão" do Átila era uma estimativa diretamente por parte dele. Mesmo fazendo uma regra de três bem ingênua entre os dados dos países anglófonos e a situação do Brasil, o resultado daria cerca de 750 mil mortes no Brasil, mas o Átila considerou que aqui haveria proporcionalmente mais mortes por conta de particularidades brasileiras e obteve o número de 1 milhão. Pois bem, o novo estudo, como disse, considera um mínimo da mitigação bem abaixo disso, de 300 mil mortes. Além da atualização nos cálculos por parte da equipe de pesquisadores, o que é natural, me parece que houve equívoco por parte do Átila também, com respeito a esse número de "1 milhão" para no caso do Brasil.

Lembrando que a mitigação é uma forma mais branda de combate à pandemia, diferente da chamada "supressão". O mínimo de mortos dentro todos os cenários é bem menor: é na casa das dezenas de milhares e ocorre na situação de supressão, situação que estamos vivendo.

Quer dizer, quando eu disse...

E a crítica que ele [Justus] fez ao número de 1 milhão mencionado pelo Átila (doutor cujo vídeo eu postei) também é digna de reflexão.

...e o Omykron me veio com...

O Átila trouxe o número baseado nos dados do estudo do Imperial College de Londres. O mesmo estudo que fez o UK mudar a postura e os EUA aceitar a gravidade. Que reflexão podemos trazer disso?
Átila rainha, Justus merdinha.

...e logo em seguida veio com ofensas surreais de tão despropositadas que foram, :eek: ele estava errado não só moralmente, por baixar o nível daquela forma, mas factualmente: há sim reflexão e questionamento a ser feito ao número "1 milhão" do vídeo do Átila, muito mais reflexão do que "fulano merdinha", "ciclano rainha". Átila previu o mínimo de 1 milhão para a mitigação, Justus parecia acreditar em dezenas de milhares - a estimativa mais recente é de centenas de milhares, justamente na ordem de grandeza intermediária. Além disso, o estudo era "quente", até então não havido publicação em periódicos e revisão por pares (até porque o tempo não permitia), o próprio Justus, ainda que com o seu jeito arrogante, mencionou críticas publicadas em outros locais. Quer dizer, havia espaço sim para uma reflexão e debate mais aprofundado em meio à treta, e esse número de 1 milhão se mostrou sim questionável.

É claro que o Justus sobrevalorizou o seu próprio senso comum, e através dele escolheu os cientistas de sua preferência, como se o seu senso comum fosse mais promissor do que a inteligência dos governos... Como também errou em se colocar contra a quarentena. Dois erros que eu havia pontuado na ocasião. Mas escolhi explorar, em sua fala, alguns elementos mais promissores de reflexão... ao que o Omykron boicotou com jeito tosco de responder, típico dos anos 00s: citar um pedaço do pedaço do pedaço do post, ao invés de responder a ideia geral do post, e ofensa gratuita. :roll: O cúmulo de picotar o post foi citar meia frase sobre diminuir velocidade de carros em rodovias e dizer que eu estava criando um falso paralelismo, afinal não é possível diminuir a velocidade dos vírus. Se lesse o parágrafo todo, ou mesmo a frase toda, perceberia que este estava longe de ser o ponto...

Outra crítica que pode ser feita ao vídeo do Átila é com respeito ao modo que ele divulgou os números. "Temos dois caminhos, ou milhões morrem, ou alguns milhares": quem ouve fica com a impressão de que entre milhares e milhões não há três ordens de grandeza e que entre esses dois números não há um contínuo de cenários. Repetiu várias vezes o número "1 milhão". Câmera colada na cara, sensação claustrofóbica e de desconforto ao assistir.... Frases como "a sua vida mudou!", "não há retorno"... Enfim, não consigo deixar de pensar que teve um tom alarmista maior que o necessário, o que contribuiu para o vídeo viralizar.... Tanto é que há um contraste apreciável com os vídeos que vieram depois: já na live seguinte,[5] evitou ao máximo falar o número "1 milhão", e ao rebater as críticas usava expressões como "aquele número", "o número que me referi", etc. No vídeo mais animador recente,[2] passou a falar de dezenas de milhares e centenas de milhares, que são termos um pouco mais rigorosos para estimar as ordens de grandezas envolvidas... Antes "a sua vida parou, a nossa vida parou", falava de quarentena até final de agosto, e explorava a possibilidade de novas quarentenas depois desse período... Agora temos "a Corea do Sul tá lidando com o problema sem precisar parar, a China já tá retomando a economia, e a gente já ta pensando em várias estratégias em como dar os próximos passos depois do distanciamento". Enfim, a vibe é bem outra, e a diferença de uma semana entre um vídeo e outro não justifica, já que não houve grandes novidades nesse intervalo de tempo para o Brasil, e os estudos do I. College não tiveram correções tão substanciais nas estimativas.

Além disso, no vídeo novo,[2] em uma mesma frase, ele transita escorregadiamente entre revisão por premissas mais realistas e revisão meramente devido à mudança do cenário (via ação dos governos), que são coisas diferentes. E ao falar que o número do Brasil “ainda é grande”, não explicita a diminuição apreciável em relação ao número de 1 milhão que divulgou anteriormente, dando a entender que o número não mudou muito, número este que foi importante para tornar o vídeo viral. Alguém duvida que vai ter gente ainda com o número de 1 milhão na cabeça?

Por fim, e aqui é um ponto bem marginal, o jeito que ele expõe o currículo para leigos também é passível de críticas, um leigo não é capaz de analisar o currículo de um doutor em biologia de forma adequada. Por exemplo, há uma distância considerável entre a virologia (pertencente à microbiologia) e a biologia matemática, que, inclusive, tem sido bastante ocupada por matemáticos e físicos, e o grosso do debate de como o vírus se espalha na população se dá nessa última disciplina. O Neil Ferguson, por exemplo, é mestre e doutor em física teórica. Não tive saco de analisar um por um os artigos em que o Átila tem participação, mas me parece que não tem experiência na biologia matemática. Enfim, seja como for, o leigo vê o currículo do Átila, e acha que ele já pode dar consultoria ao governo de como o vírus vai se espalhar pra população, enquanto o que ele faz na verdade é meramente divulgar o artigo, o que um grande número de cientistas, entre físicos, matemáticos e biólogos, poderia fazer... Isso acaba supervalorizando a autoridade do Átila no vídeo.

Enfim, não tenho duvidas da gravidade da situação, mas entre um estudo "quente" e a comunicação por parte do divulgador científico, há um espaço amplo para reflexão e debate. Só lamento que na Valinor ora ou outra o debate parece mais acontecer no facebook ou uma caixa de comentários de um lugar qualquer, em que explorar descompromissadamente ideias é motivo para encheção de saco dependendo do tipo de contraditório que daí advir...
 
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Ah, é um exagero do fandom para com ela, a maioria das coisas ela publicou foi logo após o sétimo livro, o que foi bem natural (embora um apêndice no sétimo livro tivesse sido bem mais legal), e no contexto dos filmes e das peças, também natural....
 
Ah, é um exagero do fandom para com ela, a maioria das coisas ela publicou foi logo após o sétimo livro, o que foi bem natural (embora um apêndice no sétimo livro tivesse sido bem mais legal), e no contexto dos filmes e das peças, também natural....

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Tomara que o projeto dê certo e os fabricantes daqui abracem. Assim seria um equipamento hospitalar a menos pra depender de comprar lá de fora.
 
Durante a Copa de 2014, Ronaldo Fenômeno dizia que não se fazia Copa do Mundo com os hospitais.

Só que passado algum tempo chegou a hora dos estádios virarem hospitais. Se não tivessem gasto tanto dinheiro com a festança quantos que não dariam pra fazer? O Pacaembu é o primeiro.

 
Para evitar pandemias futuras, cadeia global de alimentos deve ser revista

Mercado central de Budapeste, na Hungria - Foto: Mariana Veiga

Mercado central de Budapeste, na Hungria Imagem: Foto: Mariana Veiga
Não é só o peixe que morre pela boca.

Reino Unido, anos 1990. Após comer carne bovina, algumas pessoas começaram a apresentar sintomas de uma doença neurodegenerativa: o mal da vaca louca — ou doença de Creutzfeldt-Jakob, uma encefalopatia que afeta o gado doméstico.


Sudeste Asiático, 2005. Uma grande epidemia de gripe aviária assustou o mundo.

Abril de 2009, México. Surgiram os primeiros casos da gripe suína, depois rebatizada de gripe A, ou H1N1. O vírus se espalhou por todo o mundo: 75 países registraram casos e a Organização Mundial de Saúde declarou que o planeta vivia uma pandemia.

Março de 2014. A Organização Mundial da Saúde reconheceu que Guiné vivia um surto de ebola. Era a terceira epidemia da doença em países africanos desde os primeiros casos, em 1976.

Mercado da cidade de Wuhan, China, fim de 2019. Acredita-se que ali tenha sido o marco zero da contaminação do novo coronavírus em humanos. De lá para cá, a doença se espalhou por todo o globo e tornou-se motivo para apreensão mundial.

Estes são apenas alguns exemplos da longa história da humanidade contra as epidemias, mas, em comum, estão problemas na manipulação de animais utilizados para a alimentação. São bois tratados com ração de origem animal, são carcaças de animais silvestres que viram comida em locais de carestia, são frangos confinados em gaiolas diminutas, são porcos manejados em escala industrial.

"O que ocorre hoje não é uma novidade", diz ao TAB o engenheiro químico Luiz Gustavo Lacerda, professor e pesquisador de alimentos na Universidade Estadual de Ponta Grossa, no Paraná. "Há muito é acompanhada a associação de animais a enfermidades. A gripe aviária, por exemplo, surgiu em frangos contaminados com vírus presentes nas fezes de animais da gaiola de cima. A intervenção humana acaba alterando a saúde dos animais", conclui.

A pesquisadora Marion Nestle, professora de nutrição, alimentação e saúde pública na Universidade de Nova York (EUA) pensa parecido. "Estamos observando o resultado da perda de habitats de animais selvagens, o uso de animais selvagens para alimentação humana, vendas destes em feiras e mercados [de produtos frescos] e a abundância de animais criados de modo intensivo para alimentação", explica.

Ela é autora de, entre outros, "Uma Verdade Indigesta", em que discute como empresas de alimentos, bebidas e suplementos priorizam o lucro em detrimento da segurança alimentar. "A soma de tudo isso facilita a disseminação de doenças bacterianas e virais entre os animais — e aumenta o risco de que essas doenças cheguem aos seres humanos", analisa.

De acordo com nota divulgada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente no início do mês, as doenças transmitidas de animais para seres humanos estão em ascensão e pioram à medida que habitats selvagens são destruídos pela atividade humana. "Cientistas sugerem que habitats degradados podem incitar processos evolutivos mais rápidos e diversificar doenças, já que os patógenos se espalham facilmente para rebanhos e seres humanos", ressalta o texto.

Se crises são momentos de redefinições, talvez seja uma boa hora para a humanidade aproveitar a quarentena e repensar a sustentabilidade da cadeia global de alimentos.

Imagine um ambiente cruel cercado de estresse, diversidade de animais selvagens em condições de saúde muitas vezes duvidosas. Pois este cenário é favorável ao surgimento de novas doenças.

Luiz Gustavo Lacerda, professor e pesquisador de alimentos na Universidade Estadual de Ponta Grossa (PR)

 Mercado de carnes e peixes em Ollantaytambo, no Peru - Foto: Mariana Veiga

Mercado de carnes e peixes em Ollantaytambo, no Peru
Imagem: Foto: Mariana Veiga

Mikael Linder, especialista em marketing agroalimentar, desenvolvimento rural e pesquisador da Universidade Livre de Bolzano, na Itália, também acredita que cadeia global de alimentos deve ser revista.

"O modelo industrial de produção de alimentos se colocou como alternativa para supostamente trazer segurança alimentar — tanto de acesso quanto de nutrição, preço e padronização. Em parte, conseguiu isso", diz. "Por outro lado, esse modelo causa impactos ambientais ao se impor como uma via única."

O que fazer? "Na minha opinião, a resposta para essa questão envolve uma série de fatores que atualmente convergem mais a política, comportamento social e cultural", diz Lacerda. "A geração à qual eu pertenço, por exemplo, cresceu sem a preocupação da destinação de plásticos que embalavam os alimentos. Como eu iria imaginar, quando criança, que isso iria parar no mar? Hoje, muitos jovens já têm essa consciência ou, pelo menos, a escola ensina, mas não o suficiente. Ainda sonho com um sistema político que leve às crianças, por exemplo, o conhecimento e a importância da cadeia produtiva de alimentos. Vou além: incluam-se suas consequências ao planeta. Esse tipo de vivência poderia formatar melhores adultos no futuro. Melhores governantes, inclusive."

Controlar para não contaminar


Na opinião de especialistas, a humanidade está diante de uma oportunidade de rever toda a cadeia produtiva, de forma a torná-la mais sustentável, mais ética e mais controlada. "É preciso se reconectar com a origem do alimento. As práticas industriais nos afastaram completamente desses conhecimentos. Quantas crianças não dizem que o leite vem da caixinha?", provoca Linder. "Crianças não fazem mais a relação entre o produto e a origem desse produto."

Nesse sentido, o papel da indústria seria trabalhar com transparência e controlar todas as etapas do processo produtivo para que o consumidor conheça toda a história daquilo que está no seu prato. "Acredito que os sistemas de gestão de produção e de qualidade levados a rigor podem ajudar muito. A chave para a nossa segurança é o controle total da cadeia produtiva, incluindo a logística e o armazenamento", defende Lacerda.

Algumas grandes empresas estão atentas a esse contexto. Multinacional belga do ramo alimentício, a Puratos realiza uma pesquisa com 17 mil consumidores de derivados de seus produtos a cada três anos, em todos os continentes. Na edição cujos resultados foram divulgados no ano passado, a transparência foi um ponto ressaltado pelo brasileiro. Dentre os entrevistados, 93% afirmaram ter o hábito de ler rótulos. Mas apenas 38% disseram ter interesse na origem dos ingredientes e 26% demonstraram estar preocupados com a sustentabilidade.

"Estes números tendem a crescer", afirma ao TAB a diretora geral da unidade brasileira da empresa, Simone Torres. "Fica clara a nossa responsabilidade por toda a cadeia produtiva, independentemente dos desafios que isso representa. E os desafios são vários: de custo, disponibilidade de matéria-prima rastreável e produzida com respeito ao meio ambiente e às comunidades, além da ambiguidade da disponibilidade de alimentos no mundo", completa.

Em meio a tantos obstáculos, está o objetivo de tornar a produção mais autêntica e, ao mesmo tempo, respeitosa aos processos contemporâneos. Linder acredita que um equilíbrio é possível. "Dos mercados tradicionais às cadeias industriais, passando pelas produções artesanais, sempre há os riscos. Há métodos que foram estabelecidos ao longo do tempo e, com isso, conseguiram firmar mecanismos que eliminam agentes patógenos", comenta ele. Como exemplo, o especialista lembra do leite cru utilizado na produção de alguns queijos. Estigmatizado por leis sanitárias brasileiras há algum tempo, hoje ele é visto como produto gastronômico. "Está claro que a produção de queijo a partir de leite cru é viável desde que se utilizem alguns elementos e sejam adotados procedimentos como a maturação do queijo por determinado período. Isto permite que os agentes nocivos ao homem sejam eliminados."

O engenheiro químico Lacerda também acredita que o momento permite repensar a quantidade de consumo de carne. "As condições sanitárias de abate se apresentam nas mais diversas condições possíveis - muitas delas sendo um verdadeiro desrespeito. Por outro lado, temos uma forte vertente mundial, científica inclusive, nos mostrando como a diminuição do consumo de carnes em geral pode trazer benefícios à nossa saúde -- e ao planeta, com a diminuição da geração de gases e tratamentos de efluentes, por exemplo."

Recomendações alimentares atuais para a saúde tanto das pessoas quanto do planeta exigem menor consumo de carne e maior consumo de verduras, legumes, frutas, grãos e nozes. Isso ajudaria.
Marion Nestle, professora de nutrição, alimentação e saúde pública na Universidade de Nova York (EUA)

Desperdício


Um nó na atual cadeia é a quantidade de perdas em todo o processo. "O mecanismo utilizado atualmente por nós é, por hora, insustentável. Somente com a agricultura, utilizamos 75% da água doce e um terço da superfície da Terra. Some-se a isso uma estimativa de população mundial de 10 bilhões de pessoas até 2050. O desperdício de alimentos chega a 30%", diz Lacerda. "Precisamos da união de setores da economia e áreas como engenharia de alimentos, biotecnologia, tecnologia da informação e química para melhorar continuamente a produtividade. Não há como tornar isso possível sem amplo incentivo do governo nas pesquisas, por exemplo." O engenheiro químico acredita que a mudança geral de comportamento poderia auxiliar a adiar o esgotamento dos recursos naturais.

Feira de pescados em Listvyanka, às margens do Lago Baikal, no interior da Rússia - Foto: Mariana Veiga

Feira de pescados em Listvyanka, às margens do Lago Baikal, no interior da Rússia
Imagem: Foto: Mariana Veiga

"A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, a FAO, adverte, há anos, sobre o fato de que um terço de todos os alimentos que produzimos — 1,3 bilhão de toneladas por ano — é perdido ou desperdiçado", lembra Torres, da Puratos. Estas perdas têm também uma grande dimensão ética e ambiental: enquanto 821 milhões de pessoas no mundo estão em estado de insegurança alimentar, um terço de toda a produção alimentar do mundo é desperdiçada diariamente, segundo os dados da FAO. Para ela, a indústria de alimentos precisa ter um papel de destaque na equação destes problemas.

A melhora na eficiência de toda a cadeia produtiva pode evitar a maior parte do desperdício, segundo Linder. "Precisamos pensar cada vez mais em métodos sustentáveis, trabalhar de formas mais regionalizadas, substituir modelos convencionais e melhorar modelos tradicionais", diz. "Se não tivermos políticas adequadas, daqui a pouco vai estar todo mundo comendo soja transgênica banhada de Roundup [marca famosa de herbicida]."

Na reinvenção da cadeia produtiva de alimentos, o consumidor precisa ter alguns direitos básicos, acreditam os especialistas. Primeiro, direito à informação — saber exatamente o que está no seu prato. "Também poder escolher o alimento que seja mais saudável, nutritivo, gostoso e tenha condição de conhecer a origem do alimento, pagando um preço justo ao produtor", enumera Linder. "Este me parece o caminho mais sensato.

Quando a crise do novo coronavírus passar, talvez o mundo esteja pronto.
 
Uma coisa que têm sido pouco discutida é o uso de máscaras. Tem gente defendendo por aí que, na falta de máscaras especializadas, é recomendado o uso de máscaras caseiras...

It’s Time to Make Your Own Face Mask

COVID-19: WHY WE SHOULD ALL WEAR MASKS — THERE IS NEW SCIENTIFIC RATIONALE
O Eli Vieira, doutor em genética por Cambridge e um divulgador científico que inspirou o Átila, como também o Paolo Zanotto, que é um doutor em virologia por Oxford e professor da USP, também estão defendendo o uso de máscaras caseiras. Coincidentemente, ambos também defendem uma visão oposta à do Átila quanto aos números da China. Enfim, nem quero trazer essa discussão pra cá, nem tenho opinião formada a respeito, mas acho bom mencionar isso pra combater aquele pensamento de que quem tem uma mínima discordância com o Átila tem ignorância ou mau-caratismo... Reducionismo de quem não está acostumado com o contraditório tão presente ao debate científico. Falta equilíbrio e abunda tribalismo na discussão via internet...

Em parte, até entendo esse radicalismo em um cenário onde há uma tendência a desvalorizar a ciência, então seria inconveniente para a "classe de defensores da ciência" dar ênfase a uma discordância, o melhor seria ficarem levantando a bola um do outro e divergirem ou divagarem apenas em ambientes mais privativos... Mas essa postura mais cedo ou mais tarde torna a ciência um empreendimento corporativista, e esse é um dos motivos para os cientistas terem perdido seu apelo perante o amplo público, para começo de conversa. De minha parte não me renego a liberdade de ser contra o recente obscurantismo científico ([1][2][3][4]) e ainda sim divagar o que eu quiser sem representar contradição a este posicionamento.

Diga-se de passagem, acho curioso que muito desses preocupados em defender e divulgar as ciências naturais não têm nem de longe o mesmo zelo pela ciência econômica, que diferente da história, sociologia e outras humanidades, tem a maioria dos sinais de uma ciência genuína, seja por critérios popperianos ou kuhnianos (que são dois grandes conjuntos de estratégias para demarcar uma atividade como científica).
 
Última edição:
No placar online da Bing, os EUA dispararam na frente em casos confirmados e a China estacionada na casa dos 81 mil casos deve sair das 5 primeiras posições nas próximas semanas.

Na parte mais triste que são as mortes, muito se fala da Itália, mas a Espanha não está tá muito atrás e já está próxima de ser o segundo país a ultrapassar a marca de 10 mil casos fatais.
 

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